A Publicidade e Sua Idiotice Específica | Alessandro Silva | Digestivo Cultural

busca | avançada
84380 visitas/dia
2,0 milhão/mês
Mais Recentes
>>> Novo livro de Nélio Silzantov, semifinalista do Jabuti de 2023, aborda geração nos anos 90
>>> PinForPeace realiza visita à Exposição “A Tragédia do Holocausto”
>>> ESTREIA ESPETÁCULO INFANTIL INSPIRADO NA TRAGÉDIA DE 31 DE JANEIRO DE 2022
>>> Documentário 'O Sal da Lagoa' estreia no Prime Box Brazil
>>> Mundo Suassuna viaja pelo sertão encantado do grande escritor brasileiro
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> O Big Brother e a legião de Trumans
>>> Garganta profunda_Dusty Springfield
>>> Susan Sontag em carne e osso
>>> Todas as artes: Jardel Dias Cavalcanti
>>> Soco no saco
>>> Xingando semáforos inocentes
>>> Os autômatos de Agnaldo Pinho
>>> Esporte de risco
>>> Tito Leite atravessa o deserto com poesia
>>> Sim, Thomas Bernhard
Colunistas
Últimos Posts
>>> Glenn Greenwald sobre a censura no Brasil de hoje
>>> Fernando Schüler sobre o crime de opinião
>>> Folha:'Censura promovida por Moraes tem de acabar'
>>> Pondé sobre o crime de opinião no Brasil de hoje
>>> Uma nova forma de Macarthismo?
>>> Metallica homenageando Elton John
>>> Fernando Schüler sobre a liberdade de expressão
>>> Confissões de uma jovem leitora
>>> Ray Kurzweil sobre a singularidade (2024)
>>> O robô da Figure e da OpenAI
Últimos Posts
>>> Salve Jorge
>>> AUSÊNCIA
>>> Mestres do ar, a esperança nos céus da II Guerra
>>> O Mal necessário
>>> Guerra. Estupidez e desvario.
>>> Calourada
>>> Apagão
>>> Napoleão, de Ridley de Scott: nem todo poder basta
>>> Sem noção
>>> Ícaro e Satã
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Arte é intriga
>>> Primavera e Jukebox
>>> 20 anos de Trapo
>>> Bonjour, tristesse
>>> Big Bang
>>> 2013: mulheres escritoras e suas artes
>>> Les Misérables
>>> Do abraço genital ao abraço virtual
>>> E eu não gosto também de Tolstoi
>>> Steve Jobs (1955-2011)
Mais Recentes
>>> Ensino das Artes Visuais em Diferentes Contextos de Denise Bandeira pela InterSaberes (2017)
>>> Uma Margem Distante de Caryl Phillips pela Record (2006)
>>> Uma Margem Distante de Caryl Phillips pela Record (2006)
>>> Nas Asas da Panair de Theophilo E. de Abreu Jr pela Do Autor (1999)
>>> O Seminario: As Formacoes Do Inconsciente Livro 5 de Jacques Lacan pela Zahar (1999)
>>> Macau de Daniel Carney pela Record (1984)
>>> Escutas e Olhares Cruzados nos Contextos Audiovisuais de Luis Felipe Radicetti Pereira pela InterSaberes (2018)
>>> Explicando O Meio Ambiente de Alessandro Allegretti pela Lis (2001)
>>> O Seminario A Angustia Livro 10 de Jacques Lacan pela Jorge Zahar (2005)
>>> O Seminário Livro 11: Os Quatro Conceitos Fundamentais Da Psicanálise de Jacques Lacan pela Zahar (2008)
>>> O Bom Partido de Carly Phillips pela Essencia (2010)
>>> Parole, Figure, Parabole - Recherches Autour du Discours Parabolique de Jean Delorme pela Presses Universitaires De Lyon (1987)
>>> O homem e o sexo - As causas da impotência e como corrigi-las de Dr. Frank S. Caprio pela Record
>>> Cálculo Diferencial e Integral a Várias Variáveis de André Cândido Delavy Rodrigues pela InterSaberes (2016)
>>> O Seminário. Livro 16. De Um Outro Ao Outro. Coleção Campo Freudiano No Brasil de Jacques Lacan pela Zahar (2008)
>>> O Legado de Violações dos Direitos Humanos no Cone Sul de Luis Roniger, Mario Sznajder pela Perspectiva (2004)
>>> Contabilidade Geral de Clóvis Luís Padoveze pela InterSaberes (2016)
>>> O Bom Partido de Carly Phillips pela Essencia (2010)
>>> O Seminário. Livro 18. De Um Discurso Que Não Fosse Semblante. Coleção Campo Freudiano No Brasil de Jacques Lacan pela Zahar (2005)
>>> Diamond Training de Bento Augusto pela Instituto Você (2009)
>>> Movimento Sindical - Passado, Presente e Futuro de Antonio Augusto de Queiroz pela Diap (2012)
>>> O Seminário. Livro 19. ...ou Pior. Coleção Campo Freudiano No Brasil de Jacques Lacan pela Zahar (2012)
>>> Vai dar Zebra de José Rezende e Raymundo Quadros pela Impresa Oficial do Estado do Rio de Janeiro (2010)
>>> Histórias positivas - A literatura (des)construindo a Aids de Marcelo Secron Bessa pela Record (1997)
>>> Imagens da Clausura na Ditadura de 1964 de Org. Icléia Thiesen pela 7Letras (2011)
COLUNAS

