Uma virada especial | Rodrigo Herrero | Digestivo Cultural

busca | avançada
122 mil/dia
2,0 milhões/mês
Mais Recentes
>>> Trio Mocotó
>>> O Circo Fubanguinho - Com Trupe da Lona Preta
>>> Anaí Rosa Quinteto
>>> Chocolatte da Vila Maria
>>> Ed Motta
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> O Big Brother e a legião de Trumans
>>> Garganta profunda_Dusty Springfield
>>> Susan Sontag em carne e osso
>>> Todas as artes: Jardel Dias Cavalcanti
>>> Soco no saco
>>> Xingando semáforos inocentes
>>> Os autômatos de Agnaldo Pinho
>>> Esporte de risco
>>> Tito Leite atravessa o deserto com poesia
>>> Sim, Thomas Bernhard
Colunistas
Últimos Posts
>>> The Piper's Call de David Gilmour (2024)
>>> Glenn Greenwald sobre a censura no Brasil de hoje
>>> Fernando Schüler sobre o crime de opinião
>>> Folha:'Censura promovida por Moraes tem de acabar'
>>> Pondé sobre o crime de opinião no Brasil de hoje
>>> Uma nova forma de Macarthismo?
>>> Metallica homenageando Elton John
>>> Fernando Schüler sobre a liberdade de expressão
>>> Confissões de uma jovem leitora
>>> Ray Kurzweil sobre a singularidade (2024)
Últimos Posts
>>> Salve Jorge
>>> AUSÊNCIA
>>> Mestres do ar, a esperança nos céus da II Guerra
>>> O Mal necessário
>>> Guerra. Estupidez e desvario.
>>> Calourada
>>> Apagão
>>> Napoleão, de Ridley de Scott: nem todo poder basta
>>> Sem noção
>>> Ícaro e Satã
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Brasil, o buraco é mais embaixo
>>> Olavo de Carvalho: o roqueiro improvável
>>> 7 de Novembro #digestivo10anos
>>> Carandiru, do livro para as telas do cinema
>>> Livros de presente
>>> Guerras sujas: a democracia nos EUA e o terrorismo
>>> A Arte da Entrevista
>>> Daniel Piza by Otavio Mesquita
>>> Prática de conversação on-line
>>> Fatal: o livro e o filme
Mais Recentes
>>> Batman: O Impostor - Volume Único (capa dura) de Tomlin; Sorrentino; Bellaire pela Panini (2022)
>>> A Turma do Perere - 365 dias da Mata do Fundão de Ziraldo pela Globo (2006)
>>> Zerois do Brasil de Ziraldo - Colegio Visconde de Porto Seguro - Caio Machado Pedreira pela E Educacional (2011)
>>> Ziraldo e Os Meus Direitos de Ziraldo - Colegio Estacio - Giovanna Oliani Martinez pela E Educacional (2002)
>>> Vida depos da Vida de Dr. Raymond A. Moody Jr. pela Nordica (1979)
>>> O Maior Milagre do Mundo Parte 2 de Og Mandino pela Record (2009)
>>> Garotas Da Pérsia de Nahid Rachlin pela Rocco (2007)
>>> Garota Replay de Tammy Luciano pela Novo Conceito (2012)
>>> Mulheres Mitos E Deusas - O Feminino Atraves Dos Tempos de Martha Robles pela Goya (2019)
>>> Crônicas (Vol. 5 Obra jornalística) 1961 - 1984 de Gabriel Garcia Marquez pela Record (2006)
>>> Duelo final (capa dura) de Elmore Leonard pela Círculo do Livro
>>> Amar é assim (capa dura) de Carol Hill pela Círculo do Livro
>>> Os mortos-vivos (capa dura) de Peter Straub pela Círculo do Livro
>>> Nem mais Nem menos (capa dura) de Jeffrey Archer pela Círculo do Livro
>>> The Cambridge Illustrated History Of Medicine (cambridge Illustrated Histories) de Roy Porter pela Cambridge University Press (1996)
>>> Breve Romance de Sonho - Col. O globo 26 de Arthur Schnitzler pela O Globo
>>> Memórias de Adriano - Col. O globo 24 de Marguerite Yourcenar pela O Globo
>>> As Cidades Invisíveis - Col. O globo 21 de Italo Calvino pela O Globo
>>> O Senhor das Moscas, - Col. O globo 19 de William Golding pela O Globo
>>> A Consciência de Zeno - Col. O globo 4 de Italo Svevo pela O Globo
>>> O Fio da Navalha - Col. O globo 28 de W. Somerset Maugham pela O Globo
>>> Nosso Homem em Havana - Col. O globo 20 de Graham Greene pela O Globo
>>> O Jovem Törless - Col. O globo 27 de Robert Musil pela O Globo
>>> O Caso Morel - Col. O globo 15 de Rubem Fonseca pela O Globo
>>> As representações dos prof. de educação especial e as necessidades das famílias de Filomena Pereira pela Graforim (1998)
COLUNAS

