Tempo vida poesia 1/5 | Elisa Andrade Buzzo | Digestivo Cultural

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Quinta-feira, 5/8/2010
Tempo vida poesia 1/5
Elisa Andrade Buzzo
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foto: Alberto Krone-Martins

Uma viagem ao coração do México (e de si) com poetas da América Latina [em 5 partes]

Te amé con los ligamentos podridos y con el cerebro vuelto carbón y incapaz de encenderse Ernesto Carrión gesticula os dedos freneticamente por debaixo da mesa, enquanto a mão direita equilibra o livro aberto; a voz amplificada pelo microfone está se embargando, te amé como un espejismo inquieto aferrándose a este sol y a otro y a otro se esganiça e parece que vai sumir de vez, aprendiendo que el vacío también fabrica sus sueños sus claraboyas, mas feito milagre ela se desprende das pontas envergadas do bigode e volta à tona pero recuerda: el agua que fecunda, mata para pingar de palavras a álcool no silêncio da tradicional Sociedad Mexicana de Geografía y Estadística.

O público nos observa atento e chistoso, e somos todos observados pelos retratos bigodudos dos antigos presidentes da Sociedad que deu os contornos fronteiriços ao novo país independente. Ao fundo do salão nobre, todo em madeira e envolto em veludo magenta, o mapa de um México ainda imenso. No púlpito, dois globos posicionados de modo equidistante em torno dos leitores não faziam ideia de que, neste dia, de suas Américas Latinas saltariam quarenta e tantos jovens poetas para ali reunir-se em clima de festa e seresta num festival literário. E, o mais importante, talvez, que a integração latino-americana passaria de desejo a prática na terceira edição do festival de poesia El Vértigo de los Aires. Organizado pela Asociación de Escritores de México que, diferente do que traz o nome pomposo, é dirigida por jovens escritores na Cidade do México ― como Alberto Trejo e Jocelyn Pantoja ―, o festival tem objetivos grandiosos e alma aberta a receber autores de diferentes personalidades e motivações.

Da cadeira ao lado me contorço com as cordas vocais do equatoriano. Concentro-me para escutar a leitura resfolegante do poeta, que dizem maldito ― mas o fato é que uma dor renitente no meu joelho direito e os ruidosos ventiladores não favorecem ―, para contornar as dispersões entre um flash frouxo e outro que enfrentamos diante de uma multidão-incógnita. Logo mais terei que encarar outra rodada de leituras diáfanas e as amplas janelas batendo ao vento, veladamente às cortinas, trazem-me a sensação do exterior que fervilha. Fixo o olhar mais uma vez em seus dedos irriquietos, morderse el dedo índice con ganas cuando pretende rasgar a ratos e lembro das impressões digitais na redoma em que Cristo repousa na Catedral Metropolitana, a poucos passos dali, a cintura envolta em manto púrpura. Preguntarse acaso si somos tan humanos Si ha valido la pena este viaje hacia nosotros mismos: Os fiéis mexicanos, que não são poucos, fazem o sinal da cruz e passam o dedo no vidro, imprimindo sua digital na superfície. A imponência e a altura da construção nos maravilha e oprime. O México que vejo é este: país herdeiro da Nova Espanha e do Império Asteca, ou seja, um turbilhão de rica cultura indígena e fervor religioso católico.

O ritual de Carrión é outro: aquieta os dedos, levanta o copo de plástico e beberica seu conteúdo envolto em pedras-preciosas-gelo-prata. Não sei para quem olha por detrás dos óculos Ray-Ban, mas agora somos nós que estamos disponíveis ao toque prematuro e à mirada da plateia, profetizando blasfêmias ou dizendo algo que julgamos importante, quem sabe. Colegas começam a se entender com ele aos gritos e risos. Seu penteado está impassível apesar da leitura violenta, a não ser um leve brilho de sebo que macula as mechas negras escorridas que, quando limpas, refletiam o pôr do sol de Puebla, em frente à sua monumental Catedral. Poucos dias antes de começar o festival Vértigo, alguns dos convidados foram seus lançar livros num "giro" por cidades mexicanas, dentre elas, Puebla. Também chamada de Angelópolis ― no centro-sul do país ―, é uma importante cidade colonial e a sexta maior cidade do México hoje. Fomos nos juntar ao poeta equatoriano na Casa del Escritor Refugiado, tranquilo recanto no centro desta cidade, chegando de uma rápida viagem de ônibus desde a Cidade do México. Antes, os poetas Javier Norambuena e María Eugenia López se apertaram em táxis comigo e outros viajantes, comeram enchiladas suizas rojas para experimentar do doce movimento que é a vida em suspensão, fora de casa, no coração do México. A chefe da expedição: Jocelyn Pantoja.

Cujo sorriso de dentes perfeitos recebe uma camada de baton vermelho, as maçãs do rosto moreno, blush. Depois, saca um curvex, que prende aos cílios deixando por alguns segundos sua marca de compressão. Os olhos, desses quase negros que nos levam ao abismo, são testemunhas rutilantes do esplendor colonial da praça que nos entorna. Como uma soldadera da Revolução Mexicana de 1910, Jocelyn está pronta para subir no trem, pegar em armas para garantir a sobrevivência de seu amor em pleno conflito. Agora ela se vira para trás e ― ao lado de outras soldaderas em camisa e saia ampla ― a fotografia em preto e branco registra o exato momento da tensão nos olhos, a boca entreaberta, as mãos agarradas aos ferros, o corpo inclinado para fora do vagão. É uma célebre imagem da Revolução que se cola a essa mulher forte. Neste outubro de 2009, a situação muda um pouco de figura: Jocelyn embarcara num ônibus para "tornar carne o que antes era papel e tinta", ou seja, realizar o encontro multinacional com seus poetas nas leituras públicas. Responsável pelo periódico Literal e pela Limón Partido, uma editora independente que já publicou vinte títulos de poesia latino-americana, ela toma decisões rápidas e eficientes. Não à toa estávamos imersos naquela paisagem ocre, terra indígena remodelada segundo o modelo espanhol, rodeados por igrejas e vulcões, atuando no teatro dos desvalidos.

