Blog | Digestivo Cultural

busca | avançada
58269 visitas/dia
2,1 milhões/mês
Mais Recentes
>>> Cia. Sansacroma apresenta o espetáculo “Carvão” no Centro Cultural Olido
>>> Exposição na Sala São Paulo vai retratar os 90 anos da CIP
>>> 'É pela linha que se desenha: geometrias latino-americanas' & 'Noctiluca'
>>> Tijolo por Tijolo: documentário sobre moradia e resistência ganha pré-estreia gratuita no Cine Nave,
>>> 'O homem não foi feito para ser feliz' cearense Maurício Mendes lança romance de estreia
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> Chegou a hora de pensar no pós-redes sociais
>>> Two roads diverged in a yellow wood
>>> A dobra do sentido, a poesia de Montserrat Rodés
>>> Literatura e caricatura promovendo encontros
>>> Stalking monetizado
>>> A eutanásia do sentido, a poesia de Ronald Polito
>>> Folia de Reis
>>> Mario Vargas Llosa (1936-2025)
>>> A vida, a morte e a burocracia
>>> O nome da Roza
Colunistas
Últimos Posts
>>> Felca sobre 'adultização'
>>> Ted Chiang sobre LLMs e veganismo
>>> Glenn Greenwald sobre as sanções em curso
>>> Waack: Moraes abandona prudência
>>> Jakurski e Stuhlberger na XP (2025)
>>> As Sete Vidas de Ozzy Osbourne
>>> 100 anos de Flannery O'Connor
>>> O coach de Sam Altman, da OpenAI
>>> Andrej Karpathy na AI Startup School (2025)
>>> Uma história da OpenAI (2025)
Últimos Posts
>>> Jazz: música, política e liberdade
>>> Política, soft power e jazz
>>> O Drama
>>> Encontro em Ipanema (e outras histórias)
>>> Jurado número 2, quando a incerteza é a lei
>>> Nosferatu, a sombra que não esconde mais
>>> Teatro: Jacó Timbau no Redemunho da Terra
>>> Teatro: O Pequeno Senhor do Tempo, em Campinas
>>> PoloAC lança campanha da Visibilidade Trans
>>> O Poeta do Cordel: comédia chega a Campinas
Blogueiros
Mais Recentes
>>> O Big Brother e a legião de Trumans
>>> Uma história da DoubleClick (2014)
>>> Twitter e as amebas
>>> Um olhar sobre Múcio Teixeira
>>> Escrevendo um currículo
>>> Estudando o jogo
>>> Um conto-resenha anacrônico
>>> Aborto
>>> Crítica ao layout do Digestivo
>>> 89 FM, o fim da rádio rock
Mais Recentes
>>> Asterix Legionário - Volume 17 de R. Goscinny; A. Uderzo pela Record (1985)
>>> Livro Guia De Viagem Paris Para Leigos de Cheryl A. Pientka pela Alta Books (2011)
>>> Livro Sherlock Holmes Um Estudo Em Vermelho de Arthur Conan Doyle, traduzido por Antonio Carlos Vilela pela Melhoramentos (1999)
>>> Noiva Até Sexta - Noivas Da Semana de Catherine Bybee pela Verus (2017)
>>> Silêncio Interior de Graham Turner pela Nobilis (2016)
>>> Livor Irmã Amália e a Devoção a Nossa Senhora das Lágrimas de Rita Elisa Sêda pela Imaculada
>>> Livro Robinson Crusoé de Tradução e adaptação Marcia Kupstas pela Ftd (2003)
>>> Somos todos filhos dos deuses - Se os túmulos pudessem falar... de Erich Von Däniken pela Circulo do Livro (1999)
>>> A Christmas Carol - reading and training de Charles Dickens ( adaptation by Peter Foreman) pela Scipione (1997)
>>> Atreva-se A Viver de Gustavo Santos pela Ruma ao topo (2016)
>>> Livro Noticia De Un Secuestro de Gabriel García Márquez pela Grupo Editorial Norma (1997)
>>> Livro A Máquina de Visão de Paul Virilio, traduzido por Paulo Roberto Pires pela José Olympio (1994)
>>> 30 Dias Para Mudar – Whole30 - Um Programa Para Emagrecer E Ter Mais Saúde Com Comida De Verdade de Dallas Hartwig ; Melissa Hartwig pela Sextante (2016)
>>> Rurouni Kenshin - Cronicas da Era Meiji - Vol.2 de Nobuhiro Watsuki pela Jbc (2012)
>>> Down - No Submundo do Crive - Volume 1 e 2 de Warren Ellis pela Panini (2006)
>>> Nietzsche X Kant de Oswaldo Giacóia Junior pela Casa Da Palavra (2012)
>>> Livro Os Segredos da Mente Milionária Aprenda a Enriquecer Mudando Seus Conceitos Sobre o Dinheiro e Adotando os Hábitos das Pessoas Bem-Sucedidas de T. Harv Eker, traduzido por Pedro Jorgensen Junior pela Sextante (2006)
>>> Ecce Homo de Friedrich Nietzsche pela Companhia de Bolso (2008)
>>> Esposa Até Segunda - Noivas da semana de Catherine Bybee pela Verus (2017)
>>> Livro Os Axiomas De Zurique de Max Gunther, traduzido por Isaac Piltcher pela Record (2011)
>>> Livro Eu Sou o Livreiro de Cabul de Shah Muhammad Rais pela Bertrand Brasil (2007)
>>> A Simbólica Maçônica - 2ª Ed. de Jules Boucher pela Pensamento (2015)
>>> O aprendizado da leitura de Mary Kato pela Martins Fontes (1995)
>>> Livro Michaelis Dicionário Prático Inglês Inglês-Português Português-Inglês de Melhoramentos pela Melhoramentos (2009)
>>> Somos Animais Poéticos: de Michele Petit pela 34 (2024)
BLOG

