As várias faces de Al Pacino | Guilherme Pontes Coelho | Digestivo Cultural

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Terça-feira, 4/11/2008
As várias faces de Al Pacino
Guilherme Pontes Coelho
+ de 5300 Acessos
+ 3 Comentário(s)

Em março de 2008, Guilherme Montana, este asno que lhe escreve, esteve por horas excitado com um trailer captado e visto via YouTube. O asno não conseguia pensar noutra coisa a não ser no maldito troço que exibia Robert De Niro e Al Pacino juntos, juntinhos, pela primeira vez de verdade. O Poderoso Chefão II e Fogo contra fogo não contam, porque naquele eles não dividiram cena alguma e neste apenas uma cena e um enquadramento. Daí que os ver no mesmo filme, interpretando policiais parceiros, contracenando por duas horas, era uma grande promessa de prazer estético. Righteous Kill, ou As duas faces da lei (como a película fora batizada em português, coitada), era algo pelo que esperar impacientemente.

O problema é que deu tudo errado. Antes, breves achismos envolvendo Pacino e De Niro e umas pseudo-análises, a.k.a. opinião de blogueiro.

Houve uma época em que Al Pacino era ator, acredite. Houve uma época em que ele de fato atuava, "incorporava o personagem", como dizem no jargão. Um dia de cão, Justiça para todos, O Poderoso Chefão e em muitos dos posteriores a esses é possível o ver atuando, ou ver vida nos personagens dele. Mas Pacino não interpreta mais, a não ser a si mesmo, e mal. Isso me deixa consternado, sou fã do cara.

Michael Corleone, Carlito Brigante, Ricky Roma, Frank Serpico ― a lista de grandes interpretações é boa, e é encabeçada pelo nome Tony Montana. Há uma quase-unanimidade sobre isso. Até você deve achar essa a melhor performance dele. Já eu tenho dúvidas. Não sei se a apontaria como a melhor, porque O Poderoso Chefão III é uma das minhas prediletas. Tony Montana à parte, o lance é que ele é um dos poucos atores cujos personagens são lembrados antes do seu nome, ao contrário do que acontece com Tom Hanks, por exemplo. Hanks é ótimo, está sempre bem nos filmes, mas tirando um Forrest Gump ali, um Josh* acolá, todos os outros papéis são sempre o Tom Hanks. Ninguém lembra o nome dos papéis dele e apenas o Forrest Gump entrou para a, digamos, mitologia popular. O engraçado é que Hanks se transforma nos personagens, mas nenhum é lembrado pelo nome; Pacino transforma os dele nele mesmo e vários permaneceram no imaginário cinéfilo (um Brando em escala reduzida, concorda?).

O último grande desempenho de Pacino foi em Um domingo qualquer, fazendo o Tony D'Amato. Foi uma ótima fase essa, na verdade. Antes de D'Amato, foram sete performances fodonas, oito se você contar com Perfume de mulher, ou dez, se você contar com Ricardo III e Um dia para relembrar, mas não contei com eles. As sete: Ricky Roma (Sucesso a qualquer preço, os melhores sermões do cinema), Carlito Brigante (O pagamento final), Vicent Hanna (Fogo contra fogo, atuações fantásticas), John Pappas (City Hall, discursos fodões), Lefty (Donnie Brasco), John Milton (Advogado do diabo, o melhor Diabo do cinema!), Lowell Bergman (O Informante) e Tony D'Amato. Um razoável canto de cisne em Insônia, fazendo o Will Dormer, e depois só constrangimentos.

Os mesmos trejeitos, os mesmos tiques, as mesmas entonações. Hoje em dia eu fico tão constrangido com Al Pacino como sempre fiquei, sempre!, com Francisco Cuoco, Eva Wilma e todo o elenco de Malhação (ou Mutantes, ou... a lista é longa). São pessoas que deixaram de atuar para usar mecanicamente maneirismos insólitos. Pacino está numa eterna pré-produção de um filme aí, a ser dirigido pelo bacana diretor do bacaníssimo Senhor das armas, Andrew Niccol, no qual "encarnará" ninguém menos que Salvador Dalí. Imagine!

Sabe, eu me sinto até meio mal em ficar criticando assim os outros, mesmo que seja sobre uma coisa que está aí pra ser criticada mesmo, o desempenho profissional deles. Mas pense bem. Ficamos duas horas ou mais numa sala escura com uma tela imensa à nossa frente, prontos para o mergulho, para a imersão total numa narrativa, guiados pela performance desses atores cretinos. Tudo colabora para tal imersão, principalmente a atuação desses caras.

