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Segunda-feira,
10/10/2016
O Brasil não é a Suécia
Felipe Pait
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Tem uma blogueira postando coisas que aparecem na minha timeline, posts que sempre recaem em "o Brasil não é a Suécia", usado quase como xingamento, em geral com o subtexto de política partidária. Parece que ela é ligada ao Intercept do @ggreenwald, o braço armado da polícia política do Putin, o que explicaria como há dinheiro para fazer os posts aparecerem como matéria paga no Facebook e Twitter. Mas seguindo o princípio da presunção da inocência não vou mencionar o nome. O #fato é que me dá raiva, então vou desabafar.
O Brasil é um país cheio de problemas. Temos políticos corruptos e bandidos soltos. Temos dengue, zika, floresta, sertão semi-deserto, sol, chuva, jogo de bola, e carnaval. Temos alegria, pobreza, falta de educação, filas, um montão de problemas. Não ser a Suécia não é um deles, nem é uma vergonha. A Suécia é a Suécia, o Brasil é o Brasil. Se o partido político preferido de um ou de outro ganhasse, iriam continuar sendo. Não seria melhor se fosse diferente - só diferente.
A Suécia é um país rico. A administração pública da Suécia é admirável. A Suécia tem, ou teve, empresas de tecnologia de categoria internacional. Os suecos devem ter orgulho das coisas boas do país que construíram, e que merecem nossa admiração. Não são poucas, mas também não são tantas assim.
Não, o Brasil não é a Suécia. O Brasil não é o maior pólo exportador de jihadistas per capita da Europa. O Brasil não é o único país que colaborou com o regime nazista de livre espontânea vontade sem a necessidade nem de ameaça de invasão. O Brasil não é o único país europeu que conseguiu passar pela modernidade sem produzir um grande sinfonista ou jogador de xadrez. O Brasil não assassinou seu 1o ministro e deixou o caso sem esclarecer. As embarcações para os países vizinhos não estão cheias de brasileiros bêbados. O Brasil não tem bairros de imigrantes segregados, aceitos de má vontade para aplacar a consciência pesada. Talvez por preguiça ou ignorância, mas sem má fé, o Brasil não faz nada por quem está longe da vista.
Também não faz nada para merecer essa condescendência asquerosa. Todo o brasileiro fica muito feliz em receber os suecos, sua cultura, seus negócios, sua tecnologia, e fica feliz quando o intercâmbio vai no sentido contrário. A condescendência porém pode ficar guardada. Se tem uma coisa que os suecos sabem é serem reservados. Quem pensa mal do Brasil porque não é a Suécia têm uma boa oportunidade de aprender com os suecos e exercer essa reserva - de boca fechada.
Postado por Felipe Pait
Em
10/10/2016 às 09h47
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