Sexta-feira, 25/10/2002
Blog
Redação
 
Joaquim Roriz

fonte: novae.inf.br

Mais um escândalo, de última hora, contra o Governo FHC e a favor da eleição de Lulla. Joaquim Roriz, governador do Distrito Federal, parece que "censurou" (acho o uso do verbo aqui um pouco complicado) o Correio Braziliense. Todo mundo está caindo de pau. Tentando jogar a culpa em Fernando Henrique Cardoso ou, pelo menos, dizer que o Presidente foi "conivente"... Enfim. Segue cobertura (um tanto quanto panfletária, mas é a única que temos) do Nova-e:

"O Senhor Joaquim Roriz em atitude absolutamente desesperadora encontra os mais estapafúrdios artifícios com apoio dos asseclas do PODER JUDICIAL E MILITAR para fazer novamente o que é uma marca registrada de sua administração, de sua atitude política, de sua própria existência: INVADIR A REDAÇÃO DO CORREIO BRAZILIENSE É REEDITAR, POR ANTECIPAÇÃO, A DITADURA PROCLAMADA DOS CORONÉIS DE HOJE E DE ONTEM QUE AINDA MANDAM NESTE PAÍS COM A CONIVÊNCIA DO PRÍNCIPE DA SOCIOLOGIA.

"A redação do jornal Correio Braziliense é invadida e a impressão de uma matéria denunciando o envolvimento do governador em ações suspeitas com grileiros é impedida de ser veiculada. O QUE É ISTO SENHOR PRESIDENTE DA REPÚBLICA, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO? A ONU NÃO O SALVARÁ A RESPEITO DE MAIS ESTA SUA PERMISSIVIDADE. AOS AMIGOS TUDO, CARO PRESIDENTE? AOS INIMIGOS, A LEI. ESTA É A SUA PRIMEIRA TESE?"

[Waaal.]

[Comente este Post]

Postado por Julio Daio Borges
25/10/2002 às 11h03

 
Livre como um táxi

fonte: estado.estadao.com.br

Eu, em geral, acho que esse sujeito não dá a devida atenção ao assunto que semanalmente aborda: internet. São sempre aquelas matérias sobre curiosidades que não interessam a ninguém: aspectos excessivamente técnicos, bizarrices de meia dúzia de nerds ou previsões fatalistas sobre a Grande Rede. Claramente, não se trata de alguém do meio.

