Blog | Digestivo Cultural

busca | avançada
59587 visitas/dia
2,4 milhões/mês
Mais Recentes
>>> Domingo, 19, 17h, tem 'Canta Teresa' - Roda Cultural com os rappers Ramonzin e Emitê OG
>>> HOJE E AMANHÃ - JÁ ESTAMOS BEM - IMPROVISO DE DANÇA ABORDA ADOECIMENTO HUMANO E PLANETÁRIO
>>> Selvageria synth pop no Pantera Clube
>>> Explorando o Universo das Janelas: A Arte de Elvis Mourão na Galeria Alma da Rua I
>>> Noite Maranhense abre o final de semana da Virada Cultural em SP
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> O Big Brother e a legião de Trumans
>>> Garganta profunda_Dusty Springfield
>>> Susan Sontag em carne e osso
>>> Todas as artes: Jardel Dias Cavalcanti
>>> Soco no saco
>>> Xingando semáforos inocentes
>>> Os autômatos de Agnaldo Pinho
>>> Esporte de risco
>>> Tito Leite atravessa o deserto com poesia
>>> Sim, Thomas Bernhard
Colunistas
Últimos Posts
>>> Comfortably Numb por Jéssica di Falchi
>>> Scott Galloway e as Previsões para 2024
>>> O novo GPT-4o
>>> Scott Galloway sobre o futuro dos jovens (2024)
>>> Fernando Ulrich e O Economista Sincero (2024)
>>> The Piper's Call de David Gilmour (2024)
>>> Glenn Greenwald sobre a censura no Brasil de hoje
>>> Fernando Schüler sobre o crime de opinião
>>> Folha:'Censura promovida por Moraes tem de acabar'
>>> Pondé sobre o crime de opinião no Brasil de hoje
Últimos Posts
>>> A insanidade tem regras
>>> Uma coisa não é a outra
>>> AUSÊNCIA
>>> Mestres do ar, a esperança nos céus da II Guerra
>>> O Mal necessário
>>> Guerra. Estupidez e desvario.
>>> Calourada
>>> Apagão
>>> Napoleão, de Ridley de Scott: nem todo poder basta
>>> Sem noção
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Todas as artes: Jardel Dias Cavalcanti
>>> Glenn Greenwald sobre a censura no Brasil de hoje
>>> A desgraça de ser escritor
>>> Por Que Impeachment?
>>> Songs in the Key of Steve
>>> Sou diabético
>>> Pousada Bromélias em Parati
>>> A literatura de ficção morreu?
>>> Martins Pena: sonhando com o romance brasileiro
>>> 22 de Agosto #digestivo10anos
Mais Recentes
>>> Os Espíritos da Natureza de C. W. Leadbeater pela Isis (2011)
>>> Desaparições Misteriosas de Patrice Gaston pela Bertrand (1973)
>>> História de Grandes Best-Sellers: Bom dia, Tristeza; O Livro de San Michele; O Pai Goriot de C. Riess pela Renes (1966)
>>> Ir à Missa ao Domingo Porquê? de Alfonso Rey pela Cas (1979)
>>> Atlas de Anatomia de Anne M. Gilroy - Brian R. Mac Pherson - Lawren pela Gen - Guanabara - Estácio (2008)
>>> Livro Matemática Financeira Aplicada de Nelson Pereira Castanheira e Luiz Roberto de Macedo pela Ibpex (2008)
>>> Livro Estatística Aplicada A Todos Os Níveis de Nelson Pereira pela Ibpex (2008)
>>> Revista Trip Monica Iozzi - Louise DTuani e Eduardo Sterblitch - n 283 de Sem Autor pela Trip
>>> Revista GQ Brasil - Rodrigo Hilbert - Vida em Portugal - n 136 de Sem Autor pela Globo Conde Nast
>>> Revista do Consumidor Carro Corsa Minivan - n 101 de Sem Autor pela Plural
>>> Revista Figurino Artes Domésticas - Trabalhos Manuais - n 6 de Sem Autor pela Vecchi (1972)
>>> Revista Pro Games Minecraft - Dicas Truques Segredos Tutoriais - Pingentes e Broches - n 4 de Sem Autor pela On line
>>> Revista Coleção Viva Saúde Especial Diabetes Controle o Açúcar no Sangue de Sem Autor pela Escala
>>> Revista Saúde é Vital Especial Animal Proteja Seu Pet - n 446 de Sem Autor pela Abril
>>> Revista Viva Saúde O Preço da Obesidade - n 210 de Sem Autor pela Escala
>>> A Meditação ao Alcance de Todos de Ven. Henepola Gunarátana pela Ibrasa (1994)
>>> Revista Corpo a Corpo Eliana - 12kg mais magra - n 294 de Sem Autor pela Escala (2013)
>>> Revista Photo Magazine Fotografia é arte flying houses - n 50 de Sem Autor pela Photos (2013)
>>> O Sexo Além da Morte de R. A. Ranieri pela Eco
>>> Primeiros Acordes ao Violão - Método Prárico de Othon G. R. Filho pela Irmãos Vitale (2008)
>>> Guardiões Do Carma - A Missão Dos Exus Na Terra de Wamderley Oliveira; Pai João de Angola pela Dufaux (2017)
>>> Umbanda Pe No Chao de Norberto Peixoto pela Do Conhecimento (2008)
>>> O Dia Do Curinga de Jostein Gaarder pela Cia. Das Letras (1996)
>>> O Iniciado de Élcio Souto pela Madras (2001)
>>> Punk - Anarquia Planetária e a Cena Brasileira de Silvio Essinger pela 34 (1999)
BLOG