Segunda-feira, 19/5/2008
Uma virada especial
Rodrigo Herrero
+ de 5700 Acessos
+ 1 Comentário(s)

A Virada Cultural deste ano foi especial para mim. Foi a primeira tendo eu como morador do centro. Estava perto de tudo, cercado de atrações musicais, teatrais e que tais por todos os lados. Mas não foi diferente apenas para mim. Este ano não houve confusão, briga durante show na praça da Sé, polícia batendo nas pessoas, intolerância de alguns, ignorância de tantos outros. Com um público recorde, cerca de quatro milhões de pessoas, segundo a Secretaria Municipal de Cultura, as mais de 24 horas de eventos na região central e em diversas outras praças de São Paulo tiveram um clima de calmaria e confraternização. Claro que o fluxo de pessoas foi tamanho que gerou algum desconforto, principalmente madrugada a dentro. Mas nada que estragasse a festa e a overdose gostosa de shows e apresentações artísticas das mais diversas.

Parti de casa por volta das 18h, já ouvindo o barulho do palco rock na praça da República, que fica a menos de 500 metros do edifício onde resido. Mas rumei sentido Pateo do Colégio, onde às 18h45 o Mundo Livre abriria os trabalhos no palco de bandas independentes. Show curto, intenso e que serviu para encontrar alguns amigos. Mas antes, no caminho, aconteciam várias outras coisas: estátuas vivas no Viaduto do Chá chamavam a atenção dos transeuntes, que aproveitavam para tirar muitas fotos e brincar com eles. Deu até pra ver, dali do viaduto, o início das apresentações de dança no Vale do Anhangabaú, além de uma bicicleta com dois homens que se equilibrava em cima de um cabo de aço, do alto do prédio da prefeitura até o antigo edifício da Light, hoje um shopping.

Na praça do Patriarca era exibido o Festival do Minuto. Era só sentar no chão e se deliciar com os filmetes, dos mais variados temas, a maioria premiados no referido festival, que ocorre tradicionalmente na capital paulista. Depois de um tempo ali, o celular toca e nos dirigimos até o Boulevard São João, para encontrar mais gente e acompanhar o palco do jazz. Encontra um, aparecem outros, nos despedimos e já partimos para outra atração: os velhos roqueiros da Casa das Máquinas no palco rock.

Há um detalhe que deve ser destacado à parte: eu prefiro escolher apenas algumas atrações e perambular pelos palcos, meio à deriva, parar quando vejo um espetáculo interessante. Pra poder ver a movimentação das pessoas nas ruas, me surpreender com algo que ocorre no caminho ver as pessoas, os espetáculos. Isso aconteceu diversas vezes na noite de sábado. Voltando do Boulevard São João, pude me entreter, por exemplo, no Largo do Paissandu, com uma roda de capoeira. Durante a madrugada, enquanto passava com outro grupo de amigos pelo Festival do Minuto, um grupo de maracatu circulou por ali batucando seus tambores, levando metade do público pelas vielas da Sé a pular e a cantar.

Outra coisa bem saborosa na Virada Cultural é a possibilidade de encontrar os amigos a cada lugar que você vai. Porque na semana que antecede a maratona, você liga pra meio mundo, manda e-mail, combina uma série de coisas. Faz lista de eventos que gostaria de assistir, manda para os mais chegados para ver se "batem" os gostos de um com o outro. Se sim, já deixa tudo acertado. Caso contrário, vê se outra pessoa topa ir junto. No mais: "A gente se vê lá na Virada. Eu te ligo quando estiver por lá". E tome celular ligando pra fulano, mensagem de texto pra sicrano. "Onde você tá?" "Não, eu tô na avenida São João pra ver o Zé Ramalho à meia-noite, vem pra cá." A resposta: "Tô indo, só acabar de ver o teatro na praça Roosevelt que eu já tô descendo praí". E assim vão os diálogos. E uma dificuldade pra encontrar alguém... "Meu, tô aqui no ponto de táxi da São João com a rua Aurora, não foi aqui que combinamos?" "Ah, eu me enganei, estou no ponto da rua Aurora." Ou: "Não consigo chegar aí, tem muita gente nas ruas, não dá pra andar".

