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Domingo, 9/8/2015
O Quiosque
Raul Almeida
+ de 900 Acessos

Hoje foi um dia de surpresas. Chegando ao terminal reparei numa barca enorme para os padrões até então encontrados naquele local.
Dei uma olhada e era ela! A nova barca chinesa, que transporta duas mil pessoas. Fiquei impressionado. Lembrei das tentativas feitas com os mais diversos tipos de embarcações, para o transporte entre as cidades do Rio de Janeiro e Niterói. O aerobarco italiano, o hovercraft, acho que era inglês e que, ao contrario do italiano, nunca chegou a entrar em operação. Apenas demonstrações e nunca mais.

Entrei pela catraca dos idosos, esperei um pouco e me aboletei numa cadeira do corredor, ali pelo meio, com a cara voltada para frente. Explico, do meio para trás você olha para trás. Um dia dei conta que as barcas tem duas proas... Dependendo do sentido, a numero um ou a numero dois estará fazendo o papel de popa. A cultura inútil é pródiga , quando a gente tem pouco a fazer.

Travessia feita, o mesmo caminho de sempre. Hoje dei um pulo até a travessa do Ouvidor. Fui ate a Casa Moreira, uma das mais antigas sapatarias do centro, em busca de um par dos seus tradicionais mocassins feitos a mão, do mesmo modelo que uso desde o século passado. Continuam ótimos. Então tomei o rumo da rua São Jose, em busca do meu caríssimo amigo , síndico de uma das mesas de calçada do mesmo bar de sempre. Lá estava ele, seu isqueiro Zippo, seu maço de cigarros e copo sobre um guardanapo de papel. Estranhei o guardanapo, mas não disse nada.

- Ora, ora quem eu vejo! Você desapareceu. Olha, dessa vez eu pensei que você tinha...
- Morrido.
- Não! Voltado para São Paulo. Sempre que nos encontramos você faz alguma menção à paulicéia.
- Estive visitando a família lá no hemisfério norte.
- Teu filho,né?
- É. Filho, nora, netos. Matando saudades.
- Então quais são as novidades?
- Bem, eu comprei um quiosque.
- Vais vender o que? Não é hora de sossegar o facho? Vai arrumar dor de cabeça depois de velho?
- Bem, o caso é que você ainda nem me deixou falar do meu quiosque e já jogou um monte de pedras encima... Estou surpreso. Não vou dizer mais nada. A vez é sua.
- Não se aborreça. Estou brincando. Não tenho a menor vontade nem razão para tirar o teu entusiasmo e garra pra tocar um negocio, mesmo estando com a etiqueta vencida.
Meu amigo caiu na risada, enquanto olhava minha cara de surpreso quase indignado com tamanha intromissão no meu mais recente projeto. Assim ficou por um instante, enquanto o atendente colocava o chope com colarinho de dois dedos bem à minha frente.
- Pois é, você acabou caindo na armadilha do conselho fácil. Eu não comprei nada, não tenho mais paciência para administrar nada, muito menos um quiosque, onde você tem que lidar diretamente com a clientela, ou melhor, freguesia, já que quiosque é coisa pra freguês e não clientes.
- Tem razão... Um quiosque. Mas que armadilha é esta? Qual é o mote, qual é a provocação?
- Pois bem, lembra quando você falou da velharada na fila da loja de loterias? Aquela historia de que estão querendo ganhar um prêmio enorme para nada, para edificar um mausoléu de mármore, etc?
- Ah, então você pensou em fazer concorrência aos lotéricos? Antigamente eram chamados de bilheteiros, lembra?
- Lembro. Na rua da Alfândega havia uma loja, bem vistosa. Na frente bilhetes de loteria, nos fundos uma agência com vários guichês, para o bom e tradicional jogo do Barão de Drumond e corridas de cavalos... Eu mesmo acertei num dia a centena, no outro logo em seguida, o milhar e a centena... Foi uma beleza. Na hora de receber, no segundo dia, o pagador, que se vestia todo de branco no mais rigoroso figurino de bicheiro forte, me olhou bem nos olhos e perguntou:
- Você de novo? Ontem foi a cobra (936) hoje o elefante ... Tá com sorte né?
Eu sorri, não disse nada, peguei o dinheiro e fui embora comprar uma "vitrola estereofônica" que já namorava, fazia tempo.
- Então você era chegado na fezinha?
- Eventualmente. Até hoje mando um troco miúdo. Claro, se encontrar uma banca confiável, manteremos a tradição.
- E o fato de ser contravenção, crime, algo fora da lei, não te incomoda? Estar financiando uma atividade ilegal não dá nenhum desconforto, mal estar, etc?
- Olha, em fevereiro tem carnaval. E aquele carnaval que você vê até de manhã pela Tv. desfilando na avenida, cheio de celebridades, autoridades, artistas anônimos, raiz, tradição, samba etc. e tal é produzido por quem, com que dinheiro?
Quem transformou e bancou os mais deslumbrantes desfiles do carnaval carioca?
Quem é que botava, e ainda bota, "o bloco na avenida"? Ora, ora... Todo mundo sabe.

- Mas o que é que está acontecendo?
- Hoje é você que está , digamos, meio fermentado, azedo... Começou com um quiosque que não existe, passou pelo centro velho da cidade, jogou no bicho, e saiu desfilando no carnaval de luxo e ostentação... Eu não sei o que dizer. Estava pensando em contar uma historia que ouvi recentemente, mas acho que vou deixar para outro dia... Ficarei aqui escutando seus argumentos lotéricos...
- Desculpe, foi mal.
A gente vê tanta patifaria praticada por quem deveria ser exemplo, tanta falcatrua, números absolutamente inimagináveis, fortunas ciclópicas sendo, parcialmente é claro, devolvidas e repatriadas de lugares distantes, pobretões que se transformam em milionários, carroceiros que se transformam em empresários, enfim, bandidos que viram autoridades tudo através da politicagem, do tal voto "democrático" onde um monte de oportunistas é eleito com as sobras de alguns "puxadores de voto", onde a mentira é recorrente em promessas e falácias que iludem a choudra com título eleitoral. A que vota por dentadura, um empreguinho numa prefeiturinha qualquer, uma boquinha, um favor, enfim você lê o noticiário, escuta o radio, assiste a Tv.... O resultado é esse aí. Mau humor, tristeza, desconfiança, irracionalidade.
Vamos, passar a borracha, e começar tudo de novo. Vou levantar, dar dez passos para trás, voltar, puxar a cadeira, e...
- Tudo bem, vou pedir dois chopes de colarinho curto, uma porção de pastéis de carne, e você chega, aquelas coisas. Tá?
- Combinado. Até já.


Postado por Raul Almeida
Em 9/8/2015 às 10h08

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