Bem longe | Eduardo Mineo | Digestivo Cultural

busca | avançada
105 mil/dia
2,0 milhão/mês
Mais Recentes
>>> Cultura Circular: fundo do British Council investe em festivais sustentáveis e colaboração cultural
>>> Construtores com Coletivo Vertigem
>>> Expo. 'Unindo Vozes Contra a Violência de Gênero' no Conselho Federal da OAB
>>> Novo livro de Nélio Silzantov, semifinalista do Jabuti de 2023, aborda geração nos anos 90
>>> PinForPeace realiza visita à Exposição “A Tragédia do Holocausto”
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> O Big Brother e a legião de Trumans
>>> Garganta profunda_Dusty Springfield
>>> Susan Sontag em carne e osso
>>> Todas as artes: Jardel Dias Cavalcanti
>>> Soco no saco
>>> Xingando semáforos inocentes
>>> Os autômatos de Agnaldo Pinho
>>> Esporte de risco
>>> Tito Leite atravessa o deserto com poesia
>>> Sim, Thomas Bernhard
Colunistas
Últimos Posts
>>> Glenn Greenwald sobre a censura no Brasil de hoje
>>> Fernando Schüler sobre o crime de opinião
>>> Folha:'Censura promovida por Moraes tem de acabar'
>>> Pondé sobre o crime de opinião no Brasil de hoje
>>> Uma nova forma de Macarthismo?
>>> Metallica homenageando Elton John
>>> Fernando Schüler sobre a liberdade de expressão
>>> Confissões de uma jovem leitora
>>> Ray Kurzweil sobre a singularidade (2024)
>>> O robô da Figure e da OpenAI
Últimos Posts
>>> Salve Jorge
>>> AUSÊNCIA
>>> Mestres do ar, a esperança nos céus da II Guerra
>>> O Mal necessário
>>> Guerra. Estupidez e desvario.
>>> Calourada
>>> Apagão
>>> Napoleão, de Ridley de Scott: nem todo poder basta
>>> Sem noção
>>> Ícaro e Satã
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Ed Catmull por Jason Calacanis
>>> O cinema brasileiro em 2002
>>> O cinema brasileiro em 2002
>>> O cinema brasileiro em 2002
>>> Conduzinho Miss Maggie
>>> Relações de sangue
>>> Unsigned and independent
>>> Pô, Gostei da Sua Saia
>>> Poesia e inspiração
>>> Painel entalhado em pranchas de cedro *VÍDEO*
Mais Recentes
>>> Lady Killers Profile: Belle Gunness (capa dura) de Harold Schechter pela Darkside (2021)
>>> Ressureição (capa dura) de Liev Tolstói pela Companhia Das Letras (2020)
>>> Reino Das Bruxas: Natureza Sombria (capa dura) de Kerri Maniscalco pela Darkside (2023)
>>> Reino Das Bruxas: Irmandade Mistica (capa dura) de Kerri Maniscalco pela Darkside (2022)
>>> O Rei De Amarelo. Edicao Definitiva (capa dura) de Robert W. Chambers pela Darkside (2023)
>>> Pinoquio - Wood Edition (capa dura) de Carlo Collodi pela Darkside (2024)
>>> O viajante do tempo de R.L. Stine pela Ediouro (1985)
>>> Corrida ao passado de Megan Stine e H. William Stine pela Ediouro (1985)
>>> Terror no Museu Mal-Assombrado de R.L. Stine pela Ediouro (1985)
>>> Discurso Sobre A Servidão Voluntária de Étienne De La Boétie pela Folha De S.Paulo (2021)
>>> Missão de Espionagem de Ruth Glick e Eileen Buckholtz pela Ediouro (1985)
>>> Voz Do Silencio, A - Colecao Dialogo de Giselda Laporta Nicolelis pela Scipione (paradidaticos)
>>> A Vingança Do Poderoso Chefão de Mark Winegardener pela Record (2009)
>>> Os Homens Que Nao Amavam As Mulheres de Stieg Larsson pela Companhia Das Letras (2008)
>>> Expedição a "Vernico 5" de Megan Stine e H. William Stine pela Ediouro (1985)
>>> Humor E Crítica de Luiz Gama pela Folha De S.Paulo (2021)
>>> Clínica de identificação de Clara Cruglak pela Companhia de Freud (2001)
>>> Inovação Como Rotina. Como Ajudar Seus Colaboradores A Transformar Ideias Criativas Em Realidade de Paddy Miller pela Mbooks (2013)
>>> Discurso Sobre A Servidão Voluntária de Étienne De La Boétie pela Folha De S.Paulo (2021)
>>> Neuroses Atuais E Patologias Da Atualidade de Paulo Ritter pela Pearson (2017)
>>> Manual De Medicina De Família E Comunidade de Ian R. McWhinney; Thomas Freeman pela Artmed (2010)
>>> Padrões De Cultura de Ruth Benedict pela Folha De S. Paulo (2021)
>>> Diário De Pilar No Egito de Flavia Lins E Silva pela Pequena Zahar - Jorge Zahar (2014)
>>> