Digestivo nº 223 | Julio Daio Borges | Digestivo Cultural

busca | avançada
63387 visitas/dia
2,0 milhão/mês
Mais Recentes
>>> Inscrições | 3ª edição do Festival Vórtice
>>> “Poetas Plurais”, que reúne autores de 5 estados brasileiros, será lançada no Instituto Caleidos
>>> Terminal Sapopemba é palco para o evento A Quebrada É Boa realizado pelo Monarckas
>>> Núcleo de Artes Cênicas (NAC) divulga temporada de estreia do espetáculo Ilhas Tropicais
>>> Sesc Belenzinho encerra a mostra Verso Livre com Bruna Lucchesi no show Berros e Poesia
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> O Big Brother e a legião de Trumans
>>> Garganta profunda_Dusty Springfield
>>> Susan Sontag em carne e osso
>>> Todas as artes: Jardel Dias Cavalcanti
>>> Soco no saco
>>> Xingando semáforos inocentes
>>> Os autômatos de Agnaldo Pinho
>>> Esporte de risco
>>> Tito Leite atravessa o deserto com poesia
>>> Sim, Thomas Bernhard
Colunistas
Últimos Posts
>>> Glenn Greenwald sobre a censura no Brasil de hoje
>>> Fernando Schüler sobre o crime de opinião
>>> Folha:'Censura promovida por Moraes tem de acabar'
>>> Pondé sobre o crime de opinião no Brasil de hoje
>>> Uma nova forma de Macarthismo?
>>> Metallica homenageando Elton John
>>> Fernando Schüler sobre a liberdade de expressão
>>> Confissões de uma jovem leitora
>>> Ray Kurzweil sobre a singularidade (2024)
>>> O robô da Figure e da OpenAI
Últimos Posts
>>> AUSÊNCIA
>>> Mestres do ar, a esperança nos céus da II Guerra
>>> O Mal necessário
>>> Guerra. Estupidez e desvario.
>>> Calourada
>>> Apagão
>>> Napoleão, de Ridley de Scott: nem todo poder basta
>>> Sem noção
>>> Ícaro e Satã
>>> Ser ou parecer
Blogueiros
Mais Recentes
>>> A TV paga no Brasil
>>> O Presépio e o Artesanato Figureiro de Taubaté
>>> Change ― and Positioning
>>> Retrato de corpo inteiro de um tirano comum
>>> Arte e liberdade
>>> Literatura em 2000-2009
>>> Abdominal terceirizado - a fronteira
>>> Entrevista com André Fonseca
>>> O bom crioulo
>>> Canarinho velho e pessimista
Mais Recentes
>>> Roma. Guia Visual de Folha de são paulo pela Publifolha (2011)
>>> O Jeito Disney De Encantar Os Clientes + Nos Bastidores da Pixar +Nos Bastidores da Disney de Disney Institute; Bill Capodagli; Lynn Jackson pela Saraiva; Futura (2011)
>>> A Casa Da Minha Infância de Luís Nassif pela Agir (2008)
>>> Atribuições do Assessor Jurídico, do Analista Judiciário e do Técnico Judiciário de Carlos Eduardo Massad pela Intersaberes (2017)
>>> Guia Visual Espanha: O Guia Que Mostra O Que Os Outros So Contam de Vários Autores pela Publifolha (2013)
>>> Para Viver Um Grande Amor: Crônicas E Poemas de Vinicius De Moraes pela Companhia Das Letras (1991)
>>> Florence And Tuscany (eyewitness Travel Guides) de Adele, Catling, Christopher Evans pela Dk Travel (2013)
>>> A Náusea de J. P. Sartre pela Nova Fronteira (1986)
>>> A Fisiologia Do Gosto de Brillat - Savarin pela Companhia De Mesa (2017)
>>> Provence & The Cote D'azur de Rosemary, Williams, Roger, Evans, Adele Bailey pela Dk Eyewitness Travel (2012)
>>> The Innocent de Ian Mcewan pela Vintage Books (1998)
>>> Dk Eyewitness Travel Guide: Portugal de Martin Symington pela Dk Eyewitness Travel (2012)
>>> As Flores Do Mal de Charles Baudelaire pela Nova Fronteira (1985)
>>> A Maldição do Tigre de Colleen Houck pela Arqueiro (2011)
>>> Inferno: The World At War, 1939-1945 de Max Hastings pela Vintage (2012)
>>> Londres - Despertar dos Vampiros Vol. 1 de Sebastian Rook pela Fundamento Educacional (2011)
>>> A Viagem do Tigre de Colleen Houck pela Arqueiro (2012)
>>> Se Você Fosse Minha de Bella Andre pela Novo Conceito (2013)
>>> Anos 70: Ainda Sob A Tempestade Música, literatura, teatro, cinema, televisão de Adauto Novaes pela Senac Rj (2005)
>>> O Destino do Tigre de Colleen Houck pela Arqueiro (2013)
>>> Armas Germes E Aço - Ediçao Comemorativa de Jared Diamond pela Record (2020)
>>> Box A Bicicleta Azul 3 Livros O Sorriso do Diabo Vontade de Viver de Régine Deforges pela Círculo do Livro (1988)
>>> O Sonho do Tigre de Colleen Houck pela Arqueiro (2018)
>>> Trabalhar Por Conta Própria de José Augusto Minarelli pela Gente (1997)
>>> AC/DC Rock N Roll Ao Máximo de Murray Engleheart; Anaud Durieux pela Madras (2016)
DIGESTIVOS

