Paradoxos da modernidade | Pedro Maciel

busca | avançada
47418 visitas/dia
1,7 milhão/mês
Mais Recentes
>>> Começa o Cerrado Cup, o maior circuito itinerante de e-sports do DF
>>> “Malina” é o primeiro e único romance de uma trilogia inacabada da austríaca Ingeborg Bachmann
>>> Kitchen, de Banana Yoshimoto
>>> Galeria de Arte São Luís: 1959-1966
>>> Um ano no Japão: Descubra o Japão que vai além dos roteiros turísticos
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> A dobra do sentido, a poesia de Montserrat Rodés
>>> Literatura e caricatura promovendo encontros
>>> Stalking monetizado
>>> A eutanásia do sentido, a poesia de Ronald Polito
>>> Folia de Reis
>>> Mario Vargas Llosa (1936-2025)
>>> A vida, a morte e a burocracia
>>> O nome da Roza
>>> Dinamite Pura, vinil de Bernardo Pellegrini
>>> Do lumpemproletariado ao jet set almofadinha...
Colunistas
Últimos Posts
>>> O coach de Sam Altman, da OpenAI
>>> Andrej Karpathy na AI Startup School (2025)
>>> Uma história da OpenAI (2025)
>>> Sallouti e a história do BTG (2025)
>>> Ilya Sutskever na Universidade de Toronto
>>> Vibe Coding, um guia da Y Combinator
>>> Microsoft Build 2025
>>> Claude Code by Boris Cherny
>>> Behind the Tech com Sam Altman (2019)
>>> Sergey Brin, do Google, no All-In
Últimos Posts
>>> Política, soft power e jazz
>>> O Drama
>>> Encontro em Ipanema (e outras histórias)
>>> Jurado número 2, quando a incerteza é a lei
>>> Nosferatu, a sombra que não esconde mais
>>> Teatro: Jacó Timbau no Redemunho da Terra
>>> Teatro: O Pequeno Senhor do Tempo, em Campinas
>>> PoloAC lança campanha da Visibilidade Trans
>>> O Poeta do Cordel: comédia chega a Campinas
>>> Estágios da Solidão estreia em Campinas
Blogueiros
Mais Recentes
>>> O coach de Sam Altman, da OpenAI
>>> Por que quero sair do Orkut (mas não consigo)
>>> Capitalismo sob fogo cerrado
>>> Literatura Falada (ou: Ora, direis, ouvir poetas)
>>> Joey e Johnny Ramone
>>> Portal dos Livreiros: 6 meses!
>>> Telemarketing, o anti-marketing dos idiotas
>>> Elizabeth — A Era de Ouro
>>> Um Oscar para Christopher Nolan
>>> O voo de galinha do Brasil
Mais Recentes
>>> Fundamentos De Economia de Marco Antonio S. Vasconcellos pela Saraiva (2002)
>>> O Cuidado do Morar (coleção Escola de Saúde Pública) de Analice de Lima Palombini... [et. al.] (Org.) pela Secretaria de Estado da Saúde do RS (2014)
>>> Matemática Financeira Descomplicada: Para Os Cursos De Economia, Administração E Contabilidade de Gustavo Faria De Oliveira pela Atlas - Grupo Gen (2013)
>>> Exclusivos de Pérola Bensabath (Coord.) pela Alternativa
>>> A Outra Face Da Doença: A Saúde Revelada Por Deus de Mokiti Okada pela fundação Mokiti Okada
>>> Os Grandes Iniciados - Vol 1: Rama de Édouard Schuré pela Martin Claret (2003)
>>> Feng-shui: A Ciência Do Paisagismo Sagrado Na China Antiga de Ernest J. Eitel pela Ground (1985)
>>> Extase (serie: Fallen) de Lauren Kate pela Galera Record (2012)
>>> Atitude Empreendedora de Larry C. Farell pela Editora Sextante
>>> Os Anjos Espíritos Protetores de Penny McLean pela Pensamento (1997)
>>> Grey: Cinquenta Tons De Cinza Pelos Olhos De Christian de E L James pela Intrinseca (2015)
>>> Planejamento e Decoração de Vários Colaboradores pela Todos os Tempos
>>> Doença Mental E Psicologia (Biblioteca Tempo Universitário 11) de Michel Foucault pela Tempo Brasileiro (1975)
>>> Quem Me Roubou De Mim? de Pe. Fabio De Melo pela Planeta Do Brasil - Grupo Planeta (2013)
>>> Opus Dei: A Falsa Obra De Deus Alerta As Familias Catolicas de Elizabeth Castejon, Lattaro Silberstein pela N/a (2005)
>>> A Mente Acima Do Dinheiro. O Impacto Das Emoções Em Sua Vida Financeira de Brad Klontz pela A mente acima do dinheiro (2017)
>>> Um Milhão De Anos Em Um Dia. Da Idade Da Pedra À Era Do Smartphone de Greg Jenner pela Leya Brasil (2015)
>>> O Gozo Das Feiticeiras de Márcia Frazão pela Bertrand Brasil (2001)
>>> Semideuses E Monstros de Rick Riordan pela Intrinseca (2014)
>>> A Culpa E Das Estrelas de John Green pela Intrinseca (2012)
>>> Qual Seu Número? de Karyn Bosnak pela Editora Novo Conceito (2011)
>>> Máquina De Armas de Warren Ellis pela Novo Seculo (2014)
>>> Diário de um Repórter: 50 anos sem medo de Flávio Alcaraz Gomes pela Mercado Aberto (1995)
>>> As minhas Ilhas: fragmentos de vagem de Felipe Daiello pela Age (2006)
>>> A Língua Inglesa Na África: Opressão, Negociação, Resistência de Ângela Lamas Rodrigues pela Unifesp (2011)
ENSAIOS