Quarta-feira, 8/6/2005
Blog
Redação
 
Mahler, the Beatles and JFK

Smokin': a youthful Leonard Bernstein at the piano. Photograph: Corbis

Bernstein threw himself into so many different arenas, as a composer, conductor and pianist, but also as a lecturer, communicator, writer and all-round media pundit. He embraced "high" art as well as the most populist: he wrote some of the greatest Broadway musicals of all time, including West Side Story and On the Town; an award-winning film score to On the Waterfront; and symphonies, concerti and song cycles for the concert hall. Who else could reintroduce Mahler's music to the Vienna and Berlin Philharmonic Orchestras during the day and then spend evenings at the piano playing, from memory, every Beatles song ever written?

Marin Alsop, sobre Leonard Bernstein, no Guardian.

[Comente este Post]

Postado por Julio Daio Borges
8/6/2005 às 08h27

 
One-man show

[Como você avalia a crítica musical da atualidade?] A falta de uma publicação forte, de penetração nacional entre os mais diferentes fãs de estilos musicais, a extrema segmentação das publicações e a facilidade tecnológica com que qualquer um pode montar um blog ou um site ajudam a criar essa dispersão atual. A internet criou a ilusão de que todos podem ser críticos, graças ao MP3, que permite conhecimento rápido das novas tendências, e à praticidade com que se pode publicar uma opinião. E, por isso, talvez o último nome da crítica musical, como a conhecemos, seja Lúcio Ribeiro, que em sua coluna atualiza a função de garimpagens de bandas novas que começou nos anos 80. Lúcio é sincero e realmente gosta do que recomenda. Mas não deixa de incorporar e inspirar o jornalismo hiperlativo dos blogs. Se por um lado todos acreditam que têm direito a criticar e opinar, seja na imprensa como blogueiro ou num blog como jornalista, a crítica cultural se reduz a encontrar novidades ou tendências. Por outro lado, o efeito colateral dessa explosão de opiniões faz com que nenhuma opinião seja realmente relevante. Há consensos brutais que tornaram a função do crítico supérflua. Ele só tem que concordar com o que todos dizem. Lembrando que há o bloco dos contras, que devem discordar dos consensos porque é a única forma de se destacar da manada. Mas, na verdade, a crítica tinha que crescer. Deixar os blogs para os meninos e levar o jornalismo cultural para uma fase adulta, em que se torne jornalismo investigativo ou antropologia cultural.