Quarta-feira, 20/4/2005
Digestivo nº 223
Julio Daio Borges
+ de 3800 Acessos
+ 2 Comentário(s)




Literatura >>> Carta ao amigo ausente
2004 foi, de certa forma, o ano Hélio Pellegrino. No ano em que completaria 80 anos, o psicanalista mineiro, membro da trupe mais badalada da nossa literatura em Minas Gerais, recebeu duas grandes homenagens. Uma foi a caixa, largamente comentada por Ignácio de Loyola Brandão, mas pouco encontrável nas livrarias, lançada pela editora Bem-te-vi. A outra foi a coletânea de escritos de Hélio ao longo do tempo, organizada por sua neta e, de alguma maneira, herdeira literária, Antonia Pellegrino. Antonia, que é também escritora, integra a geração internet e prepara um romance, enfurnou-se nos arquivos do avô, em jornais, revistas e materiais de época, para encontrar esse homem que se recusou tenazmente a publicar. No volume, Lucidez Embriagada, com bela capa de Joca Reiners Terron, pela editora Planeta, há, inclusive, uma entrevista de Hélio a Clarice Lispector, em que ela, incisivamente, pergunta de sua recusa em publicar. Pellegrino sai pela tangente e confessa manter esse pudor, de virar livro, pelo simples prazer de cultivar, intimamente, uma possibilidade inexplorada em sua vida: a de, justamente, virar escritor. (Como uma reserva de tempo extra, a que poderia recorrer a qualquer momento...) Ao contrário de seus amigos, poetas, cronistas e romancistas devidamente publicados: Fernando Sabino, Otto Lara Resende e Paulo Mendes Campos. Eles estão, obviamente, presentes ao longo das páginas. E algumas das mais comoventes, e valiosas, passagens se referem a essa ligação de décadas. A amizade evolui texto a texto, carta a carta, bilhete a bilhete, foto a foto. Nas palavras de Hélio Pellegrino. Hélio também aparece apaixonado, envolvido em causas políticas e até psicanalíticas, ao lado de, por exemplo, Eduardo Mascarenhas. Afinal, fora a faceta íntima, lírica, havia, igualmente, a perene preocupação com o outro (palavra muito presente, que ele gostava de grafar com letra maiúscula). Embora ao final da leitura, os pruridos de Hélio Pellegrino, de não estar entre capas, talvez se revelem justificados, é a Antonia Pellegrino que devemos esse resgate. Numa investigação atrás de suas origens de escritora, ela enriqueceu seu trabalho e a perspectiva de todos nós. [Comente esta Nota]
>>> Lucidez Embriagada - Antonia Pellegrino (org.) - 200 págs. - Planeta | Carta ao pai morto
 