Segunda-feira, 18/4/2005
Paradoxos da modernidade
Pedro Maciel
+ de 14200 Acessos
+ 1 Comentário(s)

"É preciso ser absolutamente moderno", proclamava Rimbaud. A modernidade se inicia em meados do século 19 com Baudelaire e Flaubert na literatura, Manet e Courbet na pintura, seguidos pelos impressionistas e simbolistas (Cézanne e Mallarmé) e pelos cubistas e surrealistas, que representariam somente uma modernidade mais exaltada. Antoine Compagnon, em Os cinco paradoxos da modernidade, Ed. UFMG, narra a história dessa modernidade, desde o aparecimento da primeira obra considerada moderna, a Olympia de Manet, para ele o primeiro paradoxo.

Compagnon discorre sobre o segundo paradoxo dos tempos modernos, ressaltando as colagens de Picasso e Braque, os caligramas de Apollinaire, os ready-mades de Duchamp, os quadros abstratos de Kandinski e a Recherche de Proust. O terceiro paradoxo, para ele, é o manifesto do surrealismo, datado de 1924. A pop art e a sua relação com o mercado é o quarto paradoxo e, o quinto, é a história do pós-moderno.

O crítico Copangnom ainda discute a morte da arte no capítulo "O Mercado dos Otários: Expressionismo e arte pop". Como Octávio Paz anotou, "a rebelião tornou-se comportada, a crítica retórica, a transgressão cerimônia. Não digo que vivemos a morte da arte, mas vivemos a da idéia da morte da arte moderna".

Para Compagnom, desde 1919, quando Duchamp rabiscou um bigode e um bode numa reprodução fotográfica de A Gioconda, já se anunciava o fim da arte. Este suposto "fim" se manifesta, por exemplo, nas reproduções em serigrafias dos ícones populares de Andy Warhol. Ou em Duchamp, que se auto-intitulava "anti-artista" e sua obra (os roto-relevos e os ready-mades), onde questiona as noções ligadas à obra de arte, como criatividade, originalidade, beleza, autonomia. Toda a obra de Duchamp antecipa as idéias do filósofo Walter Benjamin, autor do ensaio "A obra de arte na era da sua reprodutividade técnica".

Warhol retomaria a obra de Duchamp sob o ponto de vista da crítica e do mercado. A arte contemporânea passa a ser apenas uma mercadoria. "A oposição entre o artista e o público, entre cultura de elite e cultura de massa, se dissolveu", diz Compagnon. A mídia passa a ser a grande parceira da arte e não mais a tradição. A arte pop é o começo do desfecho das previsões das vanguardas históricas, nihilistas e futuristas.

Desde então, não haveria mais necessidade de inovação. Do dândi de Baudelaire, encarnação do herói moderno, só restam os farrapos na roupa de couro negro de Warhol. Mas onde foi parar a melancolia? A arte, totalmente desprovida de transcendência, se reduz a uma especulação.

