Bernard Shaw on the lake | Eduardo Carvalho | Digestivo Cultural

busca | avançada
46027 visitas/dia
1,7 milhão/mês
Mais Recentes
>>> Exposição sobre direito das mulheres à cidade ocupa o Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica
>>> A Quatro Vozes canta o Clube da Esquina em Guararema pela Caravana Sotaques do Brasil
>>> Série para TV retrata o trabalho da Pecuária brasileira
>>> Na’amat promove espetáculo musical beneficente baseado em ‘Aladdin’
>>> Concertos gratuitos levam obras de Mozart e Schumann para a população em outubro
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> Olimpíada de Matemática com a Catarina
>>> Mas sem só trapaças: sobre Sequências
>>> Insônia e lantanas na estreia de Rafael Martins
>>> Poesia sem oficina, O Guru, de André Luiz Pinto
>>> Ultratumba
>>> The Player at Paramount Pictures
>>> Do chão não passa
>>> Nasce uma grande pintora: Glória Nogueira
>>> A pintura admirável de Glória Nogueira
>>> Charges e bastidores do Roda Viva
Colunistas
Últimos Posts
>>> Graham Allison no All-In Summit (2023)
>>> Os mestres Alfredão e Sergião (2023)
>>> Como enriquecer, segundo @naval (2019)
>>> Walter Isaacson sobre Elon Musk (2023)
>>> Uma história da Salon, da Slate e da Wired (2014)
>>> Uma história do Stratechery (2022)
>>> Uma história da Nvidia (2023)
>>> Daniel Mazini, country manager da Amazon no Brasil
>>> Paulo Guedes fala pela primeira vez (2023)
>>> Eric Santos sobre Lean Startup (2011)
Últimos Posts
>>> CHUVA
>>> DECISÃO
>>> AMULETO
>>> Oppenheimer: política, dever e culpa
>>> Geraldo Boi
>>> Dê tempo ao tempo
>>> Olá, professor Lúcio Flávio Pinto
>>> Jazz: 10 músicas para começar II
>>> Não esqueci de nada
>>> Júlia
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Peru com whisky
>>> Carandiru, do livro para as telas do cinema
>>> Jon Udell’s Interviews With Innovators
>>> Sim-me-drogo-sou-fútil-rica-e-escrevo-blogs
>>> Literatura de entretenimento e leitura no Brasil
>>> Querem proibir as palavras
>>> Blogo, logo existo
>>> O cinema de Weerasethakul
>>> A política brasileira perdeu a agenda
>>> Lady Gaga, uma aula do pastiche
Mais Recentes
>>> O Grande Industrial de Georges Ohnet pela Saraiva (1953)
>>> Aleijadinho: um artista muito especial de Mayara Maciel pela Instituto Muito Especial (2009)
>>> Farmhouse Cookbook de Rh Value Publishing pela Crescent (1994)
>>> Presença & Superação de Wanderley Pires pela Não Consta (2009)
>>> The Best of Sunset de Sunset Pub pela Sunset Pub (1992)
>>> A muito leal e heróica cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro de Gilberto Ferrez pela Editado por Raymundo de Castro Maya; Candido Guinle de Paula Machado; Fernando Machado Portella (1965)
>>> Mananciais no Deserto de Lettie Cowman pela Betânia (1999)
>>> Livro Direito Seguros para Riscos Ambientais de Walter Polido pela Revista dos Tribunais (2005)
>>> Abby Mandel's Cuisinart Classroom de Abby Mandel pela Cuisinarts (1984)
>>> Livro Critica Literária Pragmática para o Discurso Literário de Dominique Maingueneau pela Martins Fontes (1996)
>>> O Mestre Inesquecível de Augusto Cury pela Sextante (2006)
>>> (Cerâmica) From Bowl to Art: Arne Åse and Modern Norwegian Ceramics de Gunnar Danbolt pela Dreyer Bok (1994)
>>> Livro Capa Dura Literatura Estrangeira O Inferno é Aqui Mesmo de Luiz Vilela pela Círculo do Livro
>>> Livro Artes Dicionário Oxford de Arte de Ian Chilvers pela Martins Fontes (2001)
>>> A Cabana 512 de William P. Young pela Arqueiro (2008)
>>> Yoga Mitos E Verdades de Mestre Derose pela Martin Claret (1996)
>>> Livro Administração O Maior Vendedor do Mundo um Livro Que Poderá Mudar a Sua Vida de Og. Mandino pela Record (1968)
>>> Nietzsche - O Filósofo do Niilismo e do Eterno Retorno de Antonio C. Braga pela Livros Escala (2011)
>>> Livro Biografias I Am Ozzy de Ozzy Osbourne pela Grand Central (2009)
>>> Princípios de Química: Questionando a Vida Moderna e o Meio Ambiente de Peter Atkins; Loretta Jones pela Bookman (2011)
>>> O Homem mais inteligente da história 512 de Augusto Cury pela Sextante (2016)
>>> Contra a Perfeição de Michael Sandel pela Civilização brasileira (2013)
>>> Deficiências e propensões do ser Humano 512 de Carlos Bernardo González Pecotche pela Logosófica (2012)
>>> Livro Ensino de Idiomas Tiger Team 3 Progress Journal de Carol Read e Mark Ormerod pela Macmillan (2013)
>>> Livro Literatura Estrangeira Numa e a Ninfa de Lima Barreto pela Garnier (1989)
COLUNAS

