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Quarta-feira, 3/2/2016
Em busca de extrema unção
Raul Almeida
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Confesso que me cansei das últimas conversas do meu amigo, que só não tem cadeira cativa no bar ali na rua São José, por não aceitar privilégios.

- O dono até já falou em colocar uma plaquinha de exclusividade na minha mesa. Mas, os bares não são mais como antigamente e trocam de dono com frequência. O cara vende, chega um novo proprietário. Vai que os temperamentos não combinam, a placa é retirada, sabe como é, nessa idade não quero mais perder pontos que, porventura, tenha o prazer de conquistar, comentou certa vez.

As suas falas recentes me deixaram um pouco triste.

Faltou aquela picardia, aquela verve, a inventividade de me levar para um canto do assunto e terminar no outro, geralmente hilário e de pouco ou nenhum drama. Mas já que atravessei a Guanabara, resolvi o que tinha que resolver e a travessura do chope vespertino sempre pisca seus olhos concupiscentes, nada melhor do que fazê-lo em companhia de um conversador, ainda que fora dos seus melhores momentos.

A recepção calorosa me fez esquecer a reflexão sobre os últimos encontros, já que um sorriso fraterno, um aperto de mão e um abraço sincero, valem mais do que qualquer descaminho verborrágico-emocional.

- Quase um mês que você não aparece! Já estava pensando que tinhas voltado lá para o planalto paulista.

Já sei, está recebendo a aposentadoria no banco mais próximo de casa: Tá com medo dos pivetes! Ou será que a senhora andou dando broncas pelos atrasos quando vens ao Rio?

- Nada disso. O banco sempre foi o mais perto. Não carrego dinheiro. Pago com cartão de débito e pivetes atacam mais os velhos mancos e velhotas com bolsas. E quanto a minha mulher, acho até que fica feliz em me ver saudável, indo para lá e para cá e mais, sempre levando uma dessas tuas historias para contar.

Quanto a voltar... É outro assunto. Um dia te conto. Meu coração ainda está por lá. Não volta. Quarenta anos não se apaga com um caminhão de mudanças. E, cá pra nós, a comida é muito melhor mesmo!

As feiras, os mercados, o pastel... Deixa pra lá. De vez em quando dou uma esticada para um fim-de-semana.

- Interessante. Conheço um mundo de gente daqui que faz o inverso: Deixa o coração aqui aproveita o bom de lá por alguns dias, feriados, aquelas coisas.

Mas deixa eu te contar a mais nova

. Pensei em controlar a situação, falando da corrida de lanchas a ser realizada no fim de semana. Mas não deu certo. Sua habilidade com as palavras cortou-me em três lances como num xeque Pastor

-É. O dinheiro vai aparecendo e com ele as novidades. Esse esporte é bancado pelos donos do petróleo, eu acho. E coisa para televisão, pois em pé ali no flamengo, o que é que dá pra ver? Uns risquinhos brancos sobre a agua. Deve ser interessante mas não vai me pegar. Talvez você consiga alguma coisa se tiver um binoculo e for lá para a varanda do MAC, de Niterói, ou mesmo na orla da Boa Viagem.

- Você conhece o meu lugar!

- Claro. Alguém me falou que tinha a melhor vista do Rio e fui conferir, disse entre risadas.

Então escuta só. Eu estava aqui sentado, olhando a rua e, subitamente, a mesa do lado ficou ocupada com uma gente faladora, alegremente exaltada, com pinta de comemoração. Todos homens, variando entre os fins dos vinte e os meios dos trinta. No começo ficou claro tratar-se de gente do mercado financeiro e que estavam festejando um momento muito especial. Aquela parada era, apenas, para matar a sede mesmo. Tomar um ou dois chopes e seguir em frente.

O jargão predominou quando os assuntos giravam em torno da façanha, provavelmente, um ganho colossal fora de hora, mas a fala voltava ao mundo dos mortais, quando, em meio ao monte de informações e temas, alguém se lembrava das pernas de uma colega, da minissaia da mais recente divorciada do andar ou da melhor casa noturna da barra. Ficaram papardeando e rindo, quando um dos mais eloquentes, percebia-se pela voz, sugeriu uma baderna mais ordinária. Um pouco mais de prazer e festa com um ingrediente inigualável: Mulheres.

-Só tá faltando umas noviças, repetia em tom de blague.

No começo não teve unanimidade. Na verdade alguma resistência por conta dos que tinham compromissos sérios.

O MBA na Fundação, foi citado pelo menos duas vezes, a pós também foi invocada, mas o baderneiro continuou insistindo até que provocou todo mundo com um discurso entre o misterioso e o sinistro,.ao mencionar sua busca pela extrema unção,

A conversa travou e o que aparentava ser o mais velho, sugeriu que era muito pouca bebida para tirar alguém do sério, naquele começo de fim-de–tarde.

Que historia mais besta procurar extrema unção, e ainda por cima, num dia de tanto sucesso. Um dia de jubilo, de festa, de vida, de alegria.

O rapaz então. começou um bestialógico meio desconexo para quem, minutos antes, estava radiante e eufórico, o próprio Dionísio procurando vinho e ninfas.

Os outros menos criativos, entraram no clima das reflexões e afirmativas quanto ao brilho que o futuro lhes acenava, fazendo citações bizarras de autores de livros de autoajuda.

Por algum tempo ficaram declamando chavões quanto ao destino, a perseverança, a possibilidade de ser trocar de noiva, namorada, amante, enfim.

Essa coisa de extrema unção não estava com nada e eles iriam, imediatamente, aceitar a sugestão para uma grande orgia, uma esbornia.

Os ganhos do dia ficaram insignificantes ante a necessidade de se levantar a moral daquele que, ainda a pouco, transpirava felicidade. Faltava decidir o destino. Aonde iriam. O mais capacitado para sugestões estava meio depressivo, mas assim mesmo começou a falar:

-Acho que vocês entenderam uma parte. Sabe como é, a gente pode telefonar para umas pessoas certas, alugar uma suíte num motel, levar asmeninas ou: Fez uma pausa.

- Ou o que, perguntaram todos em uníssono:

-Ou vamos lá no “clube, justamente em busca da extrema, maravilhosa, sensacional, deslizante, perfumada, macia, relaxante unção com aqueles óleos escorregadios, que só elas sabem esfregar na gente!

Ficaram todos mudos até que alguém perguntou desassombrado:

- UNÇÃO com oleos de massagem... É isso, insistiu.

- É, respondeu rindo o maquiavélico baderneiro.

Unçâo extrema de prazeres dos vivos,

- E daí? Como terminou, perguntei.

-Ora, pagaram os chopes e saíram as gargalhadas, em direção ao tal clube das noviças.

-Hoje valeu a pena. Essa extrema unção,...Dizer o que né...

Pedimos a saideira, demos algumas risadas, recortando e comentando a historia, até que chegou a hora do abraço e do aperto de mão

. Fiquei de voltar na próxima semana com o resultado da corrida de lanchas.

RA


Postado por Raul Almeida
Em 3/2/2016 às 14h01

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