* * *

[Você foi um dos primeiros jornalistas a lançar uma revista solo de música, a Vírus, que circulou a partir da segunda metade da década de 90. Ela durou algum tempo e acabou. O que aconteceu? Qual foi a lição tirada dessa experiência?] A Vírus tentou ser uma alternativa à Bizz/Showbizz, apresentando com destaque artistas que não tinham espaço na imprensa mainstream. Era uma aposta ousada, típica de críticos de rock. Foi uma aventura passional, que rendeu muitas brigas e custou dinheiro. Era para ser bimestral, mas com sorte saía a cada três meses. Mesmo assim virou cult. Tinha lá mil indivíduos que compravam a revista sempre que ela saía. Como laboratório de experiências, foi privilegiada. Até distribuição banca-a-banca foi tentada, num esquema de carro e perna mesmo. Deu uma bela canseira, mas provou um ponto: que a distribuição nacional não funciona para pequenas editoras. A revista em que tentamos o corpo-a-corpo foi a que mais vendeu. Quando falo "nós", refiro-me também a Jeferson de Sousa, meu sócio na Vírus. Outro problema é que a Vírus era realizada como projeto paralelo. De dia, tínhamos as nossas carreiras de jornalistas, que pagava as contas, e virávamos a madrugada trabalhando na revista. Isso provocou diversos atrasos. Esta foi outra lição: é preciso dedicação total num projeto impresso. A Vírus nunca deu lucro, nem empatou suas contas. O único dinheiro que entrava mesmo era os das grandes gravadoras. Nenhuma gravadora independente investiu um centavo na Vírus, mesmo concentrando o espaço no alternativo. Foi quando tentamos colocar na capa um artista nacional que estava em alta na época, os Virgulóides, para tentar viabilizar o projeto. Os leitores fiéis ficaram revoltados, apesar do tratamento crítico dado à reportagem - Ricardo Alexandre, que depois criou a Frente, escreveu, a nosso pedido, um texto desancando a banda. Isto, claro, não ajudou a conquistar os fãs dos Virgulóides. Fizemos uma última tentativa: uma revista com capa dupla - de um lado, Planet Hemp, na época da prisão em Brasília, com aposta na reportagem investigativa, e do outro o Blur, no que pode ter sido sua única capa no Brasil. Dobramos a tiragem e prendemos a respiração para ver no que ia dar. Deu em mais de U$ 4 mil de dívidas que inviabilizaram a continuação do projeto.

* * *

[Fale um pouco mais da (sua) revista (atual) Pipoca Moderna.] Pipoca Moderna combina o velho idealismo com uma visão mais amadurecida do mercado. Tem uma tiragem de 30 mil exemplares. É gratuita, portanto tirou do leitor a função de sustentá-la. Quem a sustenta são anúncios - de distribuidoras de DVD, sim, de gravadoras, pizzarias, livrarias, de quem anunciar. Sua ambição não é a de informar um grupo seleto de pessoas, mas de chegar ao maior número possível de leitores. O alcance deve ser amplo porque o público de DVD é amplo. Nem por isso é um produto pobre. Creio que tem ótima qualidade editorial, artística e gráfica. O fato de não tratar diretamente de cinema, mas de DVD, permite que fale aos fãs, e não aos demais críticos. A idéia associada à imagem da Pipoca é essa: diversão. Por esse conceito, Indiana Jones é a coleção mais aguardada do ano, e não a caixa de, digamos, Fellini. É possível fazer uma crítica de cinema com estilo pop, embora não se veja isso sendo feito cotidianamente. Talvez porque, do mesmo modo que na música pop, os consensos da crítica de cinema também são brutais. É pior ainda, pois o cinema tem o status de arte que o rock não tem, e sua seleção de especialistas oficiais não muda na grande imprensa há várias décadas. Assim, seus consensos atravessam gerações.

Marcel Plasse, da Pipoca Moderna, em entrevista perdida a Rodney Brocanelli, no Observatorio da Imprensa (aqui e aqui).

[Comente este Post]

Postado por Julio Daio Borges
8/6/2005 às 08h04

 
Alumbramento

Quando eu estava pra terminar a faculdade, ou antes, costumava cabular aulas na Poli e fugir pra outras unidades da USP. Na dúvida entre prestar um novo vestibular (depois da formatura) para Letras, Filosofia, Psicologia ou História, fui assistir aula nas quatro.

Lá na Letras, pelos idos de 1994-1995, ou antes, topei com o professor Hansen. Ele era hipnotizante. Acho que eu paquerava uma menina nas Letras Germânicas (?), não sei, mas fui cair lá. Quando ele começou a falar, esqueci do resto. Lembro de sua análise do Macunaíma, como se, através dele, eu o tivesse lido pela primeira vez. Começou ali minha admiração por Mário de Andrade.

O professor Hansen contava histórias dos modernistas. Outra que contava, e que também me fascinava, era a Nádia, biógrafa da Clarice Lispector. Hansen dizia que Oswald defendia pontos de vista estapafúrdios em discussões e, depois, quando ia perdendo a razão, confessava: "Mas não foi eu quem disse... Foi o Mário!".