Quarta-feira, 9/4/2003
A Publicidade e Sua Idiotice Específica
Alessandro Silva
+ de 6500 Acessos
+ 4 Comentário(s)

A Folha de São Paulo está se gabando numa propaganda divulgada pelo rádio pelo seguinte privilégio: o único jornalista brasileiro em Bagdá, o Sérgio Dávila, pertence a sua agência.

Isso é espírito de porco; grosseria estúpida. Estamos falando de um momento solene da humanidade: estamos diante de uma guerra e não diante de uma conta de luz.

A Folha de São Paulo não merece respeito. No ano de 1998 seu caderno de cultura, o Mais!, nos fazia pensar. Eu descobri o poeta alemão Georg Trakl através desse caderno; e através dele a lógica paraconsistente do professor Newton da Costa.

O Mais!, atualmente, é veículo de uma estúpida propaganda política. Onde a política põem a mão, quando se começa escrever em defesa do povo, etc, não hesite em concluir: há algo de podre no reino da Dinamarca.

A propaganda acerba e desrespeitosa e o fato de veicular notícias políticas feitas sob medida é o corolário de um certo espírito: do espírito de porco.

A propaganda é mesmo coisa de idiota.

Quando Oliviero Toscanni, o xamã da publicidade criada pela Beneton, esteve aqui, os publicitários tiveram que rebolar diante de uma mesa redonda no programa Roda Viva para não passarem por singelos larápios.

Toscanni dizia a eles que a propaganda deve esclarecer além de vender. Um soldado ferido num campo de batalha vestindo uma calça tipo camuflada assinada pela Beneton: se isso não é menos idiota do que o espírito geral que povoa as agências de publicidade é no mínimo mais polêmico, mais inteligente: e o que interessa é o inteligente, o superior.

Naquela entrevista Toscanni superou todos. Ele dizia: se você quer vender um carro, avise de antemão aos clientes que o carro é uma bomba.

O carro é uma bomba, mas aqui no Brasil, Sr. Toscanni, os orangotangos apaixonados pela Fórmula 1 sempre o associam a coisas dessemelhantes: à mulher ou ao bem estar.

O carro é só uma utilidade: alguém já parou para pensar nisso?

Bem, o "Rei" Roberto Carlos - como o alcunha a Rede Globo -, não em pequena medida é responsável por essa associação de carro com bem estar. Suas letrinhas chinfrins são gratas a isso e povoam o imaginário popular.

Em um momento de sua entrevista, Toscanni citou o urinol enviado por Duchamp ao salão dos independentes. Toscanni tocou no nome do homem mais livre já conhecido por uma nação: o Sr. Marcel Duchamp.

Inclino-me a pensar que o Sr. Washington Oliveto jamais parou diante de um "Monet" que seja para apreciá-lo durante quinze minutos.

Oliveto é o símbolo de uma classe analfabeta arriscando a sorte: estão dentro de um país selvagem e ferozmente analfabeto, sem preocupação de aculturar-se. Eles não esperam por essa profecia: os livros estão chegando a qualquer gueto ( eu mesmo já doei alguns para rapazes de favela - doces e calmos como torpedos ).

Quando a cultura chegar às massas ela clamará por mais: por que a cultura vicia! E então a profecia será inevitável: essa classe nojenta a que pertence essa gentinha metida com publicidade, carros importados e cocaína, não poderá responder no plano intelectual aos anseios da massa aculturada.

No momento da revolução, dêem-me o meu fuzil e eu arrebento com os publicitários: deixe essa casta comigo; deixe também o Chiquinho Scarpa e sua gentinha fedida; deixe os apresentadores de televisão e os ricaços entediados dos Jardins...

A publicidade produzida pelos vendedores de cueca da Mash tem algo de insólito.

Num outdoor, em plena via Anchieta, está debruçado o corpo musculoso de um jovem sobre uma loura magricela. Advinhem qual é a marca da cueca usada pelo varão?

Quase no rodapé do cartaz estão empilhadas essas palavras: "active, basic, class, soft".

