Evolução e Adaptação da Imprensa Escrita | Ricardo de Mattos | Digestivo Cultural

busca | avançada
53746 visitas/dia
2,9 milhões/mês
Mais Recentes
>>> Feira de vinis especializada em reggae desembarca no Festival Mucho em dezembro
>>> 9ª Edição do Encontro Internacional de Mulheres Palhaças (EIMPA) recebe dezenas de atrações com mais
>>> Teatro- Cidadão em Construção - Ultima apresentação no CEU
>>> 26º Cirandança reúne 1200 alunos das Oficinas de Dança durante 6 dias no C.C. Diadema
>>> IOLE DE FREITAS NO PAÇO IMPERIAL, RIO DE JANEIRO
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> Esporte de risco
>>> Tito Leite atravessa o deserto com poesia
>>> Sim, Thomas Bernhard
>>> The Nothingness Club e a mente noir de um poeta
>>> Minha história com o Starbucks Brasil
>>> O tipógrafo-artista Flávio Vignoli: entrevista
>>> Deixe-me ir, preciso andar, vou por aí a procurar
>>> Olimpíada de Matemática com a Catarina
>>> Mas sem só trapaças: sobre Sequências
>>> Insônia e lantanas na estreia de Rafael Martins
Colunistas
Últimos Posts
>>> Keleti: de engenheiro a gestor
>>> LeCun, Bubeck, Harris e a inteligência artificial
>>> Joe Satriani tocando Van Halen (2023)
>>> Linger by IMY2
>>> How Soon Is Now by Johnny Marr (2021)
>>> Jealous Guy by Kevin Parker (2020)
>>> A última canção dos Beatles (2023)
>>> No Time To Die by Meg Mac
>>> Praise You by The Belligerents (2015)
>>> Let It Happen by Meg Mac (2017)
Últimos Posts
>>> Sarapatel de Coruja
>>> Culpa não tem rima
>>> As duas faces de Janus
>>> Universos paralelos
>>> A caixa de Pandora do século XX
>>> Adão não pediu desculpas
>>> No meu tempo
>>> Caixa da Invisibilidade ou Pasme (depois do Enem)
>>> CHUVA
>>> DECISÃO
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Meu cinema em 2010 ― 2/2
>>> Dar títulos aos textos, dar nome aos bois
>>> Recordações da casa dos mortos
>>> Sim, Thomas Bernhard
>>> Toca Raul!
>>> ESCAVAÇÕES NO TEMPO
>>> Xadrez, poesia de Ana Elisa Ribeiro
>>> TV aberta em 2004: o ano do Orgulho Nacional
>>> Ventania quinta-feira à noite em Chicago
>>> Ventania quinta-feira à noite em Chicago
Mais Recentes
>>> Nem Pensar de Aziz Lasmar pela Age (2006)
>>> Karen de Ana Teresa Pereira pela Todavia (2018)
>>> O Perdido de Hans- Ulrich Treichel pela Companhia Das Letras (2001)
>>> O Delicado Abismo da Loucura de Raimundo Carreiro pela Iluminuras (2005)
>>> O Baile de Danielle Steel pela Record (2012)
>>> Matias na Cidade de Alexandre Vidal Porto pela Companhia Das Letras (2023)
>>> A Idade de Ouro do Brasil de João Silvério Trevisan pela Alfaguara (2019)
>>> Butchers Crossing de John Williams pela Radio Londres (2016)
>>> 1995 1996 Fórmula 1 555 de 1995 1996 Fórmula 1 pela Sem
>>> La cocción de productos cerámicos 555 de Leone Padoa pela Omega (1990)
>>> Vinho e Guerra 555 de Don e Petie Kladstrup pela Jorge Zahar (2002)
>>> O Sonho do Celta 555 de Mario Vargas LLosa pela Alfaguara (2011)
>>> Bom Sono 555 de Richard Ferber pela Celebris (2008)
>>> Em risco 555 de Stella Rimington pela Record (2010)
>>> Dicionário de termos de negócios 555 de Manoel Orlando de Morais Pinho pela Atlas (2009)
>>> Platão e a República de Jayme Paviani pela Jorge Zahar (2003)
>>> Maestro 555 de Roger Nierenberg pela Sextante (2011)
>>> Volta Para Casa de Harlan Coben pela Arqueiro (2018)
>>> Poemas - Edição Bilíngüe / Latim - Port de Catulo pela Expressão (1986)
>>> Manifesto do Partido Comunista 1848 (02) Edição de Bolso de Marx e Engels pela L&PM Pocket (2017)
>>> Missão no Oriente - Coleção Vaga-Lume (02) de Luiz Puntel pela Ática (1997)
>>> Longe dos Corações Feridos - Pelo Espírito Eugene(02) de Tanya Oliveira pela Lúmen (2004)
>>> Sobre Metas e Montanhas - Coletânea de Reflexões (02) de Rita Foelker pela Gil (2009)
>>> O Preço de uma Traição (02) de Katia Eli Pereira pela Religião (2014)
>>> Peregrino da Reencarnação - Pelo espírito Danielle (02) de Luiz Antônio Barbosa pela Religião
COLUNAS >>> Especial O fim dos jornais

