50 anos a mil, a vida de Lobão | Jorge Wagner | Digestivo Cultural

busca | avançada
22100 visitas/dia
1,2 milhão/mês
Mais Recentes
>>> BuZum! encena “Perigo Invisível” em Itaguaí, Mangaratiba, Angra dos Reis e Paraty (RJ)
>>> Festival de Teatro de Curitiba para Joinville
>>> TIETÊ PLAZA INAUGURA A CACAU SHOW SUPER STORE
>>> A importância da água é tema de peças e oficinas infantis gratuitas em Vinhedo (SP)
>>> BuZum! encena “Perigo Invisível” em SP e público aprende a combater vilões com higiene
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> O batom na cueca do Jair
>>> O engenho de Eleazar Carrias: entrevista
>>> As fitas cassete do falecido tio Nelson
>>> Casa de bonecas, de Ibsen
>>> Modernismo e além
>>> Pelé (1940-2022)
>>> Obra traz autores do século XIX como personagens
>>> As turbulentas memórias de Mark Lanegan
>>> Gatos mudos, dorminhocos ou bisbilhoteiros
>>> Guignard, retratos de Elias Layon
Colunistas
Últimos Posts
>>> Barracuda com Nuno Bettencourt e Taylor Hawkins
>>> Uma aula sobre MercadoLivre (2023)
>>> Lula de óculos ou Lula sem óculos?
>>> Uma história do Elo7
>>> Um convite a Xavier Zubiri
>>> Agnaldo Farias sobre Millôr Fernandes
>>> Marcelo Tripoli no TalksbyLeo
>>> Ivan Sant'Anna, o irmão de Sérgio Sant'Anna
>>> A Pathétique de Beethoven por Daniel Barenboim
>>> A história de Roberto Lee e da Avenue
Últimos Posts
>>> Nem o ontem, nem o amanhã, viva o hoje
>>> Igualdade
>>> A baleia, entre o fim e a redenção
>>> Humanidade do campo a cidade
>>> O Semáforo
>>> Esquartejar sem matar
>>> Assim criamos os nossos dois filhos
>>> Compreender para entender
>>> O que há de errado
>>> A moça do cachorro da casa ao lado
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Agnaldo Farias sobre Millôr Fernandes
>>> A política brasileira perdeu a agenda
>>> Livre talento, triste exílio, doces brasileiros
>>> Paris é uma Festa
>>> Belham: nossa maior voz infantil
>>> Por um Brasil livre
>>> Cordiais infâmias de Satie
>>> Dando a Hawthorne seu real valor
>>> Por que a crítica, hoje, não é bem-vinda
>>> Os últimos soldados da Guerra Fria
Mais Recentes
>>> Fisiopatologia Volume 1 de Carol Mattson Porth pela Guanabara (2010)
>>> Tire as patas, cara de requeijão de Geronimo Stilton pela Berlends & Verttecchia (2002)
>>> A manina que não sabia ler de John Harding pela Leya (2010)
>>> Nova consciência - altruísmo e liberdade de Daniel Burkhard pela Antroposófica (2015)
>>> A Arte da Guerra de Sun Tzu pela L&pm Pocket (2007)
>>> Concurso vestibulas e enen de Vários autores pela Difusão cultural do livro (2011)
>>> Enciclopédia dos aviões de Salvat pela Salvat (2019)
>>> Respeito sim violência não de Fernando Carraro pela Ftd (2017)
>>> Processos de mircroeletrônica de V. Baranauskas pela Sociedade Brasileira de Vácuo (1990)
>>> História para o ensino médio - História Geral e do Brasil de Claudio Vicentino e Gianpaolo Dorigo pela Scipione (2002)
>>> Kind Of Blue - A Historia Da Obra-Prima De Miles Davis de Ashley Kahn pela Barracuda (2007)
>>> A Cartilha da Lógica de Maria do Carmo Nicoletti pela Edufscar (2010)
>>> Macro e Micro Cosmos - Visão Filosófica do Taoísmo de Sidney Donatelli pela Ssua (2007)
>>> Chakras: Energy Centers of Transformation de Harish Johari pela Destiny Books (2000)
>>> A Segunda Guerra Mundial: Os 2174 dias que mudaram o mundo de Martin Gilbert pela Casa da Palavra (2014)
>>> O Guia dos Ufos de Norman J. Briazack, Simon Mennick pela Difel (1979)
>>> Origem de Dan Brown pela Arqueiro (2017)
>>> Sapiens: Uma breve história da humanidade de Yuval Noah Harari pela L&PM (2018)
>>> Mitologia Nórdica de Neil Gaiman pela Intrínseca (2017)
>>> O Poder do Hábito de Charles Duhigg pela Objetiva (2012)
>>> O Ocultismo Prático e as Origens do Ritual na Igreja e na Maçonaria de H. P. Blavatsky pela Pensamento (2009)
>>> O Nome do Vento (A crônica do Matador do Rei 1) de Patrick Rothfuss pela Arqueiro (2009)
>>> Cosmogonia dos Rosacruzes de Max Heindel pela Biblioteca Rosacruz (1981)
>>> O Mundo Alemão de Einstein de Fritz Stern pela Companhia das Letras (2004)
>>> Agassi Uma Autobiografia de Andre Agassi pela Intrínseca (2019)
COLUNAS