Eu realmente esperava ver um show dos sexagenários ítalo-americanos. As carreiras de ambos já se tocaram algumas vezes, mesmo que só "filosoficamente", como é o caso do Diabo. Ambos já o fizeram. Embora eu tenha mais simpatias pelo Diabo de Pacino, o de De Niro também é fabuloso (Coração Satânico). Ambos estão devidamente aboletados na minha DVDteca. A vez até então em que dividiram a tela foi em Fogo contra fogo. Acredito que o pessoal criativo que traduz os nomes dos filmes batizaram este como Fogo contra fogo porque viram De Niro e Pacino na capa ― e nesta ótima fita de Michael Mann eles botam pra foder.

Robert De Niro parece ser menos preguiçoso que Al Pacino. O cara é quase um Gerard Depardieu em quantidade de filmes. (Parênteses: não existe filme francês sem Depardieu.) De Niro até participou de mais comédias que Pacino e até cometeu sacrifícios físicos, vide Touro Indomável. Eu até deixo as preferências de lado e concordo quando dizem que ele é melhor que Pacino. E o desempenho dele em As duas faces da lei é visivelmente melhor. Poucos personagens do De Niro têm a mesma popularidade dos de Pacino; por outro lado, ele conseguiu a proeza de dividir o mesmo papel com Deus (Marlon Brando). Não só isso: ambos, ele e Deus, ganharam Oscar por terem feito Don Corleone.

Além do mais, a amizade com Scorsese favoreceu muito De Niro no quesito qualidade filmográfica. Pacino bem que poderia fazer mais filmes com (meu predileto) Michael Mann. Brando e Coppola, Pesci/De Niro e Scorsese, James Stewart e Hitchcock, Johnny Depp e Tim Burton, Selton Mello e Guel Arraes, Regina Duarte e Manoel Carlos**, mas Pacino não teve um diretor bróder.

Jon Avnet, o diretor de As duas faces da lei, não foi bróder nem de Pacino, nem de De Niro. Fico pensando: se você tem à sua disposição esses dois caras, é bom fazer algo decente. Mas ambos aceitaram numa boa a sacanagem a que esse Avnet os submeteu. As únicas coisas boas do filme são as piadas, principalmente as do Donnie Wahlberg ― esse mesmo, o do New Kids On The Block, e a Carla Gugino, que até agora só conta com dois filmes bons e um razoável na carreira (O Gangster, Sin City e Olhos de serpente). Se tudo der certo, ela terá três filmes bons, com Watchmen.

Mas Avent foi cruel com os sexagenários, lendários ítalo-americanos. Ele colocou os caras num filme policial cheio de clichês, com direito a alusões a xadrez (uma metáfora inédita para "estratégia", lato senso), a serial killer que escreve poemas para as vítimas e os deixa na cena do crime e a joguinhos estéreis com o espectador. Algumas coisas são bem boladas, as piadas, por exemplo, mas no geral o filme é ruim. Deu tudo errado.

Eu queria muito gostar do filme. Infelizmente, não deu. Saí do cinema com uma imensa sensação de desperdício: gastei dinheiro à toa, esperei tanto tempo à toa e, o pior, De Niro e Pacino fizeram merda à toa.

Fico triste.

* Josh é o protagonista de Big (Quero ser grande), clássico da Sessão da Tarde.
** Brincadeirinha.


Guilherme Pontes Coelho
Brasília, 4/11/2008

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* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

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COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
4/11/2008
14h29min
O filme é péssimo realmente. Eu fui testemunha, ao lado do Montana, de como os dois "sexagenários ítalo-americanos" foram mal dirigidos. Da vontade de sair no meio.
[Leia outros Comentários de Rodrigo Ramthum]
5/11/2008
10h02min
Certas vezes, o sujeito reúne todos os elementos para realizar uma obra magistral, e não realiza. Outras vezes, conta com uma miséria de recursos materiais e humanos e, contra todas as expectativas, acaba por fazer um trabalho que se transforma em patrimônio da humanidade. Por isto que arte é palavra feminina em quase todas as línguas (menos em inglês, que não tem o gênero, exceto em pronomes), pois a arte é imprevisível como as mulheres. Às vezes, um aviãozinho a jato te faz ir em parafuso ao inferno e, noutros casos, um blindado Panzer, cheio de estrias feitas à bala, te arremete ao paraíso.
[Leia outros Comentários de mauro judice]
5/11/2008
20h31min
O que fazer quando se chega ao auge de uma profissão? Que rumo tomar depois disto? Manter-se no topo, permanecer humilde diante do sucesso, sair do jogo enquanto a reputação ainda está intacta ou perder-se com o passar do tempo, dificilmente encontrando o caminho de volta? A estagnação em uma profissão reflete a falta de objetivos e de paixão por aquilo que se faz, talvez um desinteresse que cresce à medida que se reconhece que não existe outra atividade que requeira suas habilidades, seus talentos. É uma pena, mas acontece.
[Leia outros Comentários de A. Luiz]
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