Mas, desta vez, tenho de confessar: apesar da ilustração (acima), me vi representado pelo texto. Eu falei disso há quase uma semana atrás, na sexta-feira (favor ler "Livre como um táxi"). Parece que na Espanha resolveram efetivamente tomar uma atitude contra o que chamei de "cibervândalos", "desocupados por profissão" ou "críticos por esporte". Será o fim dos spammers, dos sites-pirata e da maioria dos blogs:

"Para manter um endereço na internet, todo e qualquer site precisará de um registro comercial, com a identificação completa do responsável, o endereço físico e o tipo de atividade exercida. Até aí, nada demais. O texto legal, no entanto, responsabiliza diretamente o provedor de acesso pelo conteúdo disponibilizado.

"O governo espanhol argumenta que é preciso coibir e tirar de circulação, 'com a devida autorização judicial', serviços que atentam contra a ordem pública, ameacem a segurança nacional, ofendam a dignidade humana, coloquem em risco a juventude e a infância ou ofereçam perigos à saúde pública.

"Os sites também ficam proibidos de enviar e-mails publicitários, sem que tais mensagens tenham sido formalmente solicitadas por seus usuários. Os contratos por e-mail também passam a ter o mesmo valor jurídico conferidos aos documentos tradicionais, impressos.

"No início da semana, em meio ao arsenal de críticas, um porta-voz do ministério admitiu que poderá haver uma 'flexibilização' na aplicação da lei. Mas deixou claro que não está nos planos do governo voltar atrás nas medidas adotadas."

[Comente este Post]

Postado por Julio Daio Borges
24/10/2002 às 16h17

 
Finca Vigia

fonte: estado.estadao.com.br

Mais uma da série: matéria-importada-traduzida-para-cobrir-buraco, na capa do "Caderno2". Desta vez, sobre as escavações arqueológicas na propriedade cubana de Hemingway. Vem direto do The Washington Post, escrita por um tal Kevin Sullivan, mas num tom tão ufanista que até cansa. Encontraram alguns escritos do autor de Adeus às Armas e já estão falando em "um dos mais importantes achados da história da literatura moderna americana":

"Eles abriram as portas que levam ao porão secreto e lançam nova luz sobre a vida de Ernest Hemingway. Na escuridão embolorada pela umidade tropical e rodeada pelas armas e troféus de caça do escritor, a delegação de quatro americanos encontrou o que considera um prêmio da loteria: gavetas de arquivos e caixas com milhares de páginas de manuscritos originais escritos por Hemingway, rascunhos e sobras de grandes trabalhos, cartas de amor e ódio, anotações em inglês e espanhol e milhares de fotografias.

"O porão revelou também um original datilografado de In Another Country, uma história que Hemingway escreveu em Paris nos anos 20. E há cartas desconhecidas de e para a sua quarta mulher e viúva, Mary, junto com uma coleção de cartas de Adriana Ivancich, uma aristocrata italiana de 19 anos por quem Hemingway foi profundamente apaixonado e que inspirou o personagem de Renata em Do Outro Lado do Rio, Entre as Árvores.

"A visita a Finca Vigia ou Lookout Farm, casa de Hemingway, localizada numa comunidade ao leste de Havana, foi o primeiro passo de um esforço ambicioso para microfilmar, digitalizar e preservar seus papéis. O projeto, resultado de uma reunião de esforços pouco comum entre o governo do presidente Fidel Castro e a família de Hemingway, estudiosos e devotos, será lançado oficialmente no mês que vem em uma cerimônia em Finca Vigia."

[Comente este Post]

Postado por Julio Daio Borges
24/10/2002 às 16h02

 
Charge da Semana

fonte: Diogo Salles

Trata-se de um trabalho do meu amigo Diogo Salles. Em primeiro plano, Fernandinho Beira-Mar e Elias Maluco. Não percam a estréia dele no "Digestivo nº 104", na seção especialmente criada, no rodapé: "Charge da Semana". Episódio de hoje: "O Massacre da Serra Elétrica".

