Publicidade gay: razão ou sensibilidade? | Adriana Baggio | Digestivo Cultural

busca | avançada
61186 visitas/dia
2,4 milhões/mês
Mais Recentes
>>> Paulistana Marina Cyrino Leonel lança livro infantil “Clay”: uma história sobre vocações
>>> MorumbiShopping desafia a imaginação e a criatividade das crianças com o evento LEGO® Minecraft®
>>> Mila Nascimento participa de painel do 1º Café Literário do Interior Paulista
>>> AIEnruta. Anna Colom. Gira Brasil
>>> Zebra sem nome Com Cia Cênica
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> O nome da Roza
>>> Dinamite Pura, vinil de Bernardo Pellegrini
>>> Do lumpemproletariado ao jet set almofadinha...
>>> A Espada da Justiça, de Kleiton Ferreira
>>> Left Lovers, de Pedro Castilho: poesia-melancolia
>>> Por que não perguntei antes ao CatPt?
>>> Marcelo Mirisola e o açougue virtual do Tinder
>>> A pulsão Oblómov
>>> O Big Brother e a legião de Trumans
>>> Garganta profunda_Dusty Springfield
Colunistas
Últimos Posts
>>> Professor HOC sobre o cessar-fogo (2025)
>>> Suicide Blonde (1997)
>>> Love In An Elevator (1997)
>>> Ratamahatta (1996)
>>> Santo Agostinho para o hoje
>>> Uma história da Empiricus (2025)
>>> Professor HOC sobre Trump e Zelensky
>>> All-In com John e Patrick Collison (2025)
>>> Jakurski, Stuhlberger e Xavier (2025)
>>> Naval Ravikant no All-In (2025)
Últimos Posts
>>> Encontro em Ipanema (e outras histórias)
>>> Jurado número 2, quando a incerteza é a lei
>>> Nosferatu, a sombra que não esconde mais
>>> Teatro: Jacó Timbau no Redemunho da Terra
>>> Teatro: O Pequeno Senhor do Tempo, em Campinas
>>> PoloAC lança campanha da Visibilidade Trans
>>> O Poeta do Cordel: comédia chega a Campinas
>>> Estágios da Solidão estreia em Campinas
>>> Transforme histórias em experiências lucrativas
>>> Editora lança guia para descomplicar vida moderna
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Hoje Ella Fitzgerald faz 100 anos
>>> A biblioteca pública mais violada do mundo
>>> Literatura Falada (ou: Ora, direis, ouvir poetas)
>>> Visões Fugitivas
>>> Uma Receita de Bolo de Mel
>>> Quais são os verdadeiros valores?
>>> Vanilla Ninja: a hora e a vez do pop estoniano
>>> Às Cinco da Tarde
>>> Sobre Parar de Escrever Para Sempre
>>> O bosque inveterado dos oitis
Mais Recentes
>>> Coleção Folha Grandes Vozes Anita O ' Day n 12 Livreto + CD de Folha de São Paulo - Anita O ' Day pela Folha de São Paulo (2012)
>>> Coleção Folha Clássicos Do Jazz Thelonious Monk n 08 Livreto + CD de Folha de São Paulo - Thelonious Monk pela Folha de São Paulo (2007)
>>> Coleção Folha Clássicos Do Jazz Louis Armstrong n 03 Livreto + CD de Folha de São Paulo - Louis Armstrong pela Folha de São Paulo (2007)
>>> Coleção Folha Clássicos Do Jazz Chet Baker Livreto + CD de Folha de São Paulo - Chet Baker pela Folha de São Paulo (2007)
>>> Colecao Folha O Mundo Da Cerveja- Brasil Argentina e Uruguai Volume 7 de Folha De S. Paulo pela Folha De S. Paulo (2012)
>>> Colecao Folha O Mundo Da Cerveja - A Cerveja Lager Volume 1 de Folha De S. Paulo pela Folha De S. Paulo (2012)
>>> Colecao Folha O Mundo Da Cerveja - A Harmonizaçao da Cerveja Volume 10 de Folha De S. Paulo pela Folha De S. Paulo (2012)
>>> Colecao Folha O Mundo Da Cerveja - A Cerveja Belgica e Holanda Volume 5 de Folha De S. Paulo pela Folha De S. Paulo (2012)
>>> Colecao Folha O Mundo Da Cerveja A Cerveja Ale Volume 2 de Folha De S. Paulo pela Folha De S. Paulo (2012)
>>> Édipo Rei de Sófocles - Tradução de Domingos Paschoal pela Difel (2000)
>>> Assombramentos - Contos de Pinsky Mirna - Helena Alexandrino ilustrador pela Paulus (1986)
>>> Um Coracao Saudavel de Roque Marcos Savioli pela Cancao Nova (2009)
>>> O Grande Gatsby de F. Scott Fitzgerald pela Circulo do Livro
>>> Saraiva Infantil De A A Z - Dicionário De Língua Portuguesa Ilustrado de Saraiva pela Saraiva (2012)
>>> Revista Fada do Lar Nº 161 de Mario de Aguiar pela Fada do Lar Edições (1982)
>>> Revista Espiritismo e Ciencia Especial n 14 - Exilados de Capela de Mythos pela Mythos (2007)
>>> O Melhor Do Musée D'orsay de Françoise Cachin pela Ática (1997)
>>> Revista Moda Moldes Especial Nº 36 de Online pela Online (2012)
>>> Concentração de Mouni Sadhu pela Pensamento (1993)
>>> Campeoes do Mundo de Dias Gomes pela Círculo do Livro (1986)
>>> Demônios da loucura de Aldous Huxley pela Cea (1972)
>>> Entrelacadas de Kanae Minato pela Gutenberg (2021)
>>> Coleção Folha Clássicos Do Jazz Nat King Cole n 01 Livreto + CD de Folha de São Paulo - Nat King Cole pela Folha de São Paulo (2007)
>>> Coleção Folha Clássicos Do Jazz Miles Davis n 11 Livreto + CD de Folha de São Paulo - Miles Davis pela Folha de São Paulo (2007)
>>> Coleção Folha Clássicos Do Jazz Ornette Coleman 15 Livreto + CD de Folha de São Paulo - Ornette Coleman pela Folha de São Paulo (2007)
COLUNAS