Música >>> Lamento no morro
Pode até ser lugar-comum, mas muita gente ainda não sabe que a bossa-nova se caracterizou por aquele cantar econômico, por uma poesia lírica mas contida, por um acompanhamento rítmico e minimalista. Vinicius de Moraes, que se derramou na vida, foi um grande letrista para João Gilberto e Tom Jobim porque, apesar dos diminutivos excessivos, captou o espírito da alegria dos 50/60 e a quase imposição modernista do mot juste. De “Chega de Saudade” até “Garota de Ipanema”, principalmente quando interpretadas pelo baiano de Juazeiro, a impressão é a de que não falta nada e, mais do que isso, de que não sobra nada. E todo mundo sabe que Caetano Veloso foi um dos maiores discípulos de João Gilberto, mormente no que concerne ao canto. E que Gal Costa foi considerada, no princípio, um João Gilberto de saias. Agora, tomando tudo isso, o que não dá pra entender, no conjunto, é a recente homenagem de Maria Bethânia a Vinicius de Moraes. Bethânia, que vinha acertando sucessivamente, muito mais do que seus colegas baianos, de repente se descuidou e embarcou num repertório que não tem mais (se é que um dia teve) a sua cara: as canções do Poetinha do Itamaraty. Bethânia, claro, ao contrário de Nara Leão, nunca foi uma intérprete clássica de bossa-nova; e Bethânia, claro, tem toda a liberdade para recriar esse cancioneiro à sua moda. Acontece que se a sua releitura não for genial, por ser Bethânia a dona de um vozeirão, de poderosos gestos cênicos e de grandiloqüência orquestral, dificilmente vai se adaptar aos preceitos do legado de Vinicius & Tom. Toda essa teoria se confirma no álbum Que falta você me faz, pela Biscoito Fino. Onde deveria haver um banquinho e um violão, há um maestro e um manto de cordas (“Minha namorada”); onde deveria haver a pronúncia seca, mínima, inaudita, há o eco, a extensão, o vibrato (“A felicidade”); onde deveria haver a celebração da existência, a festa, a cantoria, há a tensão, o baixo astral, o drama fácil (“Eu não existo sem você”). A gente sabe, óbvio, que Bethânia excursionou com o mestre e que não é, justamente, marinheira de primeira viagem; e igualmente sabe que ela sempre se deu muito bem com Fernando Pessoa (modernista de primeira água). Ocorre, infelizmente, que o resultado final desse CD, computados alguns bons momentos, não é digo nem dela, nem dele, nem da MPB. Bethânia não merece ser apedrejada – porque hoje é quase impossível revisitar Vinicius e não soar banal –, mas, ao mesmo tempo, tem de admitir que, dessa vez, errou. [Comente esta Nota]
>>> Que falta você me faz - Maria Bethânia - Biscoito Fino
 



Imprensa >>> Eu sei o que você comeu no verão passado
Parece impossível que alguém consiga produzir uma revista masculina legível, mas a editora Escala conseguiu, com a sua Romano. Ao menos no primeiro número (esperamos que continue). Como o próprio nome já diz, a editora trabalha com escala, então tascou David Beckham na capa, o metrossexual por excelência – um dos homens contemporâneos que, aliás, inspiraram o enigmático termo. Beckham, apesar de jogador de futebol (ou talvez por isso mesmo), está para o mundo, ou para a Europa, ou para a Inglaterra mais especificamente, assim como Gisele Bündchen está para o Brasil: é célebre, integra o grupo do beautiful people (mesmo) e – concomitantemente – é milionário, é referência e é cool. Óbvio que, com tantas funções, na mídia, acaba que tem sua imagem desgastada. Como Gisele. No Brasil, no entanto, Beckham é pouco ou mal conhecido, por quem não entende nada de futebol (talvez porque, desde a ressaca de ídolos latinos bregas, os ídolos internacionais não emplacam mais no Brasil – ao menos, não com a mesma força dos ídolos da própria indústria tupiniquim). Enfim, a Romano foge ao estilo Caras de abordar personalidades e produz uma matéria adulta sobre o semideus Beckham. Essa abordagem não tão evidente de temas até convencionais permeia, felizmente, as demais páginas: o psicólogo Ailton Amélio da Silva fala de – claro – sexo; a repórter Ana Holanda escreve sobre saúde; o repórter Fernando Inocente pesquisa sobre cervejas especiais e seus refinados sabores, etc. E assim vai: gastronomia, mulher, compras, tecnologia, dicas de cultura... A receita, bastante conhecida no meio para quem visa as bancas, não pode falhar. Traduzindo: não há muito o que inventar. Se a Romano não fosse mais inteligente, ao falar dessas mesmas coisas, seria apenas uma revista a mais no bolo. Afinal de contas, a sofisticação plástica – em termos de projeto gráfico – já virou commodity, e os assuntos, de tão abordados, só podem oferecer vantagem se forem explorados com maior profundidade. A sua permanência, inevitavelmente, depende da resposta do público. Se ficar provado que existe uma fatia menos viciada ao velho formato (burro), a Romano prossegue. Caso contrário, seguimos condenados à abordagem medíocre para executivos, empresários wannabes e similares. [Comente esta Nota]
>>> Romano
 

