Dicas Culturais: Lúcio Alves e Kathe Kollwitz | Maurício Dias | Digestivo Cultural

busca | avançada
51347 visitas/dia
1,9 milhão/mês
Mais Recentes
>>> Cia Truks faz temporada de teatro em escolas de Santa Catarina, Paraná e São Paulo
>>> Guilherme Dias Gomes estreia o show “Chronos” no Blue Note Rio
>>> CIA VENENO DO TEATRO estreia montagem de ÉDIPO sob ótica de Foucault dia 20 de setembro
>>> Nonada ZN Apresenta Quatro Exposições Simultâneas de Escultura, Fotografia, Instalação Site-Specific
>>> Preto não morre só de bala: os alvos da Aids
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> Por que não perguntei antes ao CatPt?
>>> Marcelo Mirisola e o açougue virtual do Tinder
>>> A pulsão Oblómov
>>> O Big Brother e a legião de Trumans
>>> Garganta profunda_Dusty Springfield
>>> Susan Sontag em carne e osso
>>> Todas as artes: Jardel Dias Cavalcanti
>>> Soco no saco
>>> Xingando semáforos inocentes
>>> Os autômatos de Agnaldo Pinho
Colunistas
Últimos Posts
>>> Sultans of Swing por Luiz Caldas
>>> Musk, Moraes e Marçal
>>> Bernstein tocando (e regendo) o 17º de Mozart
>>> Andrej Karpathy no No Priors
>>> Economia da Atenção por João Cezar de Castro Rocha
>>> Pablo Marçal por João Cezar de Castro Rocha
>>> Impromptus de Schubert por Alfred Brendel
>>> Karajan regendo a Pastoral de Beethoven
>>> Eric Schmidt, fora do Google, sobre A.I.
>>> A jovem Martha Argerich tocando o № 1 de Chopin
Últimos Posts
>>> O jardim da maldade
>>> Cortando despesas
>>> O mais longo dos dias, 80 anos do Dia D
>>> Paes Loureiro, poesia é quando a linguagem sonha
>>> O Cachorro e a maleta
>>> A ESTAGIÁRIA
>>> A insanidade tem regras
>>> Uma coisa não é a outra
>>> AUSÊNCIA
>>> Mestres do ar, a esperança nos céus da II Guerra
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Medo e Delírio em Las Vegas
>>> Era uma vez Eike Batista (e o Brasil emergente)
>>> Pra frente, Brasil, salve a seleção!
>>> Networking para crianças?
>>> As ligações perigosas
>>> Parangolé: anti-obra de Hélio Oiticica
>>> Situação da poesia hoje
>>> Is Fulano your friend?
>>> Die Welle: As influências do sistema ditatorial
>>> Quem tem medo de Glauber Rocha?
Mais Recentes
>>> Educação de corpo inteiro 352 de João Batista Freire pela Scipione (1991)
>>> Gestao Do Fator Humano: Uma Visao Baseada Em Stakeholdes de Maria Luiza Mendes Teixeira pela Saraiva (2008)
>>> Livro Comunicação Global de Lair Ribeiro pela Rosa dos Tempos (1992)
>>> Livro O Fantasma De Canterville Série Reencontro de Oscar Wilde Tradução Rubem Braga pela Scipione (1990)
>>> Minha Mala, Meu Destino de Raquel Cavalcante pela Alhambara (1988)
>>> Introdução Ao Candomblé de Babalorixá Caccioli De Ayrá pela Hércules (2019)
>>> Dicionário de Sinônimos de Antenor Nascentes pela Nova Fronteira (1981)
>>> A Consciência Côsmica, Introdução à Psicologia Transpessoal de Pierre Weil pela Vozes (1989)
>>> Estrategia De Marketing E Posicionamento Competitivo de Graham Hooley pela Pearson (2011)
>>> Livro O Negociador de John Grisham pela Rocco (2009)
>>> Livro Vinte Mil Léguas Submarinas de Julio Verne pela Hemus
>>> Promessas e realidade 352 de José Dari Krein pela Remir (2019)
>>> Pipa - A Janela Para arte Contemporânea 2019 de Varios pela Ip Global (2019)
>>> Administracao Financeira de Cengage pela Cengage (2002)
>>> Criativa mente 352 de Marcelo Galvão pela Qualitymark (1992)
>>> Plantas Daninhas do Brasil de Harri Lorenzi pela Nobel (2000)
>>> Livro Teatro V de Maria Clara Machado pela Agir (1979)
>>> Livro Administração Tarefas, Responsabilidades e Práticas de Peter F. Drucker pela Pioneira (1975)
>>> Herói Por Nós: Adhemar Ferreira da Silva, o Ouro Negro Brasileiro de Tânia Mar Siviero pela Nd-dba (2000)
>>> Férias Na Antártica 352 de Tamara Laura pela Peirópolis (2014)
>>> Livro A Vida, o Universo e Tudo Mais de Douglas Adams pela Sextante (2005)
>>> O Limpador De Placas 352 de Monika Feth pela Brinque Book (1997)
>>> Livro O Martírio do Obeso de Henri Béraud pela Globo (1987)
>>> As Fronteiras da Regressão de Pierre Weil pela Vozes (1989)
>>> Livro Crônicas Escolhidas Lima Barreto de Lima Barreto pela Atica (1995)
COLUNAS

