A metade da vida | Guilherme Pontes Coelho | Digestivo Cultural

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Quarta-feira, 14/1/2015
A metade da vida
Guilherme Pontes Coelho
+ de 4300 Acessos

(Este texto, republicado aqui com algumas edições, eu escrevi numa troca de e-mails com alguns amigos, por ocasião das festas de fim de ano. Somos todos aproximadamente da mesma idade, trinta e poucos. Cognominamos nosso grupinho de "The Club", à maneira de Samuel Johnson e Joshua Reynolds, que com certeza teriam algo bem-humorado a dizer sobre o que escrevi.)

Chegamos à metade das nossas vidas. Estamos cada vez mais próximos da morte. Há quinze anos, tínhamos uma eternidade à nossa frente. Hoje, nossa eternidade é tão limitada... Um passo em falso dado há dez, quinze anos não era tão determinante quanto um passo em falso hoje. Claro, sempre dá pra corrigir o erro, não importa a idade. Mas há uma diferença: antes era só passar uma borracha, continuar na mesma linha; agora, é arrancar a página, recomeçar todo o parágrafo; depois, em alguns anos, será jogar o caderno fora e recomeçar tudo.

Quanto mais o tempo passa, mais extenuante será a correção do curso - para quem precisa corrigir cursos, para quem ainda tem trajetórias a fazer, sobretudo as que demandam um corpo físico que cada vez temos menos. Feliz é quem chegou até aqui, entre nossos contemporâneos, sem ter precisado e sem necessitar, aparentemente, reavaliar a direção que tomou e na qual está agora. Mas mesmo pra esse felizardo de trilhos seguros, contemporâneo nosso, a realidade é a mesma: é a metade da vida. Uma vida que só será vivida uma vez. Para quem não acredita em alguma forma de vida espiritual pós-morte, esta é realmente a única, singular e exclusiva vida que se viverá. Para quem acredita que temos mais chances, neste plano ou noutro, em uma outra vida eterna ou em uma sucessão delas, a realidade também não muda muito: esta vida aqui, com estas pessoas e com estes conflitos, com estes sucessos e estes relativos fracassos, com estas cores e com estes cheiros e sabores, esta vida aqui também só será vivida uma única vez - não há duas versões iguais. Agora é a hora.

A hora, na verdade, sempre foi o agora. Cada passo, cada pensamento, cada palavra, cada gesto, tudo que fizermos nos jogará com mais força nos comportamentos que desenvolvemos nesta meia vida. Tudo que fizermos fará a correnteza do nosso ser correr mais rápido, inexoravelmente, em direção à pessoa que seremos no infinito segundo da nossa morte. Aquele segundo, ou milésimo de segundo, que imaginamos ser o momento desta epifania: "Agora eu morro".

Viemos de um tempo, a infância, em que a consciência de si mesmo acontece aos poucos e em meio a uma nébula de traumas e alegrias e avançamos o relógio em direção à consciência peremptória do fim inapelável. Hoje, estamos no meio do caminho, ainda vemos a nébula, já antevemos o fim. Mesmo parados no meio da estrada, sentindo o vento secar o suor da nossa testa, vemos a nébula se afastar e o paredão final se aproximar. Mesmo parados. Mas não podemos ficar parados. Será muito pior se pararmos. O tempo é recurso com vida própria e muito cruel, ele acelera para quem se distrai e se atrasa. Um dia o tempo acaba, sem prorrogações.

A vida é o único esporte em que a mesa-redonda é simultânea à partida. Temos uma mísera noite de réveillon como intervalo para o segundo tempo. Depois vamos acordar e voltar pro campo, e entraremos em campo sem ter trocado de uniforme, sem ter bebido água suficiente, sem jamais ter curado as contusões adquiridas no primeiro tempo, sem ter tido concentração suficiente para ouvir as palavras do treinador, porque procurávamos gelo pra passar no corpo. Mas entraremos em campo assim mesmo. Agora é fazer e confiar. Chegamos à metade das nossas vidas, senhores.


Guilherme Pontes Coelho
Brasília, 14/1/2015

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