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Quarta-feira, 19/5/2021
Entrevista com o impostor Enrique Vila-Matas
Cassionei Niches Petry
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Depois de muitos anos sofrendo do mal de Montano, visto que sempre li e escrevi muito, sofro agora da síndrome de Bartleby, pois deixei de escrever ficção e resenhas literárias, as quais, vá lá, tinham certo número de leitores. Sete, quem sabe, a conta do mentiroso. Pois de mentiras e imposturas, vamos vivendo ou sobrevivendo.

Como não queria deixar passar em branco a reedição em “terra brasilis” do livro de Enrique Vila-Matas que trata da doença dos escritores que, por uma pulsão negativa, preferem não mais escrever, optei por realizar uma entrevista com o escritor, apesar de eu não ser jornalista.

O próprio Vila-Matas fez muitas entrevistas no início de sua carreira, muitas delas, confessa, inventadas (seria esta uma entrevista à moda Vila-Matas?).

Entrei em contato com ele por e-mail e prontamente fui atendido. Pediu que enviasse as perguntas e as responderia por escrito, afinal não está sofrendo da síndrome que criou. Embora Vila-Matas tenha como um de seus temas a impostura, sendo que um de seus romances leva esse título, acredito que foi o próprio que me respondeu, assim como, inocente, um professor de literatura acreditou que o recluso Thomas Pynchon tenha atendido seu pedido de entrevista, episódio narrado em Bartleby e companhia.

Preferiria não fazer a primeira pergunta sobre Bartleby e companhia, que a Editora Companhia das Letras está reeditando...
Preferiria não respondê-la, também.

Muitas vezes o senhor assina seu nome de forma abreviada, E. Vila-Matas. Ao contrário, lê-se “Satam Alive” e as quatro primeiras letras formam a palavra “Evil”. Como Fausto, o senhor fez um pacto com algum demônio para escrever e obter sucesso?
Poderia responder que sou o próprio demônio ou um deles, porém soaria com uma de minhas tantas imposturas. Diria que ele está sempre sobre minha corcunda ditando textos, porém consigo enganá-lo, assim como engano os leitores e entrevistadores. Quanto ao sucesso, não o tenho. Sou, ao contrário do que pensam, um escritor oculto, não de culto.

O suposto nome do narrador, Marcelo, é citado somente uma vez em todo o romance, num diálogo com María Lima Mendes, por sinal, uma escritora fictícia, uma das tantas invenções no inventário de escritores do Não. O velho, solteiro, corcunda e calvo personagem tem realmente esse nome ou é mais uma pista falsa do livro, uma “pegadinha” como se diz por aqui?
Marcelo significa “pequeno guerreiro”, vem da mesma raiz de nomes como Márcio e Marcos, vem do deus Marte, deus da guerra na mitologia romana, por isso relacionado ao sangue. Não à toa deram o nome de Marte ao “planeta vermelho”, que recentemente recebeu uma visita aqui da Terra. Mas acho que isso não responde à pergunta. Como escreveu Blanchot, “a resposta é a infelicidade da pergunta”.

Em um dos capítulos, o senhor menciona um escritor português, Manuel Torga. A tradução da edição brasileira corrige para Miguel Torga. Errou o escritor ou erraram os tradutores? Manuel Torga é mais uma de suas criações?
Desconheço essa correção, não me lembro de ter sido consultado. Confesso, também, que não lembro o que escrevi. Entra, então, para as pistas falsas do romance. Seria Manuel Torga um escritor real ou inventado? Os tradutores são traidores ou coautores da obra?

Quando Bartleby e companhia foi escrito, no final do século passado, a internet ainda era um bebê de colo. Reeditado vinte anos depois, é uma obra que deve ser lida consultando se os autores realmente existem, assim como os livros mencionados e também se as citações são verdadeiras? Ou o leitor aproveita melhor o romance sem buscar essas informações?
Respondo a essa pergunta com uma citação do livro: “Os escritores do Não deixaram de escrever porque há muita informação no mundo. A informação mata a literatura”. Sem trocadilho com o meu nome, por favor.

No Brasil, há muitos mais escritores do que leitores. A síndrome de Bartleby não é mais um bem do que um mal?
A pulsão negativa tem, sim, seu lado positivo. Paulo Coelho, por exemplo, foi quem mais fez danos à literatura e, não, Joyce, como ele afirmou. O que não significa que seus livros devam ser queimados, como fizeram algumas pessoas aí no Brasil, ainda mais que o motivo são suas posições políticas.

Romance (“novela”, em espanhol), ensaio, diário, notas de rodapé, relatos. Todos esses rótulos se encaixam na obra, mas acredito que a escolha por romance reivindica o caráter híbrido desse gênero, que pode abarcar todos os tipos de textos. O senhor é mestre nisso. Não é uma pergunta, é uma afirmação...
Obrigado; porém, discordo do elogio. Ele me envaidece. E não há nada mais perigoso que um escritor envaidecido. É seu pior defeito. Assim como o convencimento, são sentimentos que deveriam ser abolidos da literatura. Humildade faz bem. Só não me declaro ser humildade porque isso também é falta de humildade.

“O que mais admiro nele é que foi um grande impostor”, escreve seu personagem, o "escritor do Não" Robert Deraim, sobre Marcel Duchamp (Marcel, Marcelo, hummmm). Quanto de impostura há no romance? E nas respostas desta entrevista?
No romance, 100%. Nesta entrevista, também. (Acho que de ambas as partes.)

Depois de 20 anos, Bartleby e companhia poderia ter novos acréscimos, quem sabe um segundo livro, Bartleby e outras companhias (com o perdão da audácia). O nossa Raduan Nassar, por exemplo, seria um bom personagem. O senhor já pensou na possibilidade?
Se há algo em que penso a todo o momento são nas possibilidades. A literatura é a busca do possível, não há o impossível na literatura. Quanto a um segundo Bartleby e companhia, prefiro não escrever.

Nota do Autor
Cassionei Niches Petry é professor de Literatura. Criou o blog Uma biblioteca na cabeça e escreveu, entre outras obras, os romances Relatos póstumos de um suicida e Os óculos de Paula.


Cassionei Niches Petry
Santa Cruz do Sul, 19/5/2021

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