A relação entre Barbie e Stanley Kubrick | Relivaldo Pinho

busca | avançada
42231 visitas/dia
1,3 milhão/mês
Mais Recentes
>>> Filó Machado apresenta 60 anos de música em concerto inédito com a Brasil Jazz Sinfônica
>>> Especialista em investimentos com mais de 750 mil seguidores nas redes sociais lança livro
>>> Artista mineira cria videogame e desenho animado premiado internacionalmente
>>> Dia Nacional de combate ao Bullying é lembrado com palestra gratuita dia 02/04
>>> Estúdio Dentro estreia na SP-Arte com três lançamentos
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> O batom na cueca do Jair
>>> O engenho de Eleazar Carrias: entrevista
>>> As fitas cassete do falecido tio Nelson
>>> Casa de bonecas, de Ibsen
>>> Modernismo e além
>>> Pelé (1940-2022)
>>> Obra traz autores do século XIX como personagens
>>> As turbulentas memórias de Mark Lanegan
>>> Gatos mudos, dorminhocos ou bisbilhoteiros
>>> Guignard, retratos de Elias Layon
Colunistas
Últimos Posts
>>> Barracuda com Nuno Bettencourt e Taylor Hawkins
>>> Uma aula sobre MercadoLivre (2023)
>>> Lula de óculos ou Lula sem óculos?
>>> Uma história do Elo7
>>> Um convite a Xavier Zubiri
>>> Agnaldo Farias sobre Millôr Fernandes
>>> Marcelo Tripoli no TalksbyLeo
>>> Ivan Sant'Anna, o irmão de Sérgio Sant'Anna
>>> A Pathétique de Beethoven por Daniel Barenboim
>>> A história de Roberto Lee e da Avenue
Últimos Posts
>>> Atire a poeira
>>> A Ti
>>> Nem o ontem, nem o amanhã, viva o hoje
>>> Igualdade
>>> A baleia, entre o fim e a redenção
>>> Humanidade do campo a cidade
>>> O Semáforo
>>> Esquartejar sem matar
>>> Assim criamos os nossos dois filhos
>>> Compreender para entender
Blogueiros
Mais Recentes
>>> O que você comeu no café da manhã?
>>> Stela Adler Sobre Ibsen, Strindberg e Chekhov
>>> Apocalípticos, disléxicos e desarticulados
>>> Eu não uso brincos
>>> Documentado errado
>>> Títulos que não viraram posts
>>> As iluminações musicais de Rodrigo Garcia Lopes
>>> Estamos nos desarticulando
>>> Clássicos para a Juventude
>>> É Julio mesmo, sem acento
Mais Recentes
>>> Angel Sanctuary 20 - Mangá de Kaori Yuki pela Panini Comics (2006)
>>> Angel Sanctuary 19 - Mangá de Kaori Yuki pela Panini Comics (2006)
>>> Angel Sanctuary 17 - Mangá de Kaori Yuki pela Panini Comics (2006)
>>> Angel Sanctuary 12 - Mangá de Kaori Yuki pela Panini Comics (2006)
>>> Angel Sanctuary 15 - Mangá de Kaori Yuki pela Panini Comics (2006)
>>> Angel Sanctuary 11 - Mangá de Kaori Yuki pela Panini Comics (2006)
>>> Angel Sanctuary 18 - Mangá de Kaori Yuki pela Panini Comics (2006)
>>> Angel Sanctuary 9 - Mangá de Kaori Yuki pela Panini Comics (2005)
>>> Angel Sanctuary 8 - Mangá de Kaori Yuki pela Panini Comics (2005)
>>> Angel Sanctuary 7 - Mangá de Kaori Yuki pela Panini Comics (2005)
>>> Angel Sanctuary 6 - Mangá de Kaori Yuki pela Panini Comics (2005)
>>> Angel Sanctuary 5 - Mangá de Kaori Yuki pela Panini Comics (2005)
>>> Angel Sanctuary 4 - Mangá de Kaori Yuki pela Panini Comics (2005)
>>> Angel Sanctuary 3 - Mangá de Kaori Yuki pela Panini Comics (2005)
>>> Angel Sanctuary 2 - Mangá de Kaori Yuki pela Panini Comics (2005)
>>> Angel Sanctuary 1 - Mangá de Kaori Yuki pela Panini Comics (2005)
>>> Angel Sanctuary 21 - Mangá de Kaori Yuki pela Panini Comics (2006)
>>> Angel Sanctuary 22 - Mangá de Kaori Yuki pela Panini Comics (2006)
>>> Angel Sanctuary 28 - Mangá de Kaori Yuki pela Panini Comics (2007)
>>> Samurai X - 7 de Nobuhiro Watsuki pela Jbc (1997)
>>> Samurai X - 6 de Nobuhiro Watsuki pela Jbc (1997)
>>> Samurai X Crônicas de um Samurai na Era Meiji - Volume 1 de Nobuhiro Watsuki & Kaoru Shizuka pela Jbc (2006)
>>> Samurai X - 2 de Nobuhiro Watsuki pela Jbc (2001)
>>> Negima! Magister Negi Magi - 2 de Ken Akamatsu pela Jbc mangás (2003)
>>> Love Hina - 2 de Ken Akamatsu pela Jbc mangás (1999)
BLOGS >>> Posts

