DIGESTIVOS
>>> Notas >>> Além do Mais
Sexta-feira,
22/1/2010
A Magia da Pixar, de David A. Price
Julio
Daio Borges
+ de 14200 Acessos
|
Digestivo nº 450 >>>
Steve Jobs virou uma unanimidade. Atualmente, parece o ser humano mais próximo de ter o Toque de Midas. Mas nem sempre foi assim... Quando as histórias de Jobs e da Pixar se cruzaram, no livro de David Price, Steve havia renunciado à sua posição na Apple - o ar se tornara irrespirável na empresa que fundara -, isolava-se num casarão, apenas com um piano e uma moto, e continuava bilionário, mas estava "sem projeto"... A Pixar, por outro lado, não havia "engrenado" no universo da Lucasfilm; George Lucas se separara, sua ex-mulher o havia espoliado e a Pixar, deficitária, tornara-se "um luxo", apesar dos talentos em animação... Jobs, grande negociador, esperou, durante meses, o preço baixar, e arrematou a empresa por US$ 5 milhões. Mas não acertou a estratégia logo de início. Tentou converter a Pixar numa empresa de hardware, imaginando que os softwares de animação seriam tão revolucionários quanto as impressoras o foram, na época dos primeiros computadores Macintosh. Não funcionou... Jobs sustentou a brincadeira por uma década e US$ 50 milhões, quando, farto dos insucessos da Pixar, decidiu colocá-la, de volta, no mercado. Ofereceu... até para a Microsoft. Por sorte, havia um sujeito igualmente teimoso e talentoso - John Lasseter -, que, depois de sonhar acordado durante anos, convenceu a Disney a distribuir um longa de animação produzido na Pixar. Jobs estava no limite, mas aceitou, embora houvesse confiscado todas as ações dos empregados e retomado o controle da empresa - quando Toy Story despontava no horizonte... Foi um sucesso... E Jobs abriu capital, para depender, cada vez menos, da Disney, de seus financiamentos e de sua estrutura. Vieram outros sucessos: Vida de Inseto, Monstros S.A., Procurando Nemo e Os Incríveis... De repente, ficou claro para a Disney - principalmente depois da saída de Michael Eisner e do ultimato de Jobs (que prometera nunca mais negociar com ele) - que a aquisição da Pixar era inevitável. As animações tradicionais da turma do Mickey haviam perdido o viço, e ninguém melhor que Lasseter - um ex-funcionário (!) - para ressuscitar a Walt Disney Company. Tornou-se COO... E como a Pixar foi parcialmente adquirida com ações da Disney - por um valor de US$ 7,4 bilhões em 2006 -; e como Jobs era dono de 49,8% das ações da Pixar, o mesmo sujeito que refundava a Apple nos anos 2000, tornava-se, subitamente, o maior investidor, pessoa física, da Walt Disney Company... Essas e outras histórias, até Carros, até WALL-E, estão contadas no livro de David A. Price. Que, finalmente, mostra que Jobs errou também, porque é humano - mas que contribui, ainda assim, para sua atual consagração e unanimidade.
>>> A Magia da Pixar
|
|
Julio Daio Borges
Editor
Quem leu esta, também leu essa(s):
01.
A aposentadoria anunciada de Steve Ballmer, sucessor de Bill Gates (Internet)
02.
Hitler, de Ian Kershaw, pela Companhia das Letras (Além do Mais)
03.
Amar la Trama, de Jorge Drexler (Música)
04.
Gênio, de Harold Bloom (Literatura)
05.
Além do Mais em 2009 (Além do Mais)
* esta seção é livre, não refletindo
necessariamente a opinião do site
|
|
|