Quinta-feira, 19/8/2004
Publicidade gay: razão ou sensibilidade?
Adriana Baggio
+ de 9500 Acessos
+ 1 Comentário(s)

A publicidade acompanha a liberalidade dos novos tempos. Não porque a publicidade seja revolucionária ou inovadora: os publicitários moderninhos até podem ser, mas as mensagens que produzem precisam de eco na sociedade, e a sociedade ainda é conservadora.

A presença de negros, gays e idosos na propaganda deve-se a uma exigência do consumidor, que na maioria das vezes não está relacionada à quebra dos preconceitos. A exigência refere-se a obrigação que temos de contribuir, de alguma forma, com o bem-estar social. Se não temos tempo ou caráter suficiente para isso, fazemos nossa parte consumindo produtos que sejam (ou que dizem ser) socialmente responsáveis. O arroz tem a marca de uma fundação que luta contra o trabalho infantil, a empresa de cosméticos auxilia em campanhas de prevenção ao câncer de mama, outra tem uma atuação responsável junto às comunidades extrativistas da Amazônia.

A presença dos três representantes de grupos de consumidores marginalizados, citados acima, nos planejamentos de marketing e comunicação das marcas, faz parte dessa lógica de consumo. Além de angariar a simpatia do público, as empresas têm em vista um objetivo muito mais concreto: a manutenção da lucratividade, ameaçada pela saturação dos mercados. Essa saturação é forte nos Estados Unidos e já começa a ser sentida em alguns segmentos no Brasil. A saída? Buscar públicos que ainda não tinham tido o privilégio de ser alvo dessas empresas. Um desses grupos é o de homossexuais.

Se formos observar criticamente os anúncios que, de alguma forma, se utilizam da temática homossexual, é possível perceber os objetivos por trás da veiculação destas mensagens. A sutileza da abordagem é maior ou menor dependendo de uma combinação de fatores como: se o serviço ou produto é dirigido ao público gay; se a publicação é dirigida ao público gay; se o objetivo da utilização da temática gay é de identificação com o público ou para, simplesmente, chamar atenção.

Marcas de produtos ou serviços não dirigidos, mas que queiram abordar o público gay, tendem a usar uma linguagem mais sutil, para não correr o risco de perder outros clientes. Essa sutileza aumenta ou diminui dependendo do local de veiculação. Em revistas dirigidas, onde se pressupõe que só os leitores gays verão o anúncio, a linguagem é um pouco menos sutil. Em outras publicações, a sutileza alcança o nível da ambigüidade, onde cada leitor entende e mensagem como quiser.

Por outro lado, marcas de produtos que são dirigidos ao público gay e não dependem de consumidores não-gays, utilizam uma linguagem mais explícita. Da mesma maneira, a linguagem também é explícita quando a homossexualidade é apenas mais uma "sacada criativa" utilizada na construção do anúncio e não tem relação com o produto/serviço ou com seu público-alvo.

Já que a publicidade é um termômetro da sociedade, o fato de existirem anúncios com a temática homossexual indica um progresso, um princípio de aceitação. Porém, a maneira como a homossexualidade é representada revela que a visão sobre o tema ainda é estereotipada.

Mesmo que, nos anúncios, a homossexualidade esteja aparentemente aceita e legitimada, nas entrelinhas o que se percebe é uma visão ainda restritiva e preconceituosa. O homossexual masculino é aceito, mas não "oficializado". O gay já não sofre mais a opressão física de antes. No entanto, as condições para a manifestação e vivência da homossexualidade são restritas, tanto no âmbito social, como no âmbito dos direitos civis.

