As novas estantes virtuais | Luis Eduardo Matta | Digestivo Cultural

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Terça-feira, 14/2/2006
As novas estantes virtuais
Luis Eduardo Matta
+ de 19200 Acessos

Visitar um sebo ou uma livraria costuma ser, para aqueles que cultivam o gosto pela leitura, um momento agradável e até mesmo terapêutico de comunhão com os livros. Muitas vezes encontramos, nestas ocasiões, títulos que irão, de algum modo, alterar significativamente nossa visão do mundo e, desta forma, mudar nossas vidas; ou, simplesmente, nos proporcionar momentos prazerosos e descompromissados de lazer e entretenimento. Hoje em dia, com a informatização crescente das livrarias, a garimpagem tornou-se opcional, reservada àqueles que preferem percorrer com os olhos as prateleiras em busca de uma capa ou lombada que lhe chame a atenção a ir diretamente a um terminal de computador para saber se determinado título consta do estoque. No entanto, ultimamente, uma das principais queixas das pessoas em relação à leitura diz respeito ao tempo disponível para ler - cada vez mais escasso em virtude das crescentes demandas do dia-a-dia que põem muita gente em permanente correria -, o que dizer do tempo livre para garimpar livros?

De uns tempos para cá, o advento da internet trouxe facilidades aos leitores, como as livrarias virtuais. A pioneira no Brasil, se não estou enganado, foi a Booknet, aberta lá pelos fins dos anos 90 e que, mais tarde, deu origem ao atual site Submarino, muito popular para compras, não apenas de livros. Paralelamente, as grandes redes de livrarias, abriram suas respectivas lojas virtuais e passaram a vender on-line os mesmos títulos oferecidos nas suas redes "físicas", atingindo assim um grande contingente de leitores, muitos dos quais residentes em cidades desprovidas de livrarias e que, com a internet, puderam passar a comprar livros com mais regularidade e, desta forma, participar mais ativamente da vida literária nacional. Agora, com a internet no Brasil consolidada e em franca expansão, aliada a um mercado editorial em processo de amadurecimento, testemunhamos a aparição de uma, digamos, segunda fase do comércio eletrônico de livros, com a informatização do acervo dos sebos e a abertura de livrarias virtuais segmentadas. Assim, surgiram, em 2005, duas iniciativas muito interessantes, que me chamaram, sobremaneira, a atenção e que eu gostaria de destacar aqui.

A primeira delas foi a inauguração do Estante Virtual, que conseguiu o feito admirável de reunir, de maneira inteligente, os acervos de mais de uma centena de sebos e livreiros de todo o Brasil num único site. O catálogo disponível é vasto, conta com milhares de exemplares para aquisição imediata e permite, por exemplo, a um internauta do Rio de Janeiro localizar aquele livro há décadas esgotado e do qual ele está à procura há anos, à venda num sebo em Joinville, Anápolis, Uberlândia ou João Pessoa. Assim como em qualquer loja virtual que se preze, ele seleciona o item que deseja, faz a sua compra, escolhe a forma de pagamento (às vezes só há uma disponível e que pode exigir uma visita ao banco) e, em poucos dias, a encomenda chega comodamente à sua casa. Trata-se, sem dúvida alguma, de um grande alento para quem está em busca de um determinado título e não tem paciência ou tempo para visitar um a um os sebos de sua cidade, isso no caso de a sua cidade possuir sebos. Neste caso, o benefício é redobrado. Com os computadores cada vez mais baratos e o acesso à internet tornando-se, a cada dia, mais ágil e descomplicado, não seria exagerado afirmar que as livrarias e, agora, sebos virtuais acabarão, a médio prazo, solucionando consideravelmente a carência histórica de pontos de venda de livros na maior parte do território brasileiro. E, neste processo, os sebos cumprem uma função importante, ao oferecer exemplares mais em conta a um público que vive reclamando da falta de dinheiro e apontando o preço dos livros como o grande inimigo da leitura no país. Se antes eu afirmava que, aquele que tem sebos por perto de onde mora, trabalha ou apenas circula, não pode invocar o custo dos livros para justificar o seu distanciamento da leitura, hoje eu estendo esse raciocínio para todos que possuem acesso a um computador e a uma conexão qualquer com a internet. A partir de agora, com dezenas de sebos ao alcance de um simples clique do mouse, só não lerá o internauta que não quiser.

Do mesmo modo, os amantes brasileiros da Literatura policial, de mistério, suspense, terror ou espionagem já não têm do que reclamar quando o assunto é saciar o apetite por novos títulos, desde a abertura da Livraria do Crime que, apesar do nome instigante, não pretende ensinar ninguém o caminho das pedras para se tornar um assassino. Baseada em São Paulo e com distribuição nacional, esta é uma livraria virtual temática, provavelmente a única no ramo em funcionamento no Brasil. Só o site, muito bem planejado, com design atraente e algumas seções bastante interessantes - como a que relaciona a biografia de vários dos famosos detetives da Literatura -, já vale uma visita, mesmo de quem não é lá grande apreciador das letras de suspense. O acervo é considerável e encontra-se distribuído em duas seções: "catálogo", para títulos novos e "sebo", para usados. A seção "sebo", por sinal, é um verdadeiro achado para os leitores de thrillers e assemelhados que estão atrás de um título ou autor esgotado, ausente das livrarias e difícil até de ser encontrado em muitos sebos, obedecendo à mesma lógica exposta mais acima sobre o Estante Virtual. Lembro de casos de pessoas próximas que, num passado não muito distante em que não existia internet, se desesperavam por não encontrar em lugar algum, títulos policiais havia muito ausentes dos catálogos das editoras. Algumas chegavam ao extremo de cogitar uma viagem ao exterior para conseguir os livros no idioma original (um exagero, obviamente jamais posto em prática). A existência de um site como a Livraria do Crime, não só torna essa situação menos provável, como ajuda a consolidar um perfil de loja ainda raro no Brasil, que é o da livraria especializada, comum em países como Estados Unidos e França. E o fato de estar localizada na internet, torna o acesso a ela muito mais democrático e irrestrito, abarcando um universo ilimitado de leitores.

Vivemos hoje uma época interessante no que diz respeito à situação do livro no Brasil. Apesar das dificuldades e de ainda termos um número de leitores muito aquém do desejado, vários setores da sociedade vêm discutindo o assunto, estudos têm sido feitos, propostas apresentadas e providências tomadas no intuito de aproximar as pessoas dos livros. As perspectivas neste setor, a meu juízo, são animadoras. Ao mesmo tempo, o avanço da internet no Brasil é fantástico. A conjugação destes dois fatores, certamente, contribuirá para um incremento na venda de livros on-line e é muito provável que iniciativas similares à da Estante Virtual e da Livraria do Crime surjam nos próximos tempos, de olho nos leitores ativos e potenciais e dando a sua contribuição para tornar o Brasil, senão um país de leitores, pelo menos um país de acesso franco a um vasto acervo literário.

Para ir além
Leia também o texto O discreto charme dos sebos.


Luis Eduardo Matta
Rio de Janeiro, 14/2/2006

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