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Quarta-feira, 30/1/2002
Digestivo nº 66
Julio Daio Borges
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Literatura >>> Gosto de me entregar por inteiro
Quando se pensa em Ferreira Gullar, sua poesia vem à tona e todas as suas outras atividades são eclipsadas. Com razão, afinal, estamos falando de um dos maiores versificadores brasileiros do século XX. Acontece, porém, que José Ribamar teve uma faceta artística e outra jornalística. Também uma ligada à dramaturgia e a certo ativismo político que lhe custou uma prisão, a vida na clandestinidade, e, por fim, o amargo exílio (do País e da família). Esses e outros lados de Ferreira Gullar estão no livro de George Moura (o mesmo autor de “Paulo Francis, o soldado fanfarrão”), dentro da coleção Perfis do Rio, da editora Relume Dumará. Narra os passos de José Ribamar, desde a chegada na cidade (em 1951) até a participação no movimento concretista; desde a entrada no Jornal do Brasil até as brigas homéricas com Adolpho Bloch; desde os silêncios na sua escrita (que ele sempre acreditou eternos) até o último renascimento já no 21º século. Quem teve a oportunidade de lê-lo ou de, ao menos, ouvi-lo falar sabe o quão visceral e incisiva é a voz de Ferreira Gullar. Ela dá o ritmo e estabelece o roteiro muito firme do livro, uma vez que esse nasceu de uma longa entrevista com o biografado. Embora siga no compromisso eterno com o racionalismo, os amores de José Ribamar estão lá. Thereza, Elôina e Cláudia – para quem ele destinou algumas das mais belas páginas: “Quando você for embora / moça branca como a neve, / me leve. // Se acaso você não possa / me carregar pela mão / menina branca de neve, / me leve no coração. // Se no coração não possa / por acaso me levar, / moça de sonho e de neve, / me leve no seu lembrar. // E se aí também não possa / por tanta coisa que leve / já viva em seu pensamento / menina branca de neve, / me leve no esquecimento.” [Comente esta Nota]
>>> Ferreira Gullar
 



Música >>> Pedacinhos do Céu
Colhendo impressões aqui e ali, acompanhando os últimos lançamentos, é possível apostar num “revival” do choro. Ou talvez na perenidade de um gênero que, para os verdadeiros músicos brasileiros, nunca morreu. Afora a deferência dos maiores instrumentistas do nosso tempo, o choro tem ressurgido em compilações, como a exemplar “Revivendo o Choro”, da já tradicional gravadora do Paraná. Recheado de registros históricos (de 1927 a 1953), o CD traz à baila “clássicos consagrados” e, por isso mesmo, nunca jamais ouvidos, como: “Magoada” (de João Pernambuco); “Os Pintinhos do Terreiro” (de Zequinha de Abreu); “Flamengo” (de Bonfiglio de Oliveira); “1 X 0” (de Pixinguinha); “Idalina” (de Donga); “Chorando Baixinho” (de Abel Ferreira); e “Odeon” (de Ernesto de Nazareth). Mais que uma coleção de antigos “sucessos”, o álbum se faz documento, pois contém as primeiras versões de muitas dessas pérolas, explicadas, uma a uma, pelas notas cuidadosas de Abel Cardoso Junior, em que enumera instrumentos e intérpretes. Ele aproveita para complementar as questões técnicas com passagens dos bastidores, esmiuçando esse ou aquele aspecto, ressaltando essa ou aquela particularidade, durante a execução. É recorrente a afirmação de que o brasileiro médio não tem memória. Certo, porém, seria dizer que ele, no fundo, não quer é se lembrar – dadas as valorosas demonstrações de quem trabalha, como a Revivendo, para resgatar, precisamente, o que se esqueceu. Os compositores de Brasileirinho, Tico-Tico no Fubá, Brejeiro e Carinhoso, dentre outros, agradecem. E também as “gentes” de agora, que poderão revisitá-los, sem intermediários, no original. [Comente esta Nota]
>>> Revivendo o Choro
 



Teatro >>> Três Irmãs
Há atualmente uma tendência a enfatizar a dramaturgia feita por mulheres, para mulheres e pelas mulheres. Sempre fortes, altivas e dominantes. Talvez puxadas pelas presenças, no palco e na telinha, de nomes como Fernanda Torres, Deborah Bloch, Patrícia Mello e Fernanda Young, outras atrizes, diretoras ou autoras tenham assumido a linha de frente das produções nacionais de impacto. É o caso, por exemplo, de “A Memória da Água”, atualmente em cartaz no Teatro Alfa. Apesar da direção de Felipe Hirsch, quem brilha para o público é Andrea Beltrão, Eliane Giardini, Ana Beatriz Nogueira e a autora, uma inglesa chamada Shelagh Stephenson. A partir da morte da mãe das três protagonistas (Clarice Niskier), explode uma disputa pelo espólio emocional da família estilhaça. Cada filha se coloca como a mais injustiçada, como a menos querida, como a mais sofredora. Uma de cada vez. A mais velha, Teresa (Eliane Giardini) é, naturalmente, a mais certinha, a mais prestativa, a mais presente – cobrando a ausência das outras duas, e lamentando-se pelo fardo carregado solitariamente, quando da convalescença da mãe. Maria (Andrea Beltrão) é a irmã do meio, inicialmente a mais ponderada, tentando equilibrar-se entre a severidade (da primogênita) e a inconseqüência (da caçula) – revela-se, no entanto, ela própria, uma mãe frustrada, tendo perdido dois filhos a que se considerava predestinada. Por último, Catarina (Ana Beatriz Nogueira), a mais nova, estacionada nos arroubos de juventude – trocando de aventuras e de amores como quem troca de roupa. Sim, o quadro é crítico. Mas é, justamente, dentro dessas situações-limite que a trama se desenvolve e o desafio está posto para o trio. Qualquer pessoa que tenha vivido um arranjo semelhante, em sua própria família, vai se identificar com um dos três tipos. A catarse é terapêutica e provoca risos. Destaque especial para as projeções na tela e para a música que entrecorta as cenas (estendendo o alcance da performance a recursos multimídia). Se ontem a pátria era de chuteiras, hoje é de sapatilhas. [Comente esta Nota]
>>> A Memória da Água
 