Segunda-feira, 30/1/2023
A relação entre Barbie e Stanley Kubrick
Relivaldo Pinho
+ de 700 Acessos



Não, não é um texto sobre fofoca, mas poderia ser. Não sei se já viram o teaser do filme "Barbie", , a ser lançado em 2023. No anúncio, a boneca mais famosa do mundo faz uma paródia/pastiche do clássico "2001 - uma odisseia no espaço" (1968), do diretor norte-americano Stanley Kubrick.

As reações foram as mais diversas e revelam muito do espírito cultural contemporâneo.

Sites e comentadores disseram ser "épico", "fantástico", "genial", outros viram "homenagem", "referência", "imitação".

Mas não paremos por aí. Alguns foram além do vídeo e comentaram que acharam o filme de Kubrick chato e, para não dizer que se está sem embasamento, incluíram "Cidadão Kane" (1941), um filme de um tal de Orson Wells, na mesma categoria.

A boneca gigante, agora humana na figura de Margot Robbie , que surge no filme é a síntese daquilo que as culturas pop e pós-moderna, fazem de "melhor".


Fonte: reprodução


É claro que pode parecer apenas uma brincadeira com um clássico, mas, não nos enganemos, há uma estratégia nesse procedimento.

Não sejamos "apocalípticos", nem "integrados". A cultura contemporânea tem como uma das características esse reaproveitamento de suas próprias fontes, imagens, conteúdos.

Já escrevi sobre isso anteriormente ("Lady Gaga, uma aula do pastiche") e esse fenômeno se repete aqui.

Esse reaproveitamento se dá como citação de conteúdos presentes (essa é a palavra) em nosso imaginário, atualizando-os, citando-os, necessariamente, presentificando-os (aí está a justificativa daquela palavra).


Fonte reprodução


Esses procedimentos são inerentes a essa cultura, cada vez mais imagética, cada vez mais diante de nossos olhos e cada vez mais, estruturalmente (palavra demasiadamente clássica), fugaz.

Parte dessa fugacidade tende a criar uma percepção do mundo atual que se vê sempre em busca de um obsoletismo da imagem e, ao mesmo tempo, que busca, no palácio das memórias da literatura, da televisão e do cinema do Século 20 algo em que, quando necessário, se agarrar.

É uma nostalgia às avessas. Ao mesmo tempo que rememora um passado exemplar (um clássico) faz dele uma montagem reconhecível, como troça e como promoção. Não o renega, pelo contrário, se abraça a ele, como Andy Warhol "abraça" Marilyn.

Daí compreendermos (e, sejamos sinceros, bote compreensão nisso) que Kubrick e Wells, para essa nova forma de percepção e consumo, pareçam chatos. E entendermos que as cores de "Barbie", que vão cintilar, explodir a tela ano que vem, pareçam tão esperadas.

