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Quarta-feira,
15/2/2006
Clarity
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 266 >>>
A musiquinha não compromete. É daquelas que você escuta antes de começar uma aula de spinning na academia. John Mayer emplacou nos Estados Unidos mas muita gente não esperava que seus discos fossem ser lançados no Brasil. Ele parece meio perdido no clipe (bonito), em alguma praia da Califórnia e, aparentemente, faria mais sentido para os havaianos (ou wannabes) que acompanham, por exemplo, Jack Johnson. Mas talvez por isso mesmo esteja aqui, entre nós – porque Jack Johnson, guardadas as devidas proporções, emplacou no Brasil. A voz, rouquinha, lembra a da Dave Matthews Band, mas a música é muito mais easy listening. Mayer empunha sua guitarra na capa dos dois álbuns, Room for squares (2001) e Heavier Things (2003), mas ela quase não soa. Tem mais uma função rítmica, e decorativa. Não há solos de qualquer tipo. Nos EUA, para que se tenha uma idéia, em lojas de CD onde só sobreviveram ícones de outras eras como Madonna, Paul McCartney e os Rolling Stones, ele estava lá ao lado do Coldplay. Não sei se a comparação, com o último, soa pertinente, mas é provável que John Mayer não agrade também os detratores de Chris Martin. Digamos que Mayer sussurra menos, não enfia teclados em toda e qualquer canção e suas letras não têm necessariamente a ver com auto-superação (auto-ajuda?). É um bem feito pop água-com-açúcar. O rapaz é jovem; estourou com pouco mais de 20 anos (vamos considerar). E se tivermos de escolher entre essa música de paisagem, que as gravadoras hoje têm nos empurrado – depois de karaokes com Emerson Nogueira e Danni Carlos, e depois de “versões” mela-cueca by Ana Carolina e agora Seu Jorge – parece uma boa opção. Pelo menos ele compõe o próprio material.
>>> John Mayer
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Julio Daio Borges
Editor
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