O professor Hansen também gostava de repetir o seguinte, sobre suas posições ateístas: "Meu pai me mostrou que Deus, por definição, não existe e que pecado é comer palha". Eu observava que ele insistia em expressões e citações incomuns que eu jamais esqueci: "muita vez", "é claro?" (como um efeito retórico)... "A língua é uma man-da-ri-na".

Ontem à noite, na Casa do Saber, encontrei de novo o professor Hansen, falando sobre Poesia Moderna Brasileira, e principalmente Manuel Bandeira, e soprei no ouvido dele: "Professor, a língua é uma mandarina!". Ele permaneceu com aquele seu olhar insistentemente saltitante, aparentemente curioso, e completou: "Ah, então serviu pra alguma coisa?"

[Comente este Post]

Postado por Julio Daio Borges
8/6/2005 às 07h35

 
Build a Fort, Set That on Fire

Richard Leslie Schulman, 1984

I can't think of an artist more difficult to judge than Jean-Michel Basquiat. Basquiat's death from a heroin overdose at the age of 27 in 1988, and his beginnings as a graffiti artist on the streets of Brooklyn, give his life the typology of the doomed poet. He grew wealthy and became a celebrity-a close friend and protégé of Andy Warhol, Madonna's boyfriend (briefly), the subject of a 1996 film by Julian Schnabel. Most problematic of all, Basquiat was black. He had to honestly reckon with his race, yet the white art world encouraged that self-exploration and paid him handsomely for it. Thus the question is: How much of that reckoning was directed, and how much of it was real? In other words, how much of Basquiat's outsized reputation has to do with his art, and how much of it either with the cynical exploitation of the racial and social facts of his life, or with his resentful reaction to the perception that he was less an artist than a commercial fabrication?

Lee Siegel, na Slate, num ensaio sobre Jean-Michel Basquiat (que olhando assim, meio de lado, lembra um pouco o Arthur Bispo do Rosario).

[Comente este Post]

Postado por Julio Daio Borges
7/6/2005 às 15h25

 
Eles dançam

Anteontem eu assistia a novela América, quando apareceu a Mariana Ximenes dançando. (O senhor ali do fundo, o intelectual de gola rulê, por favor, não me atire tomates. Muito menos esse volume de Guerra e Paz aí. Vai, vai, resigna-se, homem! Todo mundo assiste novela.) Onde eu estava mesmo? Ah, sim a Mariana Ximenes dançava. Era a coisa mais linda que já vi. Não, não sou homossexual (apesar de ter desejado muito o ser, ao conhecer certos homens. O que, não adiantaria em nada, dizem-me serem os problemas idênticos). Mas, não é preciso ser homossexual para reconhecer a beleza de Mariana Ximenes. E o que quase me matou de inveja: ela dança. Com o corpo todo, sabe? Tem uma graça imensa na maneira como ela dança.

Sou uma mulher que não dança. Uma meia-mulher. Porque, não dançar é um atestado de feminilidade baixa nos dias de hoje. Não concordo, mas é assim, para os outros. Todas as vezes em que tentei dançar, senti como nunca antes, o peso da gravidade. Meus joelhos emperravam. Meus braços pareciam ter bolas de ferro nas pontas. Meu pescoço endurecia, na sensação de pesadelo que é a de todos estarem olhando pra mim. Se fechava os olhos, eu me olhava. Tinha a consciência de como cada pedacinho do meu corpo era atrapalhado e sem graça. E, o pior, eu não sabia que cara fazer. Que cara se deve fazer quando dançamos? De felicidade, de sedução, de relaxamento, de distração? Eu não conseguia definir, em todas as minhas tentativas de dança, que cara eu tinha que ter. Olhava as outras pessoas, e, pareciam estar à vontade com as caras que escolheram fazer.

Uma amiga disse-me que tenho, certamente, couraças emocionais que me impedem de dançar. Nos ombros, porque carrego o mundo nas costas. No pescoço, pelo peso de raciocinar. Nos quadris, por medo de uma paixão avassaladora. Nas pernas, por comodismo, preguiça de ir. Nos braços, que cruzo no tórax, ela disse ser um movimento de protecão e medo de revelar os sentimentos no meu peito. Também explicou-me que, posso livrar-me delas com auto-conhecimento e meditação transcendental. Mas, eu penso que não deve haver um problema sério em continuar com as minhas couraças. Gosto delas. São quentinhas e me protegem. E tão, tão pesadas como uma armadura medieval, impedem que meus pés andem nas nuvens.

