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Quarta-feira, 8/11/2006
Blog
Redação
 
Incuráveis, de Gustavo Acioli

O longa-metragem Incuráveis é mais um filme brasileiro sem cara de filme brasileiro, a não ser pela sensualidade à flor da pele, expressa por nudez e cenas de sexo, além do linguajar cru tão característico de terras tupiniquins. Notável, não quisesse forçar um clima intimista de cinema europeu que parece não se encaixar, não é bem manejado e acaba sendo enfadonho.

A repetição de diálogos, movimentos dos personagens e mesmo alguns momentos procuram dar conta de diversos pontos de vista que se embaralham e acabamos por nos confundir sobre qual é o verdadeiro até que temos a revelação, mas ela ainda é ambígua. Não há nada de novo nesta seqüência, que muitas vezes perde o timing e entedia.

Seu cenário e personagens lembram o de outro filme nacional que estreou no começo do ano: Achados e Perdidos, encenado por Antonio Fagundes e baseado no romance policial de Luiz Alfredo Garcia-Roza. Ao contrário deste, que busca inspiração na literatura, ele toma como base uma peça inédita: A dama da Lapa, de Marcelo Pedreira. Daí a dramatização dos personagens e estrutura circular mantidas no filme. Longe de ser uma superprodução, o cenário de Incuráveis consiste em um bar e um quarto, onde os atores Fernando Eiras, premiado no último Festival de Brasília por sua atuação no filme, e Dira Paes, que já participou de filmes nacionais de destaque como 2 Filhos de Francisco, Meu tio matou um cara, Cronicamente Inviável e Amarelo Manga, contracenam com pouquíssimos coadjuvantes em aparições meteóricas.

O filme é um diálogo intenso entre duas almas incuráveis: uma prostituta e um suicida. Ambos são marcados pela solidão e procuram o amor verdadeiro. Eles têm apenas uma noite para se conhecerem e a si mesmos em um pequeno quarto de hotel, após um encontro inesperado em um bar escuro.

O que mais se sobressai é a fotografia eficiente e limpa, que explora todos os cômodos do pequeno quarto onde o filme é encenado. Jogos de luzes suaves que valorizam as expressões dos personagens, bem como diversos planos de profundidade que resultam em telas totalmente preenchidas, são responsáveis pelo bom trabalho de Lula Carvalho. O diretor de fotografia de Incuráveis é surpreendentemente um novato na área, mas essa impressão é logo entendida quando descobrimos que ele é filho de Walter Carvalho, diretor de fotografia de filmes como Lavoura Arcaica e Abril Despedaçado.

Incuráveis é o primeiro longa de Gustavo Acioli, que já contabiliza diversos curtas-metragens em sua carreira, sendo Cão Guia o mais notável, que ganhou quinze prêmios em festivais nacionais, inclusive o de atriz, ator e roteiro no Festival de Brasília. Ele levou o diretor a ser curador da 1º Mostra Internacional sobre Filmes de Deficiência, realizada no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro em 2003.

Após participar da Competição de Novos Diretores da 30º Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, o filme estréia em circuito comercial nesta sexta, dia 10 de novembro.

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Postado por Marília Almeida
8/11/2006 à 00h35

 
A noite antes da floresta

Como já havia dito em minha coluna "FIT: Fim de uma trilogia teatral", onde faço um balanço sobre o Festival Internacional de Teatro de Rio Preto deste ano, a peça A noite antes da floresta foi uma de suas participantes e é produzida pela companhia paulista Brancalyone Produções Artísticas e dirigida por Francisco Medeiros. Agora, os paulistas têm a chance de a conferir novamente em reestréia no Espaço dos Satyros, após ter passado também pelo 13º festival Porto Alegre em Cena, em setembro.

Com iluminação de Domingos Quintiliano (também indicado ao Prêmio Shell de Teatro), cenografia de Duda Arruk, trilha sonora de Aline Meyer, preparação de corpo de Thiago Antunes e figurino de Elena Toscano, A noite antes da floresta é a primeira peça da obra do dramaturgo francês "maldito", o soropositivo Bernard-Marie Koltés, e é encenada 15 anos após sua morte. Ela é constantemente montada no país natal de seu autor, onde mereceu 42 encenações diferentes entre 1983 e 1999. Seu diferencial reside em sua estrutura: uma frase de 62 páginas, sem ponto.