Quarta-feira, 14/1/2004
Dicas Culturais: Lúcio Alves e Kathe Kollwitz
Maurício Dias
+ de 4800 Acessos
+ 2 Comentário(s)

Charles Gavin é um dos membros do grupo de rock Titãs. Como tal, teve alguma importância na formação de quem, como eu, era adolescente na segunda metade da década de 80. Cabeça Dinossauro é um disco histórico no pop nacional.

Nos últimos anos Charles tem alternado o lado de músico com o de pesquisador e divulgador da MPB. É o responsável pela remasterização e lançamento de muitos discos significativos do passado. Junto à Odeon lançou uma série comemorando os 100 anos da gravadora que, entre outras pérolas, inclui dois discos de Lúcio Alves, o gênio da raça.

Lúcio (1927-1993) foi o maior cantor que o Brasil já teve, não só pela linda voz; não só por se adaptar a qualquer ritmo, usando pausas ou alongando fonemas quando achava necessário; mas por um calor humano que acompanha o seu canto e extrapola o terreno musical.

Em O Apanhador No Campo de Centeio – já há uma década passei da idade de citar esse livro, mas vá lá – J.D. Salinger critica a literatura de Hemingway, dizendo que “livro bom é o livro que você lê e tem vontade de ser amigo do autor”. O canto de Lúcio Alves é justamente isso: você ouve e quer ser amigo do cara. Toda a vivência e sabedoria – e porque não, uma pequena dose de malandragem, no sentido antigo da palavra? – que emanam dos discos mostram que aquele sujeito devia ser um ótimo papo num bar, aquele amigo mais velho, que quando você está começando a ganhar pêlos no rosto, chega um dia, bota um uísque na tua mão e fala: – "Faz parte da educação de um homem saber beber."

O mesmo sujeito que se você beber demais e ficar inconveniente te dará uma bronca por não ter controle, mas que, se preciso for, te leva pra casa e te bota com roupa e tudo debaixo do chuveiro pra curar o porre.

Bom, chega de conversa. Os discos são Lúcio Alves, Sua Voz Íntima, Sua Bossa Nova Interpretando Sambas Em 3-D e Doris e Lúcio (com Dóris Monteiro).

São duas obras-primas, o primeiro com arranjos do maestro Gaya, e o segundo com a brilhante dupla de cantores acompanhados por um quarteto (com órgão em vez de piano). A voz de Lúcio aqui está ainda melhor, mais madura. E Doris está a altura do parceiro, cantando baixinho e com grande elegância.

Quem gosta de boa música, tem que ouvir estes CDs com atenção. São uma aula de MPB, do começo ao fim, com repertório maravilhosamente adequado. E sobre Lúcio Alves, quem quiser saber mais dele, recomendo o livro ABC do Sérgio Cabral (Editora Codecri, 1979), onde há uma bela entrevista feita nos anos 70 com um Lúcio já cansado da falta de reconhecimento do grande público (ele nunca fora um cantor muito popular, embora todos respeitassem seu inquestionável e imenso talento). Na época o cantor sobrevivia trabalhando como produtor de programas de TV.

