Colunismo em 2004 | Julio Daio Borges | Digestivo Cultural

busca | avançada
47578 visitas/dia
1,7 milhão/mês
Mais Recentes
>>> Na Flip, Verônica Yamada apresenta healing fiction sobre corpo, trabalho e ancestralidade
>>> Destaque na Flip, cearense Maurício Mendes lança “O homem não foi feito para ser feliz”
>>> Estreia Teatro - A Visão de Bernadette – 3 de Agosto – Teatro Ruth Escobar -18hs
>>> Com destaque na cena literária , “Cronofagia” de Carla Brasil chega à Flip 2025
>>> Filhos do Mangue, premiado filme de Eliane Caffé, estreia nos cinemas
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> A dobra do sentido, a poesia de Montserrat Rodés
>>> Literatura e caricatura promovendo encontros
>>> Stalking monetizado
>>> A eutanásia do sentido, a poesia de Ronald Polito
>>> Folia de Reis
>>> Mario Vargas Llosa (1936-2025)
>>> A vida, a morte e a burocracia
>>> O nome da Roza
>>> Dinamite Pura, vinil de Bernardo Pellegrini
>>> Do lumpemproletariado ao jet set almofadinha...
Colunistas
Últimos Posts
>>> O coach de Sam Altman, da OpenAI
>>> Andrej Karpathy na AI Startup School (2025)
>>> Uma história da OpenAI (2025)
>>> Sallouti e a história do BTG (2025)
>>> Ilya Sutskever na Universidade de Toronto
>>> Vibe Coding, um guia da Y Combinator
>>> Microsoft Build 2025
>>> Claude Code by Boris Cherny
>>> Behind the Tech com Sam Altman (2019)
>>> Sergey Brin, do Google, no All-In
Últimos Posts
>>> Política, soft power e jazz
>>> O Drama
>>> Encontro em Ipanema (e outras histórias)
>>> Jurado número 2, quando a incerteza é a lei
>>> Nosferatu, a sombra que não esconde mais
>>> Teatro: Jacó Timbau no Redemunho da Terra
>>> Teatro: O Pequeno Senhor do Tempo, em Campinas
>>> PoloAC lança campanha da Visibilidade Trans
>>> O Poeta do Cordel: comédia chega a Campinas
>>> Estágios da Solidão estreia em Campinas
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Maffesoli, Redes Sociais e o Mundo Reencantado
>>> Desonra, por J.M. Coetzee
>>> A dobra do sentido, a poesia de Montserrat Rodés
>>> A Paris de Chico Buarque
>>> Picasso e As Senhoritas de Avignon (Parte I)
>>> Encontro com Kurt Cobain
>>> O Livro dos Insultos, de H.L. Mencken
>>> Cenas da vida carioca
>>> Aproximações políticas, ontem e hoje
>>> Surf em cima do muro
Mais Recentes
>>> O Livro Da Abundância de John Randolph Price pela Vida & Consciencia (2008)
>>> Kit Coleção Pocket Sucessos - 9 volumes de Zibia Gasparetto; Monica de Castro; Marcelo Cezar pela Vida E Consciência (2010)
>>> Quando o Amor Veio à Terra de Djalma Motta Argollo pela Mnêmio Túlio (1996)
>>> Kit Coleção Marcelo Cezar - 4 volumes de Marcelo Cezar; Marco Aurélio pela Vida e Consciência (2010)
>>> kit Coleção Monica de Castro - 4 volumes de Mônica de Castro pela Vida e Consciência (2010)
>>> Céu Azul de Celia Xavier De Camargo pela Boa Nova (1997)
>>> Kit Coleção Zíbia Gasparetto - 8 volumes de Zíbia Gasparetto; Lucius pela Vida E Consciência (2009)
>>> Kit Coleção Eliana Machado - 5 volumes de Eliana Machado Coelho; Schellida pela Lúmen (2013)
>>> Kit Coleção Elisa Masselli - 6 volumes de Elisa Masselli pela Mensagem de Luz (2009)
>>> Arte Naval - volume único de Maurilio M. Fonseca pela Ministerio da Marinha (1960)
>>> 1434: O Ano Em Que Uma Magnifica Frota Chinesa Velejou de Gavin Menzies pela Bertrand Brasil (2010)
>>> 1421. O Ano Em Que A China Descobriu O Mundo de Gavin Menzies pela Bertrand Brasil (2011)
>>> Lágrimas De Cristo, Lágrimas Dos Homens de Francisco Faus pela Editora Quadrante (1993)
>>> Sapiens: Uma Breve Historia Da Humanidade de Yuval Noah Harari pela L&Pm (2015)
>>> Inovação e Traição - Um Ensaio Sobre Fidelidade e Tecnologia de Clóvis de Barros Filho e Adriano da Rocha Lima pela Vozes (2017)
>>> Homo Deus - uma Breve História do Amanhã de Yuval Noah Harari pela Companhia Das Letras (2016)
>>> Kafka: Os Anos Decisivos de Reiner Stach pela Todavia (2022)
>>> Curso de Direito Processual Civil I de Humberto Theodoro Júnior pela Forense (2006)
>>> Kit Coleção Escola do Terror - 4 volumes de Tom B. Stone pela Rocco (2000)
>>> Kit Coleção Goosebumps - 18 volumes de R. L. Stine pela Fundamento (2009)
>>> Casa de Bonecas - Coleção Abra e Descubra de Carlton Kids pela Salamandra (2013)
>>> Curso de Direito Processual Civil III de Humberto Theodoro Júnior pela Forense (2005)
>>> O Sagrado na História Religiosa da Humanidade de Julien Ries pela Vozes (2017)
>>> The Great Book Of Games In The Fairy World de Margaret Greenan pela White Star Kids (2018)
>>> 1934 a Constituinte de Hélio Silva pela Civilização Brasileira (1969)
COLUNAS >>> Especial Melhores de 2004