O ator Otávio Martins, indicado ao Prêmio Shell de Teatro, não decepciona em um monólogo tenso que começa morno e é por vezes redundante, mas sempre ascendente. Em 70 minutos, Otávio vive um maltrapilho estrangeiro que trava um diálogo em uma esquina da louca vida noturna com um "outro" inexistente. Sua narração é vertiginosa: um diálogo impossível, em que parece falar com o triste retrato de si mesmo. A solidão é veemente e o discurso, um retrato fiel da zoológica sociedade moderna, com seus tipos bizarros, como prostitutas que comem terra de cemitério. O cenário ajuda a criar um sentimento de desolação. Composto por um bloco que imita uma calçada, é rodeado por espelhos sujos e emporcalhados.

Para ir além
A noite antes da floresta - Temporada até 09 de dezembro - Sábados, à meia-noite - Espaço dos Satyros I - Praça Roosevelt, 214 - Centro - Telefone: (11) 3258-6345 - Ingressos: R$20 e R$10 (meia-entrada para estudantes com carteirinha)

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Postado por Marília Almeida
7/11/2006 às 18h05

 
A bolha da blogosfera

Numa cantina italiana, oito amigos discutem a vida pós-estouro da bolha da blogosfera. A discussão já dura uma hora e estamos num momento impreciso da cronologia, pois que no virtual esta frase tem a mesma (val)idade que esta e enquanto isso não se sabe mais com quem está a palavra. A mistura de discursos exige uma tomada de providência. Resolvo assumir a parada, embora sem nenhuma intenção de encerrar o assunto.

- Não, não, interrompi. Acho que vivemos algo parecido com a transição da literatura para o cinema e daí para a televisão. Da mesma forma que as pessoas passaram a ler menos com o audiovisual, o hipertexto passou a ser desprezado se se mantém apenas como texto. Os internautas deste século querem ver, ouvir. Viajar em sensações programadas, ser conduzidos pela grade de opções da rede, como telespectadores dos programas de domingo à tarde.

- É, mas isso não é de todo verdade, diz Leãdro Wojak. O cinema, por exemplo, já foi tido como destruidor da literatura, mas não conseguiu fazer isso, e nem era essa sua intenção. Assim como a televisão não destruiu o cinema. As mídias podem conviver umas com as outras, tranqüilamente.

- Sim, mas isso não explica a queda brutal de audiência do meu blog, ri Edgar Borges.

- É que você é um ciberdissidente, gargalha Vandré Fonseca, reconhecendo logo depois a própria condição de publicador bissexto.

- O problema é que a gente não ocupa bem esse território anárquico do ciberespaço. Nós temos que avançar, rapaziada, entrar de sola nas outras formas de sociabilidade, com áudio, vídeo e o escambau, propõe um empolgado Israel Barros.

- Rapaz, não tenho certeza disso. Falta afetividade. Em vários lugares a territorialidade é importante. E não falo só do Acre. Em Guarulhos, não há campanha na TV. A eleição se decide com santinho e cartazete na rua. Ao mesmo tempo, a política é exercida de forma cada vez menos territorial e mais virtual. Portanto acho que é a possibilidade de falar, isso mesmo, simplesmente falar, que vai garantir nossa sobrevivência, atesta um messiânico Maurício Bittencourt.

- Mas isso só aumenta a dispersão, avalia Nei Costa. A internet é um punhado de lixo, muitas vezes reciclado, a maior parte inútil. Garimpar algo bom é tão difícil quanto garimpar mesmo. Por isso é que temos de instigar o povo a assumir os media.

- Falas como um comunicólogo, meu caro. O que todos nesta mesa, de certa forma, são, observo.

- E o corporativismo, onde fica? Não é assim não, qualquer um metendo o bedelho na nossa mais-valia?, grita Rogério Christofoletti, posando de sindicalista radical.