Mas, uma vez, dancei. E foi bom. Só havia uma pessoa olhando. Descobri naquele dia, um zíper escondido que deixava cair as couracas, como as roupas. Ufa, nem foi preciso fazer meditação transcendental. Usei minha própria cara, como ele usou a dele.

[Comente este Post]

Postado por Andréa Trompczynski
7/6/2005 às 14h17

 
escrivinhadora mecânica

Acabo de comprar uma máquina de escrever. Pois é, eu sou meio anacrônico. Mas juro que há um porquê de eu ter feito isso. Não é pelo charme nem por nostalgia adquirida (do estilo "ah, como eu queria ter vivido nos anos 60"), e sim pelo exercício. Explico-me.

A melhor coisa de um computador, pra quem gosta de escrever, é a facilidade. Você pode corrigir o texto ad aeternum, recortar um trecho e mudá-lo de lugar, apagar parágrafos inteiros com uma tecla, inserir uma frase no meio, trocar palavras repetidas, enfim, mudar tudo o que você quiser com o menor esforço. Mas, ao mesmo tempo em que isso é genial, na minha opinião também atrapalha no desenvolvimento de um possível escritor. Afinal, é tudo muito fácil. Você não tem a menor obrigação de escrever algo decente, porque pode reler, mudar tudo, reescrever ali mesmo, no original, sem deixar vestígios. E isso é ruim? Pra mim, é.

Quando eu decidi escrever a sério numa máquina de escrever pela primeira vez foi uma desgraça. Não conseguia articular as orações direito, repetia a mesma palavra quinze vezes numa frase, recomeçava a escrever a cada duas linhas. Ou seja: estava viciado em ctrl+c e ctrl+v. Não conseguia escrever ali, no papel; meu pensamento precisava ser mediado por todos os recursos tecnológicos de um computador para tornarem-se texto. Eu estava limitado.

Mas aí decidi insistir. E continuei escrevendo na máquina lá de casa, uma velha Olivetti da minha mãe (ela sempre conta que comprou o primeiro carro dela com aquela máquina). E qual não foi a minha surpresa quando percebi que meu texto estava melhorando a olhos vistos. Eu sentia as palavras fluírem com mais naturalidade. Desenvolvi a capacidade de construir as frases mentalmente antes de escrevê-las, e fazia isso naturalmente, automaticamente. Com isso, a própira qualidade do que eu escrevia melhorou; tornei-me mais articulado. Afinal, eu não podia voltar atrás; quando se escreve numa máquina de escrever, o texto já está ali, no papel, e não dá pra corrigir. Ou melhor, até dá, mas fica a marca, não é limpo e fácil como na tela. Além disso, corrigir no papel envolve parar de datilografar, tirar a mão do teclado, pegar uma caneta... É todo um trabalho que atravanca o processo da escrita. Então você se força a escrever decentemente logo de primeira, começa a se policiar e a usar a cabeça. Claro, reescrever é um processo vital, essencial, mas trata-se de coisas diferentes. Uma coisa é só conseguir escrever com a ajuda de um computador. Outra é desenvolver e melhorar um texto através da reescritura.

E é por isso que agora há uma Olivetti Lettera 32 na minha mochila (saindo um pouco pra fora porque não cabe inteira): porque nada como uma máquina de escrever para aprender a escrever.

(E, além disso, é muito mais charmoso. Eu sei que disse no começo do post que não tinha comprado a máquina pelo charme, e é verdade. Mas que ele é um bônus muito bem-vindo, isso é.)

Cássio Koshikumo, no carta.fechada, que linca pra nós (porque ele pensa, mais ou menos, como eu - que escrevo a mão).

[Comente este Post]

Postado por Julio Daio Borges
7/6/2005 às 11h50

 
Isto é um experimento

Da Galera do Laboratório, que linca pra nós.

[Comente este Post]

Postado por Julio Daio Borges
7/6/2005 às 07h42

 
A metralhadora giratória

"Você tem de ser inofensivo para estar numa gravadora. E música não é inofensiva. Ela tem de ser reflexiva, causar ódio, amor. Tem de fazer alguma coisa. Por mais entretenimento que seja, e é, ela tem de trazer algum acréscimo (...)"

