Sócrates e Xantipa, de Gerald Messadié | Ricardo de Mattos | Digestivo Cultural

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Quinta-feira, 18/9/2003
Sócrates e Xantipa, de Gerald Messadié
Ricardo de Mattos
+ de 9100 Acessos

"Livros são escritos sobre este ou aquele grande espírito da Antigüidade e o público os lê, mas não lê as próprias obras". (Schopenhauer)

O escritor e ensaísta Gerald Messadié é mais conhecido por sua biografia romanceada e em série sobre Moisés. Ao lado de Valério Massimo Manfredi, John Grishann, Tracy Chevalier, Christian Jacq, Margaret George, forma aquele grupo de escritores que buscam na vida profissional o enredo para um romance ou uma biografia romanceada. Para eles - advogados, historiadores, arqueólogos - a imaginação é subsidiária ao conhecimento técnico. Aliam o gosto pessoal pela escrita ao conhecimento adquirido na actividade profissional e completam seus livros com um enredo vendável. O arquiteto apreciador da literatura policial, se determinar-se a escrever o seu próprio livro, provavelmente elaborará a história d'um misterioso assassinato ocorrido na construção d'um prédio importante. Transbordarão detalhes técnicos e um deles certamente levará à descoberta do criminoso e dos seus motivos. Em algum lugar eu vi denominarem estes livros como "de estação": lançamentos preparados para as férias de verão, para serem lidos na praia e não deixarem maior rastro na vida do leitor.

Tenho em mãos um extracto de Parerga e Paralipomena publicado de forma independente n'um livro minúsculo com o título Sobre Livros e Leitura. As seguintes palavras cabem a este tipo de fabricação literária: "O que pode ser mais miserável do que o destino de tal público literário, obrigado a ler, a todo momento, as últimas publicações de cabeças absolutamente ordinárias, que escrevem apenas por dinheiro e que, por esta razão, existem sempre em grande número e conhecem apenas de nome as obras dos raros e superiores espíritos de todos os tempos e de todos os países!"

Sócrates e Xantipa - Um Crime em Atenas (Madame Sócrates, conforme o original) é uma mistura de investigação e tentativa de reconstituição do chamado "século de Péricles" - século V a.C - e aqui está sua justificativa. O autor pretende recriar as discussões políticas, o debate das ideias filosóficas, os hábitos dos atenienses à iminência da Guerra do Peloponeso. Tudo transparece artificial, lento, desprovido de elaboração, como se o próprio escritor começasse o livro cansado. Nota-se no posfácio autógrafo sua mania em comparar factos antigos com factos modernos ou recentes. Quiçá tenha "reinventado" os personagens com olhos em personalidades posteriores, o que não garantiu bom resultado.

Ele teve duas alternativas: ou escrever um romance policial, ou escrever sobre a vida do filósofo. Uniu-as n'uma só empresa como recurso para elevar as chances de leitura da sua obra. Ocorre um assassinato nas imediações da casa de Sócrates e sua mulher Xantipa - condenada à má fama eterna - empenha-se na descoberta do assassino e sua razão. Messadié conta sua estória partindo d'um mote irrelevante para a história do pensamento: o humor da mulher de Sócrates. Ele afirma seu ensejo em tirar dos antigos gregos, segundo seus próprios termos, uma aura de "santidade laica", pretendendo assim mostrá-los mais humanos. Se teve esta impressão de santidade, foi por ler as grandes obras sem a premissa da humanidade de seus autores.

No romance de Messadié, não se aprende mais sobre o filósofo do que se aprenderia lendo um bom livro de introdução à Filosofia - recomendo a colecção História da Filosofia Antiga de Giovanni Reale. Incabível portanto a desculpa de se fazer o leitor a apreender os conceitos históricos, filosóficos e políticos dos gregos de forma amena. Os iniciados não encontrarão nada de novo, os neófitos perder-se-ão e aqueles de estudo adiantado sequer lêem um livro assim. Se de forma sub-reptícia o autor experimenta dar nova interpretação às idéias daquele período, há um ponto no qual nem prestamos mais atenção nisso. Desejando o escritor homenagear aquelas pessoas, então viva em consonância com seus ensinamentos.

Porque é preferível conhecer os gregos directamente pelas suas obras. Primeiro Hesíodo e Homero passando-se a Heródoto e Tucídides: há aqui uma seqüência. Aliás, não se compreende a Eneida sem a leitura prévia da Ilíada e da Odisséia. Compreendendo a Eneida, entende-se a admiração de Dante por Virgílio. Seguem-se recolhas de textos filosóficos pré-socráticos, passando depois para Platão e Aristóteles. As escolas estóica, epicurista, cínica e neo-platónica levam-nos da Hélade ao mundo romano e cristão: n'um seremos recebidos por Cícero, Marco Aurélio (!), Epicteto; n'outro, principalmente por Santo Agostinho. Além de tudo isso, há o teatro. Há nas obras destas pessoas todas uma qualidade perene de ensinamentos e é surpreendente o quanto precisamos deles. Evidente o anacronismo de algumas destas lições, como a sugestão de Platão, n'A República, de que o Poder só deveria ser exercido por pessoas adrede preparadas para ele, após um longo aprendizado - "aprendizado" poderia ser substituído por "exercício de cargos menores". Hoje estamos convencidos da suficiência do voto livre d'um povo reconhecidamente isento e esclarecido para legitimar a ocupação dos cargos relevantes.


Ricardo de Mattos
Taubaté, 18/9/2003

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