- Ó pá, mas que diabos vocês estão a dizer? Blogue é edição. Blog é edição. Blogging is editing. Mesmo, Avery, que um bandalho como tu, armado em chico esperto na terra da pavórnia, venha a dizer o contrário. E peçamos algo para comer, decreta Luís Ene.

- Só se for agora, atalha Leãdro, ávido por umas saltenhas chilenas das que têm na Vila Madalena. Saltenhas!

- Chico Esperto, como é que é isso?

- É comida italiana, italiana, grita o Vicenzo.

- Então mande mais algumas biras, grita Edgar.

- Você não era assim, diz Nei.

- Ô vida dura.

Avery Veríssimo, no seu e-pístolas: contos da era da informação, que linca pra nós.

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Postado por Julio Daio Borges
7/11/2006 à 00h30

 
Corrente de umbiguismo

Fiquei chocada da primeira vez que me disseram que as pessoas têm medo de mim. Eu falo alto e sou cheia de opiniões, mas não imaginei que pudesse meter medo. É fato. Hoje me acostumei a essa idéia e nem acho tão ruim, mas quem me conhece de verdade deve saber como isso é esquisito.

* * *

Meu raciocínio é hipertextual. Tenho uma imensa dificuldade para pensar em alguma coisa, qualquer coisa, de forma linear. Talvez isso explique por que eu prefira editar a fazer longas reportagens. E porque eu raramente leia só um livro de cada vez.

* * *

Sou uma otimista incurável, mas sofro de sérias crises de pessimismo. Com a maioria das dúvidas da minha vida, tenho aquela certeza, bem lá no fundo, de que tudo vai dar certo. Na maioria das vezes, elas realmente dão.

* * *

Cresci sendo muito amada pelos meus pais e a minha irmã. Embora isso tenha me dado uma segurança muito grande, também faz com que eu me sinta insuportavelmente exigente. Tenho a certeza absoluta de que sou realmente adorável (...).

* * *

Às vezes me espanto com o conhecimento que acumulei sobre alguns assuntos sem sentir. Tenho certeza de que não sei o suficiente a respeito de nada, mas acho que a média harmônica até que é bem razoável.

* * *

Escrevo com poucos erros de gramática e, quero crer, nenhum de ortografia. Não sei nenhuma regra de cor - de pontuação, de acentuação, de nada. Quando me perguntam o que não tenho certeza, recorro ao Aurélio e ao Houaiss, mas quase sempre estava certa intuitivamente. No meu mundo ideal, as pessoas aceitariam as repostas "porque sim" e "porque não" em explicações sobre português.

* * *

Desde que virei jornalista, minha rotina esqueceu o que são feriados. Isso me incomoda até hoje, por mais que eu tente dizer que não.

* * *

Gosto de comer. Sempre gostei. Mas cada vez mais tenho gostado de ler sobre comida. Descobri que engorda bem menos, e a imaginação faz belas refeições.

Cássia Zanon, no seu O dia se espatifa, que linca pra nós.

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Postado por Julio Daio Borges
6/11/2006 à 00h19

 
Fórum das Letras dia 3

A noite de ontem foi de poesia pelos quatro cantos do lounge gigante montada no Fórum. A previsão de chuva fez com que mudassem o local das leituras da praça para o Centro de Convenções, onde se desenrola a maior parte do evento. O que foi bom, já que estávamos todos lendo e tomando café.

Hoje, pela manhã, mais Experiências de Editoração com Plínio Martins (Edusp/Ateliê) e Maria Amélia Mello (José Olympio). De fato, até agora, Plínio foi o único que falou mais de livros do que de números. Tanta cifra faz a gente pensar que todo editor é administrador. Para quem gosta de texto, livro e design, não soa atrativo. Seria mais feliz montar um curso de MBA, bem à moda FGV e copiadoras. Plínio Martins nos lembra que existe quem se preocupe com o produto "em si". Brilhante e sedutor.