"A partir dos anos 90 o problema se acentuou com o agro-brega, que coincide com a entrada dos tecnocratas nas gravadoras. São caras que não servem para segurar bandeja de cafezinho na minha firma (...)"

"O artista na grande gravadora vai fenecendo. Há bons artistas que vão fazendo discos cada vez mais aguados, por ingerência desses executivos. Como Gabriel, O Pensador, que é meu amigo. O Gabriel tem uma grande verve e está sendo dilapidado. Ele começou poderoso, cheio de testosterona, e virou uma caricatura de si próprio (...)"

"De um lado, vivemos um revival dos anos 80 que é o cúmulo. E de outro, de uma MPB que sempre foi ruim, católica, ressentida e sem o menor humor. A MPB hoje vende pouquissimo porque é chata (...)"

Lobão, na polêmica entrevista concedida à revista Bravo!, nº93, edição de junho.

[Comente este Post]

Postado por Fabio Silvestre Cardoso
6/6/2005 às 14h46

 
Eat the Rich

De 1986 a 1996, as ações da Microsoft subiram mais de cem vezes, com a companhia dona do sistema operacional Windows e dos aplicativos Office dominando o mercado de computadores pessoais. A subida explosiva transformou em milionários os empregados que aceitaram ações da empresa como substancial parte dos seus ganhos. Os novos ricos costumam se referir a si mesmos como "vencedores da loteria". "Embora o número exato não seja conhecido, é razoável supor que existam cerca de 10 mil milionários criados pela Microsoft até o ano 2000", diz Richard S. Conway Jr., um economista de Seattle contratado pela própria Microsoft para estudar o impacto da empresa na economia do Estado de Washington.

Julie Bick, no "Link" do Estadão.

[Comente este Post]

Postado por Julio Daio Borges
6/6/2005 às 14h15

 
80 Years of The New Yorker

The New Yorker, the weekly magazine that started as "a hectic book of gossip, cartoons and facetiae," as Louis Menand once wrote, and has evolved into a citadel of narrative nonfiction and investigative reporting, will publish its entire 80-year archives on searchable computer discs this fall.

The collection, titled "The Complete New Yorker," will consist of eight DVD's containing high-resolution digital images of every page of the 4,109 issues of the magazine from February 1925 through the 80th anniversary issue, published last February. Included on the discs will be "every cover, every piece of writing, every drawing, listing, newsbreak, poem and advertisement," David Remnick, editor of the magazine, has written in an introduction to the collection.

The collection, which will also include a 123-page book containing Mr. Remnick's essay, a New Yorker timeline and highlights of selected pages from the magazine, is being published by the magazine and will be distributed to stores by Random House. It will have a cover price of $100, although it is likely to be sold in many bookstores and online for considerably less. The magazine also plans to issue annual updates to the disc collection, and it expects a first printing of 200,000 copies.

Edward Wyatt, no New York Times, via Bloglines (porque agora eu estou usando).

[Comente este Post]

Postado por Julio Daio Borges
6/6/2005 às 08h28

Mais Posts >>>

Julio Daio Borges
Editor

Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




Contabilidade Geral Fácil
Osni Moura Ribeiro
Saraiva
(2001)



Stupid White Men - Uma nação de idiotas
Michael Moore
Francis
(2003)



Livro Capa Dura Literatura Estrangeira O Processo
Franz Kafka
Biblioteca Folha
(2003)



Fora da Curva
Orgs. Pierre Moreau, Giuliana Napolitano, Florian Bartunek
Portfolio Penguin
(2016)



Livro Literatura Estrangeira Não Conte a Ninguém
Harlan Coben
Sextante
(2009)



Química 1 - Química Geral
João Usberco
Saraiva
(2000)



A Simples Beleza do Inesperado
Marcelo Gleiser
Record
(2017)



Livro Literatura Estrangeira Aprendendo Com a Vida
Pierre Lefèvre
Paulinas



Tarot Made Easy
Nancy Garen
Simon and Schuster
(1989)



Sistemas Operacionais Modernos 3ª Edição
Andrew S. Tanenbaum
Pearson
(2010)





busca | avançada
59587 visitas/dia
2,4 milhões/mês