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COLUNAS

Quinta-feira, 4/4/2002
Primeiro de Abril
Mario AV
+ de 6400 Acessos
+ 2 Comentário(s)

"O homem age como se fosse o mestre da linguagem, quando de fato a linguagem é o mestre do homem." - Heidegger

"Filosofia é a batalha contra o enfeitiçamento da nossa inteligência pela linguagem." - Wittgenstein

"O homem é prisioneiro e escravo da linguagem." - Lacan

"Somos excessivamente escravizados pelas palavras e pela lógica." - Suzuki

Meus amigos vivem num frenesi de ir e voltar dos Estados Unidos, especialmente depois do 11 de setembro ter represado as viagens de muitos deles e o preço das importações legais de Mac (Macintosh) ter ficado proibitivo. Um deles está, neste momento, em Paris. Parentes meus foram para a Espanha. E assim por diante. Enfim, todo mundo que conheço viaja na boa e só eu sigo carregando o fardo!

Pois eu também quero viajar!

Só que quero fazer a mais aventurosa e estranha viagem que um ser humano pode fazer: uma viagem através do espírito. Não quero mais viver atolado no sofrimento e na falta de sentido desta vida medíocre e repetitiva. E a libertação absoluta não é nada fácil, mas está ao meu alcance. Enfim, chegou a hora de dar as costas à minha carreira de ilustrador frustrado e escritor bissexto e encarar a meta suprema. Dessa forma, estou de mala feita - nos dois sentidos!

Neste sábado, estarei voando para o templo Kodaiji, da seita Soto Zen, que fica na linda cidade de Kyoto, Japão. Ali entrarei como funcionário. Mais para frente, tornarei-me um monge noviço.

Não tendo mais que rodar Photoshop por obrigação todo dia, ainda terei a oportunidade de acessar a Internet como webmaster do templo, ajudando a espalhar o Dharma pela comunidade cibernética.

E ainda poderei dar umas fugidinhas pra assistir aos jogos da Copa em horários decentes...

Como assim, não sei japonês? Sei sim, estou estudando o idioma furtivamente, desde 1988. A leitura profusa de mangás me auxiliou muito nesse caminho de auto-aperfeiçoamento cultural.

Julia (minha namorada, que obviamente viaja comigo) sabe mais japonês do que eu, mas já sei o suficiente para não tomar as varadas de admoestação do Roshi sem nunca saber sequer o motivo. (Se bem que os monges nativos levam algumas varadas sem entender nada, também.)

Mas agora tenho que dar um tapa urgente no sânscrito e no pali - talvez eu consiga um bico de tradução; nesse ramo há trabalho de sobra, já que apenas aproximadamente 2 por cento da literatura budista existente foi traduzida para alguma língua ocidental.

O endereço do templo para correspondência é 2-5-7 Teppo-cho,Yamagata-shi, Kyoto.

Devo estar instalado lá e trabalhando dentro de uns 20 dias. Não escreva antes...

Aos colegas que ficam, cumprimentos pelo bom trabalho e pela boa missão; votos de perseverança e de que a prosperidade tão merecida quanto postergada finalmente chegue.

Sayonara!

Update

OK. Era uma pegadinha de Primeiro de Abril...

Você acreditou?

A história que contei é plausível...

...apenas não neste momento.

Estou preso demais aos compromissos, à missão e ao estilo de vida que escolhi ter. Mas mudar não é impossível. Esse "estou preso" no fundo é só uma desculpa comodista e covarde.

Também quis acreditar na mentira... e muito! Como em toda boa mentira, muitas coisas nela são verdade. O templo e o link são reais. Eu realmente aprendi japonês (bem pouquinho, é vero) lendo mangá. Dar um chute em tudo e virar monge para dedicar o resto da vida unicamente a me ajudar e ajudar aos outros - não necessariamente nessa ordem! - também é uma aspiração verdadeira. Aproveitei a infame data e a expressei como se fosse verdadeira porque é uma visão surpreendentemente nítida que tenho. Talvez já seja "monge" sem saber.

Fico triste de a visão não ser real, principalmente porque, à medida que ganho idade, muitas coisas que eu tinha como essenciais estão deixando de ser, e outras estão adquirindo nova relevância, o que exige uma mudança geral de atitude. Na verdade o processo vem desde bem longe no tempo.

Todo mundo que se corresponde comigo se identifica com essa fantasia. Porque todos nós, nerds urbanos, compartilhamos porções variadas de escapismo, insatisfação, angústia, cansaço, consciência amarga das oportunidades de progresso espiritual que deixamos pra trás com desculpas idiotas como falta de tempo e falta de dinheiro, e a perspectiva heróica de superar tudo isso com uma ruptura radical.

Fazer uma grande viagem ajuda, mas não é nela que está a grande sacação, e sim na viagem interior, como na famosa frase de Wordsworth descrevendo Newton:

"...a mind for ever voyaging through strange seas of thought, alone."

Nela a gente não pode levar acompanhantes e não sabe como (ou se) irá voltar.

Os que ficam simplesmente bravos comigo (por causa da piada) não compreendem algumas dessas coisas. Mas não vou tentar convencê-los de nada: só posso lhes pedir desculpas por eu não ser tudo o tinham em conta de mim, e agradecer a preocupação.

De resto, mentir um dia por ano me parece bem melhor do que mentir todo dia.

Para ir além

Blog do Mario AV


Mario AV
São Paulo, 4/4/2002

Quem leu este, também leu esse(s):
01. Duas distopias à brasileira de Carla Ceres
02. Educação divertida e diversão educativa de Carla Ceres
03. Memória Visual dos Aborígenes Australianos de Pedro Paulo Rocha


Mais Mario AV
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COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
4/4/2002
10h36min
Muito legal seu artigo, eu também já tive vontade de me transformar em uma pessoa zen , quase consegui só não tive sucesso pois o apego ao mundo material é forte , e também prefiro transformar este mundo num lugar mais habitável. Faço agronomia e com isso espero conter elementos desfavoráveis como a fome que se alastra pelo mundo . Penso em usar esta filosofia de meditar somente nas horas que as adversidades do mundo se abatam sobre minha pessoa e nesse momento achar o equilibrio para continuar minha missão para ter um mundo cada vez melhor. Cada um tem uma missão se todos completarem, o mundo será cada vez melhor. Vamos equilibrar tudo em todos os sentidos.
[Leia outros Comentários de Vinicius Brown]
5/4/2002
10h42min
Eita nós! Agora é o Mario AV em quem eu esbarro aqui no meio do Digestivo Cultural. Isso aqui está começando a ficar bem frequentado. Onde é que eu larguei minha gravata, mesmo?
[Leia outros Comentários de Rafael Lima]
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