O amor que choveu | Antonio Prata

busca | avançada
42097 visitas/dia
2,9 milhões/mês
Mais Recentes
>>> Feira de vinis especializada em reggae desembarca no Festival Mucho em dezembro
>>> 9ª Edição do Encontro Internacional de Mulheres Palhaças (EIMPA) recebe dezenas de atrações com mais
>>> Teatro- Cidadão em Construção - Ultima apresentação no CEU
>>> 26º Cirandança reúne 1200 alunos das Oficinas de Dança durante 6 dias no C.C. Diadema
>>> IOLE DE FREITAS NO PAÇO IMPERIAL, RIO DE JANEIRO
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> Esporte de risco
>>> Tito Leite atravessa o deserto com poesia
>>> Sim, Thomas Bernhard
>>> The Nothingness Club e a mente noir de um poeta
>>> Minha história com o Starbucks Brasil
>>> O tipógrafo-artista Flávio Vignoli: entrevista
>>> Deixe-me ir, preciso andar, vou por aí a procurar
>>> Olimpíada de Matemática com a Catarina
>>> Mas sem só trapaças: sobre Sequências
>>> Insônia e lantanas na estreia de Rafael Martins
Colunistas
Últimos Posts
>>> Tucker Carlson no All-In
>>> Keleti: de engenheiro a gestor
>>> LeCun, Bubeck, Harris e a inteligência artificial
>>> Joe Satriani tocando Van Halen (2023)
>>> Linger by IMY2
>>> How Soon Is Now by Johnny Marr (2021)
>>> Jealous Guy by Kevin Parker (2020)
>>> A última canção dos Beatles (2023)
>>> No Time To Die by Meg Mac
>>> Praise You by The Belligerents (2015)
Últimos Posts
>>> Sarapatel de Coruja
>>> Culpa não tem rima
>>> As duas faces de Janus
>>> Universos paralelos
>>> A caixa de Pandora do século XX
>>> Adão não pediu desculpas
>>> No meu tempo
>>> Caixa da Invisibilidade ou Pasme (depois do Enem)
>>> CHUVA
>>> DECISÃO
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Mas sem só trapaças: sobre Sequências
>>> Quando um livro encontra seu leitor
>>> Novos Melhores Blogs
>>> Let’s give him the respect he’s giving us
>>> A Pantera Cor de Rosa, com Steve Martin
>>> O Canto de cisne dos Super Heróis
>>> Caí na besteira de ler Nietzsche
>>> País do Carnaval III
>>> Meu cinema em 2010 ― 2/2
>>> Dar títulos aos textos, dar nome aos bois
Mais Recentes
>>> Dominando o Ciclo de Mercado - Aprenda a reconhecer padrões para investir com segurança de Howard Marks pela Alta Books (2020)
>>> Como Chegar ao Sim - Como negociar acordos sem fazer concessões de Roger Fisher; William Ury; Bruce Patton pela Sextante (2018)
>>> Diário de Pilar na Amazônia(Nova edição): Urgente de Flávia Lins e Silva pela Zahar (2023)
>>> Fora de série - Outliers: Descubra por que algumas pessoas têm sucesso e outras não de Malcolm Gladwell pela Sextante (2011)
>>> Foco - A atenção e seu papel fundamental para o sucesso de Daniel Goleman pela Objetiva (2014)
>>> Manual da Traição (02) de Jonathan Spence pela Companhia das Letras
>>> Shan - (02) de Eric Van Lustbader pela Record
>>> Cyclops - (02) de Clive Cussler pela Best Seller
>>> Armagedão - Coleção Século XX - (02) de Leon Uris pela Não Informado
>>> A Rainha do Fogo - Livro 3 da Trilogia `A Sombra do Corvo" (02) de Anthony Ryan pela Leya (2017)
>>> A Ruptura - World Warcraft (02) de Christie Golden pela Galeria (2013)
>>> A Canção do Sangue - Livro 1 da Trilogia "A Sombra do Corvo (02) de Anthony Ryan pela Leya (2014)
>>> O Dilema - (02) de John Grisham pela Rocco (2015)
>>> O Último Tiro, Jack Reacher em... (02) de Lee Child pela Bertrand (2012)
>>> Lz 99 -(02) de C. L. Mohn pela Landscape (2001)
>>> Battlefield 4 - Contagem Regressiva (02) de Peter Grimsdale pela Galera (2014)
>>> Amar e Ser Livre de Sri Prem Baba pela Harper Collins (2017)
>>> Amor & Ajuda de Daniela neves Santos pela BesouroBox (2013)
>>> O Dalai Lama fala de jesus de Dalai lama pela Fissus (2003)
>>> A Cor púrpura - Romance de Alice Walker pela Marco Zero (1982)
>>> A Arte de meditar de Mathieu Ricard pela Globo (2023)
>>> Bhagavad Gita de Krishna pela Martin Claret (2012)
>>> Comer, Treinar, Dormir de Drª Samira Layaum pela Prumo (2012)
>>> O Livro dos Espíritos de Allan Kardec pela Nova Visão (2021)
>>> Cirinéia Iolanda Maffei de Retratos de Nazaré pela Boa Nova
ENSAIOS

