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Quarta-feira, 2/10/2002
Sem medo de ser infeliz
Julio Daio Borges

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Digestivo nº 101 >>> Mensagens pululam em toda parte: "Agora é a hora de exercer a cidadania"; "Não vamos desperdiçar a oportunidade de interferir nos destinos do País"; "Vote consciente"; etc. Consciente de quê? Consciente de que, tirando o PT (assuma-se que o eleitor não é de esquerda), tirando os de sempre (Maluf, Quércia, "Covas"), tirando os que não têm chance (Ciro, Garotinho, Fernando Morais), não existem candidatos. Apesar de toda essa parlapatice acerca do que "o Lula e o PT representam", a verdade é que eles só estão "levando" porque os eleitores simplesmente não têm em quem votar. Venceram pelo cansaço. Também pela desistência (de muitos) e pelo descaso (de todos). A desorientação é geral. Não só no que se refere a presidenciáveis e potenciais governadores; às vésperas do pleito, a maioria está "correndo atrás" de seus futuros deputados e senadores, pois - até agora (e nada indica que isso vá mudar), tirando os tais três grupos - não surgiu um único representante digno de confiança. Independentemente, portanto, de quem ganhe (e Deus queria que seja mesmo o "menos pior" [ou a "menas pior"]), é lamentável que o Brasil seja empossado por uma minoria que só é majoritária por causa das circunstâncias. (Está bem, talvez tenha sido sempre assim... Acontece que o presidencialismo é uma aposta com a qual o País não pode mais arcar.) As pessoas estão se entregando a palavras-chave como "honestidade", "caráter", "mudança" ou então acreditando numa possível "resposta" aos oito anos de PSDB e Fernando Henrique Cardoso. Mas será que tudo se resume a entregar ao palhaço a administração do circo? Ou a dirigir o espetáculo da jaula dos macacos? Se o "letrado" não deu certo, o negócio é eleger o "analfabeto"? E uma última pergunta para meditar antes da eleição: quantos desses adesistas de última hora, vermelhos desde o berço e com estrelinha já no peito, entregariam o que têm (e o que não têm) nas mãos dos candidatos que hoje lideram as pesquisas?
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