Marguerite Yourcenar: a última aristocrata | Helena Vasconcelos | Digestivo Cultural

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Segunda-feira, 5/5/2003
Marguerite Yourcenar: a última aristocrata
Helena Vasconcelos
+ de 7700 Acessos

A autora cujo centenário de nascimento se comemora em junho deste ano escreveu, nas notas que acompanham a edição de uma das suas obras mais famosas, "Memórias de Adriano", a seguinte frase (encontrada, aliás, na correspondência de Flaubert) que serviu de base para o seu retrato de um homem que foi capaz de manter a paz no mundo e renovar a economia do império: "Não existindo ainda Cristo, houve, de Cícero a Marco Aurélio, um momento único em que só existiu o homem." A própria Yourcenar parece ter conseguido existir e escrever num espaço muito próprio no qual a liberdade total e a embriaguês de exercer a sua completa mortalidade formaram um carácter excepcionalmente forte e sereno, ao qual não faltaram os arroubos de paixões arrebatadoras nem o exercício de uma vontade tirânica.

"O ser a que chamo eu veio ao mundo numa segunda-feira, dia 8 de junho de 1903, pelas 8 horas da manhã, em Bruxelas, de um pai francês, pertencente a uma antiga família do norte, e de uma belga cujos ascendentes se tinham há muito implantado em Liège..." Assim começa "Souvenirs Pieuxs", o livro de memórias de Marguerite Yourcenar, a autora de "Memórias de Adriano" e uma das últimas grandes damas da literatura mundial.

Para uma pessoa com uma obra tão complexa, a escritora surge com uma imagem de certa forma desfocada como se, no seu "labirinto pessoal", tivesse confundido as pistas e apagado vestígios. Apesar de ter escrito longamente sobre a sua família e o ambiente em que nasceu e cresceu - no já citado "Souvenirs Pieux" (1974) "Archives du Nord" (1977) e no inacabado "Quoi? L'Eternité" que formam um tríptico intitulado "Le Labyrinthe du monde" - os detalhes da vivência quotidiana são obliterados em prol de uma visão mais vasta do "quadro" composto pelos membros da sua família e a forma como se integraram e relacionaram em e com o tempo em que viveram.

O seu pai, Michel Cleenewerck de Crayencour pertencia a uma família abastada da Flandres francesa mas desde novo demonstrou uma enorme inquietação em relação à sociedade conservadora da cidade de Lille, onde cresceu. Aos quinze anos fugiu para Antuérpia com o intuito de embarcar para um destino longínquo. Mais tarde alistou-se no exército, desertou devido a uma dívida de jogo, fugiu para Inglaterra, iniciou uma relação com a jovem mulher do seu protector, voltou ao continente - levado pelo pai que o colocou do lado belga da fronteira - casou, regressou ao exército e manteve, ao longo da vida, uma atitude casual e despegada em relação a tudo. Marguerite admirava-o e amava-o por essa descontracção "nonchalante" de espectador do mundo. A escritora descreveu-o assim: "Ele era por natureza uma dessas pessoas que nunca se envolve profundamente seja com o que for".

