Churchill, de Paul Johnson | Guilherme Pontes Coelho | Digestivo Cultural

busca | avançada
58897 visitas/dia
2,5 milhões/mês
Mais Recentes
>>> Festival SP Choro In Jazz apresenta a série online Sound Talks de 30 de abril a 9 de maio
>>> hoovaranas - Show do álbum Três (2024)
>>> Cine Nave apresenta sessão gratuita e seguida por debate em São Paulo
>>> Nos 100 anos de Surrealismo, editora paulista publica coletânea com textos fundamentais do movimento
>>> Matheus Fonseca lança ‘Feitiço Carioca’, uma bossa sobre amores inacabados
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> Mario Vargas Llosa (1936-2025)
>>> A vida, a morte e a burocracia
>>> O nome da Roza
>>> Dinamite Pura, vinil de Bernardo Pellegrini
>>> Do lumpemproletariado ao jet set almofadinha...
>>> A Espada da Justiça, de Kleiton Ferreira
>>> Left Lovers, de Pedro Castilho: poesia-melancolia
>>> Por que não perguntei antes ao CatPt?
>>> Marcelo Mirisola e o açougue virtual do Tinder
>>> A pulsão Oblómov
Colunistas
Últimos Posts
>>> Pondé mostra sua biblioteca
>>> Daniel Ades sobre o fim de uma era (2025)
>>> Vargas Llosa mostra sua biblioteca
>>> El País homenageia Vargas Llosa
>>> William Waack sobre Vargas Llosa
>>> O Agent Development Kit (ADK) do Google
>>> 'Não poderia ser mais estúpido' (Galloway, Scott)
>>> Scott Galloway sobre as tarifas (2025)
>>> All-In sobre as tarifas
>>> Paul Krugman on tariffs (2025)
Últimos Posts
>>> O Drama
>>> Encontro em Ipanema (e outras histórias)
>>> Jurado número 2, quando a incerteza é a lei
>>> Nosferatu, a sombra que não esconde mais
>>> Teatro: Jacó Timbau no Redemunho da Terra
>>> Teatro: O Pequeno Senhor do Tempo, em Campinas
>>> PoloAC lança campanha da Visibilidade Trans
>>> O Poeta do Cordel: comédia chega a Campinas
>>> Estágios da Solidão estreia em Campinas
>>> Transforme histórias em experiências lucrativas
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Sem mistério em Gosford Park
>>> Pynchon Contra o Dia
>>> Entrevista com o vampiro
>>> Bienal do Livro Bahia
>>> Querem acabar com as livrarias
>>> La buca de la verità
>>> Banana Republic
>>> Elon Musk Code Conference 2016
>>> Mabsa e seu jardim de estátuas
>>> Livros felizes
Mais Recentes
>>> Topicos de fisica 1 - mecanica (10º edição) de Helou - Gualter - Newton pela Saraiva (1992)
>>> Matematica 2º grau - volume unico de Manoel Jairo Bezerra pela Scipione (1994)
>>> Os Quatro compromissos - O livro da filosofia tolteca (33º edição) de Don Miguel Ruiz pela Best Seller (2020)
>>> Ballet - Fundamentos E Tecnicas de Gayle Kassing pela Manole (2016)
>>> Terra E Cinzas - um conto afegão de Atiq Rahimi pela Estacao Liberdade (2002)
>>> Conexão Com Deus - repensando o divino em nós de Rafael Papa pela Fergus (2019)
>>> The Secret Garden - stage 3 de Frances H. Burnett pela Oxford (2008)
>>> A Bíblia do Ayurveda de Anne McIntyre pela Nascente (2020)
>>> Educação de jovens e adultos de Maria Antonia de Souza pela Ibpex (2007)
>>> A maldição do tesouro do faraó (1º edição) de Sersi Bardari pela Atica (1991)
>>> A Arvore Que Dava Dinheiro (42º edição - com suplemento de trabalho) de Domingos Pellegrini pela Ática (1991)
>>> O Sol Da Liberdade (23º edição - com suplemento de leitura) de Giselda Laporta Nicolelis pela Atual (2010)
>>> Carta Para Voce - declaracoes de amor em tempos modernos de Joshua Knelman e outros pela Alfaguara (2009)
>>> Paschoal Lemme de Zaia Brandão pela Massangana (2010)
>>> Valnir Chagas de Aloyson Gregório de Toledo Pinto pela Massangana (2010)
>>> Lev Semionovich de Ivan Ivic pela Massnagana (2010)
>>> Maria Montessori de Hermann Rohs pela Massangana (2010)
>>> Roger Cousinet de Louis Raillon pela Massangana (2010)
>>> Sigmund Freud de Bernard Jolibert pela Massangana (2010)
>>> Jean-Jacques Rosseau de Michel Soetard pela Massangana (2010)
>>> Jan Amos Comênio de Jean Piaget pela Massangana (2010)
>>> John Dewey de Robert B. Westbrook pela Massangana (2010)
>>> Johann Herbart de Norbert Hilgenheger pela Massangana (2010)
>>> José Pedro Varela de Marta Dermachi; Hugo Rodriguez pela Massanagana (2010)
>>> Jean-Ovide Decroly de Francine Dubreucq pela Massangana (2010)
COLUNAS