Segunda-feira, 26/8/2002
Bernard Shaw on the lake
Eduardo Carvalho
+ de 6100 Acessos
+ 3 Comentário(s)

George Bernard Shaw

Jamais confunda Niagara Falls com Niagara-on-the-lake. Apesar das duas pequenas cidades canadenses estarem na beira do rio Niagara, a vinte minutos de distância uma da outra, a diferença dos seus estilos é praticamente a mesma que existe entre os acidentes geográficos que acompanham os seus nomes.

Niagara Falls é barulhenta e extravagante como as suas cataratas. Apesar da monstruosidade da queda, contemplá-la por mais de dez minutos é um exagero incompreensível, mas que, com a cuidadosa infra-estrutura disponível - barcos, pontes, observatórios etc. -, vira uma atividade obrigatória. E, depois de cinco horas encantado - ou, talvez, enganado - com as infinitas possibilidades da natureza, o turista desavisado se diverte com as outras ratoeiras: suas ruas estão infestadas de restaurantes temáticos e cassinos cafonas. As borboletas dos seus parques são, como todas as borboletas, uma gracinha, e os jardins da cidade são mesmo coloridos e bem cuidados - mas os casais de noivos que desfilam por eles, saindo de limosines e posando para fotos, estragam quase tudo. Acredite: as Cataratas do Iguaçu, aqui ao lado, são mais simpáticas e ainda mais impressionantes. O que sobra é poluído ônibus lotados e pessoas agitadas, dispostas, como sempre, a enfrentar filas quilométricas e a pagar preços exagerados com um sorriso constante - estamos todos de ferias, afinal.

Shaw Cafe Estão, quero dizer. Eu não. Não nessas férias. Há programas melhores e mais agradáveis, que nem sempre são divulgados, no Brasil, como mereceriam - e como são, de fato, pelo resto do mundo. Para quem passa um fim-de-semana em Niagara Falls, uma tarde de passeio por Niagara-on-the-lake é apenas um complemento opcional do pacote comum. Aproveitando a proximidade com as cataratas - e as curiosas belezas geográficas do caminho, que Winston Churchill classificou como "The prettiest Sunday afternoon drive in the world" - o turista convencional estica seu roteiro para conhecer, em mais ou menos três horas, a antiga capital canadense, que ainda conserva, concentrados na rua principal, prédios da época. O problema é que, para quem está interessado em algo mais do que comprar camisetas e chaveiros, esse é um desperdício incalculável. Niagara-on-the-lake merece, no mínimo, um fim-de-semana inteiro - com uma esticadinha de dez minutos, de repente, para conhecer as cataratas.