Segunda-feira, 28/7/2008
O amor que choveu
Antonio Prata
+ de 15800 Acessos
+ 16 Comentário(s)

Era uma vez um menino que amava demais. Amava tanto, mas tanto, que o amor nem cabia dentro dele. Saía pelos olhos, brilhando, pela boca, cantando, pelas pernas, tremendo, pelas mãos, suando. (Só pelo umbigo é que não saía: o nó ali é tão bem dado que nunca houve um só que tenha soltado).

O menino sabia que o único jeito de resolver a questão era dando o amor à menina que amava. Mas como saber o que ela achava dele? Na classe, tinha mais quinze meninos. Na escola, trezentos. No mundo, vai saber, uns dois bilhões? Como é que ia acontecer de a menina se apaixonar justo por ele, que tinha se apaixonado por ela?

O menino tentou trancar o amor numa mala, mas não tinha como: nem sentando em cima o zíper fechava. Resolveu então congelar, mas era tão quente, o amor, que fundiu o freezer, queimou a tomada, derrubou a energia do prédio, do quarteirão e logo o menino saiu andando pela cidade escura ― só ele brilhando nas ruas, deixando pegadas de Star Fix por onde pisava.

O que é que eu faço? ― perguntou ao prefeito, ao amigo, ao doutor e a um pessoalzinho que passava a vida sentado em frente ao posto de gasolina. Fala pra ela! ― diziam todos, sem pensar duas vezes, mas ele não tinha coragem. E se ela não o amasse? E se não aceitasse todo o amor que ele tinha pra dar? Ele ia murchar que nem uva passa, explodir como bexiga e chorar até 31 de dezembro de 2978.

Tomou então a decisão: iria atirar seu amor ao mar. Um polvo que se agarrasse a ele ― se tem oito braços para os abraços, por que não quatro corações, para as suas paixões? Ele é que não dava conta, era só um menino, com apenas duas mãos e o maior sentimento do mundo.

Foi até a beira da praia e, sem pensar duas vezes, jogou. O que o menino não sabia era que seu amor era maior do que o mar. E o amor do menino fez o oceano evaporar. Ele chorou, chorou e chorou, pela morte do mar e de seu grande amor.

Até que sentiu uma gota na ponta do nariz. Depois outra, na orelha e mais outra, no dedão do pé. Era o mar, misturado ao amor do menino, que chovia do Saara à Belém, de Meca à Jerusalém. Choveu tanto que acabou molhando a menina que o menino amava. E assim que a água tocou sua língua, ela saiu correndo para a praia, pois já fazia meses que sentia o mesmo gosto, o gosto de um amor tão grande, mas tão grande, que já nem cabia dentro dela.

Nota do Editor
Texto gentilmente cedido pelo autor. Originalmente publicado no blog de Antonio Prata no projeto Amores Expressos.


Antonio Prata
São Paulo, 28/7/2008
Mais Antonio Prata
Mais Acessados de Antonio Prata
01. Bar ruim é lindo, bicho - 17/9/2007
02. Direita, Esquerda ― Volver! - 25/2/2008
03. O amor que choveu - 28/7/2008
04. De cima da goiabeira - 23/4/2007
05. Diga: trinta e três - 20/9/2010


* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

ENVIAR POR E-MAIL
E-mail:
Observações:
COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
28/7/2008
11h58min
Imaginei que haveria no último parágrafo um desfecho para o impactante primeiro parágrafo. Não houve. Fica para o próximo, espero...
[Leia outros Comentários de Antonio P. Andrade]
30/7/2008
08h48min
Antônio, é raro encontrar um texto tão sensível, tão poético. Parabéns!
[Leia outros Comentários de Stella Bousfield]
30/7/2008
09h17min
Vou enviar pro meu filhão, dia desses ele teve que jogar seu primeiro amor em algum lugar, choramos juntos, mas tudo ficou como está, ele adquiriu mais experiência e resguardo ao se entregar, o que é uma pena. É a vida.
[Leia outros Comentários de Conceição]
30/7/2008
10h55min
Amor assim só com uma enxurrada de sentimentos, e com uma catastrofe imensa, a ponto de perder a bússula da ternura... que está pautando sempre na busca da razão... mas embevecida pela emoção.
[Leia outros Comentários de manoel messias perei]
30/7/2008
20h10min
Que texto maravilhoso de ler. Um amor tão grande assim só poderia terminar correspondido. Questionamentos fantásticos; o amor ao surgir gera tanta dúvida, uma inquietação medonha, um medo de doer. A gente lê, relê e quer ler de novo. Tão bom quanto amar.
[Leia outros Comentários de Cristina Sampaio]
31/7/2008
09h32min
Vou enviar agora mesmo p/ aminha filha, depois remeto o comentário dela e o meu. Abraço.
[Leia outros Comentários de Odete Teresa Sutili ]
13/8/2008
15h54min
Que lindinho! Adorei. O amor é o mandamento mais importante da Bíblia, sem o amor, nada somos. Uma gotinha deste amor já traria grandes transformações a esta humanidade corrupta e sem coração. Vocé foi sensível o bastante para fazer uma gotinha deste amor brotar em meus olhos. Parabéns.
[Leia outros Comentários de Solange Boy]
27/8/2008
11h46min
Ah! Esse amor encharcado deveria tomar conta do mundo! Se cada gotinha dele tocasse os fazedores de guerra, hein?!!! Seria uma belezura, né, não? Amei você, Antônio Prata, que prateia os devaneios do amor...
[Leia outros Comentários de Solange de Paula]
27/8/2008
21h55min
Que texto gostoso!!!
[Leia outros Comentários de Marcia Silva]
2/9/2008
00h48min
Tão sensível e imensurável o tamanho de um amor.... Ah, se todos pudessem dar e se aquele... soubesse receber. Cada um de nós um dia já jogou ou vai atirar ao mar um amor que não cabe dentro do peito.
[Leia outros Comentários de Denise Loureiro ]
5/9/2008
08h34min
Ao ler esse conto, tão cedo que era, pensei, de repente, que ainda estava dormindo... e que o texto diante de mim era um sonho... um sonho lindo... que só a sensibilidade poética do autor pode nos dar. Lindo texto. Comovente dos 8 aos 80. Obrigada por nos brindar com tanta beleza!
[Leia outros Comentários de Conceição Lafayette]
5/9/2008
09h52min
Belíssimo, tocante, como é bom ler e amar textos assim...
[Leia outros Comentários de Rubens Macedo]
5/9/2008
15h02min
Envolvente, emocionante, simplesmente maravilhoso! Um amor tão grande e tão puro, como não se vê há muito tempo entre a garotada... Comecei a ler, e quando percebi, estava recitando emocionada! Realmente viajei na leitura e no AMOR. Grande Abraço e muito obrigada! Fátima Meira
[Leia outros Comentários de Fátima Meira]
6/9/2008
01h36min
Poesia em forma de prosa. Que bonitinho! Que meigo!
[Leia outros Comentários de Jose A Rodrigues]
7/9/2008
19h27min
Ele preenche, exala, não se contém. Tão pequeno de nome, tão grande de tamanho. Quase infinito. Quando alocado na alma, faz sentir como crianças... não se sabe o que fazer com ele. Melhor doar! Deve ser distribuído, doado... embora nem sempre retribuído!
[Leia outros Comentários de Edi Kersting ]
25/5/2011
10h19min
Como sempre, uma maravilha de texto! Parabéns! Um texto que deveria ser lido pelos nossos pequenos, por todos os estudantes e mesmo aqueles que já estudaram, mas que mantêm na memória seus tempos de garoto apaixonado.
[Leia outros Comentários de Ryoki Inoue]
COMENTE ESTE TEXTO
Nome:
E-mail:
Blog/Twitter:
* o Digestivo Cultural se reserva o direito de ignorar Comentários que se utilizem de linguagem chula, difamatória ou ilegal;

** mensagens com tamanho superior a 1000 toques, sem identificação ou postadas por e-mails inválidos serão igualmente descartadas;

*** tampouco serão admitidos os 10 tipos de Comentador de Forum.

Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




Muito Além dos Seus Sonhos
Rosana Rios
Larousse do Brasil
(2010)



Obras completas Tomo 1
Gil Vicente
Cultura
(1946)



As Maiores Mentiras do Mundo
Alfredo Soria
Editor A
(2000)



O Último dos Moicanos - 1800
James Fenimore Cooper
Abril
(2012)



Livro Literatura Estrangeira Tigre de Papel
Oliver Rolin
Cosacnaify
(2006)



Livro de Bolso Culinária 200 Receitas de Pratos para Dois Coleção Culinária de Todas as Cores
Louise Blair
Publifolha
(2013)



Taunton's Home Workspace Idea Book
Neal Zimmerman
Taunton Press
(2002)



O Paciente e o Analista - Fundamento do processo Psicanalítico
Josh Sandler; Christopher Dare; Alex Holder
Imago
(1973)



Livro Religião A Passagem
Ricky Medeiros
Vida & Consciência
(2000)



A Mulher na Janela
A. J. Finn
Arqueiro
(2018)





busca | avançada
42097 visitas/dia
2,9 milhões/mês