O próprio twitter oficial que representa Kubrick, compreendendo o processo produtivo atual, afirmou, na frase clássica, "dizem que a imitação é a forma mais sincera de homenagem. Até a Barbie é fã do Kubrick".

Não façamos, sobre o teaser, uma grita de puristas (apocalípticos), não adiantará; nem brademos a sua genialidade (integrados), será inútil.

Os dois polos, na definição de Dwight Macdonald , da inventividade do highbrow (alta cultura) e da diluição do lowbrow (cultura de massa) já, há muito, se encontram, se entrecruzam, se relacionam.

A relação entre Barbie e Kubrick também pode ser compreendida através de uma expressão atual, "shippar", até bem pouco tempo uma moda (nada mais fugaz) nas redes sociais.

A expressão derivaria da palavra "relationship" (relacionamento) que era utilizada por fazedores de "fan fiction", narrativas ficcionais feitas por fãs que fantasiavam e desejavam nessas histórias relacionamentos, muitas vezes improváveis, entre personagens, por exemplo, do cinema, já conhecidos.



A expressão "shippar" é o anseio ou a criação de uniões, prováveis ou não, e pelas quais se torce, se vibra.

O cortejar da boneca (do filme) sobre o diretor (seu cinema), poderia ser pensado desse modo. Ele cria um tipo de relação aparentemente incomum, mas ela é resolvida (dissolvida?) pelas estratégias do mercado atual das imagens.

Não seria à toa que os elogios a essa fusão highbrow / lowbrow são mais efusivos que suas críticas.

Poderia parecer improvável que "2001" se cruzasse com um filme sobre uma boneca. Mas olhemos além dos sintomas e talvez percebamos que isso faz parte de nossa odisseia da ficção contemporânea. É, se quisermos, um epifenômeno de nossa condição.

O monólito insondável do filme de 1968, que surge em vários lugares e que provoca as mais diversas indagações, pode agora ser, sem problema, uma loira totalmente sondável, em traje de praia.


O monólito de 2001. Fonte: reprodução


Pegue uma pipoca, reconheça a referência, sorria ou se enraiveça com ela. Não importa. O teaser anuncia que a boneca e o diretor não são uma "fan fiction". Não há mais pedras no caminho.

Para alguns, Kubrick está se revirando no túmulo; para outros, entre ele e Barbie há uma relação.


Relivaldo Pinho é autor de, dentre outros livros, “Antropologia e filosofia: experiência e estética na literatura e no cinema da Amazônia”, ed. ufpa.

[email protected]

Esse texto foi publicado no Diário online


Postado por Relivaldo Pinho
Em 30/1/2023 às 23h54

Mais Relivaldo Pinho
Mais Digestivo Blogs
Ative seu Blog no Digestivo Cultural!

* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




Cidade da Magia
Marion Zimmer Bradley
Círculo de Livro
(1984)



Livro - Jovita Alves Feitosa: Voluntária da Pátria, Voluntária da Morte
José Murilo de Carvalho
Chão
(2019)



Historia 5º Ano Aprendendo Sempre
J William Vesentini / Dora Martins / Marlene Pecor
Atica
(2008)



A Grande Rebelião: Mudar a Forma de Pensar para Mudar a Forma de Viver
Samael Aun Weor
Edisaw
(2009)



Relações Internacionais Em Euclides da Cunha - Cartas de Sete Léguas
Marleine Marcondes e Ferreira de Toledo
Nankin / Espm
(2012)



Cozinha do Mundo França
Abril Coleções
Abril Coleções
(2010)



The Graphic Language of Neville Brody 2
Jon Wozencrof
Thames & Hudson
(1997)



Grammaire Française et Expression Ecrite - 4e/3e - Edition 1992
A. Gasquez
Nathan
(1992)



Salto no Escuro (narrativas)
Helena Mauricio Craveiro Carva
Lake
(1987)



O Novo Computador de Winnie
Valerie Thomas & Korky Paul
Ciranda Cultural
(2010)





busca | avançada
42231 visitas/dia
1,3 milhão/mês