Terça-feira, 8/3/2011
50 anos a mil, a vida de Lobão
Jorge Wagner
+ de 7000 Acessos
+ 1 Comentário(s)

Ainda que autores de renome carreguem nas tintas ou encham as bocas para afirmar escreverem não uma história, mas "a definitiva" história de determinados personagens, a verdade é que toda biografia é apenas uma versão (ainda que escrita a partir de dezenas de depoimentos e documentos) e traz apenas lampejos da vida de alguém.

Pense numa distante cena da sua vida: a primeira bicicleta, uma festa de aniversário, um braço quebrado, um coração partido. Recorde o momento, o cenário, personagens e figurantes, diálogos. E agora seja sincero: distante no tempo e no espaço e vista sob a ótica de quem você veio a se tornar com o correr dos dias, o quanto sua lembrança é fiel e corresponde, exatamente, à realidade dos fatos?

Se contar a história alheia com o máximo de fidelidade aos fatos ― que "não são a verdade, mas apenas indicam onde pode estar a verdade", nas palavras da finada jornalista e espiã americana Mary Bancroft ― é tarefa das mais difíceis, o que dizer portanto do desafio de contar a própria história?

"Gostaria de ressaltar também que tudo o que for dito e contado nesse livro será através do ponto de vista da minha pessoa enquanto inserida naquele tempo". É dessa maneira que Lobão ― músico, cantor, compositor, apresentador de televisão e mestre na arte da polêmica ― inicia, depois de mais de duzentas páginas de sua autobiografia 50 anos a mil (Nova Fronteira, 2010, 600 págs.), suas explicações para suas antigas desavenças com o também músico Herbert Vianna. Se assim preferisse, Lobão poderia usar a mesma frase ainda na primeira página de seu livro, quem sabe no primeiro parágrafo. O efeito seria o mesmo e faria o mesmo sentido.

Lobão nasceu João Luiz Woerdenbag Filho, no Rio de Janeiro, em 11 de outubro de 1957. Tímido ao extremo e fruto de um casal composto por uma mãe superprotetora e com um forte transtorno bipolar e por um pai ranzinza e excêntrico, o canídeo supõe que, "pela lógica dos fatos", deveria ter se tornado um bundão.

Entre uma centena de histórias, buscou fugir disso aprendendo a tocar bateria sozinho, acompanhando Ritchie e Lulu Santos no Vímana (lendária banda de rock progressivo que chegou a ensaiar para a gravação de um disco solo do tecladista Patrick Moraz, ex-Yes, antes que a explosão do punk aguasse a proposta), fundando e rompendo com a Blitz, sendo preso por porte de drogas e virando mascote de traficantes, levando a bateria da Mangueira para a linha de frente do Rock In Rio, desafiando as gravadoras e retornando a elas com um acústico que, embora achincalhado pela crítica, terminou premiado com o Grammy Latino de melhor disco de rock do ano de 2007 (seja lá o que esse prêmio hoje em dia signifique).

Depois de alguns anos como apresentador de televisão, Lobão chegou às livrarias no final de 2010 como um fenômeno editorial. A primeira leva de sua autobiografia (que conta também com a valiosa parceria do jornalista Claudio Tognolli em entrevistas e pesquisas de material publicado a respeito do músico ao longo de toda a sua carreira profissional) esgotou-se rapidamente, levando à impressão de uma segunda leva com 20 mil exemplares. Desde janeiro deste ano 50 anos a mil figura na lista de livros mais vendidos do País publicada pela revista Veja.

