Colunismo em 2004 | Julio Daio Borges | Digestivo Cultural

busca | avançada
122 mil/dia
2,0 milhões/mês
Mais Recentes
>>> Bela Vista Cultural | 'Saúde, Alimento & Cultura'
>>> Trio Mocotó
>>> O Circo Fubanguinho - Com Trupe da Lona Preta
>>> Anaí Rosa Quinteto
>>> Chocolatte da Vila Maria
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> O Big Brother e a legião de Trumans
>>> Garganta profunda_Dusty Springfield
>>> Susan Sontag em carne e osso
>>> Todas as artes: Jardel Dias Cavalcanti
>>> Soco no saco
>>> Xingando semáforos inocentes
>>> Os autômatos de Agnaldo Pinho
>>> Esporte de risco
>>> Tito Leite atravessa o deserto com poesia
>>> Sim, Thomas Bernhard
Colunistas
Últimos Posts
>>> The Piper's Call de David Gilmour (2024)
>>> Glenn Greenwald sobre a censura no Brasil de hoje
>>> Fernando Schüler sobre o crime de opinião
>>> Folha:'Censura promovida por Moraes tem de acabar'
>>> Pondé sobre o crime de opinião no Brasil de hoje
>>> Uma nova forma de Macarthismo?
>>> Metallica homenageando Elton John
>>> Fernando Schüler sobre a liberdade de expressão
>>> Confissões de uma jovem leitora
>>> Ray Kurzweil sobre a singularidade (2024)
Últimos Posts
>>> Uma coisa não é a outra
>>> AUSÊNCIA
>>> Mestres do ar, a esperança nos céus da II Guerra
>>> O Mal necessário
>>> Guerra. Estupidez e desvario.
>>> Calourada
>>> Apagão
>>> Napoleão, de Ridley de Scott: nem todo poder basta
>>> Sem noção
>>> Ícaro e Satã
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Kafka: esse estranho
>>> Live: tecnologia e escola
>>> Cuba e O Direito de Amar (3)
>>> Política versus literatura
>>> Pecados, demônios e tentações em Chaves
>>> Brasil, o buraco é mais embaixo
>>> Olavo de Carvalho: o roqueiro improvável
>>> 7 de Novembro #digestivo10anos
>>> Carandiru, do livro para as telas do cinema
>>> Livros de presente
Mais Recentes
>>> Livro Educação em Foco de Sílvia Regina Teixeira Pinto de Albuquerque pela Ottoni (2011)
>>> Livro O Mistério da Caixa Preta , Violência e criminalidade de Pedro Scuro Neto, PH.D. pela Oliveiras Mendes (1998)
>>> Cristianismo E Espiritismo de Léon Denis pela Bibliomundi Serviços Digitais Ltda (2024)
>>> Livro Tratado De Comunicacão Organizaciona e Política de Gaudência Torquato pela Thomson Learning (2004)
>>> Livro Mensageiro Da Cruz de Watchman Nee pela Vida (2009)
>>> Los Hermanos Karamazov II de Fiodor M. Dostoyevski pela Altaya (1995)
>>> Renda Fixa Não é Fixa! de Marília Fontes pela Empiricus (2017)
>>> Entre Necessidade E Desejo. Diálogos Da Psicologia Com A Religião de Geraldo José De Paiva pela Loyola (2001)
>>> Recomece de Bráulio Bessa pela Sextante (2018)
>>> O Príncipe Medroso E Outros Contos Africanos de Anna Soler-pont pela Companhia Das Letras (2015)
>>> Dicionário Alemão-português de Leonardo Tochtrop pela Globo (1943)
>>> A Arte De Escrever Bem. Um Guia Para Jornalistas E Profissionais Do Texto de Dad Squarisi e Arlete Salvador pela Contexto (2015)
>>> Entre Passos E Rastros de Berta Waldman pela Perspectiva (2002)
>>> Assassinato Na Literatura Infantil: Uma Aventura Da Turma Do Gordo de João Carlos Marinho pela Global (2005)
>>> O aprendiz do ladrao de tumulos de Allan Stratton pela Planeta Jovem (2013)
>>> Básico Em Administração de Lilian Soares Pereira Carvalho pela Senac Sp (2017)
>>> Liberte-se dos Medos [Capa comum] [2008] O'Connor, Joseph de Joseph O`Connor pela Qualitymark (2008)
>>> Português Do Dia-a-dia: Como Falar E Escrever Melhor, O de Sergio Nogueira Duarte Da Silva pela Rocco (2003)
>>> Microcontrolador PIC18 com Linguagem C: Conceitos, Exemplos e Simulação de José Sérgio Medeiros Junior e Mario Henrique Luchiarí pela Senai-Sp (2017)
>>> Rapidinhas De Concursos: Matematica de Murilo Oliveira De Castro Coelho pela Rideel (2013)
>>> James E O Pêssego Gigante de Road Dahl pela 34 (2009)
>>> Manual Da Crianca Caicara de Marie Ange Bordas pela Peirópolis (2011)
>>> Pilatos de Carolos Heitor Cony pela Companhia Das Letras (2001)
>>> A Garota Que Só Pensava Naquilo: Confissões de uma Sedutora de Abby Lee pela Prestígio (2007)
>>> Expedição Tumucumaque a Redescoberta da Amazônia de Zig Koch pela Wwf
COLUNAS >>> Especial Melhores de 2004