[Comente este Post]

Postado por Julio Daio Borges
23/10/2002 às 15h09

 
Alfabeto Literário

Último. Este é de autoria de Ubiratan Brasil [tá vendo, não falei?]. Sobre o livro do Loredano, um dos melhores traços da atualidade (para desenhar escritores, provavelmente imbatível), que lança hoje Alfabeto Literário, na Casa de Cultura Alvim (Av. Vieira Souto, 176, no Rio), a partir das 19h30.

O lançamento coincide com a festa que comemora o nascimento da editora Capivara, de Pedro e Bia Corrêa do Lago (mesma bat-hora, mesmo bat-local). Cariocas, não percam. Ela é uma simpatia, entrevista escrevinhadores no "Outras Palavras" (do canal Futura), e é filha de um dos meus heróis literários (será que ele vai?): Rubem Fonseca.

"'O que Loredano quer atingir com suas fisionomias fora de esquadro, modificação violenta da imagem do caricaturado, trazendo o de dentro para o de fora, como um Escher gozador da humanidade?', questiona Millôr Fernandes, no prefácio do livro. Ele mesmo, aliás, fornece a resposta: 'A explicação é evidente se fixamos detalhe essencial de sua biografia. Filho de um oficial de Cavalaria, Loredano desde cedo se sentiu obrigado a desmontar o ser humano.'

"Loredano não esconde o prazer com que escolhe os traços que vão compor o retrato de seus escritores preferidos. Clarice Lispector e Thomas Mann são dois desse seleto time, mas a reverência pode exercer uma força limitante em vez de inspiradora. É o caso de Machado de Assis: 'Meu respeito por ele é tamanho que nunca fiquei satisfeito com as caricaturas que já fiz nos últimos 20 anos', conta. 'Com as últimas, publicadas pelo Estado, acho que me aproximei do que seria o ideal.'"

[Comente este Post]

Postado por Julio Daio Borges
21/10/2002 às 18h27

 
A alegria de não ensaiar

[Eu disse que hoje estava puro "Caderno2" (eu sei, você não está lendo na ordem...)]. Saiu um artigo sobre Wayne Shorter, traduzido do The Guardian. Shorter foi um dos young lions que acompanhou Miles Davis nos anos 60 [eu comprei a caixa, que não é fácil, mas que eu recomendo], dividindo a responsabilidade com Herbie Hancock, Ron Carter, George Coleman e Tony Williams. É quase uma entrevista; provocante e reveladora:

"'Em todos esses anos com Miles, nós nunca fizemos ensaios. Miles tinha uma forma de analisar uma coisa em seu conjunto, como um todo, e não medida por medida, e era capaz de ver a floresta sem olhar cada árvore. Eu me lembro de que, anos mais tarde, quando todos nós já estávamos bem mais avançados em nossas coisas, Miles me perguntou: 'Sabe aquela banda que nós tínhamos? Fizemos um grande avanço, não é verdade?' Ele gostava daquela banda.'

"'Musicalmente, eu não quero ir toda vez ao ginásio de esportes, digamos assim, onde a música se torna uma façanha olímpica', explica ele. 'Uma coisa é você celebrar o caráter expansivo da vida, outra coisa é sair por aí se gabando das piruetas que sabe fazer sem usar as mãos. É como alguém que quer ouvir Paganini o tempo todo e nunca o violino em si. Eu quero viver muitos personagens e muitas vidas na música.'

"'Wynton [Marsalis] é muito jovem, você sabe. Lembro-me de que, na década de 1970, quando as pessoas ouviam falar a respeito desse novo tocador de trompa, ele apareceu em minha casa de surpresa. Apresentou-se. Ele queria ouvir um pouco do álbum Plugged Nickel, de Davis (uma gravação ao vivo de 1965 feita pelo quinteto de Davis do qual Shorter fazia parte) e ele disse que queria me ver enquanto ouvia a música. Para mim, isso significa que, naquela época, ele estava em condições de entender a profundidade do que estava acontecendo. Algum tempo depois, entre a sua saída de minha casa e agora, esse progresso em sua compreensão entrou em férias.'"