Michel e a primeira mulher, Berthe, filha do Baron Loys de L., levaram uma vida própria de quem era rico e não trabalhava, em corridas de cavalos, mesas de roleta e temporadas em estâncias balneares acompanhados, na maior parte das vezes, por Gabrielle, a irmã de Berthe. Tiveram um filho, Michel-Joseph um meio irmão mais velho que Marguerite dezoito anos e que ela, mais tarde, desprezou regiamente. Ao enviuvar, Michel, um homem que teve múltiplas amantes e viveu sempre rodeado de mulheres voltou a casar com Fernande Cartier de Marchienne, a mãe de Marguerite. Fernande, uma mulher piedosa que a filha não chegou a conhecer - um facto que parece não a ter afectado - morreu na sequência do parto, de uma febre puerperal. Marguerite cresceu com o pai que lhe satisfazia todas as vontades e a acompanhava mais como um avô - tinha cinquenta e tal anos quando ela nasceu - contribuindo para a construção do espírito forte e livre que se tornou seu apanágio. Marguerite encarou, desde muito cedo, o "hábito precoce da solidão" como "um bem infinito". Com o pai aprendeu a discutir literatura e a conversar praticamente a respeito de tudo. Embrenhou-se no latim aos dez anos e no grego aos doze. Durante a 1ª Grande Guerra foi com o pai para Inglaterra, depois de este ter vendido "Mont-Noir" a grande casa ancestral de que ela fala com afecto mas sem nostalgia. A ida para Paris, em 1915, forneceu-lhe a hipótese de ir aos museus e de continuar com a sua educação muito particular, entrecortada por viagens frequentes. O pai estava em constante movimento e era incapaz de se fixar num lugar. Marguerite acompanhava-o, visitava ruínas, observava os restos de passados gloriosos e escrevia. A personagem Marguerite Yourcenar foi construída a partir dessa iniciação na cultura antiga feita de cidades históricas, de museus, de línguas, nas quais estão escritas as páginas que servem de base a toda a civilização. Ainda com o pai, lia Shakespeare e Ibsen e, em 1922, publicou (uma edição de autor para a qual o pai pagou generosamente 3000 francos) uma pequena obra, intitulada "Le Jardin des chimères" que abordava a história de Ícaro e do seu desejo insolente de se aproximar do Sol. Foi também com o pai que criou o seu nome literário, Yourcenar; um anagrama do familiar Crayencour.

Quando tinha cerca de trinta anos, Marguerite sofreu, pela primeira vez, os efeitos devastadores da paixão. Depois de muito ler e escrever, chegou a sua vez de experimentar ao vivo o turbilhão do amor, na pessoa de André Fraigneau, o seu editor na Grasset, em Paris. Freigneau era muito jovem, belo, homossexual e alardeava simpatias fascistas. Admirava Marguerite pelo seu formidável intelecto mas não há razões para pensar que a relação se tenha consumado fisicamente. Tudo acabou em drama mas a escritora canalizou a sua raiva e desgosto para a criação de "Feux", poemas em prosa que evocam os grandes mitos, de Antígona a Maria Madalena, passando por Fedra. É uma obra carregada de sinais da crise passional, a imagem do amor absoluto e da dor excruciante da paixão.

Afastando-se de Fraigneau, Marguerite continuou resolutamente o seu percurso de grande viajante e, com o seu estatuto de órfã de uma família rica, deslocou-se por toda a Europa. A trajectória das suas errâncias é vertiginosa: Ostende, 1914, Paris, 1915; o Midi - Menton, Monte Carlo, Saint Roman, 1917; a Itália - marcha fascista sobre Roma - a Alemanha, a Suíça, de 1926 a 1929; França, Bélgica, Alemanha, Europa Central, 1929 (ano em que lhe morreu o pai) a 1931; Viena, 1932: Grécia, Itália, Europa Central, de 1934 a 1937. É neste mesmo ano que, de volta a Paris, no bar do Hotel Wagran, conheceu uma americana, leitora da Universidade de Kansas City, chamada Grace Frick com quem iniciou um longo caso amoroso. Juntas percorreram demoradamente a Itália e a Grécia mas, perante a ameaça da guerra, Grace acabou por convencer Yourcenar a acompanhá-la aos Estados Unidos, tornando-se a sua companheira permanente, ajudante, defensora, secretária e tradutora, o que permitiu a Marguerite dedicar-se inteiramente à escrita. A grande amante das deambulações radicou-se nos Estados Unidos e tornou-se, em 1947, cidadã americana, e em 1950, instalou-se com Grace em Petite Plaisance, uma casa em Mount Desert Island, no Maine, onde viveram uma existência mais ou menos discreta até Grace ter morrido de cancro, em 1979. Yourcenar tratou dela com devoção até ao fim para depois se lançar de novo nas suas bem amadas viagens, interrompidas durante o longo hiato de tempo em que Frick esteve doente. Deve ter sido emocionante, embora ela nunca tenha dado sinais muito evidentes do facto que em 1981, mais precisamente no dia 22 de janeiro, ela tenha entrado para a história dos anais da Académie Française como a primeira mulher a ingressar nessa instituição, cuja fundação data de 1635, pelos bons ofícios do Cardeal Richelieu. Não deixa de ser curioso que a mulher totalmente independente, intelectual, emocional e materialmente, tenha sido acolhida no seio de uma Academia tão sectária. Talvez os grandes de França tenham encarado a homossexualidade de Yourcenar como um factor que a destituía da feminilidade que poderia "pôr em perigo" os alicerces de um reduto tão masculino. É pouco provável que Marguerite não se tenha apercebido desta "nuance". Aliás, todo o seu discurso por ocasião do acontecimento está eivado de uma ironia subtil e arrasadora.