Royal Theatre Um fim-de-semana talvez não. Apesar de ônibus serem proibidos de estacionar a menos de dez minutos de caminhada do centro de Niagara-on-the-lake, e do acesso por transporte público à cidade ser consideravelmente restrito, é impossível impedir com total eficiência a entrada de pessoas inconvenientes a lugares públicos. Nas tardes de verão de sábado e domingo, então, é verdade que um pouco da praga que infesta Niagara Falls se estende até Niagara-on-the-lake, e pode-se inclusive ver, de vez em quando, pombinhos conduzidos por carruagens com cavalos brancos e grupos de japoneses fotografando o chão. Melhor escolher, se for possível, alguns dias da semana mesmo, quando a turba sazonal desaparece. E aí você pode desfrutar, com a tranqüilidade de um lago límpido, uma cidadezinha que, em poucos quarteirões, oferece um dos programas mais sofisticados do mundo.

Nessa cidade de dez mil habitantes é apresentado, todo ano, de abril a novembro, há 40 anos, um festival de teatro que é, como o próprio nome denota, de uma qualidade extraordinária: o Bernard Shaw Festival. São encenadas, atualmente, mais de uma dezena de peças, uma parte escritas por Shaw e outras, com esforço para não cair muito o nível, escolhidas de outros autores da mesma geração. Estão agora em cartaz, entre outras, Ceasar and Cleopatra e Candida, de Shaw; Detective Story, de Sidney Kingsley, Hay Fever, de Noel Coward, The House of Bernarda Alba, de Frederico Garcia Lorca, e Chaplin, de Simon Bradbury.

Court House Theatre O inglês Christopher Newton, que dirige o festival há 23 anos, manteve a tradição de escolher peças modernas, sem cair em modismos vulgares e tendências passageiras. Sua posição pode ter sido arriscada, mas o fato é que, durante os anos em que ele esteve no comando, o festival cresceu ininterruptamente, acumulando prêmios e dinheiro. 75% dos ingressos são vendidos, o que, comparando com a média dos teatros americanos, 35%, é animador. Além dos espetáculos diários, a programação inclui bate-papo com atores e diretores, visitas aos bastidores, brunch acompanhado por piano nos jardins do Festival Theatre, seminários com diretores, atividades para crianças, jantar de gala etc. As produções são regulares e competentes, e rendem ao festival, sempre quando é aberto, elogios nas mais famosas e exigentes publicações do mundo, do New York Times à New Yorker - o que exclui, naturalmente, revistas e jornais brasileiros (com a rara exceção, claro, deste Digestivo).

Festival Theatre Não sei qual foi o critério nem a primeira colocada, mas o site oficial da cidade, há algum tempo, anunciava que Niagara-on-the-lake foi eleita a segunda cidade mais bonita do mundo. Mesmo os visitantes apressados não discordariam. A rua principal, de uns dois quilômetros, começa em um cemitério aberto, ao lado direito, e, passando por lojas discretas e agradáveis restaurantes, desemboca no mais antigo campo de golfe da América do Norte . Os três teatros que recebem as peças - The Festival Theatre, The Court House e The Royal George Theatre - são, entre eles, diferentes, mas todos bonitos e confortáveis. The Festival Theatre, que é o principal, foi construído, em 1973, na entrada da cidade, no meio de um bosque. De dia, os intervalos das matinês são preenchidos por uma banda de jazz, que toca nos jardins - e, nas apresentações noturnas, do terraço aberto ouve-se o concerto de sapos e cigarras.

