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Quarta-feira, 6/6/2007
O rival
+ de 4200 Acessos
+ 8 Comentário(s)

O telefone que toca, ela que atende, ele que está a três mil quatrocentos e vinte e dois quilômetros de distância, do outro lado da linha e que fala, despreocupado, confiando que são assim próximos, chegados, mesmo em extremos geográficos irreconciliáveis.

Ela me olha, muda, escutando o fone mas com olhos fixos em mim, abana a cabeça como se a pessoa do outro lado da linha - ele, o amigo gay - a pudesse ver, mas olha para mim e seus olhos encerram uma pergunta e eu me pergunto qual seria e ela aponta o dedo na direção das prateleiras da sua sala e faz, com a mão, o gesto de escrever. Quer uma caneta, provavelmente quer papel também; ela faz gestos imperativos agora e eu não acho a porcaria das coisas na primeira tentativa, mas meto a mão por detrás dos livros, no vão que eles formam - livros de psicologia - e consigo capturar a Bic azul e volto, procurando o bloco de anotações que, para meu alívio, ela já achou e tem nas mãos.

Eu estava na casa dela, tinha passado ali para dizer que havia um filme na cidade, que estava passando nos cinemas e queria que ela fosse comigo, mas percebi que eu nunca teria a décima parte da atenção que ela demonstrava ter, conversando, atenta, com o amigo gay e distante - uma atenção de mulher faminta. As palavras dele enchiam, visivelmente, sua alma.

Eu não ouvia, claro, o que ele dizia, mas via no rosto dela o sorriso de criança feliz que, tantas vezes, em vão, eu tentara provocar. Fiz a ela sinais com as mãos, me despedindo. Fui em direção à porta, andando quase que de costas e me despedindo. Seu gesto de adeus, ainda que inconformado, me lançou porta afora, de novo para as ruas, de onde eu não deveria ter saído para ir até sua casa e fui, mãos nos bolsos da jaqueta, procurando os trocados para o ônibus, rumo ao centro da cidade, para ver o último super-herói americano e seu amor impossível, como o meu.


Postado por Guga Schultze
Em 6/6/2007 às 14h33

Quem leu este, também leu esse(s):
01. O gênesis na argila de Simone Oliveira
02. Pizzaria São Paulo de Adriana Carvalho
03. Nêumanne contra a Wikipedia de Julio Daio Borges


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COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
8/6/2007
20h37min
Guga, talvez os homens não entendam por que as mulheres têm um certo fascínio por amigos gays. Mas, não é difícil, para nós, entendê-los e admirá-los. Por eles terem um corpo de homem e uma alma de mulher a proximidade é fatal. No fundo, todas as mulheres gostariam que os homens as entendessem como os gays. Embora, o lado oposto, especificamente, macho, do homem, nos atraia e muito. Com os gays, podemos falar tudo, as mais escondidas intimidades, compartilharmos os desejos, como também discutirmos como os homens são, em seus diversos aspectos, e perguntarmos a eles se o cabelo está bom, se o vestido não te deixa mais gorda, se o sapato está combinando, se a casa está bem decorada e eles responderem COM ATENÇÃO, pois realmente entendem daquilo e sabem dar a opinião que as mulheres esperam. O perigoso é quando a mulher e o amigo gay se apaixonam pelo mesmo cara ou ela se apaixona perdidamente por esse amigo gay. Aí, a baiana roda, o bicho pega e salve-se quem puder. Bj. Dri
[Leia outros Comentários de Adriana]
12/6/2007
14h20min
Lindo conto, Guga, super delicado. A Adriana disse exatamente o que eu penso.
[Leia outros Comentários de Viva]
12/6/2007
16h51min
Adorei seu texto também Guga!
[Leia outros Comentários de Adriana Carvalho]
13/6/2007
00h42min
Faço coro com as meninas dos comentários, não há nada melhor nesse mundo do que um amigo gay. Talvez por eles serem inofensivos para nós mulheres, não precisamos seduzi-los, não precisamos ficar preocupadas se estão querendo algo mais, podemos simplesmente ser verdadeiras, assim como eles também o são e podemos nos esbaldar com mil neuras de relacionamentos e risadas espalhafatosas. Assim como as Adrianas, amo meus amigos gays, são os que abraço por mais tempo quando encontro, pois nunca quero largá-los.
[Leia outros Comentários de Bia Cardoso]
14/6/2007
08h28min
Ótimo conto. Simples e direto. Quanto à reação das meninas, bastante óbvia. É claro que elas precisam e adoram seus amigos gays. Mulheres são naturalmente competitivas, e raramente podem se abrir totalmente ou serem completamente amigas de outras mulheres. A relação competitiva é muito mais forte. E com os homens o problema todo está no que a Bia disse: seduções, preocupações, etc... Restam os gays, uma espécie de campo neutro nas relações femininas, uma espécie de mulher "café com leite", do ponto de vista das mulheres "de verdade". See Ya
[Leia outros Comentários de Fabricio Leotti]
14/6/2007
10h13min
O segredo dos gays esta na sinceridade usada com os amigos em geral. Depois de ter sofrido discriminacao por todos os lados, os gays aprenderam a ser mais gente, e assim acabam atraindo todo mundo. Nao digo somente as mulheres, mas os familiares em geral. O problema esta' em ser aceito uma vez. Depois disso, tudo fica mais facil. Nao queria que o mundo experimentasse a sinceridade somente depois de ser discriminado e nao aceito, mas esta e' a realidade da vida. Nem mesmo a cinematografia tem aceitado os gays como gente, pois esconderam os gays dos filmes a vida toda. Este tipo de discriminacao criou uma camada da populacao mais sensivel, mais honesta e mais pura em relacao a muitas coisas, e com isso as amizades sao mais cultivadas em torno da verdade, e nao em torno da rivalidade. Digo isso porque sou gay, e apesar de nao ser decorador nem cabelereiro, sei dar meus honestos palpites em tudo. Nao sou flamboyant, apenas sexualmente sou diferente do resto, e isso me fez mudar num todo.
[Leia outros Comentários de Milton Laene Araujo]
10/6/2008
21h01min
É... O problema é quando a gente se apaixona por esse amigo gay, e ama-ama-ama ele, mais do que a própria vida, e sabe que não pode viver sem ele, muito menos COM ele... É uma filial do Inferno.
[Leia outros Comentários de ana lima]
11/6/2008
12h57min
Não sei não se sou adepta dos amigos gays... Às vezes, eles podem ser tão cruéis. Reparam demais nos nossos defeitos físicos e falam deles sem tato nenhum. Mas estou generalizando total. Que coisa feia! Aliás, até esse negócio de "ah como é bom ter um amigo gay" já é uma baita generalização! Como se fosse, "ai, é tão bom ter um bichinho de estimação". Ué... se o cara for gay, mas não tivermos interesses em comum, não vai ter por que sermos amigos, não é?
[Leia outros Comentários de Juliana Dacoregio]
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