Sexta-feira, 24/12/2004
Colunismo em 2004
Julio Daio Borges
+ de 6300 Acessos
+ 2 Comentário(s)

Outro dia, eu disse ao Fabio que tinha mania de encerrar ciclos e quem participa dos bastidores do Digestivo também sabe que eu sugeri um Especial sobre o ano de 2004. Essas duas idéias se cruzaram quando eu passei alguns dias tentando encontrar um tema à altura do fechamento do ano, aqui na Coluna (afinal esta é a minha última antes de 2005). Então se colocou o desafio de refletir sobre o meu "colunismo" em 2004, pois, olhando em retrospecto, percebo que ele se firmou de novo, este ano, como não acontecia desde 2000 ou antes (antes do Digestivo Cultural, portanto).

Depois que eu inventei o Digestivo — digo o formato, que começou como Newsletter e que se manteve até agora, durante mais de 4 anos —, eu me afastei das colunas que vinham escrevendo desde 1998. O Digestivo, na verdade, era a minha "coluna" e eu estava tão completamente envolvido com esse formato (das Notas) que não via outra coisa possível para a internet e para os novos tempos. Eu abraçara a teoria do aforismo de Nietzsche e acreditava que livros inteiros podiam mesmo ser reduzidos a meia-dúzia de frases — quanto mais textos e afins. Em suma, o "colunismo", para mim, havia caído em descrédito (ainda que eu tenha chamado Colunistas para compor o site em 2001).

De repente, porém, o Digestivo passou por uma primeira reestruturação. Era 2002 e eu estava tentando colaborar periodicamente com a grande imprensa, quando me vi com um texto inteiro sobre o fim do no. (hoje não me admira que ninguém quisesse aceitá-lo). Assim, mais uma vez, juntei as duas pontas e cobri um buraco, numa sexta-feira lá atrás. Foi o Giron quem insistiu para que eu publicasse meu "ensaio" sobre a derrocada do no. no Digestivo mesmo e eu, novamente cansado de esperar as respostas da imprensa, mandei bala. Agora lembro: o Sérgio Augusto sinalizava com a possibilidade de eu colaborar com OPasquim21 e desfolhei, na seqüência, o texto sobre o, à época, estreante programa Saia Justa. Outra vez, desisti de esperar o veredicto do Ziraldo (que decidia tudo e que, ao mesmo tempo, viajava muito) e emplaquei, once more, no Digestivo Cultural.

Foram tantas as trocas da guarda no site em 2002 que eu não estou certo se me mantive como Colunista, às sextas-feiras, como agora. Lembro que queria abordar temas especiais e que ambicionei uma série sobre a internet (eu estava empenhado na defesa da nova mídia, que a velha imprensa ainda insistia em atacar). Foram três textos só: sobre o amor virtual, sobre os blogs e sobre as comunidades virtuais. Embarquei, também, num certo resenhismo (Kafka, Wittgenstein) e em algumas campanhas "cívicas" (pela derrota do Lula e pelo minimamente bom português).

