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Domingo,
16/8/2015
Saudade
Raul Almeida
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Dizem que essa palavra só existe na língua portuguesa.
Coisa interessante. Parece que só os lusófonos tem a capacidade de sintetizar um sentimento tão devastador. É como se os franceses, italianos, espanhóis, ingleses, alemães, nórdicos e escandinavos, mais os asiáticos em geral, não sentissem saudade tal como nós, os de língua portuguesa. Os africanos, nos tempos da colonização, sentiam banzo, traduzido por aqui, como nostalgia. Bem, saudade e nostalgia podem ate ser primas, mas são bem diferentes.
A gente envelhece e começa a lembrar de coisas que não mais existem, de lugares agora modificados. De ruas, lojas, restaurantes, De musicas, festas, moda, que ficaram registradas na memória, produzindo nostalgia com tempero de saudade. Dá até pra confundir as duas primas andando juntas.
Tenho sentido grande nostalgia dos tempos em que estudei italiano. As pessoas a maestra , o livro de gramática que até hoje conservo com carinho. Os amigos italianos, jovens como eu, que ajudavam e ensinavam os maneirismos, palavras, sotaques e dialetos de cada lugar, de cada cidade de onde vieram. Paolo era napoletano, Francesco, Fillipo, Mariolino, eram calabreses, Vitório era romano, Fabrício, toscano, Carmelo florentino...
Sinto uma grande nostalgia daqueles tempos de pós-adolescência, ali pelos 17 anos, quando me alistei como voluntário e fui servir ao Exercito.
A moda italiana mandando no mundo. Os paletós sem ombreiras, as calças sem a dobra inglesa, junto ao pé. Os mocassins, a música do Modugno, do Morandi, da Gigliola, do Pepino di Capri.
Bons tempos aqueles...A frase se automurmura no fundo da memória.
Mas saudade é outra coisa.
Olhando os porta-retratos arrumados e colocados em vários pontos da casa, lembro com saudade, enorme saudade, das pessoas ali registradas. São amigos, lugares, objetos e, principalmente, momentos em família, começando com os registros do meu casamento, que se renova a cada segundo. Depois, as crianças, os adultos, os filhos dos adultos, os amigos, muitos dos quais já se foram. Que Saudade
Meu filho está longe. Trabalha muito, viaja, tem família, tem filhos, tem amigos, tem muita coisa para cuidar, muita responsabilidade. Apenas 24 horas por dia para dar conta de tudo. Ainda bem que tem tudo isso! Quando pode, dá uma notícia. Quando pode, lembra. E aí a saudade dá um sorriso e, novamente, sussurra ao pé do meu ouvido;
Não te falei, ele nunca se esquece de vocês...
Postado por Raul Almeida
Em
16/8/2015 às 12h12
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