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DIGESTIVOS
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Sexta-feira,
7/11/2003
Primavera
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 148 >>>
E o Teatro Municipal “ferveu” com o encerramento da temporada 2003 do Mozarteum Brasileiro, sob o comando de Frank Peter Zimmermann e Enrico Pace. O violinista alemão e o pianista italiano hipnotizaram a platéia com sonatas de Beethoven, Busoni e Strauss. O paulistano, em geral, desenvolve uma certa resistência para encarar o centro da cidade à noite. Há não muito tempo, o Municipal era tomado por hordas de “tomadores de conta”, que exigiam somas vultuosas para que se pudesse simplesmente estacionar o carro na calçada. Digamos que, com o advento da Sala São Paulo (também no Centro), essas práticas incivilizadas perderam lugar, e o Municipal agora conta com um serviço de manobristas que, embora demorado, funciona. Ainda que o Teatro estivesse consideravelmente movimentado, não estava abarrotado (como quando estréia um espetáculo metido a “moderno”, promovido pela “Folha”) – o que permitiu uma audição confortável e quase nenhum tumulto no intervalo. O que mais impressionou, no entanto, durante toda a execução, além da música, foi a afinidade entre Zimmermann e Pace, que, mais que precisos com relação à partitura, eram capazes de trocar gestos, olhares e troças, mesmo nos momentos mais acelerados e complicados das peças. Beethoven, que abriu o ciclo com a nº 5 (op. 24), funcionou como um aquecimento (como, aliás, sói ocorrer com quem vem à frente). Portanto, o lado grave e reflexivo do recital ficou por conta de Ferrucio Busoni, com a sua nº 2 (op. 36a), que desenvolveu um tema, seis variações (dele) e uma coda. A Strauss coube o fecho, inclusive o bis, com o valsar de notas e dos próprios músicos, que pareciam satisfeitos com o resultado e a apreciação. O público, nem é preciso dizer, se refestelou, e até esqueceu da fila de carros que, lá fora, o aguardava, ficando a lembrança do farfalhar da franja de Frank Peter Zimmermann.
>>> Mozarteum Brasileiro
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Julio Daio Borges
Editor
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Mas isso eu não sei se ele é (Imprensa)
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