No fundo, eu experimentava muito e não me fixava em nada. Mesmo em termos de linguagem. Ao contrário do que fazia nos Digestivos, eu não tinha um "projeto" para as minhas Colunas e sentia como se tivesse de reinventá-las a toda hora. Para ficar bonito, eu poderia dizer que, como Ferreira Gullar em seu primeiro livro de poemas, cada Coluna minha nascia e morria "completa" — enfrentava eu as dores do parto, mas ela, recém-nascida, não fecundava nada. Eu me justificava pensando que só tinha de me manifestar em ocasiões especiais e o Polzonoff me cobrava textos maiores temendo que eu pudesse enferrujar. O problema é que me apaixonara de tal forma pelos Digestivos, e eles me absorviam tanto, que não sobrava "energia para", nem "vontade de", escrever mais. Fora que a preocupação de ganhar dinheiro não me permitia despender mais tempo compondo textos (a não ser que a imprensa me aceitasse como colaborador; a internet, como se vê, sempre mantendo a ligação nefasta com a gratuidade...).

Bom, eu espero que isto não esteja uma confusão. Em 2003, eu segui com o resenhismo (Freud, Roth), arrisquei uma crítica de cinema (Rivera-Kahlo), desconstruí um ídolo antigo (Rubem Fonseca) e entrei num especial da Livraria Cultura. Mas foi apenas em 2004 que minha Coluna pôde, enfim, decolar.

Logo, este texto (este que você está lendo) é igualmente uma tentativa no sentido de explicar por que agora (em 2004) funcionou e antes (2002-2003), não. Talvez porque eu cheguei a algumas conclusões este ano, como Colunista do Digestivo Cultural — e acho que vale a pena compartilhá-las (embora eu não pertença a nenhuma das três ou quatro "gerações de ouro" do site, contando a atual...).

Em primeiro lugar, como todo mundo sabe, em 2004 rompi com a barreira da primeira pessoa. Foi naquele texto sobre São Paulo, que gerou outras tentativas (infrutíferas) e que acabou como uma pretensa mistura entre literatura e memória. Sei que não é nem uma coisa nem outra, mas foi importante escrever sobre minhas lembranças. Eu me pus em cena e percebi que eu poderia render assunto.

Isso se amarra a um segundo ponto. Subitamente, conclui — depois de todos estes anos nesta indústria vital... — que minha experiência poderia interessar às pessoas. Muitas ainda devem se perguntar: "Quem é esse mala que escreve em primeira pessoa?" — mas eu tenho fé que o contingente de indivíduos que encontram, nas minhas reminiscências, algo de aproveitável tem significativamente aumentado. (Quando eu não mais acreditar nisso, prometo que paro.)

Particularmente, eu sempre gostei de ler os jornalistas que refletiam sobre seu ofício. Me vem agora o exemplo do Daniel Piza — de quem quase todo mundo tem saudade na Gazeta —, pois, em 1996-2000, ele misturava a "juventude" de quem estava começando com um certo "descuido" ao apontar o dedo para a imprensa brasileira, estando num jornal que não era dos diários mais importantes (digo, Folha e Estadão). Num de seus arroubos, o Daniel me disse, por e-mail, que sua coluna era uma das poucas "de idéias" no Brasil. Eu o havia chamado de "lobo solitário". Ele tinha vinte e tantos; eu, vinte e poucos.

Em 2004, no Digestivo, eu percebi que tinha passado por coisas únicas e que — mesmo que elas não o fossem — eu poderia dividi-las com a audiência, pelo simples fato de que ninguém dividia mais. Nem o Daniel Piza (que foi para o Estadão). Isso se materializou especialmente na Coluna "Vida virtual, vida real"; mais indiretamente na "Auto-análise" e na "Manias"; e mais pessoalmente na seqüência "Mens sana..." (1, 2 e 3). Claro, não se trata de nenhuma grande revelação. Em alguns casos, até, o que mais importa é a abordagem (e não, propriamente, o conteúdo). E, ah, houve também um "Making of..." — que, nesse processo, foi fundamental.

Quem escreve e publica com freqüência vive meio fechado numa cúpula. No íntimo, nunca sabe se está agradando. Se sabe, desconfia — porque, pelo elogio, pode cair numa fórmula; e porque, como se sabe, ninguém pode escrever só para o público. É uma sinuca. Quando se termina um texto, ele escapa da mão como um balão de ensaio e vai flutuar no céu sem que se possa controlá-lo. As pessoas podem admirá-lo — e nós, autores da arte, podemos até concordar —, mas ele continua fora de alcance. Os textos — atenção, isto é chavão — têm vida própria. Quando saem bons, o mérito não é nosso — porque eles, homens-feitos, não são nossos mais. E quando saem ruins, a culpa é nossa — porque, como balões de ensaio falhados, não foram bem projetados, não foram bem planejados ou não receberam o correto impulso, tendo caído ou pegado fogo no meio do percurso.