Sexta-feira, 24/12/2004
Colunismo em 2004
Julio Daio Borges
+ de 5600 Acessos
+ 2 Comentário(s)

Outro dia, eu disse ao Fabio que tinha mania de encerrar ciclos e quem participa dos bastidores do Digestivo também sabe que eu sugeri um Especial sobre o ano de 2004. Essas duas idéias se cruzaram quando eu passei alguns dias tentando encontrar um tema à altura do fechamento do ano, aqui na Coluna (afinal esta é a minha última antes de 2005). Então se colocou o desafio de refletir sobre o meu "colunismo" em 2004, pois, olhando em retrospecto, percebo que ele se firmou de novo, este ano, como não acontecia desde 2000 ou antes (antes do Digestivo Cultural, portanto).

Depois que eu inventei o Digestivo — digo o formato, que começou como Newsletter e que se manteve até agora, durante mais de 4 anos —, eu me afastei das colunas que vinham escrevendo desde 1998. O Digestivo, na verdade, era a minha "coluna" e eu estava tão completamente envolvido com esse formato (das Notas) que não via outra coisa possível para a internet e para os novos tempos. Eu abraçara a teoria do aforismo de Nietzsche e acreditava que livros inteiros podiam mesmo ser reduzidos a meia-dúzia de frases — quanto mais textos e afins. Em suma, o "colunismo", para mim, havia caído em descrédito (ainda que eu tenha chamado Colunistas para compor o site em 2001).

De repente, porém, o Digestivo passou por uma primeira reestruturação. Era 2002 e eu estava tentando colaborar periodicamente com a grande imprensa, quando me vi com um texto inteiro sobre o fim do no. (hoje não me admira que ninguém quisesse aceitá-lo). Assim, mais uma vez, juntei as duas pontas e cobri um buraco, numa sexta-feira lá atrás. Foi o Giron quem insistiu para que eu publicasse meu "ensaio" sobre a derrocada do no. no Digestivo mesmo e eu, novamente cansado de esperar as respostas da imprensa, mandei bala. Agora lembro: o Sérgio Augusto sinalizava com a possibilidade de eu colaborar com OPasquim21 e desfolhei, na seqüência, o texto sobre o, à época, estreante programa Saia Justa. Outra vez, desisti de esperar o veredicto do Ziraldo (que decidia tudo e que, ao mesmo tempo, viajava muito) e emplaquei, once more, no Digestivo Cultural.

Foram tantas as trocas da guarda no site em 2002 que eu não estou certo se me mantive como Colunista, às sextas-feiras, como agora. Lembro que queria abordar temas especiais e que ambicionei uma série sobre a internet (eu estava empenhado na defesa da nova mídia, que a velha imprensa ainda insistia em atacar). Foram três textos só: sobre o amor virtual, sobre os blogs e sobre as comunidades virtuais. Embarquei, também, num certo resenhismo (Kafka, Wittgenstein) e em algumas campanhas "cívicas" (pela derrota do Lula e pelo minimamente bom português).