A tarde será de discussões em torno da literatura e do jornalismo. Juremir Machado conversa com outros. Amanhã é dia de discutir o que é ser escritor no Brasil e em outros países. Com esta tarefa, Marcelino Freire já chegou por aqui.

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Postado por Ana Elisa Ribeiro
4/11/2006 às 14h53

 
Fórum das Letras dia 2

A manhã começou com a experiência de editoração de Luciana Villas-Boas, editora da Record. Mais didática foi a palestra de Joaci Furtado, coordenador editorial da Globo, mais conhecida como editora de revistas, mas também boa de catálogo. Os hits da exposição dele foram as ironias com relação aos livros de capa dura (caríssimos) publicados num país de poucos e pobres leitores como o Brasil. A vontade de elitizar cada vez mais o objeto livro, muito usado para se dar de presente e, segundo Joaci, "enfeitar as coffee tables das pessoas". Na platéia, o sofisticado e cuidadoso editor de livros da Edusp, Plínio Martins Filho.

Na tarde, uma mesa com apresentadores de programas de literatura na tevê. Ótima a idéia de trazer a discussão sobre o eletrodoméstico mais comprado do país à baila. Qual é o papel da tevê em relação à leitura e à formação do leitor? Ivan Marques, Edney Silvestre e outros mostravam suas experiências na tevê.

A noite é badalada por conta da presença loura da escritora norueguesa do Livreiro de Cabul, cuja palestra acabou agorinha mesmo. Mais tarde, Via Sacra Poética, em que leremos (inclusive eu) poesia contemporânea.

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Postado por Ana Elisa Ribeiro
3/11/2006 às 21h03

 
Infraero e Fórum das Letras

O Fórum das Letras de Ouro Preto, em sua segunda edição, traz uma série imensa e bem-escolhida de atividades sobre editoração. O tema é "memória e edição" e algumas estrelas internacionais do evento são o historiador Roger Chartier (autor de vários livros traduzidos para o português, como A aventura do livro e Os desafios da escrita) e a escritora norueguesa Asne Seierstad (autora do best-seller O livreiro de Cabul). Ambos chegados ao Brasil por via área, claro, apesar da crise na aviação civil.

O evento teve início ontem, quarta-feira, mesmo com as faltas irreparáveis de alguns palestrantes. Uma das faltas mais sentidas foi a de Adriana Calanhotto, que não conseguiu embarcar no Rio de Janeiro e chegar às montanhas mineiras. Desistiu antes de decolar, já que a espera é um verdadeiro inferno. Prejuízo para o evento.

Hoje, quinta-feira, o dia começou com uma conferência de Roger Chartier intitulada "A morte do livro?". A pergunta foi parcialmente respondida com a irônica declaração de que os historiadores são os piores profetas entre os tantos que gostam de discutir o que ocorrerá com uma ou outra tecnologia.

Uma platéia atenta lotou o salão de conferências, que teve que ser engenhosamente aberto para comportar mais público do que eventos sobre editoração e livros costumam ter.

A mesa-redonda da tarde, originalmente formada por Sérgio Sant'Anna e Cristiane Tassis, não aconteceu. Mais uma vez, problemas com aviões atacaram o Fórum das Letras. A reforma improvisada contou, novamente, com Roger Chartier, que tentou falar sobre "autobiografias imaginadas", mas não conseguiu. Parte da platéia ainda nutria curiosidades sobre a conferência da manhã.

Nota 10 para o salão onde ocorrem as mesas-redondas. Uma espécie de lounge gigante, com poemas de Guilherme Mansur expostos na lateral. Um formato muito mais aconchegante do que aquelas cadeiras enfileiradas dos fóruns normais.

Chuva intermitente, aviões que não chegam, público interessado e casas coloniais. Mistura fina. A ironia é que um dos patrocinadores do evento é... a INFRAERO.

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Postado por Ana Elisa Ribeiro
2/11/2006 às 17h26

 
Contradições da 30ª Mostra

A Mostra Internacional de Cinema em São Paulo é um dos grandes eventos do setor no Brasil, pois permite ao público entrar em contato com uma pluralidade de cinematografias produzidas em todo o mundo. Desde a estréia, em 1977, o evento expande suas atividades a cada ano, promovendo não só a exibição de filmes, mas também debates, lançamentos de livros, e proporcionando o encontro e a troca de experiências entre profissionais, pesquisadores e o público presente.

