DIGESTIVOS
>>> Notas >>> Literatura
Quarta-feira,
27/6/2001
Veio o mau destino e fez de mim o que quis
Julio
Daio Borges
+ de 1500 Acessos
|
Digestivo nº 38 >>>
A Antologia Poética definitiva de Manuel Bandeira, organizada pelo próprio autor, completa 50 anos. Foi relançada pela Editora Nova Fronteira e percorre todos os seus livros, desde A Cinza das Horas até Mafuá do Malungo, passando por Libertinagem, Estrela da Manhã, Lira dos Cinqüent'anos, e até pelos Poemas Traduzidos. Bandeira é, basicamente, o poeta da "vida inteira que podia ter sido e que não foi". Tísico, viveu de seu enleio pelas musas e pelo amor ("Amor - chama, e, depois, fumaça... / Medita no que vais fazer: / O fumo vem, a chama passa..."). Conforme deixou registrado, nos títulos de suas obras, foi também o mensageiro do desalento, da desesperança, da renúncia ("Só a dor enobrece é grande e é pura. / Aprende a amá-la que a amarás um dia. / Então ela será tua alegria, / E será, elá só, tua ventura..."). Bandeira antecipou o Modernismo e, igualmente, em algumas décadas, Carlos Drummond de Andrade, a quem viria a adorar incondicionalmente ("Quem não estiver de acordo, é favor não falar mais comigo."). Apesar da sua educada sensibilidade, que remonta aos clássicos do português, Manuel Bandeira era capaz de se fascinar com o insólito e o corriqueiro, transformando até cacto em verso ("Era belo, áspero, intratável."). Passear pelos seus escritos hoje é como passear pelos bosques da delicadeza, quando os homens podiam ser suaves, sem se envergonhar disso, e sem sofrer represálias de qualquer gênero.
>>> "Antologia Poética " - Manuel Bandeira - 232 págs. - Nova Fronteira
|
|
Julio Daio Borges
Editor
Quem leu esta, também leu essa(s):
01.
In the Line of Fire (Cinema)
02.
Imprensa em 2002 (Imprensa)
03.
Companheiro dileto (Música)
04.
Cinerama (Cinema)
05.
Maomé não foi à montanha, mas ela veio (Imprensa)
* esta seção é livre, não refletindo
necessariamente a opinião do site
|
|
|