"Oposta à estética clássica" – escreve Compagnon – "cuja ambição é de transcender o tempo, a estética romântica (...) repousa num mal-estar experimentado na sua relação com o tempo, na consciência do inacabado da história". Flaubert anotou que "a imbecilidade consiste em querer concluir".

Para Compagnon, a história da arte moderna começou com os românticos e está terminando com o movimento pós-moderno. É impossível ser pós-modernista, porque o moderno é o recente, o atual, o agora. A modernidade é um projeto burguês, para todos os efeitos, e a pós-modernidade é a decadência deste projeto. O pós-moderno é a cura da superstição do novo, um movimento anti-moderno, pré-moderno ou ultra-moderno? A pós-modernidade é uma releitura da arte clássica e das vanguardas do princípio do século. Segundo Oscar Niemeyer, "o mérito que existiu no pós-moderno foi o de ter acabado com o racionalismo da Escola Bauhaus".

Mas o pós-modernismo também insurge contra o purismo geométrico, "rompe com o estilo funcional internacional e reivindica o direito ao ecletismo, ao localismo e à reminiscência", segundo Compangnon. A máxima dos modernistas diz que "da função decorre a forma" (form follows function) e os pós-mdernistas ironizam num jogo de palavras: "do fiasco decorre a forma" (form follows fiasco).

O pós-modernismo e seu ecletismo, como já dizia Lytoard, "é o grau zero da cultura geral contemporânea(...) É fácil encontrar um público para as obras ecléticas, fazendo-se kitsch, a arte lisonjeia a desordem que reina no gosto do amador. O artista, o crítico e o público, juntos, deleitam-se com tudo e a hora é de relaxamento."

Nota do Editor
Ensaio gentilmente cedido pelo autor. Originalmente publicado no caderno "Idéias/Livros", do Jornal do Brasil, a 31 de maio de 1997.


Pedro Maciel
Belo Horizonte, 18/4/2005
Quem leu este, também leu esse(s):
01. Legado para minha filha de Eugenia Zerbini
02. Artistas não são pirados de Ronaldo Correia de Brito


Mais Pedro Maciel
Mais Acessados de Pedro Maciel
01. Italo Calvino: descobridor do fantástico no real - 8/9/2003
02. A arte como destino do ser - 20/5/2002
03. Antônio Cícero: música e poesia - 9/2/2004
04. Imagens do Grande Sertão de Guimarães Rosa - 14/7/2003
05. Nadja, o romance onírico surreal - 10/3/2003


* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

ENVIAR POR E-MAIL
E-mail:
Observações:
COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
1/6/2005
12h19min
Olá, Pedro, gostei do seu artigo, achei rico e possui uma bela síntese de combinação e interligação da preciosa arte de séculos passados com a cultura hodierna. Aprecio esse estilo de pensar. Um abraço, Tania
[Leia outros Comentários de Tania Montandon]
COMENTE ESTE TEXTO
Nome:
E-mail:
Blog/Twitter:
* o Digestivo Cultural se reserva o direito de ignorar Comentários que se utilizem de linguagem chula, difamatória ou ilegal;

** mensagens com tamanho superior a 1000 toques, sem identificação ou postadas por e-mails inválidos serão igualmente descartadas;

*** tampouco serão admitidos os 10 tipos de Comentador de Forum.

Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




Um milhão de quilômetros em mil anos
Donald Miller
Garimpo
(2010)



Caderno Pedagogico 1º Tema Gerador Ser Pessoa Humana
Paulus
Paulus
(1999)



Beijada Por Um Anjo 2
Elizabeth Chandler
Novo Conceito
(2010)



The Doors - the Illustrated History
Danny Sugerman
William Morrow
(1983)



Educação do Campo
Aracy Alves Martins/ Maria Isabel Antunes Rocha
Autêntica
(2009)



O Nascimento de Jesus - uma História Ilustrada Com Lindas Imagens...
N/d
Publifolha
(2010)



Acidentes do Trabalho
José Luiz Dias Campos
Ltr
(1991)



Textos modos de produção na antiguidade 418
Jaime Pinsky
Global
(1982)



As Duas Primeiras Leis: uma Introdução à Termodinâmica
José G. Chaui-berlinck; Ricardo A. Martins
Unesp
(2013)



O Festim Dos Corvos - As Cronicas De Gelo E Fogo Livro Quatro
George R. R. Martin
Leya
(2012)





busca | avançada
47418 visitas/dia
1,7 milhão/mês