No fundo, eu experimentava muito e não me fixava em nada. Mesmo em termos de linguagem. Ao contrário do que fazia nos Digestivos, eu não tinha um "projeto" para as minhas Colunas e sentia como se tivesse de reinventá-las a toda hora. Para ficar bonito, eu poderia dizer que, como Ferreira Gullar em seu primeiro livro de poemas, cada Coluna minha nascia e morria "completa" — enfrentava eu as dores do parto, mas ela, recém-nascida, não fecundava nada. Eu me justificava pensando que só tinha de me manifestar em ocasiões especiais e o Polzonoff me cobrava textos maiores temendo que eu pudesse enferrujar. O problema é que me apaixonara de tal forma pelos Digestivos, e eles me absorviam tanto, que não sobrava "energia para", nem "vontade de", escrever mais. Fora que a preocupação de ganhar dinheiro não me permitia despender mais tempo compondo textos (a não ser que a imprensa me aceitasse como colaborador; a internet, como se vê, sempre mantendo a ligação nefasta com a gratuidade...).

Bom, eu espero que isto não esteja uma confusão. Em 2003, eu segui com o resenhismo (Freud, Roth), arrisquei uma crítica de cinema (Rivera-Kahlo), desconstruí um ídolo antigo (Rubem Fonseca) e entrei num especial da Livraria Cultura. Mas foi apenas em 2004 que minha Coluna pôde, enfim, decolar.

Logo, este texto (este que você está lendo) é igualmente uma tentativa no sentido de explicar por que agora (em 2004) funcionou e antes (2002-2003), não. Talvez porque eu cheguei a algumas conclusões este ano, como Colunista do Digestivo Cultural — e acho que vale a pena compartilhá-las (embora eu não pertença a nenhuma das três ou quatro "gerações de ouro" do site, contando a atual...).

Em primeiro lugar, como todo mundo sabe, em 2004 rompi com a barreira da primeira pessoa. Foi naquele texto sobre São Paulo, que gerou outras tentativas (infrutíferas) e que acabou como uma pretensa mistura entre literatura e memória. Sei que não é nem uma coisa nem outra, mas foi importante escrever sobre minhas lembranças. Eu me pus em cena e percebi que eu poderia render assunto.

Isso se amarra a um segundo ponto. Subitamente, conclui — depois de todos estes anos nesta indústria vital... — que minha experiência poderia interessar às pessoas. Muitas ainda devem se perguntar: "Quem é esse mala que escreve em primeira pessoa?" — mas eu tenho fé que o contingente de indivíduos que encontram, nas minhas reminiscências, algo de aproveitável tem significativamente aumentado. (Quando eu não mais acreditar nisso, prometo que paro.)

Particularmente, eu sempre gostei de ler os jornalistas que refletiam sobre seu ofício. Me vem agora o exemplo do Daniel Piza — de quem quase todo mundo tem saudade na Gazeta —, pois, em 1996-2000, ele misturava a "juventude" de quem estava começando com um certo "descuido" ao apontar o dedo para a imprensa brasileira, estando num jornal que não era dos diários mais importantes (digo, Folha e Estadão). Num de seus arroubos, o Daniel me disse, por e-mail, que sua coluna era uma das poucas "de idéias" no Brasil. Eu o havia chamado de "lobo solitário". Ele tinha vinte e tantos; eu, vinte e poucos.

Em 2004, no Digestivo, eu percebi que tinha passado por coisas únicas e que — mesmo que elas não o fossem — eu poderia dividi-las com a audiência, pelo simples fato de que ninguém dividia mais. Nem o Daniel Piza (que foi para o Estadão). Isso se materializou especialmente na Coluna "Vida virtual, vida real"; mais indiretamente na "Auto-análise" e na "Manias"; e mais pessoalmente na seqüência "Mens sana..." (1, 2 e 3). Claro, não se trata de nenhuma grande revelação. Em alguns casos, até, o que mais importa é a abordagem (e não, propriamente, o conteúdo). E, ah, houve também um "Making of..." — que, nesse processo, foi fundamental.

Quem escreve e publica com freqüência vive meio fechado numa cúpula. No íntimo, nunca sabe se está agradando. Se sabe, desconfia — porque, pelo elogio, pode cair numa fórmula; e porque, como se sabe, ninguém pode escrever só para o público. É uma sinuca. Quando se termina um texto, ele escapa da mão como um balão de ensaio e vai flutuar no céu sem que se possa controlá-lo. As pessoas podem admirá-lo — e nós, autores da arte, podemos até concordar —, mas ele continua fora de alcance. Os textos — atenção, isto é chavão — têm vida própria. Quando saem bons, o mérito não é nosso — porque eles, homens-feitos, não são nossos mais. E quando saem ruins, a culpa é nossa — porque, como balões de ensaio falhados, não foram bem projetados, não foram bem planejados ou não receberam o correto impulso, tendo caído ou pegado fogo no meio do percurso.

