O Presidente Negro, de Monteiro Lobato | Ricardo de Mattos | Digestivo Cultural

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Terça-feira, 29/7/2008
O Presidente Negro, de Monteiro Lobato
Ricardo de Mattos
+ de 41700 Acessos
+ 1 Comentário(s)

"Desde já asseguro uma coisa: sairá novela única no gênero. Ninguém lhe dará nenhuma importância no momento, julgando-a pura obra da imaginação fantasista. Mas um dia a humanidade se assanhará diante das previsões do escritor, e os cientistas quebrarão a cabeça no estudo de um caso, único no mundo, de profecia integral e rigorosa até os mínimos detalhes." (Monteiro Lobato, em O Presidente Negro)

Para Serena (07/04/1994 ― 05/06/2008)

O crítico e escritor Fábio Lucas possuía a curiosa mania de escolher aleatoriamente alguns de seus livros, empacotá-los e guardar o fardo em algum canto esquecido de sua casa. Anos depois, deparava-se com o embrulho, desfazia-o e reencontrava volumes queridos. Não tenho tantos livros quantos tinha o referido escritor, mas já um número que me permite a agradável surpresa de reencontrá-los. Assim com O Presidente Negro (Globo, 2008, 212 págs.), de Monteiro Lobato (1882-1948). Meu exemplar é de 1969 e traz também crônicas reunidas sob o título A Onda Verde. Realmente não lembro se o livro veio-me pelo meu pai ou pelo meu avô materno. Recordo-me apenas ter lido as crônicas e, à época, não ter manifestado interesse pelo romance.

O desinteresse permaneceu inclusive com o início das notícias sobre as prévias nos Estados Unidos pela corrida presidencial. Nem foi descaso para com meu conterrâneo. É que não poucas coisas ocupam meu limitado cérebro ultimamente. Entretanto, a Lembrança e a Ocasião deram-se as mãos e avançaram. "A ficha caiu" ao saber que o ponto principal da obra é a competição entre um candidato negro, uma mulher e um candidato branco pela presidência dos Estados Unidos.

O Presidente Negro ou o Choque das Raças, título invertido na primeira edição, foi publicado em forma de folhetim, em 1926, no jornal A Manhã. Há três personagens do "presente" ― Professor Benson, sua filha Miss Jane e Ayrton Lobo, por eles socorrido após um acidente ― e três "futuros", cujo conflito consiste na trama principal e justifica a obra. O romance tem suas virtudes, mas duvido que se dependesse dele Lobato tivesse a importância que tem hoje para a literatura nacional. Foi escrito com sua regra de acentuação característica, ou seja, quase nenhuma. É de se observar como este ponto será resolvido pela reedição iniciada recentemente. Enfim, expressa bastante seu ideal literário: "Escrevi até madrugada, sem rasuras, sem escolha de palavras, como se estivesse a correr no meu saudoso Ford ao acaso das estradas sem fim. (...) O Senhor Ayrton acaba de revelar-se um verdadeiro escritor ― impetuoso, irregular, incorreto, ingênuo, mas expressivo, original e forte". Há grande dose de humor, de ironia e de mordacidade bem ao estilo de Waugh, mas o desenlace é trágico.

N'O Presidente Negro, os personagens são mantidos na década de 20 do século passado. Ninguém vai ao futuro, nem vem de lá para contar o que se passará. Na verdade, o Professor Benson cria um aparelho denominado "porviroscópio" ― de "por vir" ―, aparelho este que reúne as condições mundiais atuais, equaciona-as e permite ver numa tela o que ocorrerá na data e local selecionados pelo usuário. O princípio nada mais é do que a lei de causa e efeito. Todavia, sabe-se lá por que motivo, Lobato fez seu Professor destruir a máquina antes de desencarnar, de forma que na maior parte do romance é Miss Jane quem relata o que viu, e isso tornou a narrativa um pouco cansativa. Erico Verissimo também escreveu um romance intertemporal, Viagem à Aurora do Mundo, no qual os personagens podiam ver o passado através de máquina análoga. Foi mais feliz relatando o que eles viam.