[Comente este Post]

Postado por Julio Daio Borges
21/10/2002 às 18h21

 
Vamos Banir os Aplausos

Este é justo o contrário (do de baixo). Lauro Machado Coelho sobre Glenn Gould. (Vocês se lembram: eu chamei a atenção para os 20 anos da morte, aqui, há duas semanas atrás. Mas a culpa não é do Lauro, que é hors concours, a culpa é do "pauteiro".)

O Lauro, aliás (de quem publiquei um Ensaio), lança mais um volume de sua História da Ópera. Trata-se da continuação de A Ópera Italiana (dos últimos 30 anos do século XIX em diante). Fico devendo mais informacoes, que pego com ele já já; enquanto isso, leiam o texto:

"Glenn Gould foi a Maria Callas do piano. La Divina tinha um timbre não exatamente bonito, uma voz que, a despeito da extensão prodigiosa, apresentava muitos problemas e, no entanto, o seu senso de teatro tornava inigualáveis as suas interpretações. Gould tinha o péssimo hábito de cantarolar enquanto tocava, suas escolhas de andamento e dinâmica eram muito estranhas, confessava abertamente a aversão ao uso do pedal e à técnica de execução legato. Mas, o que nas mãos de outro poderiam parecer meros maneirismos, nas dele eram intuições fulgurantes e reveladoras.

"'O concerto é um lugar de concessões mútuas do músico e do público, em que a criação é imolada no altar da representação', dizia Glenn Gould. A gravação, ao contrário, era um ato verdadeiramente criador, na medida em que ele podia controlar todas as suas fases, desde a colocação dos microfones até o estágio final de montagem. Isso fica muito claro em Vamos Banir os Aplausos!, o polêmico artigo que Gould publicou na revista Musical America de fevereiro de 1962, dois anos antes de se retirar da plataforma de concertos."

[Comente este Post]

Postado por Julio Daio Borges
21/10/2002 às 18h08

 
Vivir para Contarla

Hoje estou "Caderno2". Para começar, as memórias de Gabriel García Márquez. Ainda sem tradução no Brasil (provavelmente pela Record no ano que vem): Vivir para Contarla. O texto é de Haroldo Ceravolo Sereza, aquele que se reveza com Ubiratan Brasil na capa do "Cultura". Pouco crítico, um tanto quanto "chapa-branca", mas as informações estão todas lá. Melhor frase (do escritor colombiano): "A vida não é a que alguém viveu, mas, sim, a que alguém recorda e como a recorda para contá-la."

"A autobiografia, que trata de sua infância e de sua adolescência, é, na verdade, uma grande busca de sentido para o estranho percurso que o menino da costa caribenha da Colômbia decidiu seguir, fugindo do sonho inicial dos pais de vê-lo formado médico ou, no mínimo, advogado.

"De sua infância à sua juventude, passando por noitadas e discussões, García Márquez vai, pouco a pouco, declarando suas preferências e convicções literárias. O primeiro autor que cita é William Faulkner. Conta suas dificuldades em ler Dom Quixote, de Cervantes, até que o pudesse compreender, para se apaixonar. Também passa por James Joyce (Ulisses), Thomas Mann (A Montanha Mágica) e por vários autores latino-americanos. Cita também autores de obras não ficcionais, como Freud."

[Comente este Post]

Postado por Julio Daio Borges
21/10/2002 às 17h53

 
Solte o Timóteo

O nome (falso) é Ruy Goiaba, antes que eu me esqueça. Tinha-lhe escrito um prefácio elogioso, mas sofri censura prévia (uma espécie de blecaute; meu computador se apagou e coisa toda foi para o espaço). Há males que vêm para bem (dizem). Sorry, Goiabão. É certo também que seu talento dispensa comentários. Aqui vai uma lista de highlights:

fonte: uol.com.br

Solte o Timóteo
Num dos primeiros posts do puragoiaba, ameacei (esse é o termo) expor minha teoria psicanalítica do brega. No fundo, ela é simples: por mais que nossa dieta cultural consista em filosofia alemã, filmes do Bergman e sonatas do Brahms, nosso id será sempre algo terrivelmente parecido com o Agnaldo Timóteo.