Pela qualidade dos filmes exibidos, a Mostra tornou-se uma boa pauta para a imprensa que cobre cultura e entretenimento, além de sagrada para os veículos de crítica cinematográfica. No entanto, o bom relacionamento entre a organização da Mostra e imprensa especializada em cinema foi abalado nesta 30ª edição do evento. Esse fato repercutiu por meio da Carta aberta à organização da Mostra de Cinema de São Paulo, redigida e assinada pelos profissionais dos sites Cinética e Cinequanon. De acordo com a carta, em sua seleção de veículos credenciados para cobrir o evento deste ano, a Mostra de São Paulo concedeu apenas uma credencial para toda a redação do Cinequanon, ignorou a Revista Cinética e reduziu pela metade a cota de credenciais do site Contracampo. Segundo os colaboradores da Cinética e do Cinequanon, a organização da Mostra excluiu os veículos de crítica independente e de internet, privilegiando a mídia impressa e não avaliando a qualidade do conteúdo crítico produzido a partir da programação da Mostra.

A carta contou com aprovação de leitores, jornalistas, cineastas e organizações do setor como a Associação Brasileira de Documentaristas e Curtametragistas - seção Rio de Janeiro (ABD&C/RJ), o Congresso Brasileiro de Cinema (representante de 54 entidades do setor), Nelson Pereira dos Santos, Maurice Capovilla, Philippe Barcinski, entre outros, que se reportaram à organização da Mostra contra essa atitude. Em resposta a essas manifestações, a organização da Mostra publicou um comunicado à imprensa alegando que a falta de credenciais para determinados veículos ocorreu devido ao recorde de solicitações recebidas em 2006. No caso, foram 611 solicitações, sendo que a organização dispunha de 150 credenciais, as quais permitem assistir a todos os filmes programados no evento.

O editor da Cinética, Eduardo Valente, rebate esse comunicado ressaltando que o ponto em discussão não é a quantidade de credenciais a serem distribuídas, mas os critérios utilizados para a seleção da imprensa credenciada. Para os profissionais da Cinética e do Cinequanon, o principal motivo de indignação é a suposta falta de reconhecimento dos organizadores da Mostra pelo trabalho de crítica cinematográfica independente e reflexiva realizado por ambos.

Segundo a assessoria de imprensa da Mostra, desde sua criação ela é um evento promovido para privilegiar o público. Caso seja esse mesmo o seu intento, os organizadores da mesma precisam repensar suas prioridades, pois a falta de valorização da crítica cinematográfica prejudica não só o publico - carente de textos de boa qualidade, com informações relevantes -, mas também os profissionais do cinema, os quais merecem uma imprensa que compreenda e dialogue sobre seu trabalho e não apenas reproduza frases feitas e o senso comum. Se a Mostra Internacional de Cinema prima pela diversidade de cinematografias, é no mínimo contraditório favorecer veículos de comunicação viciados em um discurso homogeneizado e na reprodução de releases, em detrimento de profissionais que dedicam seu tempo, trabalho e amor a estudar e refletir sobre a arte cinematográfica.

[1 Comentário(s)]

Postado por Fernanda da Silva
2/11/2006 à 00h10

 
Excesso

a vida no limite. na borda da xícara. pronta para transbordar a qualquer instante. com qualquer mexida. a vida escorrida. descida pelos pés da mesa. esparramada. sumida entre os tacos do chão da sala. morro, agora, pelo excesso. por você demais. morro por não suportar nem mais uma gota. nenhuma. o que já matou a minha sede, hoje, me transborda.

Eduardo Baszczyn, no seu Coisas da Gaveta (porque foi uma indicação do Carpinejar...).