Quarta-feira, 2/2/2011
Churchill, de Paul Johnson
Guilherme Pontes Coelho
+ de 6400 Acessos

Se até hoje você não leu a vida de Winston Churchill, narrada em várias biografias; nem leu suas memórias sobre as duas guerras mundiais do século XX, testemunhos de um dos seus principais personagens; nem leu ou ouviu seus discursos, muitos deles proferidos em momentos históricos e escritos numa prosa sublime, aconselharia que você se familiarizasse com este homem lendo Churchill, de Paul Johnson (Nova Fronteira, 2010, 160 págs., tradução de Gleuber Vieira).

Paul Johnson, um conservador jornalista e historiador inglês, escreveu uma biografia concisa e, principalmente, amigável de Churchill. Uma "pocket biography", escrita de forma charmosa, cuja leitura leva apenas um par de horas. Talvez menos, pela maneira elegante como o "perfil" foi escrito.

Paul Jonhson não conviveu com Churchill, há 54 anos de diferença entre eles, mas a virtude do seu livrinho é criar familiaridade entre o leitor e Winston. Uma familiaridade que mesmo o autor, de forma discreta, tenta mostrar com o próprio Churchill. Ele cita alguns encontros breves que teve com o lendário estadista. Uma vez, tinha Johnson dezessete anos, ele perguntou ao primeiro-ministro a que ele atribuía seu sucesso na vida. "Preservação de energia. Nunca ficar em pé quando pode sentar e nunca sentar quando pode deitar." Curioso é que, de acordo com esta e outras leituras de caráter biográfico, tudo leva a crer que Churchill, embora o tenha expressado em tom de anedota, parecia seguir seu princípio de preservação de energia.

Esta "prosa da familiaridade" é uma das características desta tradição britânica, a de escrever biografias. Dr. Samuel Johnson foi um mestre nesta arte, superado pelo seu próprio biógrafo, James Boswell, que escreveu uma biografia inovadora e, hoje, canônica. Ambos estabeleceram o que é biografar, e, no caso do Dr. Johnson, ser biografado ― embora só ele pareça dominado esta outra "arte". Conviveram anos, e Boswell, desde o primeiro encontro, foi o mais ouvinte dos acompanhantes, o mais presente dos convivas, o mais observador dos amigos. "Boswelliano" é o adjetivo para companhia permanente e observadora, a cargo de registrar tudo o que presencia.