 
Julio Daio Borges
Editor
* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

ENVIAR POR E-MAIL
E-mail:
Observações:
COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
19/4/2005
10h23min
Desde que avistei, de passagem, a capa dessa revista - masculina? - fiquei me perguntando por que cargas d´água o título era esse, o qual não remete absolutamente ao conteúdo da mesma. A maior loja virtual brasileira recebe o nome de submarino e, como comentou um amigo, tinha tudo para naufragar, mas está aí, lucrativa. A escolha do adjetivo designativo do habitante da capital italiana talvez contenha uma mensagem subliminar, coisa da semiótica. No passado beeeeem antigo, os romanos tinham um império, algo como esse que Bush quer criar à força. Roma era o centro cultural do mundo, logo os romanos eram cool como Beckham. Respeitada a extemporaneidade, talvez seja um bom título. Os romanos eram extremamente machistas: naquela civilização as mulheres eram relegadas ao segundo plano, a ponto das relações homosexuais masculinas serem bastante comuns. Toda a riqueza do império fluía naturalmente para Roma, o que permitia uma vida luxuosa e totalmente preenchida com lazer, já que os povos dominados se tornavam escravos, algo como o ideal do imaginário de cada um: muita diversão, luxo e nenhuma obrigação profissional. Os romanos comiam e bebiam deitados nas avós das chaise-longue atuais, além de fazerem sexo nos intervalos da comilança, seguida do regurgitamento, para então reiniciar o processo todo, nos famosos bacanais. Como se vê, o título é extremamente apropriado para um momento de supervalorização do lazer, um desencantamento com o patrimonialismo, uma verdadeira revolução de costumes masculinos, acuados que estamos ao vermos preenchidos nossos espaços por mulheres mais preparadas, insubmissas e independentes. Realmente, dá saudade de Roma.
[Leia outros Comentários de Marcelo Zanzotti]
28/4/2005
20h25min
Sobre seu comentário sobre ser impossível revisitar Vinícius sem soar banal, digo a você que é plenamente possível, sim. Leny Andrade gravou uma composição de Vinícius de Moraes e Alaíde Costa, que se chama "Amigo Amado" no CD "Native Brazil Guitar" do violonista Ezequiel Piaz que é de arrepiar, só voz e violão. Ouça e me diga.
[Leia outros Comentários de Joana Darc Menezes]

Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




O Teatro da Rainha de 2 Cabeças - Vol 3 - 30 Anos
Cesar Almeida
Do Autor
(2014)



Praça da Liberdade - História, Arte e Cultura
Flávio Carsalade, Celina Borges Lemos, Jeanne Rezende
Lider Aviacao
(2011)



Crônicas de Los Angeles
Annette Levy-willard
Barcarolla
(2004)



Agente Secreto X-9
Dashiell Hammett
Devir Livraria
(2010)



Chobits 1
Chobits
JBc
(2015)



The Cancer Recovery Eating Plan
Daniel W. Nixon
Times Books
(1994)



O Guia dos Quadrinhos Wizard 07
Wizard
Globo
(1996)



Série Fundamentos: A Tragédia Estrutura e história
Lígia Militz da Costa; Maria Luiza Ritzel Remédios
Ática
(1988)



Drama no Savoy
Nicholas Meyer
Circulo do Livro



A Qualidade desde o Projeto
J. M. Juran
Pioneira
(1992)





busca | avançada
63387 visitas/dia
2,0 milhão/mês