O dia em que a música rachou | Ana Maria Bahiana

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Segunda-feira, 28/7/2003
O dia em que a música rachou
Ana Maria Bahiana
+ de 7500 Acessos
+ 2 Comentário(s)

Uma pessoa considerando uma publicação de música, hoje ­não um site, portal ou blog, mas um produto de banca deve pensar em alguns fatores essenciais:

* Música não existe num vácuo. Os melhores momentos para publicações do gênero vieram quando um ou vários estilos de música tinham suas velas infladas por poderosos ventos sociais, culturais e econômicos - o que hoje os marketeiros chamariam de "estilo de vida". Isso era verdadeiro para a Crawdaddy!, avózinha de todas; e é verdadeiro para a Uncut, a Vibe ou a Blender.

* Consumir música e consumir publicações que falem sobre música são duas coisas inteiramente diferentes. Já eram diferentes nos tempos da Crawdaddy!, mas hoje são radicalmente opostas.

Detenho-me aqui sobre este último elemento. A digitalização da música e a expansão da internet provocaram, na última década, uma rachadura de proporções épicas.

Em linhas gerais, já temos hoje­ parafraseando um dos debatedores num ótimo programa recente da série To the Point, na National Public Radio americana, uma geração inteira que não tem a menor noção de que música é um produto que se compre. Ingressos para shows, ou clubes, sim. Canções, não.

Por extensão, esta é uma geração que não consome discos ­ou os consome marginal e ocasionalmente. Que não se interessa por (aliás, não tem o menor interesse pelo conceito em si) coleções coerentes de canções, numa única embalagem, ­a noção de "álbum", essencial à maior parte da produção musical de massa pós-1965. Que não dá grande valor a autoria, griffe, identidade.

Que não tem o hábito de leitura musical das gerações anteriores ­e aí me refiro tanto a ler a música em si, como um "trabalho" assinado/criado por alguém com uma história pessoal e referências coletivas quanto a ler sobre a música­ algo que só pode interessar a quem reconhece valores intrínsecos em conceitos como "álbum", "história", "autoria" e "criador".

Muito em breve teremos duas gerações inteiras com este perfil.

Quem consome discos, hoje, tem mais de 30 anos. Não tirei isto da minha cabeça. Um estudo recente publicado nos Estados Unidos (e me perdoem por não citar os detalhes, mas estou trabalhando no meu computador-da-estrada, em cujos arquivos não está o tal texto) disse, sem meias palavras, que a tentativa da indústria do disco em correr atrás do chamado "público jovem" era uma ilusão que poderia se tornar fatal se não fosse revertida. Entre muitos exemplos e estatísticas, o estudo apontava o maior sucesso recente em vendagem de CDs: a antologia "One", dos Beatles.

Indústria de música, hoje, é uma coisa - uma coisa em formação, que exige modelos novos e, a julgar pelo estado de pânico das gravadoras, ainda longe de serem desenhados.

Mediaticamente (vocês me relevam o francesismo?) suspeito que a internet seja o veículo mais adequado a este admirável mundo novo.

Indústria de discos é outra coisa, completamente diferente.

Ao imaginar uma publicação de banca com inclinações musicais, com quem e de quem estaríamos falando?

Estatisticamente, o tempo está a favor dos coroas. A geração nascida entre 1945 e 1965,­ os chamados "baby boomers"­ é, ainda, a maior fatia demográfica do mundo. E, graças aos avanços da medicina e da higiene, vai viver muito, mas muito além de seus antepassados. Além e melhor.

A ela se somam os nascidos entre 1965 e 1975, que ainda tiveram seus anos decisivos, adolescência e juventude,­ marcados por coleções identificáveis de canções, assinadas e interpretadas por personalidades distintas, com referências históricas precisas, e contidas em objetos chamados "discos", produtos tão únicos e nobres que merecem ser adquiridos e pagos em moeda corrente no país.

Suspeito que quem não entender o racha da música vai, como se dizia antigamente, dançar.

Nota do Editor
Texto gentilmente cedido pela autora. Originalmente publicado no portal Comunique-se (em julho de 2003), o qual autorizou a repodução no Digestivo Cultural.


Ana Maria Bahiana
Los Angeles, 28/7/2003
Quem leu este, também leu esse(s):
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COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
7/8/2003
13h04min
Concordo com tudo o que a autora disse, porém,também penso que tem muito a ver com as condições econômicas desfavoráveis para qualquer um, então, é muito mais fácil vc copiar um cd do que comprá-lo,a culpa é da indústria fonográfica que não abaixa o preço e coloca muita coisa ruim no mercado , só para vender,entretenimento inteligente para a indústria não existe, somos apenas consumidores com a massa cefálica em defasagem para a indústria fonográfica.
[Leia outros Comentários de Fernanda PIres ]
4/12/2003
18h48min
Não acho que a geração jovem não tenha predisposição de ter cultura musical, ou seja referenciais em relação a seu consumo como se tinha anteriormente. Acontece que quem nasceu depois do anos 80, não teve acesso a TV aberta de qualidade e outros canais culturais, além de ter vivido tramóias homéricas das gravadoras tipo axé, forró cearense, punk de boutique e muito mais. Tanto aqui, quanto nos EUA distribuição de bens culturais é basicamente uma questão de Poder, Não interessa se estatal ou privado. Vale sempre o autoritarismo. Não há então parâmetros para analisar os hábitos de consumo musical de hoje, baseando-se em inserção de novas tecnologias. A geração Big Brother pode ter muitos opções de hard, mas muito poucas em termos de software ou conteúdo. Vale lembrar que o sonho da Internet livre (leia-se Napster)morreu. Antes dos anos 80,os donos do poder, no caso aqui cultural, apenas deram uma distraída...
[Leia outros Comentários de Izabela Raposo]
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