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Terça-feira, 27/3/2018
Joan Brossa, inéditos em tradução
Jardel Dias Cavalcanti
+ de 5100 Acessos



O Digestivocultural divulga em primeira mão a tradução dos poemas inéditos de Joan Brossa, vertido para o português pelo poeta, tradutor e livreiro catalão Josep Domènech Ponsatí. O livro de Brossa acaba de ser publicado em Barcelona, sendo sua referência a seguinte: BROSSA, Joan. Poemes inèdits: Gual permanent / Mapa de lluites [Poemas inéditos: Vau permanente / Mapa de lutas]. Barcelona:Rata, 2018.

Joan Brossa (1919-1998), nasceu em Barcelona. Poeta, dramaturgo e artista plástico, sua juventude foi marcada pela participação na Guerra Civil Espanhola e nos anos 40 integrou o restrito grupo de intelectuais, escritores e artistas que resistiram ao declínio da vida cultural na Catalunha sob o governo de Franco, vindo a ser um dos fundadores do grupo artístico Dau al Set, que reunia a vanguarda catalã, onde participavam Antoni Tàpies, Joan Ponç, Modest Cuixart e outros. Autor de uma obra que quebra as fronteiras entre as diferentes disciplinas artísticas, sua obra literária se caracteriza pela experimentação com a linguagem e o uso de qualquer tipo de técnicas e estilos, desde os modelos estróficos clássicos até a poesia conceitual, o teatro surrealista e roteiros de cinema experimentais. Esse processo contínuo de investigação metalinguística o encaminha progressivamente para a poesia visual, os poemas objeto e a performance.

Josep Domènech Ponsatí (Sant Feliu de Guíxols, 1966): poeta de nascença, tradutor por vocação e livreiro por necessidade. Ou: livreiro por vocação, tradutor de nascença e poeta por necessidade. Ou: (Bom, vamos deixar quieto.). Autor de Cap a un dic sec, Desdiments (prêmio Màrius Torres 2005), Apropiacions degudes & Cia (finalista do prêmio Gabriel Ferrater 2007), El Càcol (prêmio Gabriel Ferrater 2014) e Preqüela (2017). Tradutor tanto de narrativa (Graciliano Ramos, Rubem Fonseca, Lima Barreto, Clarice Lispector, Marilene Felinto, Josué Guimarães, Milton Hatoum et alii) como de poesia (Armando Freitas Filho, Ronald Polito, Sérgio Alcides, Hilda Hilst e reticências). Com várias traduções de escritores brasileiros inéditas: Campos de Carvalho, Raduan Nassar, Ricardo Lísías, Marcelo Mirisola e Dalton Trevisan.



TRADUÇÕES

Do livro Vau permanente (1977) [Gual permanent (1977)]

EVA

Usa os dedos para a penetração; esfrega-se

levemente e depois mais forte com movimentos

de cima pra baixo; e com a outra mão folheia

um livro de pornografia.



Apenas o preocupa sobressair na propriedade

de uma certa forma de linguagem, mas amiúde

não exprime em realidade o que quer comunicar.



Este poema se tornará o que eu faça dele,

seguindo os anteriores e seguido pelos que virão.



FIGURAS

E se vocês não tiverem imaginação existe um sistema formado

por pensamento puro, aquilo que é chamado uma figura

de palavras oposta a uma figura de pensamento; vocês podem

proceder de uma maneira abstrata ou pintar a natureza

com o mínimo de palavras possíveis.

(Uma borboleta voa ao redor deste poema.)



LITERATURA

Por que vocês têm que me dar gorjeta?

Só limitei-me a tirar o anel de um estojo

e pôr ele aqui, sobre o papel. O resto

o fez a harmonia das frases ou talvez

vocês liguem isso às propriedades do estilo. Falou,

não devemos escrever com clichês.



CAPICUA

A vida torna-se a única desculpa da vida.

(E não esqueçam que este poema é uma construção da mente.)



ATO FALHO

É, ia dizer uma coisa, mas esqueci.

Não devia ser tão importante assim.



SEM

A figura decorativa pintada no alto deste

poema gira feito uma porta e permite ao leitor,

ou ao ouvinte, sumir e passar para a página

seguinte.



BAZAR

─ Agora é moda a boneca articulada e pequena

para as meninas poderem brincar com elas de verdade

e poderem levá-las de cima pra baixo. A boneca

tem todo tipo de vestidos, sapatos, acessórios

para a rua, festas e esportes; tem seu mobiliário,

seu apartamento, seu dormitório com banheiro

e seu jardim com piscina... Até

tem um amigo para brincar sozinha. Tudo isso

foi arranjado por especialistas que estudaram

os desejos de...



Eu gostava bem mais das antigas bonecas de pano!



OBJETO E SOMBRA

Assento com encosto para uma

pessoa.

Uns pretos, de luto, num túnel, à meia-noite,

enchendo tinteiros e roubando carvão.



NÃO VERBAL

(Queria fazer este poema com o conjunto de gestos,

expressões, trejeitos do rosto, dos olhos, das mãos,

que fazem parte do processo de comunicação

com as palavras.)



Um canarinho entrou numa lâmpada;

foi preciso quebrá-la para libertá-lo.



Do livro Mapa de lutas (1979-1984) [Mapa de lluites (1979-1984)]



À MANEIRA DE LEITURA

Fiquem lendo cada página. A que vocês leram

é o passado e a que leem, o presente, e além

os espera uma outra. Mas se vocês se colocarem mais para cima,

poderão vê-las todas de uma vez. Não existe mais que um

livro só. Uma ideia na mente do autor.



Silêncio.

Você não enxerga outra solução?



NATUREZA-MORTA

Sempre estou nu; acontece que eu visto

a roupa. Faço o que devo, não é?



ARCO DE VIDA

A porta está aberta, de forma que podem

ver tudo o que eu disse no poema

anterior. Este detalhe basta

para datar o escrito: verão de 1980.



METAMORFOSE

No primeiro verso sai do ovo e transforma-se em girino.

No segundo lhe nascem as patas de trás

e a cauda fica mais curta.

No terceiro lhe crescem as patas da frente,

desaparece a cauda e vira rã.



CIRCULAR

Avante! Avante! Avante!

Voltando ao ponto de partida.



XAVECO

Linda: eu não gosto que você leve

nenhuma joia; acaso uns brincos

de cerejas.



Você e eu, para sempre a mesma sombra.



PARA IR ALÉM:

Uma maior aproximação com a poesia de Joan Brossa pode ser feita com a leitura de quatro traduções publicadas no Brasil:

BROSSA, Joan. Poemas civis. trad. Ronald Polito e Sérgio Alcides. Rio de Janeiro Sette letras,1998.

BROSSA, Joan. Escutem este silêncio. Trad. Ronald Polito. São Paulo: Lumme Editor, 2011.

BROSSA, Joan. Sumário astral. Trad. Ronald Polito. Edição de Tarso de Melo e Fabio Weintraub, 2003.

BROSSA, Joan. 99 poemas. Tradução e posfácio de Ronald Polito; prefácio de Victor da Rosa; coda de Adolfo Montejo Navas. São Paulo: Annablume; Demônio Negro, 2009.


Jardel Dias Cavalcanti
Londrina, 27/3/2018

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