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Segunda-feira, 19/6/2006
Verde-amarelo tardio
Vitor Nuzzi
+ de 3100 Acessos

Agora vem à memória a minha primeira Copa, também disputada na Alemanha, em 1974. Eu tinha 9 anos quando o Brasil, então tricampeão, e Iugoslávia abriram o torneio, também em um 13 de junho, a exemplo de agora. Veja só outra coincidência, afinal os croatas daquela época jogavam naquele time, que ainda reunia algumas repúblicas. E o resultado foi um tosco 0 a 0. Mesmo placar do segundo jogo, contra a Escócia. Aí fomos jogar com o Zaire, já com a pulga atrás da orelha brasileira. O Zaire tinha perdido de 9 a 0 da Iugoslávia e de 2 a 0 da Escócia, então seria moleza, certo? Pois foi aquele 3 a 0 extraído na marra, com direito a um frango sensacional do goleiro do Zaire (para os almanaques: ele se chamava Kazadi), um gol de Valdomiro que entra para a antologia de qualquer Copa - e com direito a palavrão do Zagallo, porque já eram 33 minutos do segundo tempo e a vaca nacional corria sério risco de ir para o brejo alemão. E lá se foi o Brasil para a segunda fase, passando aperto, mas ganhando da Alemanha Oriental e da Argentina, para esbarrar na novidade da época, a tal Laranja Mecânica holandesa. Com ela, foi-se o sonho de ganhar na minha estréia como torcedor de Copas. Para completar, derrota para a Polônia na decisão do terceiro lugar, gol de um cara de nome engraçado, Lato. E eu não entendia por que existiam duas Alemanhas.

Veio 1978, na vizinha Argentina, e eu também não tinha a menor noção do que era uma ditadura militar, quem era aquele presidente bigodudo, o Videla... E olha que tínhamos o Figueiredo por aqui, prestes a substituir o Geisel. Só achava uma injustiça o Serginho não estar naquele time - imagine, no lugar do Reinaldo! E o técnico era o capitão Cláudio Coutinho, que falava vários idiomas e, por isso, era um troglodita, segundo o massagista da seleção, o Nocaute Jack. Em cada chute, a grama do estádio de Mar del Plata soltava. E o Brasil foi indo, sem empolgar, até chegar o jogo contra os anfitriões. Um 0 a 0 medroso, que muitos chamaram de heróico, afinal arrancado em pleno caldeirão de Rosário. E veio aquele vexame do Peru, um jogo para lá de suspeito. Providencial para o Coutinho nos decretar campeões morais e, mais uma vez, salvar a honra nacional.

Chegou 1982, no auge dos meus quase 18 anos e de freqüentador de estádio. O Brasil, depois do susto inicial contra a União Soviética (eu adorava aquele CCCP bordado nas camisas vermelhas), contou com os chutes do Éder e do Sócrates para superar aquele goleiraço, o Dasaev, e virar o jogo. E com a ajuda do juiz para garantir a vitória. Aliás, alguém já viu algum juiz errar contra a seleção brasileira em Copa do Mundo? Depois vieram aqueles belos jogos, o baile contra a Argentina... E o que se chamou tragédia do Sarriá, em Barcelona, contra a Itália, que por sinal tinha um bom time. Mas o Brasil era bem melhor. Enfim, descobri o óbvio: nem sempre o melhor vence. Mas o melhor, afinal de contas, não é quem vence? A história não é a versão dos vencedores?

No fim, 1982 teria outro acontecimento valioso, as primeiras eleições diretas desde o golpe de 1964. Dois anos depois, viria o movimento pelas diretas já para presidente - as diretas que só viriam de fato em 1989. O Brasil parecia mudar. Politicamente, os ares tornavam-se mais leves. No futebol, pelo contrário, o trauma de 1982 fazia o país valorizar os Lazaronis da vida, o jogo de resultados, menos bonito e mais, digamos, pragmático. Foi assim que ganhamos a Copa de 1994, com umas das finais mais chatas de todos os tempos. Basta lembrar dos jogos que Brasil e Itália fizeram em 1970 e em 1994. Pense em um só grande lance desse segundo jogo. E de quem você lembra além do Romário? Provavelmente o Dunga, um jogador importante para o time. E de quem você lembra de 1970, além de Pelé, Tostão, Rivelino, Carlos Alberto, Gérson, Jairzinho...? Quanto aos lances, até os quase gols de Pelé em 1970 foram mais bonitos. Mas que não se misture futebol e regimes políticos. Afinal, conquistamos quatro dos nossos cinco mundiais em governos ditos democráticos (1958, 1962, 1994 e 2002) - e um (1970) sob uma ditadura feroz.

Voltando a 1982, algo ali parecia se dividir no Brasil. O futebol já não seria o mesmo, nem o país. Em breve entraríamos na fase da globalização, que faz com que hoje, de 23 jogadores convocados, tenhamos apenas três que atuam aqui. Viramos um país exportador, inclusive no esporte. E os clubes hoje relutam em ceder seus atletas às seleções. Se por um lado há o aspecto da valorização (por isso alguns são inexplicavelmente convocados), por outro teme-se que o jogador sofra contusões que o deixe fora de combate por um longo tempo. Em cifras, prejuízos à vista. Futebol é negócio.

A esperança que se esboçava com as eleições daquele ano (1982) foram se dispersando, decepção após decepção. Com isso, o verde-amarelo só é lembrado mesmo de quatro em quatro anos, em súbita explosão de um nacionalismo tardio e com ares de oportunismo. Sinceramente, gostaria de ver o verde-amarelo por todos os lados inclusive em dia de eleição para presidente. E um voto quase tão importante quanto um gol. Tudo bem, como um quase gol.

Post Scriptum
Pensando bem, overdose de Copa e futebol-business à parte, é uma pena que mais de uma semana inteira já tenha se passado. Isso deixa o torneio mais próximo do fim. Já é um problema ter de esperar - das 18 horas de um dia até as 10 horas do dia seguinte - pelo próximo jogo. Ainda bem que depois volta o campeonato brasileiro. E em outubro tem eleição.


Vitor Nuzzi
Rio de Janeiro, 19/6/2006

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