Bem, em nome da "civilização", é preciso policiar o Timóteo que há em nós. O que seria da nossa vida amorosa se aquela moça culta e fã do cinema iraniano nos pegasse cantando "quem ééé que não sooofre por aaalguééém"? Fim de jogo, aos cinco minutos do primeiro tempo. Nunca mais conseguiríamos nos reproduzir, e os dias da espécie humana sobre a Terra estariam contados. Para preservar a sociedade, alguma repressão é necessária.

Na indústria cultural, contudo, não há nada parecido com um superego. Pensem comigo: gravar um CD, por exemplo, é um processo complicado e caro, que tem várias etapas. Há alguém que compõe, alguém que canta, músicos que acompanham o cantor, arranjadores (ou desarranjadores), produtores, engenheiros de som etc. -até a fábrica que prensa e embala os CDs e as lojas que vendem. É um batalhão de gente envolvida.

Será possível que, em todo esse processo, não haja ninguém que caia em si e o interrompa ("PAREM TUDO! Isso é um lixo! A humanidade NÃO DEVE tomar conhecimento dessa música!")?

Não, não há. E, pensando bem, isso é bom. Reprimir demais a cafonice tornaria o mal-estar na civilização ainda mais agudo.

Portanto, não seja um brega enrustido: solte o Timóteo. Mas certifique-se de que ninguém esteja olhando.

fonte: toscographics.com.br

Peréio é a cara do Cinema Brasileiro
Eu adoraria ter sido roteirista de filme nacional nos anos 70/80. Quem assiste ao Canal Brasil percebe: os caras só recebiam dinheiro da Embrafilme se renunciassem, no contrato, a toda pretensão de originalidade. Se alguém fizesse um estudo, constataria que 85% dos filmes dessa época têm pelo menos uma fala do tipo "eu te amo, porra!" (com o palavrão sabiamente empregado para dar um toque "transgressivo" à coisa).

Outro dia, eu e alguns amigos, zapeando, topamos com um desses filmes. Na cena, os personagens de Daniel Filho, Marieta Severo e Paulo César Peréio discutiam. Sem nunca ter visto o filme, eu previ: "Um deles vai mandar os outros à merda". Dez segundos depois, era exatamente isso o que o Daniel Filho fazia. Continuei com minhas previsões: "Agora, o Peréio vai encher a boca para dizer 'filho da puta'". Errei, mas apenas de personagem -quem fez isso foi a Marieta Severo. Para finalizar a cena, como diria o Zé Simão, só faltou mostrarem o Jofre Soares pelado.

Mas o Peréio, com aquela eterna cara de pudim de cachaça, é sensacional. Se eu fizer um filme, quero chamá-lo para uma cena só: ele olhando para a câmera e dizendo "porra". Será, em dois segundos, a síntese de cem anos de cinema nacional.

fonte: siadmd.com

Misticismo Empresarial
Faz tempo que eu penso em comentar isso: deve haver poucas coisas tão espetacularmente babacas quanto esses "seminários internacionais" para executivos. Pelo menos, é o que se depreende da leitura de seus anúncios. Hoje, os jornais de São Paulo anunciam o seminário "The New Era of Competition", em que um sujeito com cara e sobrenome de indiano promete "estratégias revolucionárias para dominar o seu setor e antecipar as necessidades dos mercados e clientes". Clichês boçais, previsões infalíveis e chutes no saco da concorrência: que coisa meiga.

