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Sábado,
25/7/2015
A fé num café (devaneios de um ateu à toa...)
Cassionei Niches Petry
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(... ou fé demais não cheira bem ou chega de trocadalhos do carilho.)
Na comunicação, há um emissor, que emite uma mensagem a um receptor, o qual depois se torna emissor de uma resposta. A mensagem só pode ser compreendida se ambos conhecerem o código, o contexto. Tudo passa por um determinado canal. Digamos que o emissor reza (mensagem) para um determinado ser (O Grande Grampeador) que responde para ele (nova mensagem). O código é a língua, conhecida por ambos (O Grande Grampeador conhece todas as línguas), o contexto é uma situação de desespero, por exemplo, e o canal é o pensamento ou o próprio ar (nesse caso tem que gritar porque O Grande Grampeador é surdo), e ele responde pelo canal das ações, pois O Grande Grampeador não sabe falar por ele mesmo (não é surdo, mas é mudo, ou melhor, só fala para algumas pessoas escolhidas por ele). Entretanto, para ser atendido, quem ora tem que ter muita fé e acreditar que qualquer coisa é uma resposta. Por exemplo, se você está perdido na vida, está prestes a se matar e for orar para que O Grande Grampeador mande um sinal, se ele não responder é porque você deve se matar. No caso foi uma não-ação dele, pois você não tem fé suficiente.
Quando pequeno, rezei muito um dia para que minha bisavó não morresse. Ela morreu. Decerto não tive a fé necessária. Outro dia, rezei para que minha mãe não descobrisse que consumi todo o conteúdo da latinha de leite condensado e fui atendido. Logo, percebi que ter fé funcionava. Boa lógica eu tinha quando criança, não concordam?
Muitos esperam pela divina providência, cuja função é providenciar soluções para todos os problemas. Como todo produto comercial, porém, ela está sujeita a falhas. Só que não tem SAC para reclamar. Quando funciona, por que não é noticiado no Jornal Nacional ou no Jornal da Record? Aliás, por que o Jornal da Record não noticia as curas feitas na Igreja Universal? Será o medo de perder a credibilidade, pois não há provas de que são milagres?
Quanto a estudos científicos que tentam entender esses supostos milagres, só demonstram que a ciência não é dona da verdade, como os religiosos apregoam. Se houvesse, no entanto, conclusões definitivas, estaríamos vivendo num mundo muito melhor. Uso sempre o exemplo do café. Há pesquisas provando que o café faz bem, outras provando que o café faz mal. Como gosto de café, acredito nos estudos que aprovam a bebida. Assim, existem estudos que mostram possibilidades de milagres e há estudos que mostram outras respostas. Quem acredita em milagres vai continuar acreditando de qualquer forma.
"Mas como o fulano curou sua dor de barriga só com a imposição das mãos do pastor?" Ora, então tudo que não tem uma explicação inicial é resultado de uma ação divina? É mais ou menos isso que os antigos pensavam. Quando caía um raio, e a ciência ainda não tinha uma resposta, logo, foi um deus. Simples. O cara chegou em casa com uma marca de batom e a mulher perguntou: "Como você explica isso?" Ele respondeu: "Não tenho como explicar". E ela: "Nossa! Deus usa batom!"
O protagonista da série televisiva Dr. House faz diversos diagnósticos e erra seguidamente. Possíveis curas podem (veja, digo, podem) ser diagnósticos errados no início. Aí você vai dizer: ah, Dr. House é ficção. Pois é, é ficção, assim como o causador de milagres.
"Mas o fulano foi curado depois de termos rezado muito por ele." Sim, rezaram, o fulano foi curado, mas por um médico.
Postado por Cassionei Niches Petry
Em
25/7/2015 às 10h40
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