E realmente estava difícil. Acompanhei o, na minha opinião, ponto alto da programação na madrugada: Zé Ramalho no palco dos grandes shows na avenida São João, ao lado da praça Júlio de Mesquita. Milhares de pessoas ocuparam o asfalto até a esquina com a avenida Ipiranga. Um mar de gente incalculável. O show foi muito bom, mas o excesso de público caminhando, empurrando, dificultou a possibilidade de curti-lo plenamente. Fora que, após a apresentação, parece que as linhas telefônicas entraram em colapso. Era quase impossível conseguir fazer uma ligação. Para ter sinal era preciso esticar o braço com o celular na mão. Um ato bizarro, de fato.

Depois de diversos desencontros, consegui achar outro grupo e passeamos por vários palcos, entre eles o de rock e blues, na rua Barão de Itapetininga, culminando com o piano na praça Dom José Gaspar às 5h da manhã, bem propício inclusive para começar a ninar o sono que chegava implacável. Fui dormir com um barulho ensurdecedor da banda Overdose no palco rock e acordei com o Bando do Velho Jack gritando por lá também. Foi engraçado porque só fui pra Virada à tarde pra ver a Orquestra Imperial e voltar pra casa, já que estava exausto da noite anterior. Mas, antes de sair, enquanto me arrumava e cozinhava em casa, conseguia ouvir Cachorro Grande ao vivo da praça. Um privilégio, né? E ainda fui dormir cedo ao som de Ultraje a Rigor, fechando o palco roqueiro na Virada.

O ambiente no centro, chamado de velho por todos, é formidável para abrigar um evento dessa magnitude. Tem um quê de antigo resistindo firme à onda "modernosa" que agride e tenta acabar com o pouco que restou do passado de São Paulo por ali. E a cada rua que você entra, cada praça que pára, cada espetáculo que assiste, uma sensação agradável toma conta de si, de que é possível ainda ter coisas positivas num centro costumeiramente abandonado, sujo, perdido, como seus moradores de rua, largados a nenhuma perspectiva de vida, como o centro antigo da cidade.


Rodrigo Herrero
São Paulo, 19/5/2008

Quem leu este, também leu esse(s):
01. Aprendendo a ficar invisível de Rafael Lima


Mais Rodrigo Herrero
* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

ENVIAR POR E-MAIL
E-mail:
Observações:
COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
19/5/2008
00h49min
Puxa! Que bonito!
[Leia outros Comentários de Camilla Elizabeth]
COMENTE ESTE TEXTO
Nome:
E-mail:
Blog/Twitter:
* o Digestivo Cultural se reserva o direito de ignorar Comentários que se utilizem de linguagem chula, difamatória ou ilegal;

** mensagens com tamanho superior a 1000 toques, sem identificação ou postadas por e-mails inválidos serão igualmente descartadas;

*** tampouco serão admitidos os 10 tipos de Comentador de Forum.




Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




Defensores da Ditadura Militar Estão na Contramão da História
Jasson de Oliveira Andrade
Papyrus
(2016)



Ajuda-te pela Auto-Hipnose
Frank S. Caprio
Papelivros



Livro Auto Ajuda Não Me Iluda! Até onde são reais as promessas da autoajuda e da vida perfeitamente idealizada?
Gabriel Carneiro Costa
Integrare
(2017)



Talk About Good
Le Livre de La Cuisine de Lafayette
Steck-warlick
(1969)



Camões e os Lusíadas - Manuais de Estudo
Paulo Bacellar Monteiro / Beatriz Berrini
Pioneira
(1980)



O Assassino Do Zodíaco 584
Sam Wilson
Jangada
(2018)



Cura pelas mãos - Os amplificadores portáteis de energia
Jack F. Chandu
Hemus
(1983)



The Chronicles Of Narnia Volume Único
C. S. Lewis
Harper Collins
(2011)



Marketing Pessoal 100 Dicas para Valorizar a Sua Imagem
Sady Bordin Filho
Record
(2002)



Sexo, Afeto e era Tecnológica: um Estudo de Chats na Internet
Sérgio Dayrell Porto - Org.
Unb
(1999)





busca | avançada
122 mil/dia
2,0 milhões/mês