A biografia tem início com uma cena bastante peculiar: Lobão e Cazuza cheirando cocaína sobre o caixão de Júlio Barroso. Lobão reconstrói o momento, reproduz as falas e detalha elucubrações ― do tipo "É a hora do pastiche e da indulgência. A hora do frenesi dos mesmos cadáveres insepultos de sempre, sugando a juventude dos que nada mais têm a oferecer, além do próprio sangue de barata." ― com a mesma segurança de alguém que tem em mãos um controle remoto, podendo conferir, quadro a quadro, uma situação devidamente registrada. Mas não há registros. E a única testemunha que ainda respira presente na história datada de 1984 é ele, o autor.

Uma das razões para a publicação de 50 anos a mil, aliás, como o músico gosta de repetir em entrevistas e declarações no Twitter, foi o fato de Lobão ter sido extirpado da história de Cazuza, um de seus maiores amigos, levada às telas no ano de 2004. Não sem razão, o cantor acusa os produtores do longa de terem "sanitizado" a biografia do amigo, resultando em um filme muito mais próximo de um capítulo de Malhação que da realidade. O escritor Gabriel García Márquez defende que "a história de uma pessoa não é o que lhe aconteceu, e sim o que ela lembra e como ela lembra". Depois do episódio com Cazuza ― O tempo não para, Lobão decidiu contar o que lembra ser a sua história, da maneira como se lembra de tê-la vivido.

Independente da opinião que se tenha a respeito da irregular obra artística do grande Canis lúpus, é preciso admitir que poucos personagens surgidos na cena do rock nacional da década de 1980 possuem uma história tão rica e peculiar quanto João Luiz. Poucos possuem posições tão polêmicas e fizeram tantos inimigos ― seja no meio artístico, jornalístico, jurídico ou midiático ― quanto ele. Isso, por si só, faz com que 50 anos a mil, embora demore a engrenar (a primeira centena de páginas é dedicada à infância do artista) e resvale, vez por outra, numa espécie de compensação psicoterapêutica (como se o autor aproveitasse suas páginas para expurgar demônios e aliviar traumas), seja um livro pertinente, interessante e recomendável.

Talvez Lobão exagere em lembrar certos fatos, faça uso de "licença poética" para reconstruir diálogos e, não por má fé, adultere certas histórias ― os trechos pesquisados por Tognolli, por exemplo, mostram que o músico, em diferentes momentos, declarou ter começado a usar drogas aos 14, aos 15 e, informação defendida no texto autobiográfico, aos 16 anos. Mas vale lembrar que "toda biografia contém, inevitavelmente, elementos de ficção", como alerta John Stape na introdução da biografia do escritor Joseph Conrad. 50 anos a mil é um livro que não foge à regra.

Nota do Editor
Texto gentilmente cedido pelo autor. Originalmente publicado no site Scream & Yell.

Para ir além






Jorge Wagner
Paracambi, 8/3/2011

Mais Jorge Wagner
* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

ENVIAR POR E-MAIL
E-mail:
Observações:
COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
9/3/2011
22h06min
Até hoje fico na dúvida se esse cidadão é um lobo mau ou lobo bom...
[Leia outros Comentários de Rebeca Lira]
COMENTE ESTE TEXTO
Nome:
E-mail:
Blog/Twitter:
* o Digestivo Cultural se reserva o direito de ignorar Comentários que se utilizem de linguagem chula, difamatória ou ilegal;

** mensagens com tamanho superior a 1000 toques, sem identificação ou postadas por e-mails inválidos serão igualmente descartadas;

*** tampouco serão admitidos os 10 tipos de Comentador de Forum.




Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




Atlas de Parasitologia
G. Chaia
Johnson & Johnson
(1975)



A Fogueira das Vaidades
Tom Wolfe
Rocco
(2018)



Manual Del Constructor de Máquinas (espanhol)
Labor; H. Dubbel
Labor. S. A.
(1950)



O Anjo e a Fera (lacrado)
Alain Giami
Casado Psicólogo
(2004)



Introdução ao Direito das Agências Reguladoras
Sérgio Guerra
Freitas Bastos
(2004)



Eventos e Egos
Ademar Alipio da Silva
Livre Expressão
(2011)



Os Dozes Trabalhos de Hércules - Ilustrado
Monteiro Lobato
Globo
(2010)



Deutcher Wortschatz
Hugo Wehrle
Ernst Klett VerlagStuttgart
(1954)



Parapsicologia ao Alcance de Todos
Rodney Marsden
Ibrasa
(1985)



Mamãe Dolores saborosos quitutes
Mamãe Dolores saborosos quitutes
Sem





busca | avançada
22100 visitas/dia
1,2 milhão/mês