A temática homossexual utilizada pela publicidade não significa, necessariamente, um desejo de falar especificamente com o público gay. Quando usada apenas como recurso criativo, ela perde seu significado de representação para se tornar um adereço. Enquanto adereço, essa temática encaixa-se na mecânica de produção da Indústria Cultural, onde a necessidade de massificação exige uma padronização, um nivelamento que apara as arestas e mantém apenas o que pode ser facilmente distribuído e consumido. Nesse sentido, a estética gay pode mais prejudicar do que contribuir para uma legitimação da homossexualidade, porque não considera as diferentes personalidades dos homossexuais e reforça apenas um estereótipo que, se não é degradante, pelo menos não reflete a realidade desse universo.

Quanto às empresas que realmente perceberam a importância de especificar suas estratégias de comunicação e marketing para o público gay, vale lembrar de Naomi Klein. No livro Sem logo, a autora mostra que as empresas adotam essa postura muito mais por uma necessidade mercadológica do que por consciência social. Junte isso ao desejo dos homossexuais por uma maior e melhor representação na mídia e tem-se o contexto ideal para o surgimento de uma onda de anúncios e ações dirigidas ao público gay, o que já vem acontecendo.

Como separar as iniciativas sinceras das "oportunistas"? O consumidor brasileiro ainda não percebeu o poder que tem nas mãos. As empresas que não têm coerência entre suas campanhas publicitárias e suas atitudes não conseguem conquistar o consumidor homossexual. De nada adianta anunciar apresentando a temática homossexual se, internamente, a empresa adota políticas restritivas. O resultado é o boicote por parte do público, como aconteceu com a United Airlines. Em 1999, a empresa ficou em posição difícil ao abordar o mercado gay ao mesmo tempo em que sofria um processo por parte de seus funcionários homossexuais, que exigiam benefícios para seus parceiros. O caso é relatado por Mike Wilke, idealizador do site Commercial Closet, especializado em discutir a publicidade homossexual.

Oportunistas ou não, desde que as empresas sejam coerentes no que falam e no que fazem, as ações de comunicação socialmente responsáveis podem representar a diferença em mercados cada vez mais concorridos. Especialmente no Brasil, onde infelizmente ainda engatinhamos como consumidores, a postura de rejeição ou aceitação de uma marca em função de sua atitude social é a arma que temos para melhorar a qualidade do nosso consumo e, porque não, contribuir também para um sociedade mais saudável.


Adriana Baggio
Curitiba, 19/8/2004

Quem leu este, também leu esse(s):
01. Desbloqueie seu cartão, aumente seu pênis de Luís Fernando Amâncio
02. Free: o futuro dos preços é ser grátis de Marcelo Spalding
03. Sampa de Tatiana Mota
04. James Bond na nova ordem mundial de Marcelo Miranda
05. Vamos por partes de Adriana Baggio


Mais Adriana Baggio
Mais Acessadas de Adriana Baggio em 2004
01. Maria Antonieta, a última rainha da França - 16/9/2004
02. Do que as mulheres não gostam - 14/10/2004
03. O pagode das cervejas - 18/3/2004
04. ¡Qué mala es la gente! - 27/5/2004
05. Detefon, almofada e trato - 29/4/2004


* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

ENVIAR POR E-MAIL
E-mail:
Observações:
COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
2/12/2005
00h21min
Adriana: você escreve muito bem. Parabéns. Tenho curiosidade de saber se é parente do psiquiatra Marco Aurélio Baggio, que mora em Belo Horizonte, e publicou um estudo de grande sensibilidade acerca do romance roseano Grande Sertão: veredas.
[Leia outros Comentários de Rina Bogliolo Siriha]
COMENTE ESTE TEXTO
Nome:
E-mail:
Blog/Twitter:
* o Digestivo Cultural se reserva o direito de ignorar Comentários que se utilizem de linguagem chula, difamatória ou ilegal;

** mensagens com tamanho superior a 1000 toques, sem identificação ou postadas por e-mails inválidos serão igualmente descartadas;

*** tampouco serão admitidos os 10 tipos de Comentador de Forum.




Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




História da Inteligência Brasileira (1915-1933) 6
Wilson Martins
Tag



the history of tom jones
A Foundling
william benton publisher
(1952)



Primeiro Como Tragédia, Depois Como Farsa
Slavoj Zizek
Boitempo
(2011)



Edipo Rei
Sofocles
Lpm pocket
(2011)



Ensaio Geral
Olavo Drummond
Nova Fronteira
(1984)



Lagoa Santa e a vegetação de cerrados Brasileiros 594
Eugênio Warming
Sem
(1973)



Uma vida de cão 390
Kim Levin
Sextante
(2002)



a engenahria e o relacionamento homem-máquina
Alphonse Chapanis
Atlas
(1972)



Constituição do Estado Rio de Janeiro - 1996
Espaço Juridico
Espaço Jurídico



Livro Literatura Estrangeira Märchenmond A Terra das Florestas Sombrias
Wolfgang Hohlbein
Prestigio
(2005)





busca | avançada
61186 visitas/dia
2,4 milhões/mês