Mesmo assim, parece que eu encontrei em 2004 um caminho para as minhas Colunas. Algumas idéias já vêm prontas e eu consigo desenvolvê-las a contento (acho). Poucas vezes me perdi no assunto ou tive de dar (a elas) um final abrupto (porque não foram pensadas estruturalmente ou porque eu não sabia como terminá-las). E, repetindo, algo me diz que uma meia-dúzia de três ou quatro gosta dessa mistura atual de "crônica" com "vivência" de editor de cultura. Não figura entre minhas ambições fundar um novo gênero. Penso que o desejo de todos, que escrevem, é encontrar uma clareira e poder explorá-la. Como eu encontrei (acho, de novo) nos Digestivos. Lá, estou em casa; e, lá, parece que nada falha. Oxalá eu sinta isso, um dia, nas Colunas — embora me agrade o nervosismo de se lançar e de ter de encontrar "soluções" para continuar caminhando num terreno pantanoso (eu gosto dessa expressão).

2004 foi um tempo de despertar. Também no Globo, no Estadão, no Suplemento Literário de Minas Gerais, no Rascunho. E qualquer salto, em qualquer direção, em 2005 e depois, tem sua vara fincada neste ano.


Julio Daio Borges
São Paulo, 24/12/2004

Quem leu este, também leu esse(s):
01. As sobras completas, poesias de Jovino Machado de Jardel Dias Cavalcanti
02. O primeiro assédio, na literatura de Marta Barcellos
03. A firma como ela é de Adriane Pasa
04. Um Ano Feliz (!) de Ricardo de Mattos
05. No tempo da ficha telefônica de Elisa Andrade Buzzo


Mais Julio Daio Borges
Mais Acessadas de Julio Daio Borges em 2004
01. Parati, Flip: escritores, leitores –e contradições - 16/7/2004
02. Mens sana in corpore sano - 14/5/2004
03. 1964-2004: Da televisão à internet – um balanço - 30/4/2004
04. Por que a crítica, hoje, não é bem-vinda - 25/6/2004
05. Ensaio de interpretação do Orkut - 20/8/2004


Mais Especial Melhores de 2004
* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

ENVIAR POR E-MAIL
E-mail:
Observações:
COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
26/12/2004
23h29min
Valeu pela retrospectiva sobre suas experiências no Digestivo em 2004. 2005 tá batendo na porta e a gente que curte altos papos está esperando mais do DC. E eu sou um deles e estou torcendo para que o ano novo seja um ano de mais vitórias para você. Feliz 2005!!!
[Leia outros Comentários de Pepê Mattos]
21/1/2005
15h30min
Julio, parabens pelo Digestivo Cultural na revista da GV. Chegaste em terra firme, agora tens que se estabelecer e civilizar. Parabens!
[Leia outros Comentários de itibere muarrek]
COMENTE ESTE TEXTO
Nome:
E-mail:
Blog/Twitter:
* o Digestivo Cultural se reserva o direito de ignorar Comentários que se utilizem de linguagem chula, difamatória ou ilegal;

** mensagens com tamanho superior a 1000 toques, sem identificação ou postadas por e-mails inválidos serão igualmente descartadas;

*** tampouco serão admitidos os 10 tipos de Comentador de Forum.




Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




O Que Falta para Você Ser Feliz?
Dominique Magalhães
Gente
(2014)



O Ultimo Golpe De Alvinho
Ruth Rocha
Ftd
(1998)



Hepatologia - Volume 3 - 2006 - Projeto Medcurso
Cassio L. Engel; Marcello L. Marinho; Outros
Medcurso
(2006)



Whitney Houston!
Mark Bego
Sonara
(2013)



Wiley Gaap 2021 - Interpretation and Application of Generally Accepted
Joanne M. Flood
Wiley
(2021)



Eight Great American Tales
O. Henry
Oxford
(2016)



As Palavras Ocultas
Baháulláh
Bahai do Brasil
(2006)



Hotel
Arthur Hailey
Nova Fronteira
(1966)



Rich Dads Guide to Investing - What the Rich Invest In
Robert T. Kiyosaki
Warner Books
(1980)



Gerência em Sete Passos
Jan Wiegerinck
Futura
(2008)





busca | avançada
47578 visitas/dia
1,7 milhão/mês