Y cuando de pronto creo verme en el espejo
No sé si es uno o somos dos
Si es él o soy yo
O si somos simplesmente nosotros
(Ihován Pineda L.)

"Algo", responde Javier depois de um profundo silêncio. Estamos num dos bares que margeiam a praça, jogando conversa fora. Ao longe, a catedral nos observa cerrada em seus portões magestosos. É a resposta mais neutra que poderíamos dar à pergunta que nos persegue até mesmo num dia preguiçoso em Puebla: "Você gosta de poesia?". A dentadura continua, impassível, em seu discurso caquético: trata-se de um CD de poesia infantil, com 75 minutos, custando, por isso, 75 pesos. A estratégia não deu certo entre os poetas adultos. Rolou compaixão. Mas e se nós descêssemos do pedestal bambo em que nos sentamos ― numa confortável e ilusória certeza de que somos a bola da vez ― e, exalando poesia, saíssemos a esmo pelos cafés da cidade, mundo distante para nós e por isso mágico, onde a violência não existe e tudo pode ser diferente... uma argentina, um chileno e uma brasileira, mãos dadas, como as que Drummond prega. E é assim, destemidos, que rodamos pelas suas ruas de construções coloniais. Decerto escapamos de mil armadilhas e sequestros, na sensação de segurança que só a ignorância e a coesão de um grupo pode dar. María Eugenia inebriando-se com os registros de sua máquina fotográfica, seguimos de igreja em igreja, cruzando passagens guardadas por sentinelas angelicais, ouvindo o órgão da magnífica Catedral Metropolitana, Javier encantando-se com as inúmeras incrustações escultóricas na Igreja de Santa María Tonantzíntla, devoramos churros açucarados com mesma devoção com que se desfaz na boca a hóstia imaculada nas missas. Até que nos cansamos e voltamos à Casa do Escritor, nosso refúgio particular, com a serenidade de quem já viu muito e os olhos cheios do porvir.

A seriedade de Javier se desfaz nos sulcos que se formam acima de suas bochechas quando sorri. Sua cara entediada nas leituras ― as mãos moles sustentando o queixo ―, na verdade é "de concentração", mas creio que nunca saberemos o que se passa em sua mente misteriosa. O que sei é que ele é translúcido, tem as feições típicas de um chileno com cabelos pretos e duros, olhos muito levemente repuxados, a pele branca e mãos grandes demais para escrever poesia. Seus dentes são tortos como os meus e os da mulher que a esta hora já foi-se embora, sem vender seu trabalho. Talvez ter os dentes imperfeitos seja um jeito assim gauche de ser. "Agora estou centrado na minha poesia", diz, colocando a palma da mão aberta na frente do rosto, quase encostando no aro preto dos óculos. Depois de ter terminado a licenciatura em Letras ano passado, Javier está em conflito. Pensa em fazer mestrado, mas ainda não sabe exatamente em quê. Conversamos sobre sua escrita híbrida, das suas novelas e de seus contos. Sabe das fronteiras pouco nítidas de sua produção. O volume em questão, Humedales, poema em forma de narrativa fragmentária, é prova disso. Por enquanto, Javier quer escrever, simplesmente, e lhe conto da concorrência em obter as poucas bolsas de criação literária. É o que acontece por toda parte... embora haja muito mais estímulos e prêmios, principalmente aos jovens escritores, em outros países latino-americanos, como México e Chile.

Tanto ele quanto María Eugenia são poetas constantes nos diversos festivais de poesia latino-americanos criados nos anos 2000, como o Salida al Mar, em Buenos Aires, o Poquita Fé, em Santiago, o Novíssima Verba, em Lima, o Tordesilhas e a Flap!, em São Paulo. É de praxe que os festivais sejam uma espécie de "ponto de encontro", troca de experiências e formação de parcerias editoriais entre recém-conhecidos e conhecidos de, literalmente, outros festivais. Muitos de seus participantes são engajados em projetos editoriais, como Jocelyn e María Eugenia, que editou a coleção de livros de bolso artesanais Chicas de Bolsillo. Esse projeto de integração dos países latino-americanos pela poesia muito se deve não a um projeto político deliberado, mas a iniciativas de editoras alternativas e de apaixonados, como o chileno Héctor Hernández Montecinos, a brasileira Ana Rüsche, o argentino Cristian di Nápoli, entre muitos outros envolvidos na logística desses festivais. Talvez o que seja mais profícuo neles sejam as amizades, os amores, o reconhecimento do outro longínquo ― e fique a impressão de que a a poesia, diante da magnitude dos encontros, esteve relegada a segundo plano. Só que ali a poesia não pode ser entendida em separado, apartada da vida em geral e, assim, mais do que paradoxalmente à margem, ela fique em estado bruto durante os encontros, por isso mesmo sujeita ao fracasso e à glória. Os temas de discussão giram em torno de novos meios, a relação poeta-leitor, novas políticas editoriais ibero-americanas. Beirando o informal e o mambembe, e ainda com resquício de formalidade dos agradecimentos iniciais e dos convidados medalhões, a juventude dos festivais vem criando o discurso do "faça você mesmo", "inove", mas nem tanto. Ao menos enquanto dure o espaço de prazer e revelia. Até o próximo encontro com suas nuances regionais, contornos de cordilheiras, lagos submersos ou arranha-céus.


Elisa Andrade Buzzo
São Paulo, 5/8/2010

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