Segunda-feira, 23/3/2009
Evolução e Adaptação da Imprensa Escrita
Ricardo de Mattos
+ de 12000 Acessos
+ 2 Comentário(s)

"... à imprensa deve tocar o encargo de se corrigir a si própria ..." (Willian Pitt, citado por Rui Barbosa em A imprensa e o dever da verdade)

Parece regular no ser humano certa ânsia pela extinção de coisas. Si a frágil película de civilidade impede-o de voltar-se contra seu semelhante; si não pode custear um safári; se não encontra uma causa sobre a qual derrame suas energias, ele mata "em tese". No mundo jurídico, o abolicionismo defende a morte do Direito Penal. Há meses próximos renovaram fogo contra o livro impresso e anteciparam-lho epitáfio. Na história da música, mal surgido o rock, atestaram-lha vida breve. Criada a internet, desenvolvido seu aspecto informativo e alguns jornalistas arregaçando as mangas em seus blogs, há quem trate a imprensa escrita qual cadáver iminente. Estes prognósticos exagerados revelam certo gosto por mudanças bruscas e leve teatralidade. Com o advento do CD, o disco de vinil não desapareceu, mas ficou restrito a fornecedores e consumidores específicos. Apesar do MP3 e das músicas que se baixam gratuitamente pela internet, o CD mantém seu mercado. Dedicando-se a girafa à copa das acácias, o okapi continuou a ruminar tranquilo as folhas dos arbustos.

A imprensa escrita não acabará. Não acabará e alcançará um público cada vez maior através da especialização das publicações. As empresas que precisarão adequar-se, inclusive no porte, à nova realidade.

Os primeiros pontos fixos de venda chamavam-se "banca de jornais". Logo foram renomeados "banca de jornais e revistas". Ou se para aqui, ou o preciosismo levará a nova classificação: "banca de jornais, revistas, livros, CD, DVD & outros". Quando criança, "ir à banca" significava parar diante de uma caixa de metal com um homem dentro e comprar o último número de alguma revista definida ― Lulu e Bolinha. Em duas décadas as bancas tornaram-se imensas, logo a comportar berçário e área interna de fumantes. Limitando-nos ao impresso, nunca existiu tanta variedade. Jornais publicados em âmbito nacional, regional e municipal, além dos estrangeiros, técnicos e étnicos, a exemplo dos escritos em japonês. Se a memória não estiver de pirraça, no Sul do país há jornais locais publicados em alemão e italiano. Há revistas voltadas a grupos, étnicos, profissionais, faixas etárias e de assuntos diversos dentro da mesma vertente ― beleza e cultura negras. O campo de periódicos de divulgação foi ampliado e especificado de tal forma que se pode enumerar dois ou três títulos voltados à História, à Filosofia, à Psicologia, à Lingua Portuguesa, além de Ciências, Biografias e até uma de Sociologia. O paradoxo da grande oferta num país de leitores negligentes parece resolvido pela variedade de títulos, pelo aumento de edições especiais e pela baixa tiragem de exemplares.

