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Quarta-feira, 14/1/2004
Dicas Culturais: Lúcio Alves e Kathe Kollwitz
Maurício Dias
+ de 5100 Acessos
+ 2 Comentário(s)

Charles Gavin é um dos membros do grupo de rock Titãs. Como tal, teve alguma importância na formação de quem, como eu, era adolescente na segunda metade da década de 80. Cabeça Dinossauro é um disco histórico no pop nacional.

Nos últimos anos Charles tem alternado o lado de músico com o de pesquisador e divulgador da MPB. É o responsável pela remasterização e lançamento de muitos discos significativos do passado. Junto à Odeon lançou uma série comemorando os 100 anos da gravadora que, entre outras pérolas, inclui dois discos de Lúcio Alves, o gênio da raça.

Lúcio (1927-1993) foi o maior cantor que o Brasil já teve, não só pela linda voz; não só por se adaptar a qualquer ritmo, usando pausas ou alongando fonemas quando achava necessário; mas por um calor humano que acompanha o seu canto e extrapola o terreno musical.

Em O Apanhador No Campo de Centeio – já há uma década passei da idade de citar esse livro, mas vá lá – J.D. Salinger critica a literatura de Hemingway, dizendo que “livro bom é o livro que você lê e tem vontade de ser amigo do autor”. O canto de Lúcio Alves é justamente isso: você ouve e quer ser amigo do cara. Toda a vivência e sabedoria – e porque não, uma pequena dose de malandragem, no sentido antigo da palavra? – que emanam dos discos mostram que aquele sujeito devia ser um ótimo papo num bar, aquele amigo mais velho, que quando você está começando a ganhar pêlos no rosto, chega um dia, bota um uísque na tua mão e fala: – "Faz parte da educação de um homem saber beber."

O mesmo sujeito que se você beber demais e ficar inconveniente te dará uma bronca por não ter controle, mas que, se preciso for, te leva pra casa e te bota com roupa e tudo debaixo do chuveiro pra curar o porre.

Bom, chega de conversa. Os discos são Lúcio Alves, Sua Voz Íntima, Sua Bossa Nova Interpretando Sambas Em 3-D e Doris e Lúcio (com Dóris Monteiro).

São duas obras-primas, o primeiro com arranjos do maestro Gaya, e o segundo com a brilhante dupla de cantores acompanhados por um quarteto (com órgão em vez de piano). A voz de Lúcio aqui está ainda melhor, mais madura. E Doris está a altura do parceiro, cantando baixinho e com grande elegância.

Quem gosta de boa música, tem que ouvir estes CDs com atenção. São uma aula de MPB, do começo ao fim, com repertório maravilhosamente adequado. E sobre Lúcio Alves, quem quiser saber mais dele, recomendo o livro ABC do Sérgio Cabral (Editora Codecri, 1979), onde há uma bela entrevista feita nos anos 70 com um Lúcio já cansado da falta de reconhecimento do grande público (ele nunca fora um cantor muito popular, embora todos respeitassem seu inquestionável e imenso talento). Na época o cantor sobrevivia trabalhando como produtor de programas de TV.

Mudando de assunto, Kathe Kollwitz foi uma artista alemã que viveu de 1867 a 1945, período em que seu país atravessou duas Guerras brutais, a ascensão do nazismo, terríveis agitações sociais e outras catástrofes menores. Kathe, de formação socialista, passou a década de 1890 e o período de 1900-1905 utilizando sua arte expressionista para realizar gravuras que mostravam as duras condições de vida dos operários, e conclamando à organização da classe e a resistência armada contra o opressor – o patrão.

Quem já leu algo que eu tenha escrito sabe o que penso sobre arte engajada. Mas Kathe morreu anos antes de sair o relatório Kruschev, que mostrava ao mundo o que fora a experiência marxista na prática. Seu trabalho tem uma qualidade expressiva e um alternância de claro e escuro que até hoje só vi nas gravuras de Rembrandt - apesar de Kathe sofrer de uma paixão pela desesperança e miséria que ao longo do século XX se tornaria um recurso de fácil apelo e um clichê nas mãos de artistas sem talento. Alguns dos mais renomados cineastas brasileiros da década de 1990 têm a mesma “paixão pela desesperança e miséria” e pouquíssimo talento para concretizá-la.

Já na década de 1900, Kathe foi se tornando mais e mais amarga, e a morte se torna um "personagem" (personagem mesmo, a morte surge encarnada) constante em sua obra.

Kathe Kollwitz foi a mulher mais relevante no mundo das artes visuais, e até semanas atrás eu desconhecia seu trabalho. Falha imperdoável para alguém que se dedica a estudar arte. Veja o trabalho dela aqui ou neste outro link. Clique nas imagens para ampliá-las.


Maurício Dias
Rio de Janeiro, 14/1/2004

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COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
16/1/2004
02h18min
Kathe Kollwitz perdeu um filho de 18 anos na primeira guerra mundial, daí talvez tenha vindo sua morbidez.
[Leia outros Comentários de Ana Couto]
22/1/2004
13h41min
Ana, obrigado pelo comentário. Certamente este fato por vc apontado contribuiu, mas antes da Guerra, em gravuras de 1907, 1910, etc., a morbidez, talvez premonitória, já podia ser notada no trabalho da artista.
[Leia outros Comentários de Mauricio Dias ]
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