O Apanhador de Sonhos | Alessandro Garcia | Digestivo Cultural

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Quinta-feira, 1/5/2003
O Apanhador de Sonhos
Alessandro Garcia
+ de 5600 Acessos
+ 1 Comentário(s)

Eu tinha lido comentários nada abonadores a respeito de Carandiru. Apesar de escrever resenhas críticas de cinema por aí, eu, na realidade, não confio muito nelas porque na maioria das vezes se esconde uma boa porção da condição pessoal da pessoa que está analisando o filme, mais seus gostos e preferências, seus modismos e tendências que são claramente expressos na crítica. Prefiro conferir in loco o filme, e ter a minha própria impressão final. Se se confirmar o que a maioria das críticas descreveu, não vou ficar triste - eu quis conferir por conta própria e, portanto, estava correndo meu próprio risco. Às vezes tenho gratas surpresas, o que é bem difícil, para falar a verdade.

Eu fui assistir a Carandiru no domingo. Na última hora, acho que acabei considerando as diversas lembranças de críticas negativas e acabei, temerosamente, e contrariando meus princípios, recuando. Decidi assistir a O Apanhador de Sonhos. Meu Deus! Mesmo com todas as críticas negativas sobre Carandiru, eu deveria tê-lo assistido. Ou qualquer coisa que não fosse esse Apanhador. Eu, que achava muuuito difícil algum filme ser pior do que Olhos Famintos, consegui, com folga: um que se superou, e que ainda traz de bônus atores relativamente bem conceituados e um considerado atorzão (Morgan Freeman). Difícil entender como se produzem coisas assim, muito difícil.

Para que a coisa funcionasse na minha cabeça, e eu conseguisse uma justificativa no mínimo plausível para que se fizesse O Apanhador de Sonhos, imaginei uma situação extremada: Morgan Freeman, depois daquelas bobageiras com o Ben Affleck, cai em depressão por já não fazer porcaria nenhuma que prestasse desde Conduzindo Miss Daisy, se torna um alcóolatra, perde toda a sua fortuna em tempo recorde em jogatinas pelos bares de Massachussets, acaba mendigando pelas ruas de Los Angeles e é chutado por um impaciente Russel Crowe, que ainda grita: "Seu sujo, eu nunca gostei de você e da sua cara de areia molhada!".

Corta para Thomas Jane (?), que não sabe qual posto lhe caberá na Hollywood rotuladora, e, se debatendo interiormente entre o vilão malvado (!) de Pecado Original e o bonitão legal de Tudo para Ficar com Ele, decide que seu negócio é fazer filmes sérios e profundos (!) e embarca, com Lawrence Kasdan em uma proposta irrecusável...

Jason Lee, que perdeu sua real identidade, sem saber o que será dele depois que empreitadas com Kevin Smith, se tornar objeto de culto de nerds americanos e, irritado por sempre perguntarem se ele é parente de Stan Lee, pensa que já que antagonizar filmes com Tom Cruise não lhe renderam convites para se tornar galã em superproduções, vai apostar na sua verve aventuresca e embarcar em filmecos que mais tarde serão sucesso no cine trash, em um país chamado Brasil, em uma emissora chamada Bandeirantes.

Lawrence Kasdan acha que é bomzão e dá conta da adaptação de um livro de Stephen King. Este, por sua vez, está tão vesgo e torto depois daquele atropelamento, que concorda com qualquer coisa que fizerem de seus livros. Enquanto fuma um baseado com uma nota de cem dólares, concorda com o adiantamento de US$ 150 milhões, que a Castle Rock Entertainment lhe envia por Sedex, e dá carta branca para Kasdan transformar seu romance em uma "onírica viagem onde seres intergalácticos e seus piores pesadelos interagem em busca de um sentido utópico dos conflitos humanos".

Lawrence Kasdan topa com Morgan Freeman lhe pedindo algum tostão pelas ruas de Los Angeles, pergunta o que faz por ali e lhe convida para estrelar uma superprodução. Morgan, sem esperanças e sem um tostão no bolso, concorda com Kasdan desde que ele lhe pague um franguinho frito. Thomas Jane é selecionado através de um teste de vídeo, Jason Lee foi indicado por Kevin Smith e Kasdan completa o elenco com mais alguns atores esquecidos e um débil mental que tem um papel "fundamental" no filme.

As filmagens começam com todos ansiosos, mas Kasdan logo extrapola o orçamento do filme com o aluguel de equipamentos militares, como os helicópteros utilizados em Trovão Azul e cercas elétricas para os campos de detenção de vítimas alienígenas. Morgan Freeman, novamente assediado pela imprensa, exige um trailler luxuoso e até concorda com Lawrence Kasdan quando este lhe pede que corte o cabelo com um machado, para um ar mais militar. Fica um pouco irritado com as sobrancelhas do Seu Saraiva, que Kasdan exige, para conferir um ar mais "malvado" à personagem. Mas o que R$ 5 milhões a mais não pedem chorando que Freeman não faça sorrindo?

Desesperado por que a Castle não quer mais liberar um vintém para o término das filmagens, Lawrence Kasdan vende o corpo e consegue a grana para finalizar sua obra-prima. Em breve poderá sentar de ladinho nos documentários da Fox e dizer o quão complexo foram os bastidores de O Apanhador de Sonhos, mas como se sentia recompensado em honrar uma obra de Stephen King. Este se mata depois de ver mais um livro seu transformado em bomba e é encontrado esmagado pelas pilhas de milhões de dólares que o soterraram. Freeman nega que o sujeito de sobrancelhas longas seja ele e Thomas Jane diz que "o filme nem é tão ruim assim!". Como Jason Lee morreu logo no começo e recebeu o pagamento em dia, não tem do que reclamar e segue em frente, fazendo O Império Contra-Ataca (De Novo!) e vivendo feliz para sempre com Kevin Smith. Em pouco menos de vinte e cinco anos, todos esquecerão que se produziu tal sucesso de bilheteria, e o chefão da Bandeirantes fica feliz por que comprou de pechincha os direitos para a veiculação no cine trash.

Nota do Editor
Alessandro Garcia é escritor, publicitário e pode ser encontrado no Suburbana.


Alessandro Garcia
Porto Alegre, 1/5/2003

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* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

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COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
1/5/2003
23h05min
Concordo plenamente com a matéria, O Apanhador de Sonhos é mesmo uma bomba, um dos piores filmes que já vi nos últimos tempos. Eu recomendo Carandiru, com certeza sairia do cinema menos arrependido.
[Leia outros Comentários de Clarissa]
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