Empresas editoras de jornais e revistas obtêm seus principais recursos financeiros através da venda e da publicidade veiculada. A venda ocorre individualmente, em bancas ou pela internet, ou por assinatura. É variável, pois o leitor não comprará si estiver sem dinheiro ou não se interessar pelos assuntos da vez. Assinaturas estão sujeitas à inadimplência e ao cancelamento. O sustento mais seguro, infelizmente, aponta para a publicidade. Si o interessado não paga, seu anúncio não aparece, ou é retirado e seu lugar negociado com outro.

A revista Veja de 11 de março corrente ― capa sobre a espionagem pelo Protógenes ― tem 144 páginas, número que inclui as capas (!). Excluído o encarte da Contigo, tivemos a pachorra de contar 81 páginas com publicidade. Entre estas, 65 são exclusivamente de publicidade, muitas em irritante sequência. O excesso publicitário atinge a todos, como prova o primeiro caderno do Estadão. O número da propaganda imobiliária é tão grande que o encarte de imóveis pode ser dispensado. Os dados, apesar de isolados, indicam que não se pode contar apenas com a vendagem, sendo necessário compensar com anúncios. Nos dois casos, entretanto, deve-se cogitar a especial escolha dos periódicos para o marketing de certo produto, escolha baseada em critérios como renome e seriedade. De qualquer modo, a informação fica vinculada à variação do mercado. Si o produto não vende, a propaganda sai e o editor precisa encontrar oura fonte.

Caso o terreno movimente-se, ou a casa acomoda-se à nova situação geológica, ou rui. O jornalismo impresso foi erigido, gerações atrás, sobre um público leitor fiel e, digamos, suficiente. Advinda a internet, imperativa a revisão dos alicerces, pois as fissuras apareceram. Ontem devia-se convencer o leitor a adquirir este jornal e não aquele; agora o primeiro objetivo é convencê-lo a comprar, na hipótese de ele estar disposto a ler. Quem não possui acesso doméstico à Web, acessa-a de uma lan house. Sentado ao computador, o usuário acessa ao mesmo tempo o site do provedor de e-mail, o Orkut, o MSN, um chat, um site de música para ouvir durante a navegação de outro de "nús artísticos". Quem não se habituou a manter-se informado não desenvolverá o costume lendo as chamadas enquanto a página do provedor carrega. Quem utiliza computadores públicos ― e o número não é tão pequeno assim ―, não usará seu tempo lendo notícias. O que esta pessoa vier a saber sobre o país e o mundo será através do noticiário televisivo ou, pasme-se, do rádio. Talvez quem acesse de casa ou do trabalho tenha sua fonte preferida de notícias, ainda que não consulte diariamente. Todavia, a rotina não deve ser muito diferente da descrita, visto a frustração de muitos funcionários quando os sites de relacionamento são bloqueados. Todava, as possibilidades são tão pulverizadas, variáveis conforme a idade, a formação e o emprego ou desemprego, que o retrato preciso é inviável. Reservar, enfim, uma quantia diária para compra do jornal é hábito que não mais acreditamos difundido. Aliás, tão anacrônico quanto um advogado, por mais sério que seja, cobrar por hora de consulta num contexto em que tantos suplicantes oferecem consultas gratuitas para atrair um cliente que seja. Notícias superficiais e consultas questionáveis não parecem assustar quem se contenta com elas. Jornalistas e advogados devem então relaxar e entregar qualquer porcaria? Não, mas os éticos sempre enfrentarão o dilema de proceder corretamente junto a pessoas despreocupadas com a correção.