As suas opiniões em relação às diferenças entre os géneros e o papel da mulher foram sempre firmes e isentos de complacência. Veja-se o que ela escreve em "De Olhos Abertos": "Sou contra o particularismo de país, de religião, de espécie. Não contem comigo para defender o particularismo de sexo. Creio que uma boa mulher vale um homem bom; que uma mulher inteligente vale um homem inteligente... Se se trata de lutar para que mulheres, com mérito igual recebam o mesmo salário de um homem, participo nessa luta... Quando se trata de educação ou de instrução sou, bem entendido, pela igualdade de sexos. Se se trata de direitos políticos, não apenas de voto mas também de participação no Governo, estou também de acordo, ainda que duvide que as mulheres possam, tal como acontece com os homens, beneficiar da detestável situação política do nosso tempo. Por outro lado coloco grandes objecções ao feminismo, tal como se apresenta hoje. Na maior parte das vezes é agressivo e não é pela agressividade que se chega duradouramente seja ao que for. Seguidamente, e tal pode parecer-vos paradoxal, é conformista na medida em que a mulher parece querer aspirar à liberdade e à felicidade do burocrata que parte todas as manhãs com uma pasta debaixo do braço ou o operário que assina o ponto numa fábrica. Creio que o importante para a mulher é participar, o mais possível, em todas as causas úteis e impor essa participação através da sua competência."

Ao longo da vida Marguerite continuou a lutar pelos direitos cívicos, pela preservação e melhoria do ambiente, pelos direitos e protecção às crianças, às minorias, aos animais. Insurgiu-se ferozmente contra as guerras, contra a falta de ética nas experiências científicas, contra a cupidez, contra a exploração do homem pelo homem, em nome da economia, das ideias ou das crenças religiosas.

Já com setenta e muitos anos Marguerite apaixonou-se novamente por um jovem homossexual, o realizador de cinema Jerry Wilson, com quem passou alguns anos de felicidade completa até ele iniciar um caso amoroso com outro homem. Marguerite ressentiu-se da intromissão e reviveu o delírio e angustia do seu primeiro romance. Apesar de tudo, quando Jerry morreu de sida, em 1986, Marguerite chorou-o sentidamente e ficou tremendamente abalada, tendo morrido um ano depois, com 84 anos.

