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Quarta-feira, 13/6/2001
Cuecas Calvin Klein vencem eleições britânicas
Arcano9
+ de 3300 Acessos

Que tremenda decepção.

Parece até que estamos no auge do inverno e ninguém quis sair de casa. Sinceramente, meu amigo, eu esperava ver ALGUMA coisa nestas eleições de sete de junho por aqui. Uma ou outra bandeirola, algum cabo eleitoral, cartazes nas ruas. Candidatos malucos, um Enéas talvez. Promessas mirabolantes, algum sujeito garantindo a construção de uma ponte ligando Londres a Nova York - uma ótima idéia, já que os britânicos odeiam lembrar que estão na Europa. Isso até me faz citar uma famosa manchete de um tablóide daqui. Quem me contou foi meu irmão, não lembro que jornal era. Só sei que foi há alguns anos, numa época de muita chuva, quando as estradas ficaram bloqueadas, houve queda de árvores, de linhas de transmissão, enfim... A manchete: O Continente está isolado - sim, o continente, aquele continente lá, a Europa, que estava isolado, não a ilha.

Todo mundo adorou. Aliás, difícil encontrar alguém que não se divirta com o The Sun. Jornalista que sou, recomendo sempre: é o jornal mais perfeito que já li. Um periódico popularesco, superficial, machista... mas como é bem feito! As manchetes são muito bem sacadas. Os textos são concisos. Relaxam. E tem uma ideologia por trás. Viva a Grã-Bretanha, viva nós! (É a principal.) Nossas mulheres, nosso futebol, nossa cerveja, nossa rainha-mãe centenária! No campo político, a ideologia do Sun, nestas eleições, foi também bem simples: Conservadores, caiam fora!

Nestes tempos de pleito, a única política de que os britânicos quiseram saber foi a política de se manter bem longe dos políticos. E eu acho que foram corretíssimos. Explico: Tony Blair, o atual premiê e líder do Partido Trabalhista, tem um discurso. O líder do Partido Conservador, o de oposição, William Hague, tem outro bem diferente. O mesmo se aplica ao líder dos liberais-democratas, o terceiro maior partido, Charles Kennedy. Não obstante, ninguém sabe dizer qual a diferença entre eles. Em um documentário sensacional entitulado Politics isn't Working - Dumbed-Down Elections, o Channel 4 analisou as raízes dessa incomensurável apatia do eleitorado (que aliás, diga-se de passagem, não é obrigado a votar - para desespero dos candidatos). Um repórter foi à rua com extratos dos manifestos desses três principais partidos e pediu para uma série de pessoas identificar as respectivas agremiações às quais os textos estavam associados. Eu, que leio sobre política britânica e pensava que conhecia o assunto, errei os três. Eu e oito das nove pessoas entrevistadas. Em seguida, o documentário mostra vários discursos de Blair, Hague e Kennedy, sobre assuntos específicos como, por exemplo, qual política adotar em relação aos asilados políticos. Impressionante. Vi Hague e Blair usando quase as mesmas palavras, defendendo quase a mesma coisa. Depois, Blair e Kennedy, falando exatamente igual. Todos baseando seus discursos no que apontam pesquisas de opinião. O programa termina com a seguinte pergunta: como se empolgar com uma eleição em que você, na verdade, não sabe (nem tem como saber) a diferença entre os candidatos? Buscando o voto maciço do "eleitor médio", isto é, do eleitor que se dá ao trabalho de votar, os políticos daqui estão rapidamente perdendo o contato com a realidade - e, mais - esquecendo-se da importância de apresentar idéias diferentes e de maneira bem dissociada das demais.

(É isso mesmo, dura lex sed lex. Mesmo no Brasil. Se os políticos daí ainda não são todos iguais, pode esperar - eles estão todos louquinhos para o ser. Uma pena. Parece um processo inexorável.)

Nesse inferno politicamente confuso, de chamas cinzentas e pálidas, eis-me no metrô, rodeado de pessoas que lêem concentradas o The Sun e o The Mirror. O sujeito jamaicano lá no canto desce em Shepherd's Bush e deixa o Mirror, senta-se uma loirinha no lugar e rapidamente agarra o jornal para dar uma olhada. O outro sujeito, um loiro, despede-se em Notting Hill e eu herdo o The Sun. Os dois tablóides, os principais daqui, foram, nas últimas semanas, claramente, implacavelmente, impiedosamente hostis em relação a Hague e simplesmente ignoraram Kennedy. Quanto a Blair, bom, houve e há críticas, mas muito mais apoio. Ao contrário do Brasil em que certo jornal paulistano de circulação nacional demonstra aquele pudor de assumir uma posição por medo de parecer parcial ou sei-lá-o-quê, aqui os tablóides são diretos. Não gostou, azar. E, por Deus, como são poderosos! Vide 1992, por exemplo. O The Sun se voltou contra o então líder trabalhista, Neil Kinnock, prevendo o caos (se os trabalhistas vencessem a eleição geral). O vencedor foi o conservador John Major. Vide 1997. Major se deu mal quando o Sun mobilizou sua tiragem diária de cerca de quatro milhões de exemplares em favor do "novo trabalhismo" de Blair. E agora, apesar dos problemas de percurso e das infinitas besteiras que fez seu governo, o atual primeiro-ministro voltou a ter o apoio do tablóide.

É claro que esses jornais são, acima de tudo, para dar se risada - e aí reside sua força. Para apoiar este ou aquele candidato, eles impuseram um cotidiano criativíssimo, procurando formas para atrair o eLEITORado. Caricaturas sem fim, especialmente de William Hague (coitado, parece um ET, muito fácil ridicularizá-lo...). The Sun, manchete de 5 de junho: o jornal fez um concurso com três modelos de seios imensos, cada uma representando um dos principais partidos, e pediu aos leitores para escolherem e votarem na que tivesse melhor "plataforma política". A vencedora foi a peitura do partido Conservador, e a manchete ficou: How Come There's a Big Swing to the Tories? O The Mirror, manchete de 6 de junho: It's official, this election is Pants! O título é um trocadilho. Pants significa tanto cueca quanto entediante, aqui na Grã-Bretanha. E a razão da manchete foi o fato de Tony Blair ter revelado, durante a campanha, que usa cuecas samba-canção da Calvin Klein (segundo o jornal, as cuecas mais cool que existem).

Garanto. Como eu, outras milhares de pessoas neste país morreram de rir. Tony Blair se reelegeu; William Hague pediu afastamento da liderança do Partido Conservador. Não vou passar a usar essas cuecas, mas com certeza vou continuar lendo os tablóides. O Notícias Populares ainda tem muito o que aprender...

Para ir além

The Sun

The Mirror

Channel 4

Partido Trabalhista

Partido Conservador

Partido Liberal Democrata

Governo da Grã-Bretanha


Arcano9
Londres, 13/6/2001

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