As previsões apresentadas no texto mesclam-se entre as viáveis e as puramente fantasiosas. Entre as primeiras encontra-se o trabalho à distância, que faria muitas pessoas trabalharem em casa e enviarem à empresa o serviço pronto mediante meios eletrônicos; jornais eletrônicos com noticiário em tempo real; eleições rápidas e mediante votos enviados à distância. Já as fantasiosas abrangem o desdobramento do homem, de modo que o indivíduo pudesse ouvir coisas distintas com os dois ouvidos e ver coisas diversas com os dois olhos e movimentar-se de forma diferente com cada perna e cada braço; a substituição do povo francês pelo mongol; a criação do Teatro Onírico, mediante a fixação dos sonhos em telas; a anexação do Canadá ao território dos Estados Unidos. É também imaginado o Intermundane Herald, um jornal que permitiria aos espíritos virem buscar notícias de seus familiares. Sobre este ponto, preferi fracionar a resenha e enviar um pequeno texto para publicação em veículo específico*.

Monteiro Lobato também previu que o então atual Brasil seria dividido. Uma parte se tornaria independente para então anexar a Argentina, o Paraguai e o Uruguai e formar a avançada e eficiente República do Paraná. Na outra parte, a ocupação principal seria discutir "sistema de voto e a colocação dos pronomes da semi-morta língua portuguesa".

Como dito, o principal do romance refere-se aos Estados Unidos. Que agitava, ou agitará, este país? Duas principais questões, a feminista e a racial, cujos conflitos agravaram-se no palco da eleição presidencial de 2228, disputada pelo candidato branco Kerlog, pela feminista Evelyn Astor e pelo negro Jim Roy. Será comum referir-me, no passado, a fatos que os personagens dizem ocorrer séculos adiante.

O feminismo é o aspecto menos preocupante. Lobato destila nas teorias feministas vindouras sua implicância com as teorias & feministas pretéritas. Estas, segundo ele, deixaram de ser mulheres, mas não conseguiram tornar-se homens. A tese central é de autoria da fictícia Miss Elvin ― daí o elvinismo ―, segundo quem a mulher não é a parceira natural do homem, mas outra espécie de vaga semelhança com o Homo sapiens, por ele seqüestrada em tempos recuados. Promovida a cisão sexual, a raça branca perdeu a eleição e a doutrina foi abandonada tanto por necessidade política, quanto pela saudade das mulheres de seus parceiros.

A outra questão é o embate racial, relevante o suficiente para servir de subtítulo ao romance. Declaro solenemente para os devidos fins de Direito que compreendo a espécie humana como única e indistinta, por mais que alguns exemplares queiram provar o contrário. Todavia, não usarei aspas o texto inteiro ao referir-me à distinção racial feita por Lobato. E-mails politicamente corretos, intimações e homens-bomba devem ser encaminhados à edição do Digestivo Cultural.

Se a humanidade fosse dividida em raças, e estas fossem constrangidas a conviver num território comum, duas seriam as saídas: a miscigenação ou a seleção. A solução brasileira, na realidade e na ficção, foi a miscigenação, criticada por tirar de cada raça o que ela teria de melhor e torná-la instável. Nos Estados Unidos fictícios, a opção foi pela seleção, pela eugenia. As teses eugênicas prosperaram nos meios brancos e negros. Na prática, os casais deveriam passar por vários testes antes de serem autorizados a procriar. Caso alguma criança insistisse em nascer com um defeito físico, ela seria descartada. Se o transtorno fosse mental e tardiamente manifestado, a saída estaria na castração. Idéias ridículas na teoria, perversas na prática, mas há dez anos meu professor de Medicina Legal defendia em sala de aula a "castração dos tarados", utilizando-se exatamente destes termos lobatianos. Observando melhor, este professor poderia estar "atirando no próprio pé". O índio norte-americano não foi considerado, pois em 2228 ele estaria extinto.