* * *

Marguerite Yourcenar, para além de ter sido uma escritora foi, também, uma mulher polémica que teve um papel activo no pensamento e na sociedade ao longo de uma grande parte do século XX. Autora prolífera, senhora de uma cultura vastíssima e sólida, não obstante nunca frequentou escolas ou universidades e todo o seu saber foi construído à medida dos seus interesses, das suas inclinações, das viagens e das pessoas com quem se relacionou. Defensora da autonomia e independência da mulher no sociedade, insurgiu-se contra os "feminismos" de carácter básico; europeia no mais lato e profundo sentido do termo, com raizes na Cultura Clássica, preferiu viver grande parte da sua vida nos Estados Unidos: viajante incansável e compulsiva que confessava não pertencer a nenhum lugar, fez da sua casa em Monts-Deserts uma espaço que foi uma espécie de porto em enseada amena para onde voltava sempre: verdadeira "aristocrata" - de uma forma que é difícil conceber, hoje em dia - adulada e requestada pelos grandes deste mundo, mostrava verdadeiro prazer em relacionar-se com todos aqueles - pessoas pobres ou sem instrução - cujas qualidades humanas ela detectava com o seu perspicaz e célebre olhar "celta", de um azul quase transparente. Yourcenar levou a sério, desde muito nova, a sua carreira de escritora. De acordo com a sua biógrafa, Josyane Savigneau, a autora já "imaginara o total da sua obra entre os dezoito e os vinte e oito anos". "Memórias de Adriano", por exemplo, foi começado em 1924, depois de uma visita com o pai à vila Adriana mas a sua versão final só foi publicada em dezembro de 1951. "Alexis ou le Traité du Vain Combat" (1929) foi o primeiro romance a que se seguiram outros - "L'Oeuvre au Noir" (1968) foi um êxito extraordinário. Escreveu ainda contos, novelas, ensaios, traduções. O que é importante referir é que toda a existência de Yourcenar - e a de quem com ela conviveu, incluindo Grace - gravitou em torno da escrita e se desenrolou numa dedicação total em relação à Literatura. Mulher independente, espírito livre, sensual e inteligente, Yourcenar escreveu: "Desposar as palavras, pesá-las, explorar-lhes o sentido é uma forma de fazer amor sobretudo quando o que se escreve é inspirado por alguém ou prometido a alguém". Advogava uma total liberdade sexual o que, como disse um dos seus críticos, "implicava fazer o que lhe apetecesse e admitir o mínimo possível... o que fez com que... enquanto perseguia mulheres, sonhasse com homens perseguindo outros homens".

Ela era de uma generosidade sem limites quando se tratava de responder a perguntas de estudantes, críticos e jornalistas, mas inflexível - e com total ausência de humor - quando se tratava daquilo a que amiúde ela chamava "os erros grosseiros" dos escritores. No que dizia respeito à sua própria obra, era implacável e exigia um controle total. Quando surgiu a ideia da adaptação para o cinema de "Golpe de Misericórdia", escrita entre Capri e Sorrento no prenúncio da 2ª Grande Guerra e que espelha o clima de violência sem tréguas que se avizinhava, para além da óbvia exigência de aceitar ou não o "script", exigiu conhecer pessoalmente o realizador e só permitiu a adaptação por Volker Schlöndorff porque este, inicialmente, lhe caiu em graça (mais tarde, mudou de ideias, concluindo que "les cinéastes ne sont pas serieux"). Talvez a "seriedade" que sempre a acompanhou - a menina que não teve uma infância tradicional, a mulher que preferiu não ser mãe, a amante que escolheu objectos de amor não convencionais - tenha sido o sinal que a distinguiu. Na longa entrevista (que durou anos) a Matthieu Galey ela confessou pudicamente os "quatro votos budistas" que orientaram a sua existência: lutar contra as más inclinações; entregar-se ao estudo até ao fim: aperfeiçoar-se na medida do possível; e trabalhar para salvar todas criaturas do Universo.

Obras consultadas
* Marguerite Yourcenar: l'Invention d'une vie", Josyane Savigneau , Ed. Gallimard, 1990

* "Lettres à ses amis et quelques autres", Marguerite Yourcenar, editadas por Michèle Sarde e Joseph Brami, Gallimard

* "De Olhos Abertos. Conversas com Matthieu Galey" Marguerite Yourcenar, Distri Editora

* "Marguerite Yourcenar" Georges Jaquemin, Publicações Dom Quixote

Para ir além
Centenário do nascimento de Marguerite Yourcenar

Nota do Editor
Texto gentilmente cedido pela autora. Publicado originalmente na Revista Storm, editada por Helena Vasconcelos em Portugal. (Foi mantida intacta também a grafia original.)


Helena Vasconcelos
Lisboa, 5/5/2003

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