O jornal foi o primeiro meio de comunicação de longo alcance social. Lembremos que as novidades do exemplar eram muitas vezes lidas e ouvidas, repassado pela voz o sabido por escrito. Precisou conviver com o rádio e com a televisão. No Brasil, onde vivemos, a internet ganhou muito espaço e ganhará mais, porém sem invadir a seara alheia. O cerne é educacional e econômico. Faixas etárias inteiras (?) que não leem jornal, não o fazem porque não aprenderam ou porque escolheram outra fonte. Jornal diário e revista semanal representam um gasto que muitos preferem dispensar ou transferir para outras necessidades. Somente os setores de assinaturas e de distribuição podem fornecer dados para estatísticas, sendo o mais especulação. Interessados pelo impresso sempre haverão, mas o número será menor. Mesmo que mantido, será problemático si não acompanhar o crescimento populacional. O que se mostra correto é inexistir para as empresas a opção "tudo ou nada". Cada uma conhece a medida de seus encargos trabalhistas, tributários, previdenciários e comerciais. Cada uma conhece suas metas e, mormente, sua razão de existir.


Ricardo de Mattos
Taubaté, 23/3/2009

Quem leu este, também leu esse(s):
01. Regras de civilidade (ou de civilização) de Julio Daio Borges


Mais Ricardo de Mattos
Mais Acessadas de Ricardo de Mattos em 2009
01. O delfim, de José Cardoso Pires - 19/10/2009
02. Charles Darwin (1809-2009) - 16/11/2009
03. Evolução e Adaptação da Imprensa Escrita - 23/3/2009
04. Américas Antigas, de Nicholas Saunders - 27/4/2009
05. Sobre o Islã, de Ali Kamel - 23/2/2009


Mais Especial O fim dos jornais
* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

ENVIAR POR E-MAIL
E-mail:
Observações:
COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
23/3/2009
21h55min
Penso que a imprensa está evoluindo, mas continua sabendo que o seu papel principal é o de informar.
[Leia outros Comentários de Manoel Messias Perei]
6/4/2009
23h11min
Quem não inveja o infeliz/ Feliz, no seu mundo de cetim/ Assim debochando/ Da dor do passado/ Do tempo perdido/ Do jogo acabado// Ele desatinou/ Viu chegar os blogueiros/ Sem ter os banqueiros/ Por trás dos jornais brasileiros/ Só se virando/ Sem Editor mandando// Ele desatinou/ Viu perder fantasias/ Sem seus "passarinhos" nos dias/ Sem matutinos/ E ele ainda está se achando// Ele não vê/ Que outra gente já/ Está blogando normalmente/ Toda moçada está esquecida/ Da falsa vida, jornalista onde/ Ele desatinou/ Viu chegar internet/ Poupando os papéis das florestas/ Em certa forma/ Muito mais ecológica...
[Leia outros Comentários de Dalton]
COMENTE ESTE TEXTO
Nome:
E-mail:
Blog/Twitter:
* o Digestivo Cultural se reserva o direito de ignorar Comentários que se utilizem de linguagem chula, difamatória ou ilegal;

** mensagens com tamanho superior a 1000 toques, sem identificação ou postadas por e-mails inválidos serão igualmente descartadas;

*** tampouco serão admitidos os 10 tipos de Comentador de Forum.




Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




40 Escritos
Arnaldo Antunes
Iluminuras
(2015)



Livro de Bolso Poesia Antologia Poética
Vinicius de Moraes
Companhia de Bolso
(2009)



Apenas uma Lembrança
Roberto Camargo
Panorama
(2000)



O Gato e as Orquídeas
Kwong Kuen Shan
Estação Liberdade
(2022)



Criação de Valor Compartilhado (lacrado)
Mauricio Fernandes Pereira, Siqueira Morais Neto
Atlas
(2014)



O Caminho da Casa de Cristal
Tânia Redigolo
Grupo Espirita Casa do Caminho
(2021)



Francisco O Arauto de Deus
Gianluigi pasquale
Paulinas
(2016)



Livro Ensino de Idiomas The Canterville Ghost Stage 3
Oscar Wilde
Young Eli Readrs
(2012)



/Zé Carioca Nº 1343
Walt Disney
Abril
(1977)



Revista Defesa Nacional - Nº 790
Exército Brasileiro
Bibliex





busca | avançada
53746 visitas/dia
2,9 milhões/mês