Quem a eugenia excluiria do meio social sadio? Basicamente, o pobre, o doente e o vadio, mas a sociedade perfeita obteve a eliminação, entre outros, dos histéricos, dos criminosos natos, dos místicos e dos gramáticos. Fortalecida em corpo e inteligência, a população norte-americana obteve avanços incríveis em todas as áreas. Embora a população ariana fosse sempre superior, a negra tornou-se um incômodo crescente, a ponto de se procurar um meio de evitar conflitos. A chamada solução branca seria o envio compulsório dos negros norte-americanos para o Vale do Amazonas. A solução negra, a divisão territorial. Neste impasse, chegou a ocasião da eleição presidencial. Estando a raça branca cindida pelas feministas partidárias de Miss Elvin, a candidatura de Jim Roy prosperou e ele foi vitorioso. Diante do inusitado, o elvinismo é abolido e a raça branca reunificada. Um conselho racial decide por uma medida drástica oculta pela sugestão de alisamento do cabelo dos negros.

Deveras. Se alguém tivesse coragem de escrever hoje um livro como este, certamente seria perseguido de todas as formas. Não sei qual seria o fundamento das inevitáveis ações judiciais, se o avanço da cidadania ou o "querer mostrar-se". De qualquer forma, observando o que Lobato escreveu tanto em sua obra infantil, quanto em sua obra adulta, considerando sua personalidade, suas obras e sua dedicação às idéias que julgava saudáveis ao país, a ponto de ser preso por elas, decorre que suas afirmações neste romance seriam consideradas ridículas se fatos posteriores não as tivessem transformado numa brincadeira de mau gosto.

O Presidente Negro foi escrito no período entre guerras, e é provável que Lobato tenha reavaliado o que escreveu ao saber das atrocidades ocorridas menos de vinte anos depois. Pode-se dizer que ele brincou com fogo e não gostou de saber que queima. Se foi leviano uma vez, dificilmente seria de novo. Em 10 de novembro de 1947, ele assinou o prefácio para o já esquecido livro Afinal, quem somos?, do também esquecido Pedro Granja. Disse o escritor: "AFINAL, QUEM SOMOS? É o título da obra, e já aí sofro o primeiro esbarro. Eu poria, AFINAL, QUE SOMOS? O 'quem' da primeira pergunta indica que somos gente ― mas seremos gente, Pedro Granja? Os horrores de Dachau e Buchenwald me deixam incerto".

No mundo tão evoluído como o apresentado pelo escritor, é justamente a questão racial que deveria ficar para trás. O contrário também é válido: Lobato pode ter querido dizer que o ser humano é tão tacanho, que apesar da passagem dos séculos e do avanço cultural e tecnológico, fica entretido com questões sobre qual raça ou sexo é melhor, qual deve prevalecer, qual deve ter quotas reservadas em universidade etc. E tais extremos serão alcançados se agora não for dado um basta nessas trivialidades. Afinal, como ele explicou no começo do romance, o futuro nada mais é do que a combinação de fatos presentes.

Nota do Autor
*Palavra Espírita de junho de 2008.

Para ir além






Ricardo de Mattos
Taubaté, 29/7/2008

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COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
3/6/2011
11h28min
Curioso o fim do seu texto. Os que defendem cotas para negros não defendem cotas "raciais", mas sim cotas para um grupo populacional que, historicamente, herdou condições sociais, econômicas e políticas que o mantém mais distante do acesso aos direitos sociais básicos do que os outros grupos sociais. Se fosse uma questão de raças, as universidades que aplicaram cotas para negros teriam adotado métodos científicos, de laboratório, exames sanguíneos para escolher quais candidatos seriam da raça adequada, e quais não. Logo, a maneira como você coloca a questão, como se estivesse sendo discutida em termos de "que raça é melhor", não corresponde de forma alguma à realidade.
[Leia outros Comentários de Cyrano]
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