A força desta tradição entre os britânicos é tanta que mesmo a biografia de bolso de Churchill por Paul Johnson é mais cuidadosa e confiável que muitas biografias que vemos por aí, autorizadas ou não, de figuras ilustres ou infames. Uma tradição que tanto produziu a Life of Johnson, de Boswell, impecável e prolixa, legível a partir de qualquer página (como disse Borges), quanto The Quest for Corvo, de A.J.A. Symons, um "experimento biográfico" que se assemelha a um romance policial: o biógrafo, Symons, escreve a própria pesquisa, tortuosa e instigante, e os motivos que o levaram a escrever sobre seu excêntrico biografado, Frederick Rolfe, romancista sagaz, pintor talentoso, efebófilo cristão. Mas estes dois exemplos são de outra categoria literária. O que Paul Johnson fez é mais rasteiro e digestivo, sem, no entanto, trivializar seu protagonista ― cuja história já foi tantas vezes escrita.

Escrever a vida de um herói sobre quem já se escreveu tanto é um complicador, mesmo que num breve texto jornalístico. A biografia de Churchill considerada oficial, cujos dois primeiros volumes foram escritos por seu filho Randolph Churchill e os demais por Martin Gilbert, que também os editou, é um monumento que serve menos para o leitor dito comum que para historiadores. Oito volumes abundantes em documentos e cartas, além da consagrada narrativa epopéica de Churchill.

Outro complicador é que este personagem deixou muita coisa escrita sobre si mesmo, e ele era muito bom escritor. As memórias dele, publicadas no Brasil sob os títulos Memórias da Primeira Guerra Mundial e Memórias da Segunda Guerra Mundial, são eloquentes volumes sobre as guerras que ajudaram a definir o século XX, escritos tanto com objetividade histórica quanto com sinceridade subjetiva. Estas duas dimensões pareciam muito bem equilibradas no universo de Winston Churchill, um homem que desde criança pensava grande ― ou imperialmente, como preferir. Essa maneira churchilliana de ver a história, no entanto, rendia comentários, de certa forma pertinentes, como o de Arthur James Balfour: "Winston escreveu um livro enorme sobre si mesmo e o denominou The World Crisis" (as Memórias da Primeira Guerra Mundial...).

Paul Johnson pintou um retrato pequeno mas fiel de Churchill. De forma breve mas não apressada, o leitor passa a conhecer Sir Winston Leonard Spencer-Churchill, um dos grandes do século passado. Está tudo lá no texto. O nascimento complicado, a infância problemática, a inaptidão acadêmica, a carreira como jornalista e escritor, a sagacidade política, o humor arguto, a energia inesgotável, os episódios de Tonypandy, Dardanelos e Dresden, a precoce desconfiança que Adolf Hitler lhe suscitava e a inigualável oratória. Ninguém depois dele teve uma relação tão poderosa com a palavra.

Para ir além






Guilherme Pontes Coelho
Brasília, 2/2/2011

Mais Guilherme Pontes Coelho
Mais Acessadas de Guilherme Pontes Coelho em 2011
01. A sordidez de Alessandro Garcia - 9/2/2011
02. Cisne Negro - 16/2/2011
03. Pequenos combustíveis para leitores e escritores. - 7/9/2011
04. Churchill, de Paul Johnson - 2/2/2011
05. Derrotado - 2/3/2011


* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site



Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




Palmas para João Cristiano
Ana Maria Machado
Mercuryo Jovem
(2004)



Princípios Fundamentais de Técnica Cirúrgica
Alaor Teixeira; Terezinha M. C. Teixeira
Educs
(1982)



A Ilha do Dr. Moreau
H G. Wells
Principis
(2020)



Lições De Ortografia
Venicius Telles
Cec
(2009)



Almanaque Brasileiro de Saúde e Cultura: Ano 1 Número 3
Elifas Andreato
Eurofarma
(2001)



A Confraria
John Grisham
Rocco
(2000)



Alm@s Gême@s On-line
Ivanir Pineda Sanches
Mundo Maior
(2005)



Documentos III Estatutos
Egon e Frieda Wolff
Do Autor
(1988)



A Musica Compoe o Homem, o Homem Compoe a Musica
Gregório José Pereira de Queiroz
Cultrix
(2001)



Sergio Telles - Bilíngue (português/francês)
Antonio Bento
Léo Christiano
(1980)





busca | avançada
58897 visitas/dia
2,5 milhões/mês