Uma cueca carrega genitália; uma cueca é algo rude como uma alça de mala; uma cueca fica amarelada e cheira mal.

A propaganda é assim: ela quer transformar algo trivial em sensacional. Aliás, isso é bem típico dos norte-americanos, com seus aparelhos de ginástica e suas escovas para cabelo.

Os americanos batem o recorde ( os americanos sempre superam a todos em tudo: sem dúvida são os melhores, os mais desesperados e os menos equilibrados ).

Nos Estados Unidos da década da repressão ao consumo de álcool, uma leva de gente culta deixava o continente. Essas pessoas eram mais sensíveis que "o resto" e necessitavam de cultura e não de propaganda.

Sinclair Lewis escreveu "Babitt" para denunciar a explosão de consumo incentivado pela propaganda.

Um paradoxo: as torneiras do Sr. Babitt são perfeitas; mas as pessoas que usam essas torneiras são perfeitamente neuróticas.

As propagandas de cerveja associam o consumo do álcool com mulheres. As propagandas de cerveja brindam contra o patrão e contra os azares.

Elas não brindam aos alcoólatras solitários. Porra! Elas não brindam à angústia humana, à incomunicação, à impossibildade de amar, elas não brindam às mãos calejadas e mal-cheirosas de um lixeiro.

Você sabe leitor o que é ser um lixeiro? Você sabe o que é não poder dormir ao lado de uma mulher por que o cheiro do teu corpo é insuportável? Você sabe o que é correr atrás de um caminhão portando lixo nas mãos e transpirando como um porco sendo abatido?

Você sabe do que estou falando, leitor. Pois estou falando também da sua solidão. Você sabe: porque só pode ser mais ou menos feliz encondendo-se; escondendo o que sente, escondendo a pessoa que ama, escondendo sua idade, escondendo as tuas broncas, escondendo o teu grito, escondendo as tuas frustrações, escondendo a tua impaciência.

As agência de publicidade são laboratórios pérfidos.

O recém lançado 29,99 do escritor francês Michel Beibengder denuncia o negócio da publicidade.

Esses homens usam termos bélicos para articularem seu esquema de manipulação ideológica; para efetivarem a lavagem cerebral. São generais confabulando nas salas de reunião: sim, esses caras envolvidos com propaganda de cerveja, de automóveis ou escova de cabelo. Você, leitor, não passa de uma cabeça de gado; de um número numa planilha. Essa gente é nojenta.

Eu tive vontade de cuspir na cara de um sacana nojento que me disse que publicidade é arte.

Frases de efeito duvidoso, imagens para deleitar as moscas na sala não são arte. A arte, se é que Aristóteles - aquele estagirita insignificante responsável apenas pela ciência moderna - descobriu que a arte é resultado de um agir ( categoria moral ) e de um fazer ( categoria técnica ). Ora, a união desses princípios não se manifesta no "fazer publicidade". Fazer publicidade é como ganhar uma moça: trata-se de elogiar seus belos olhos para chegar ao seu belo olho.

Bem, o tal sacana me disse depois: você sabe, com lábia você vende até mesmo merda em lata.

Ah sim!, mas a economia do país precisa de combustível para aquecer-se, para que os homens tenham seus empregos coisa e tal.

Bem leitor, se você está raciocinando assim, eu peço que por favor compreenda o meu idealismo: porque eu não tenho como certo que o capital é necessário para a preservação da espécie.

Eu em meu idealismo específico me inclinaria a considerar qualquer outra forma de relacionamento econômico: anarquismo, comunismo ou utopismo. O certo é que Karl Marx precisa ser revisto: ele fez a crítica. O materialismo dialético explica tudo até um certo momento; até o ponto em que o homem toma as rédeas, até o momento moral: quem garante que um homem não vai roubar na divisão dos pães?

Portanto, enquanto escrevo esse artigo, estou olhando do alto da montanha para as civilizações passadas e tentando desanuviar o pesadelo da convivência humana. É evidente que nós, homens tardios na história, estamos moralmente falidos.

Não obstante, a própria imbecilização ideológica que acomete uma era inteira é que nos torna idealistas.

Devemos voltar a Friedrich Nietzsche: tudo foi pensando por ele; todas as nossas opiniões devem partir daquilo que foi pensado por ele. E isso porque ele era LIVRE: ele era um homem sem compromissos com porra nehuma; ele não era um jornalista da Folha de São Paulo; ele não era um marqueteiro, ele não era um general de dez estrelas que fica atrás da mesa com o cú na mão; ele era um homem, HUMANO, demasiado humano e que estava Além do Bem e do Mal: e ele abalou a Europa inteira: esse defunto é responsável até hoje por parir gênios inconformados.