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Postado por Julio Daio Borges
2/11/2006 à 00h09

 
Mostra SP: EUA Contra Lennon

Os norte-americanos David Leaf e John Scheinfeld têm tradição em documentários para TV, mais especificamente em direção e produção e roteiro, respectivamente. Scheinfeld, aliás, está acostumado a escrever roteiros de filmes sobre ícones musicais. Ele já desvendou novos ângulos da música e vida de personalidades como Frank Sinatra, Bee Gees e Nat King Cole. Juntos, dirigem, são roteiristas e produzem o documentário Os EUA Contra John Lennon, que abriu a 30ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. O filme seria mais um de seus produtos televisivos, mas acabou ousando e estreando no cinema.

O porquê deste fenômeno certamente não reside em sua forma, limitada para o veículo ao qual se remetia, apesar de conter uma boa fotografia e dinamismo exigido por um filme musical. No documentário, shows são entremeados por imagens de arquivo, tanto de fatos históricos como de arquivo pessoal da viúva Yoko Ono, e depoimentos de amigos e personalidades que participaram das mais diversas formas do período retratado.

É provável que o segredo de OS EUA Contra John Lennon resida em seu conteúdo, mesmo que já muito conhecido. Ele trata de um período interessante da vida de Lennon que abrange de 1966 a 76: o político pós-Beatles. As poucas cenas do músico com a banda, o desenrolar da história do enunciado que Beatles eram mais conhecidos que Deus, servem apenas para contextualizar e frisar que ele era, sem dúvida, a alma daquele fenômeno. O filme mostra seu relacionamento com ativistas políticos radicais, com Yoko, a paixão crescente pelos Estados Unidos e Nova York e a preocupação com a guerra do Vietnã até culminar na perseguição pelo FBI e obsessão de Hoover e Nixon, preocupados que estavam com figura tão influente.

Pontos altos da trama são o embate de John com jornalistas (especialmente uma do New York Times), que respondia com humor e ironia a acusações ferozes que consideravam seu Bed-In, uma lua-de-mel em 69 com Yoko tornada pública com o objetivo de pedir paz, decadente. Depoimentos como o de John Sinclair, o qual Lennon livrou da prisão ao criar uma música sobre sua história (Sinclair havia sido pego em flagrante com dois cigarros de maconha), Ron Kovic, Noam Chomsky e o historiador Gore Vidal, o único que dá nome aos bois, ilustram bem o clima da época.

O documentário é mais um, entre diversos, sobre um dos maiores ícones musicais de todos os tempos. Um deles, Imagine, é um verdadeiro compêndio da vida e discografia de Lennon, dirigido por Andrew Solt e distribuído pela Warner. A diferença é que foi produzido em 1988 e não parece tão atual como o produto de Leaf e Scheinfeld. Pode ser nostálgico e até inocente (o próprio filme mostra como John e Yoko eram manipulados pelos ativistas que defendiam), mas o flower power faz falta em meio a guerras como do Iraque e - por que não? - guerras modernas em geral. Mais do que o movimento em si, falta uma juventude apaixonada como a dos 70 e um ícone carismático e eficiente como John Lennon. Hoje, até mesmo os ditos ativistas sociais são fabricados. E a juventude, ah, a juventude...

Para ir além
Os EUA Contra John Lennon - Última sessão: 02 de novembro - Quinta-feira, 19h30 - Unibanco Arteplex 2 - Shopping Frei Caneca, 569 - 3º piso - Sala 2 - Tel. (11) 3472-2365

Confira também outro filme musical da Mostra:

Nossa, eu filmei isso! é para lembrar do que foi considerado o melhor show do Tim Festival deste ano. Realizado em 2004 no Madison Square Garden, em Nova York, o filme reproduz um show que fez uma releitura da carreira dos Beastie Boys. O grupo deu 50 câmeras para que fãs o gravassem da maneira que bem entendessem. O resultado é um filme bem costurado com uma edição tradicional.

Para ir além
Nossa, eu filmei isso! - Última sessão: 01 de novembro - Quarta-feira, 22h10 - Unibanco Arteplex 1 - Shopping Frei Caneca, 569 - 3º piso, sala 1 - Tel. (11) 3472-2365

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Postado por Marília Almeida
1/11/2006 à 00h58

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