A conveniência de uma cidade pequena permite, depois, que todos voltem caminhando para os seus hotéis ou Bed & Breakfast. Está quase tudo fechado, às 23 horas, quando aproximadamente as apresentações da noite se encerram. Mas quem compartilha do único verdadeiro amor de Shaw - a comida - pode experimentar, antes, seus pratos favoritos, disponíveis em cardápios de vários restaurantes da cidade. Excelentes, por sinal - os restaurantes, digo, e não as combinações vegetarianas que Shaw apreciava.

Shaw Foi quando estrearam uma peça sua em Nova York, se não me engano, que os espectadores, preocupados em não perder o último trem para fora de Manhattan, pediram à produção que a apresentação fosse encurtada. Então o diretor escreveu para Shaw, explicando a situação e solicitando uma solução. Ao que Shaw simplesmente respondeu: "Que mudem o horário do trem". E a sua obra permaneceu intacta. Não é o caso, porém, do público nem da organização do Bernard Shaw Festival: por mais exigente que fosse, provavelmente inclusive Shaw - se tivesse visitado Niagara-on-the-lake - aprovaria a viagem.


Eduardo Carvalho
São Paulo, 26/8/2002

Mais Eduardo Carvalho
Mais Acessadas de Eduardo Carvalho em 2002
01. Com a calcinha aparecendo - 6/5/2002
02. Festa na floresta - 9/9/2002
03. Hoje a festa é nossa - 23/9/2002
04. Todas as paixões desperdiçadas - 23/12/2002
05. O do contra - 11/3/2002


* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

ENVIAR POR E-MAIL
E-mail:
Observações:
COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
26/8/2002
18h27min
Caro Eduardo, Para um país que não possui nem um prato típico, nada melhor do que homenagear, uns dos grandes escritores da lingua ingleses. Apesar de ser um páis sem rosto, os canadenses tem bom gosto.
[Leia outros Comentários de Otavio]
27/8/2002
11h03min
Fala Eduardo! Muito bom o seu texto (como sempre!). Vc só não falou da aventura que foi a corrida para tentarmos ir de barco para Niagara on the Lake e ao chegarmos atrasados no pier ver o barco se afastando lentamente...e a nossa cara de m... Um abração
[Leia outros Comentários de Emmanuel]
4/9/2002
3.
11h25min
Eduardo, devo concordar com o último comentário - como sempre, seus textos estão impecáveis tanto na escrita (não encontro - obviamente - erros de português), quanto no conteúdo. Quem sabe em breve eu visite essa cidade? Parabéns. Abração Chico
[Leia outros Comentários de Chico]
COMENTE ESTE TEXTO
Nome:
E-mail:
Blog/Twitter:
* o Digestivo Cultural se reserva o direito de ignorar Comentários que se utilizem de linguagem chula, difamatória ou ilegal;

** mensagens com tamanho superior a 1000 toques, sem identificação ou postadas por e-mails inválidos serão igualmente descartadas;

*** tampouco serão admitidos os 10 tipos de Comentador de Forum.




Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




Fortune-telling By Playing Cards
Nerys Dee
The Aquarian Press
(1982)



Carta a um Jovem Administrador - Edição Compacta
Idalberto Chiavenato
Campus
(2006)



Histórias de Tia Nastácia
Monteiro Lobato
Globinho
(2011)



Livro Literatura Estrangeira O Despertar dos Deuses
Isaac Asimov
Hemus
(1972)



Imagem Digital Aplicada
João Gomide
Campus
(2014)



Organic Chemistry
Lois F. Fieser e Mary Fieser
Reinhold
(1956)



Os Miseráveis
Victor Hugo
Ftd
(2002)



Les Races Humaines
A.C. Haddon
Félix Alcan
(1930)
+ frete grátis



O Caneco de Prata
João Carlos Marinho
Global
(2002)



Inclusão Escolar e suas Implicações
José Raimundo Facion
IBPEX
(2009)





busca | avançada
46027 visitas/dia
1,7 milhão/mês