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Terça-feira, 21/10/2003
Em Paraty, a união entre teatro e turismo
Nanda Rovere
+ de 4600 Acessos

Lona montada na Praça da Matriz

A pacata Paraty/RJ ferveu com a II Mostra Rio-São Paulo de Teatro de Rua, que aconteceu entre os dias 3 e 5 de outubro.

O Teatro de Rua é uma das manifestações artísticas mais populares, pois proporciona contato direto com o público. Os realizadores do evento - o diretor, ator e professor Ailton Amaral e a Secretaria de Turismo e Cultura - estão de parabéns. Infelizmente, existem poucos festivais de teatro de rua no Brasil. As cidades de Recife/PE, Itapajé/CE e Sapucaia do Sul/RS sediam festivais de teatro de rua (desconheço a existência de outros festivais e/ou mostras em outros lugares). Os Festivais de Teatro de Curitiba e Londrina, por exemplo, incluem uma mostra de teatro de rua, mas ela não é o foco principal do evento. Estas iniciativas precisam ser copiadas por produtores e/ou prefeituras de todo o país.

Em Paraty, foi grande o interesse do público pelos espetáculos e a empatia com a platéia foi grande. Ganhou a cidade, que fomentou cultura, e ganhou o público, que teve acesso a trabalhos interessantes, desenvolvidos por artistas da capital e interior do Rio e de São Paulo. Além disso, a riqueza do Patrimônio Cultural de Paraty foi valorizada com o evento, pois a encenação dos espetáculos, tendo como fundo o belo centro histórico da cidade, destacou ainda mais a beleza do lugar.

Praticamente todos os grupos de teatro que se apresentaram são constituídos por jovens. Alguns possuem experiência na profissão, outros estão começando (o festival serviu como uma excelente vitrine do trabalho dos artistas), mas todos têm talento, muita vontade de se aprimorar cada vez mais e de voltar a participar da Mostra em Paraty.

Atores do espetáculo Rádio Re-vista

A Mostra teve início no dia 3 de outubro, com um curso sobre Brecht, com o professor Fabio Rodrigues. No início da noite, aconteceu um contagiante desfile dos artistas participantes e três espetáculos abrilhantaram a Praça da Matriz. Arruaça do Grupo Circo Vox (São Paulo/SP) foi bastante apreciado pelo público. Depois, Rádio Re-vista - Grupo Polícromo Alecrim (Araraquara/SP) - fez uma interessante homenagem à época de ouro do Rádio. Cruzes Etc..., com o Grupo Com Licença-Estamos Em Cena (Angra dos Reis/RJ) finalizou a noite com um espetáculo denso, que deu voz aos pobres e excluídos, vítimas do preconceito e sem oportunidades, que certamente proporcionou ao público uma reflexão sobre a nossa realidade.

No segundo dia da Mostra aconteceu uma oficina orientada por Márcio Libar, do Teatro de Anônimo do Rio de Janeiro (A Nobre Arte do Palhaço). Em seguida, apresentou-se o Grvpo Arteatro-CEMBRA, de Paraty com o espetáculo Aprendiz de Feiticeiro de Maria Clara Machado. As próximas encenações foram A Revolta dos Mendigos, com a Cia Teatral Amor & Arte (São João de Meriti/RJ), que contou a história de mendigos que rejeitaram a oportunidade de residirem em um apartamento de luxo, e Home-let - performance inspirada na obra de Willian Shakespeare - com o Grupo Polícromo Alecrim (Araraquara/SP). Ai, Meu Deus, Me Dá um Trocadinho Aí! da Cia Teatro de Epifanias (São Paulo/SP) e Médico à Força de Molière, com a Farsa Cena Cia Teatral (Rio de Janeiro/RJ) divertiram a platéia. No primeiro espetáculo, dois casais, um rico e um pobre, discutem, com muito humor e uma trilha sonora criativa, as vantagens e desvantagens do dinheiro. Médico à Força , por sua vez, finalizou a segunda noite de apresentações abusando de recursos acrobáticos, circenses, instrumentais e técnicas clownescas.

A partir da meia-noite, aconteceu uma festa de confraternização na Ilha Rasa, e isso possibilitou aos participantes da Mostra um contato mais próximo entre si. A aparição do Grvpo Arteatro com Uma Palavra por Outra foi um dos melhores momentos na ilha. Voltamos já com o sol nascendo e a integração entre as pessoas foi muito boa.

