DIGESTIVOS
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Quarta-feira,
22/6/2005
Quintessência
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 232 >>>
Apesar da histeria de Tinhorão que vê plágio e falta de originalidade em tudo, é inegável a influência do jazz sobre a bossa nova. Infelizmente, com a música brasileira, estritamente falando, descendo a ladeira em termos de sofisticação, nas últimas décadas, a nova geração de ouvintes em CD praticamente não pegou o tempo áureo de instrumentistas e compositores brasileiros com sólida formação... em jazz. Pois isso aconteceu, nas épocas pré-bossa-nova, e depois, quando nossos melhores músicos (ou, está bem, nem todos), sacramentada a consagração naquele lendário show no Carnegie Hall, debandaram para carreiras nos EUA e no exterior. Como o contato com essas sonoridades foi ficando cada vez mais distante, do Brasil, até pela simplificação imposta pelo mercado, ao gosto e ao público, é quase com um susto, caindo da cadeira literalmente, que nos deparamos com o exímio Esquema Novo, álbum mais recente de Meirelles e os Copa 5, pela Dubas. Meirelles, para quem não sabe (o que não é crime, porque quase ninguém sabe hoje), foi o pai daquele arranjo mais que conhecido, tatuado na memória, de “Mas Que Nada”, que catapultou, em 1963, o estreante Jorge Ben (Antes de Jor). Só por isso, Meirelles já mereceria a pecha de autor clássico, afinal “Mas Que Nada” vive ressuscitando fora e fazendo a fama&fortuna de disc joqueys e de selos eletrônicos em geral. O Esquema Novo, do título de agora, é obviamente uma referência ao LP Samba Esquema Novo, que renomeou outros CDs até um passado bem recente. Tirando esses acertos históricos, Meirelles tocou com a fina flor do dito “samba-jazz”: Luiz Carlos Vinhas, Dom Um Romão, Roberto Menescal e Eumir Deodato, entre outros – como, aliás, comprova O som, de 1964, relançado pela mesma Dubas. Em Esquema Novo, além de destilar novas e jeitosas composições, Meirelles relê Milton Nascimento, Edu Lobo e Johnny Alf. E para quem duvidou que o instrumental brasileiro poderia ir tão longe, reembala “Naima”, de John Coltrane, o maior jazzista de todos os tempos segundo Ken Burns. Para a nossa salvação e redenção, graças a Deus, nem só de “festas no apê” vive o cancioneiro luso-brasileiro.
>>> Esquema Novo - Meirelles e os Copa 5 - Dubas
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Julio Daio Borges
Editor
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