Diante da indigência mental de nossa nação, quero concluir esse artigo com um apelo:

Empenhe, leitor, a porra da tua inteligência contra o charlatanismo, pois é desse mal que sofremos; nós brasileiros necessitamos de uma nação autêntica: nós necesitamos dos nossos heróis; vamos explodir as agências de publicidade, a literatura de auto-ajuda, Paulo Coelho, os programas de televisão e tudo que não brote de fonte pura. Nosso slogan:

BUSQUE NA GRANDE ARTE A ELEVAÇÃO: BUSQUE UM MEIO AUTÊNTICO DE SUBLIMAR A SUA VIDA.


Alessandro Silva
São Paulo, 9/4/2003

Quem leu este, também leu esse(s):
01. Caminhos para a esquerda de Celso A. Uequed Pitol
02. Eleições 2014: intrigas, infâmias, alucinações de Jardel Dias Cavalcanti
03. Tempo de nebulosas de Elisa Andrade Buzzo
04. Garanto que você não vai gostar de Carina Destempero
05. Tolos Vorazes de Vicente Escudero


Mais Alessandro Silva
Mais Acessadas de Alessandro Silva em 2003
01. O Apanhador no Campo de Centeio - 23/4/2003
02. O Príncipe Maquiavel - 7/2/2003
03. A bunda do Gerald Thomas - 3/9/2003
04. Até tu, Raquel! - 12/11/2003
05. O Telhado de Vidro - 9/7/2003


* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

ENVIAR POR E-MAIL
E-mail:
Observações:
COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
30/4/2003
09h39min
Muito bem, Alessandro. Em parte, compartilho com suas idéias e, assim como você, me revolto (em alguns casos)com a hipocrisia reinante no universo da publicidade. Pense no óbvio, entretanto: em nosso mundo capitalista, as regras deste jogo são cruéis mas, paradoxalmente, nos fazem correr atrás do novo e do inédito em busca da constante revolução cultural. Somos seres ávidos por descobertas, ainda que estas sejam recicláveis. Acredito que a publicidade e o monstro que a gera - o consumismo - seja o preço que pagamos para não vivermos estagnados em um mundo atemporal. Há de se ter referências visuais, auditivas, olfativas, palativas e táteis para nos descobrirmos e nos localizarmos no tempo.
[Leia outros Comentários de Gláucia Branco]
1/5/2003
18h14min
Quando entrava no site da Globo.com e lia... "Não perca as melhores fotos da Guerra" achava isso a coisa mais absurda... parece q eles não tinham nem um pingo de consideração com os que estavam morrendo... claro que o site tem que divulgar, mas, utilizar de uma guerra para vencer outra é um ato de desrespeito e de violência verbal.
[Leia outros Comentários de Janine Rocha]
6/5/2003
15h43min
Hoje, é a publicidade. Ontem, foi a Igreja Católica. Sempre há alguém em cima muito interessado em dominar e dominar. Para isso, a maioria deve ser silenciada. Porém, uma coisa é "vero". Nunca a cultura e a existência humana foram tão banalizadas. Agora a ordem é imbecilizar a todos. Somos fadados a participar da burrice coletiva. Porém, em alguma fresta, naquele pequeno vão atrás da porta, a consciência nos estará obeservando. Atentamente. E seus olhos ardem.
[Leia outros Comentários de Izabela ]
7/5/2003
22h43min
Acho que Oliviero Toscani merece um advogado melhor. Stalimir
[Leia outros Comentários de Stalimir Vieira]
COMENTE ESTE TEXTO
Nome:
E-mail:
Blog/Twitter:
* o Digestivo Cultural se reserva o direito de ignorar Comentários que se utilizem de linguagem chula, difamatória ou ilegal;

** mensagens com tamanho superior a 1000 toques, sem identificação ou postadas por e-mails inválidos serão igualmente descartadas;

*** tampouco serão admitidos os 10 tipos de Comentador de Forum.




Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




Livro Literatura Estrangeira O Paciente Inglês
Rubens Figueiredo
34
(1994)



Agora Que Você é de Cristo
David Shibley
Vida
(2001)



A Era do Grande Encarceramento
Taiguara Libano Soares e Souza
Revan
(2018)



Como se fosse magia
Bianca Briones
Gutenberg
(2016)



O Poder do Agora
Eckhart Tolle
Sextante
(2002)



El Fantasma de La Opera
Gaston Leroux
Leviatan
(1991)



Ao Correr da Pena
José de Alencar
Idc Ed.



Livro Literatura Brasileira Em Outras Palavras Crônicas
Lya Luft
Record
(2006)



Da Culpa á Responsabilidade
Cláudio Luiz Brandão José
Imos
(2007)



Simply Sensational Desserts
François Payard
Broadway Books
(1999)





busca | avançada
84380 visitas/dia
2,0 milhão/mês