O último dia da Mostra teve início com o espetáculo A Origem do Pinto ou Iracema Nunca Mais, com o Grupo Guarda a Chave no Trombone, de Paraty/RJ. O diretor Themilton Tavares reside em Paraty há 29 anos e o grupo teatral tem 25 anos de atividades ininterruptas, com experiências teatrais nas ruas de Paraty, Angra dos Reis, Ubatuba e Rio de Janeiro. A Origem do Pinto ou Iracema Nunca Mais é direcionado basicamente ao público jovem; nele são abordadas situações comuns aos adolescentes, como: a primeira espinha, o vestibular, os primeiros namoros, os desencontros, etc. Esta montagem, bem como Aprendiz de Feiticeiro do Grvpo Arteatro - CEMBRA (encenada no segundo dia do evento), proporcionaram ao público um contato interessante com a produção teatral de Paraty. Os atores são estudantes de teatro e mostraram dedicação e talento em cena.

As duas últimas montagens apresentadas na Mostra foram O Pregoeiro, com o Teatro de Anônimo (Rio de Janeiro/RJ), e Il Primo Miracolo, com Roberto Birindelli (Rio Grande do Sul/RS). Márcio Libar e Roberto Berindelli se apresentaram sozinhos no palco e finalizaram a Mostra de Teatro de Paraty com trabalhos de qualidade. Nos dois espetáculos, o público foi convidado a participar.

Em O Pregoeiro, Márcio fez um balanço emocionante sobre a sua trajetória profissional - boa parte dela no Teatro de Anônimo - e, através do palhaço, fez uma homenagem ao universo do circo, aos negros e ao povo sofrido, que não perde a alegria de viver!

Birindelli veio de Porto Alegre/RS e apresentou um espetáculo intenso, onde a expressão corporal e o contato muito próximo com a platéia são os maiores destaques. Os instrumentos utilizados pelo ator, que interpreta 21 personagens, são apenas o corpo e a voz. A ligação entre os personagens é feita por um narrador, que é a ponte com o imaginário de cada espectador. Nesse espetáculo, a trajetória da Sagrada Família é o ponto de partida para o questionamento de dogmas e preconceitos existentes em todo o mundo.

A Mostra contou com a presença (como platéia) de Amir Haddad, um dos maiores nomes do teatro brasileiro. Amir foi um dos criadores do Teatro Oficina e atualmente dirige o Grupo Teatral Tá na Rua/RJ, criado por ele. Vale ressaltar que a presença de Amir Haddad teve uma função especial: a partir do próximo ano, a estatueta oferecida aos participantes terá o seu nome. Essa é uma justa homenagem a um artista que se dedica à valorização do teatro de rua e muitas vezes não recebe o reconhecimento merecido!

Paraty é uma cidade calma, com belas paisagens e um Centro Histórico ímpar. Além de respirar teatro durante esses três dias, andar pelas ruas do centro de Paraty e entrar em contato com a população, cuja maior característica é a simpatia, é um privilégio!

Participei da comissão de seleção dos grupos. Foram 29 inscrições, das quais a curadoria pré-selecionou 10. A comissão escolheu os 6 participantes finalistas. Assistí-los "ao vivo" foi uma experiência gratificante, pois a maioria das montagens cresceu bastante.

Participar da Mostra foi conhecer trabalhos de várias cidades, estar ao lado de pessoas, que assim como eu, AMAM TEATRO e perceber que os nossos artistas são muito criativos, talentosos e, portanto, merecem todo o respeito e apoio, seja por parte do governo ou da iniciativa privada.

O sucesso da II Mostra de teatro de Rua em Paraty provou que a realização de festivais e/ou mostras de teatro fora de capitais como Rio e São Paulo, sobretudo no interior, é essencial. Além de oferecer montagens teatrais a uma população que geralmente vê pouco teatro - ou nunca viu - é uma oportunidade para o encontro de artistas e trocas de experiências entre os mesmos.

A arte teatral só é mágica quando há respeito entre os profissionais. Isso aconteceu em Paraty! A Mostra já faz parte do calendário de eventos da cidade. Quem não pôde participar em 2003, pode agendar uma ida para Paraty no próximo ano. A próxima Mostra não será mais restrita a grupos do Rio e São Paulo, pois será nacional, o que contribuirá para que um maior número de artistas mostrem o seu trabalho e para que possamos conhecer produções de várias regiões do Brasil.

O Pregoeiro

Para ir além:
Informações sobre a Mostra
Blog de Ailton Amaral


Nanda Rovere
São Paulo, 21/10/2003

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01. Aquarius, quebrando as expectativas de Guilherme Carvalhal


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