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Segunda-feira,
15/4/2002
Deus, o outro artista
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 77 >>>
Picasso virou grife. Caiu no gosto do mercado, quando Pablo ainda era vivo, e nunca mais se soube quem foi o pintor e qual a sua importância. A própria arte, hoje em dia, é assunto distante; “papo-cabeça” entre iniciados; conversa entre pessoas que apreciam... quadros (!). Já caminhavam para a “obsolescência” no começo do século – passado –, quando da mecanização e da industrialização, que trouxeram a fotografia e o cinema (esse, approposito, matou o teatro). Mas conhecer Picasso é fundamental. E o canal A&E Mundo, da HBO Brasil, oferece essa chance. Pablo Picasso está entre os cinco artistas retratados na “Semana de Pintores”, ao lado de Vincent Van Gogh, Fernando Botero, Andy Warhol e Mario Toral. É sempre estimulante revisitar o gênio em ebulição, o sujeito que expôs na Exposição Universal de Paris (em 1900), com parcos 19 anos. Depois, rever todas aquelas mulheres que inspiraram tantas reviravoltas e tantas fases: Fernande Olivier e “Les Demoiselles d’Avignon”; Eva Gouel e o cubismo; Olga Koklowa e o classicismo reinventado; Marie-Therèse Walter, a sexualidade e os estudos sobre o sono; Dora Maar e a exploração da angústia feminina; Françoise Gilot, a alegria e a luz; Jacqueline Roque, o isolamento e a morte. O problema de Picasso está justamente em sua vida ter sido quase tão interessante quanto sua arte. (Ou o contrário.) Desde as relações com Guillaume Apollinare, Gertrude Stein, os surrealistas e Jean Cocteau, Picasso sempre primou pela intensidade, pelo vampirismo e pela destruição. Faleceu em 1973 e levou consigo, na seqüência, um neto, um filho, uma amante (tendo enlouquecido, previamente, outras duas). Nem os faraós puderam tanto. Decifrar Picasso é ser por ele igualmente devorado.
>>> Pablo Picasso em "Biography" - Semana de Pintores - 15 a 19 de abril - 21 hrs. - Canal A&E Mundo - HBO Brasil
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Julio Daio Borges
Editor
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