Mesmo assim, parece que eu encontrei em 2004 um caminho para as minhas Colunas. Algumas idéias já vêm prontas e eu consigo desenvolvê-las a contento (acho). Poucas vezes me perdi no assunto ou tive de dar (a elas) um final abrupto (porque não foram pensadas estruturalmente ou porque eu não sabia como terminá-las). E, repetindo, algo me diz que uma meia-dúzia de três ou quatro gosta dessa mistura atual de "crônica" com "vivência" de editor de cultura. Não figura entre minhas ambições fundar um novo gênero. Penso que o desejo de todos, que escrevem, é encontrar uma clareira e poder explorá-la. Como eu encontrei (acho, de novo) nos Digestivos. Lá, estou em casa; e, lá, parece que nada falha. Oxalá eu sinta isso, um dia, nas Colunas — embora me agrade o nervosismo de se lançar e de ter de encontrar "soluções" para continuar caminhando num terreno pantanoso (eu gosto dessa expressão).

2004 foi um tempo de despertar. Também no Globo, no Estadão, no Suplemento Literário de Minas Gerais, no Rascunho. E qualquer salto, em qualquer direção, em 2005 e depois, tem sua vara fincada neste ano.


Julio Daio Borges
São Paulo, 24/12/2004

Quem leu este, também leu esse(s):
01. Aquarius, quebrando as expectativas de Guilherme Carvalhal


Mais Julio Daio Borges
Mais Acessadas de Julio Daio Borges em 2004
01. Parati, Flip: escritores, leitores –e contradições - 16/7/2004
02. Mens sana in corpore sano - 14/5/2004
03. 1964-2004: Da televisão à internet – um balanço - 30/4/2004
04. Por que a crítica, hoje, não é bem-vinda - 25/6/2004
05. Ensaio de interpretação do Orkut - 20/8/2004


Mais Especial Melhores de 2004
* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

ENVIAR POR E-MAIL
E-mail:
Observações:
COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
26/12/2004
23h29min
Valeu pela retrospectiva sobre suas experiências no Digestivo em 2004. 2005 tá batendo na porta e a gente que curte altos papos está esperando mais do DC. E eu sou um deles e estou torcendo para que o ano novo seja um ano de mais vitórias para você. Feliz 2005!!!
[Leia outros Comentários de Pepê Mattos]
21/1/2005
15h30min
Julio, parabens pelo Digestivo Cultural na revista da GV. Chegaste em terra firme, agora tens que se estabelecer e civilizar. Parabens!
[Leia outros Comentários de itibere muarrek]
COMENTE ESTE TEXTO
Nome:
E-mail:
Blog/Twitter:
* o Digestivo Cultural se reserva o direito de ignorar Comentários que se utilizem de linguagem chula, difamatória ou ilegal;

** mensagens com tamanho superior a 1000 toques, sem identificação ou postadas por e-mails inválidos serão igualmente descartadas;

*** tampouco serão admitidos os 10 tipos de Comentador de Forum.




Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




Revestimento
David Horton
Graça Editorial
(2019)



Os Segredos do Véu de Ísis
Djalma Santos
Leon Denis
(2006)



Livro Literatura Brasileira As Pessoas Lá De Fora
Gladston Mamede
Longarina
(2018)



Composing Music
William Russo; Jeffrey Ainis; David Stevenson
University of Chicago Press
(1983)



Símbolos Paulistas - Estudo Histórico - Heráldico
Hilton Federici
Secretaria de Cultura
(1980)



Bass Pro Strategies: Locating And Catching Techniques Of The Professionals
Larry Larsen
Larsen's Outdoor Publishing
(1988)



Depende de Você - Como fazer de seu filho uma história de sucesso
Andrea Ramal
Ltc
(2012)



A Dança dos Dragões 5
George R. R. Martin
Leya
(2012)



Livro Literatura Estrangeira Reflexos do Baile Coleção Folha Grandes Escritores Brasileiros Volume 15
Antonio Callado
Folha de São Paulo
(2008)



Laços de Amizade
Wes Yoder
Sextante
(2011)





busca | avançada
122 mil/dia
2,0 milhões/mês