Two roads diverged in a yellow wood | Renato Alessandro dos Santos | Digestivo Cultural

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Terça-feira, 22/7/2025
Two roads diverged in a yellow wood
Renato Alessandro dos Santos
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Ninguém trocaria o mundo digital que se acessa hoje pelo bucólico tempo em que os filmes vinham das locadoras; os livros, da livraria, e não da Amazon, e a gente tinha de ir até o banco pra descontar um cheque, pra pagar um boleto ou pra se abrir uma conta ali, com as franjas da burocracia dando pro beco, e não pra orla, mas o pior era não ter em mãos o delivery de informação sem delay que se tem hoje, embora sempre seja preciso lutar contra as forças extremas que, grasnando, esfregam as mãos lá onde as fake news costumam alçar voo... Mesmo assim, pode ser que, em relação aos CDs, aos DVDs, aos discos de vinil e de Blu-ray com Dolby, alguém não aceite trocar o calor da mídia física pelo conforto morno do streaming.

Sinhô, em meus tempos de eu menino, nos idos dos 1980, comprava-se um disco dos Scorpions, duplo, lá na Chanton, em Araraquara, em tardes sepulcrais à sombra dos laranjais da Cutrale... Mas, hoje, em tempos de eu verruga, não trocaria as séries e os filmes da Netflix e da Prime por películas em VHS ou em DVD que ficavam comigo no fim de semana e tinham de ser assistidas na chincha, ou, coisa que ninguém fazia, eram devolvidas à locadora intocadas; sempre via os filmes, mesmo aqueles que pareciam não chamar a atenção de ninguém, como Os bons tempos voltaram, vamos gozar outra vez, com a Carla Camurati, ou O segredo da múmia, ambos com o dedo B de Ivan Cardoso ― que, nos 1990, entrevistei pelo telefone.

O chefe da polícia
Pelo telefone manda me avisar
Que na Carioca
Tem uma roleta para se jogar

Ai, ai, ai
Deixa as mágoas para trás, ó rapaz
Ai, ai, ai
Fica triste se és capaz e verás

(...)

Porque este samba, sinhô, sinhô
É de arrepiar, sinhô, sinhô
Põe perna bamba, sinhô, sinhô
Mas faz gozar



(Foco, Renato.) Em 1989, era tempo de ir à biblioteca pegar A hora do vampiro, O cemitério, O talismã. Em 2025, relê-los em PDF, deixou de ser um problema; algo bem diferente de alguns anos, quando ler na tela do celular ainda era um desafio, mas, em 11 de julho, às 13h54, com e-books disponíveis a preços de banana, ou de graça, T.U.D.O. S.E. I.L.U.M.I.N.A., e os celulares acabam por se tornar pequenas bibliotecas portáteis onde o gato de Schrödinger, vivo e morto, transita entre dois mundos, como se Borges mudasse o ângulo do espelho, a fim de refletir o infinito.

Há, porém, algo que muita gente gostaria que ainda existisse: quedê as revistas de música, de literatura, de cinema? Ainda estou aqui, mas, elas, aonde foram parar? As bancas deixaram de ser a residência delas, e muitas só têm abrigo em sebos, feiras de antiguidade, consultórios, coleções particulares que, vez ou outra, podem ser encontradas na... internet (onde mais, ué?), e foi na rede, enquanto ia pra lá e pra cá feito a haste de um metrônomo, que encontrei alguém querendo vender uma coleção de Roadie Crew e algumas Rock Brigade, anúncio que deixou todos os pelos dos meus bracinhos de T. Rex que nem rebites afiados, tipo Rob Halford’s Judas Priest.


Sessão nostalgia: onde será que está minha Rock Brigade com aquela crina do Kerry King na capa rebolando ao vento? Comprei essa revista após amanhecer na fila e, anos depois, eu a daria(!) de presente(!!) a não me lembro quem(!!!), bem como minha coleção de Overall (!!!!). O arrependimento chegou também por causa das fitas-demo que, em momento de disforia-K7, joguei fora(!): Aristóteles de Ananias Jr., Low Dream, Sonic Disruptor e tantas outras bandas que, hoje, poderiam estar impressionando eventuais visitas caseiras da casa, enquanto as fitas K7s rodariam no tape deck Telefunken, que, infelizmente, se viu tolhido dessas pequenas alegrias.


E comprei, então (determinação, Renato), 87 revistas que chegaram dias atrás. 19 kg de papel. O frete ficou mais caro que o preço de todas, e elas valeram cada centavo, mesmo que, aos 18, naquela vida calva sem internet, nunca tivesse me importado com uma Roadie Crew, mas, agora, com essa catadupa de revistas velhas que chegou, ando a me oxigenar com bandas de heavy metal que, hibernadas, feito ouroboro, feito Bentinho, regressaram com crucifixos de cabeça pra baixo, sem contar que descobri que Morbid Angel lança, e vem lançando, seus discos em ordem alfabética, o que foi uma tremenda de uma ideia que eles tiveram: Altars of madness (1989), Blessed are the sick (1991), Covenant (1993), Gateways to annihilation (2000), Illud divinum insanus (2011), Kingdoms disdained (2017).

E, folks, that’s all: era só isso que gostaria de mencionar, pois, se alguém vier perguntar a você se há algo dos últimos 25 anos do século XX de que sente saudade, pode mencionar as revistas de música, que, naqueles tempos de Bizz, de Rock Brigade, de General, de Roadie Crew etc., enchiam de alegria os olhos e os ouvidos que ainda adolesciam, enquanto a gente imaginava como seria a música do Velvet Undergound, dos Pixies, do Second Come, porque, naquela hora, o mundo resumia-se a páginas que eram consumidas com o mesmo prazer com que você se servia de um sorvete Yopa ou escrevia com uma caneta Kilométrica.

Hmmm, quer voltar aos anos 1990, então, num Delorean, ou prefere a morte?

Virgem Maria! > Virgem! > Virge! > Vixe! > Ixe!


Nem uma nem outra coisa, e não diria a morte também. Sim, é bem melhor ler uma revista de música em papel amarelecido, mas vê: não fossem os cristais líquidos onde brilham em PDF edições estrangeiras da Prog Magazine, da Ray Gun, da La Banda Elástica, da Kerrang!, da Mojo, da Uncut, da Shinding, a gente não teria como lê-las.

“Two roads diverged in a wood, and I—/I took the one less traveled by, /And that has made all the difference.”


Renato Alessandro dos Santos
Batatais, 22/7/2025

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