Gastronomia >>> O amor puro dos amantes
O Govinda reinaugurou sua sede no endereço que, desde 1981, havia consagrado. Em festa para convidados, regada a comes e bebes, música e dança, o público pôde apreciar a construção que se desdobra em restaurante, bar e “lounge”, num total de mais de mil metros quadrados. A exemplo do que ocorre no shopping Morumbi, uma loja oferece autênticos objetos de arte e mobiliário importado da Índia, China, Tailândia, Tibet e Birmânia. O proprietário, Mukesh Chandra (formado em Artes, Hotelaria, Marketing e Economia), indiano obviamente, procurou ser o mais fiel possível, transportando os clientes brasileiros para o mais próximo que eles podem chegar de seu país. A decoração original foi mantida, e restaurada, pelo designer inglês Daniel Smedley (responsável por sua concepção, há mais de 20 anos). A cozinha é algo de excepcional – e deve atrair não só aficcionados, mas também curiosos em geral. O cardápio se divide em quatro grupos, de acordo à região geográfica, à dosagem de pimenta e à presença ou não de carnes: “Tandoori” (preparado em forno especial, feito de barro na forma de vaso e aquecido com carvão); “Encanto dos Marajás” (inspirado nas cortes reais da Índia Antiga e suas iguarias); “Curry Special” (à base de molhos apimentados, oriundos do Sul, onde as temperaturas são elevadas); e “Índia Vegetariana” (para quem prescinde de frango, carneiro, peixes e frutos do mar). Dos maravilhosos nomes dos pratos, será impossível se lembrar, embora o sabor fique para sempre marcado. As sobremesas, por exemplo: Shahi Gulab Jamon; Kesar Pista Malai Kulfi; Mango Pista Kulfi; e Rasmalai – basicamente (bem basicamente) sorvetes e bolinhos. Tudo isso temperado por 25 valiosíssimas especiarias. E sob o comando de chefs brasileiros e indianos. Cruzar as portas do Govinda é cruzar um portal do lado Ocidental para o Oriental. No melhor sentido. [Comente esta Nota]
>>> Govinda - Rua Princesa Isabel, 379 - Tel.: 5092-4816
 



Cinema >>> A brother is a brother
Interessante como a crítica se apega a estigmas. Tome-se o caso de “História Real” (The Straight Story), de David Lynch, que acaba de estrear no Brasil. Os críticos não se conformam que o diretor de “Veludo Azul” não desfolhe, desta vez, sua coleção de “anomalias” e “patologias”. Se elas não estão explícitas, como em sua cinematografia anterior, é porque, então, estão escondidas – e dá-lhe especulações sobre “o que ele quis dizer na verdade” ou sobre “o que está por trás de uma cena perfeitamente normal”. É a sanha interpretativa, que impregna todos os que se põem a analisar uma obra-de-arte. O roteiro é singelo (e daí?); bem protagonizado por um ator honesto (e daí?); com um desfecho, desde o começo, previsível (e daí?). Conta a jornada de Alvin Straight, de Iowa a Wisconsin, montado num cortador de grama (isso mesmo), arrastando um trailer, apenas para encontrar seu irmão, com que não fala há dez anos. O filme mostra que, apesar dos meios pouco ortodoxos, empregados por um velho teimoso, realizando talvez seu último grande projeto na vida, existe beleza e graça em simplesmente persistir nas próprias convicções. Embora a maior parte do mundo se revele hostil a elas, sempre haverá pessoas dispostas a ajudar, e a respeitar as decisões (quais sejam) do outro. Eis a mensagem “positiva” do longa, que pode até soar banal mas que tem o seu valor (“construtivo”, ao menos). Infelizmente nos desacostumamos a ver uma rotina tão pacata e calma, na tela grande, sem que, ao longo de duas horas, não haja estrondos: violência, sexo ou humor mórbido. David Lynch parece que plantou seu jardim e, fora um inseto ou outro (importunando quem chega para visitar), nada nos resta a não ser contemplá-lo. [Comente esta Nota]
>>> The Straight Story
 

 
Julio Daio Borges
Editor
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