Mudando de assunto, Kathe Kollwitz foi uma artista alemã que viveu de 1867 a 1945, período em que seu país atravessou duas Guerras brutais, a ascensão do nazismo, terríveis agitações sociais e outras catástrofes menores. Kathe, de formação socialista, passou a década de 1890 e o período de 1900-1905 utilizando sua arte expressionista para realizar gravuras que mostravam as duras condições de vida dos operários, e conclamando à organização da classe e a resistência armada contra o opressor – o patrão.

Quem já leu algo que eu tenha escrito sabe o que penso sobre arte engajada. Mas Kathe morreu anos antes de sair o relatório Kruschev, que mostrava ao mundo o que fora a experiência marxista na prática. Seu trabalho tem uma qualidade expressiva e um alternância de claro e escuro que até hoje só vi nas gravuras de Rembrandt - apesar de Kathe sofrer de uma paixão pela desesperança e miséria que ao longo do século XX se tornaria um recurso de fácil apelo e um clichê nas mãos de artistas sem talento. Alguns dos mais renomados cineastas brasileiros da década de 1990 têm a mesma “paixão pela desesperança e miséria” e pouquíssimo talento para concretizá-la.

Já na década de 1900, Kathe foi se tornando mais e mais amarga, e a morte se torna um "personagem" (personagem mesmo, a morte surge encarnada) constante em sua obra.

Kathe Kollwitz foi a mulher mais relevante no mundo das artes visuais, e até semanas atrás eu desconhecia seu trabalho. Falha imperdoável para alguém que se dedica a estudar arte. Veja o trabalho dela aqui ou neste outro link. Clique nas imagens para ampliá-las.


Maurício Dias
Rio de Janeiro, 14/1/2004

Quem leu este, também leu esse(s):
01. André Bazin e a crítica como militância de Humberto Pereira da Silva
02. O Som ao Redor de Humberto Pereira da Silva
03. O Natal do velho Dickens de Celso A. Uequed Pitol
04. O mal de Vila-Matas de Luiz Rebinski Junior
05. Memórias de ex-professoras de Carla Ceres


Mais Maurício Dias
Mais Acessadas de Maurício Dias
01. 100 homens que mudaram a História do Mundo - 16/3/2004
02. Crítica à arte contemporânea - 20/5/2002
03. A obra-prima de Raymond Chandler - 21/1/2003
04. Escrita e Artes Visuais - 21/11/2002
05. Picasso e Matisse: documentos - 10/6/2003


* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

ENVIAR POR E-MAIL
E-mail:
Observações:
COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
16/1/2004
02h18min
Kathe Kollwitz perdeu um filho de 18 anos na primeira guerra mundial, daí talvez tenha vindo sua morbidez.
[Leia outros Comentários de Ana Couto]
22/1/2004
13h41min
Ana, obrigado pelo comentário. Certamente este fato por vc apontado contribuiu, mas antes da Guerra, em gravuras de 1907, 1910, etc., a morbidez, talvez premonitória, já podia ser notada no trabalho da artista.
[Leia outros Comentários de Mauricio Dias ]
COMENTE ESTE TEXTO
Nome:
E-mail:
Blog/Twitter:
* o Digestivo Cultural se reserva o direito de ignorar Comentários que se utilizem de linguagem chula, difamatória ou ilegal;

** mensagens com tamanho superior a 1000 toques, sem identificação ou postadas por e-mails inválidos serão igualmente descartadas;

*** tampouco serão admitidos os 10 tipos de Comentador de Forum.




Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




Arrecife 374
Juan Villoro
Companhia das Letras
(2014)



Um Traço um Ponto um Opema um Conto
Sandra Schamas
Inteligentes
(2004)



Rosa De Papel
Diana Palmer
Best Seller
(2001)



Sociedade da Caveira de Cristal
Andrea del Fuego
Scipione
(2013)



Livro O Poder Do Sim
David Hare
Temporal
(2019)



O Trovejar Do Silêncio
Joel S. Goldsmith
Martin Claret
(2007)



A Mão e a Luva - Edição Comentada
Machado de Assis
Prazer de Ler
(2016)



O Livro de Cura pela Acupressura
Frank Bahr
Nova Era
(2004)



Leituras Criticas Sobre Silviano Santiago
Eneida Leal Cunha
Ufmg
(2008)



Segredos de uma Vida
Alcyr Luiz Tonoli
Dpl
(1999)





busca | avançada
51347 visitas/dia
1,9 milhão/mês