Não duvido da eficiência de uma tal estratégia, mas para arrancar dinheiro de trouxas engravatados terceiro-mundistas. Aliás, todos esses eventos costumam trazer "gurus" do marketing e da administração. Está certo: são todos uma espécie de Rhalah Rikota dos executivos. Estou até pensando em largar o blog, assumir um nome carregado de misticismo -digamos, Maharishi Mahavishnu Peghanabengha- e enriquecer com meus conselhos esotérico-empresariais. Fame and fortune, here I go...

[Comente este Post]

Postado por Julio Daio Borges
18/10/2002 às 12h46

 
Intellectual tragedy

Philip Roth é certamente um dos maiores escritores vivos. Em 1999, registrei o impacto que me casou a leitura de American Pastoral (Pastoral Americana). Depois dele, vieram I Married a Communist (2000, não me ocorre neste momento a tradução em português), The Human Stain (2001, agora pela Companhia das Letras, como A Marca Humana) e The Dying Animal (2002, lançado logo após o 11 de setembro).

Graças a um providencial link do Pedro Dória, descobri uma recente entrevista de Roth para o jornal Independent. Nela, ele fala de Norman Mailer e do tal "romance americano", de sua trilogia, de Nova York e dos Estados Unidos pós-11 de setembro e, claro, da tragédia intelectual promovida pelo academicismo, pela ideologia, pelo politicamente correto e até pelas novas tecnologias. Ouvi-lo e lê-lo é ter renovadas algumas esperanças.

"To me, New York had become interesting again, because it had once again become a city in crisis, particularly in the weeks that followed [September 11], with everybody waiting for the next explosion. And then there was ground zero, which wasn't called that yet, which was drawing lots of visitors.

"Oh, everything revolts me! Not out of my superiority, and I hope not out of righteousness, but language is always a lie, especially public language. And that's why Norman Mailer and myself and others are trying to counter the untruths, the lies in our writing. Our writing scratches the surface and reveals what's underneath. [...] As regards Bush, the ventriloquists make him speak. His speeches are like an advertising campaign, but I don't know if it's going to work.

"[The realism, or naturalism, in your book is Zolaesque.] Good! But what you're talking about is an integral part of the rehashing in American literature. That's the power of the American novel. Take Norman Mailer, his book The Executioner's Song - a monument - or The Naked and the Dead, where he adopts the great American realist tradition. And without Faulkner and his contorted prose, how could we have imagined the South as it really is? The strength of the American novel is its enormous capacity to bear witness to the place and the moment.

"What I'm trying to bring home is the total absence of intellectual rigour. Students have no idea what it is to think. And what they are taught is absurd. In general, the problem boils down to the way English literature is taught. It's scandalous. Any desire to read that hasn't been destroyed by popular culture, television, films or computers, literature courses have taken care of! It's an intellectual tragedy. All these ideological methods represent is careerism and vanity. There are guys going into their first year at university, they haven't learnt anything in high school, don't even know when the Second World War was, and they get a professor who gives them Foucault to read!"

[Comente este Post]

Postado por Julio Daio Borges
17/10/2002 às 14h00

Mais Posts >>>

Julio Daio Borges
Editor

Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




The Annals of Imperial Rome
Tacitus
Penguin Books
(1968)



Matemática Financeira - Teoria e 700 Questões - 5ª Edição
Benjamin Cesar
Campus
(2006)



A Princesa Nina e seus Cavalinhos Netuno o Pônei Mágico do Mar
Kilbride, Sarah e Sophie Tilley
Publifolha
(2012)



Os Guardiães de Soterion
Ganymédes Jose
Atual
(1993)



Triste Fim De Policarpo Quaresma
Lima Barreto
Ática
(1995)



Ninguém mais vai ser bonzinho na sociedade inclusiva 520
Claudia Werneck
WVa
(1997)



Estruturas de aço
Walter Pfeil
Ltc
(1977)



A Cura Está na Natureza-medicina Natural
Clara Yawata
Tres



Livro Infanto Juvenis Ciça e a Rainha Coleção Re Ver
Neusa Jordem Passatti
Paulinas
(2012)



José Damasceno Cirandar Todos Seminovo
José Damasceno
Oca Laje
(2015)





busca | avançada
58269 visitas/dia
2,1 milhões/mês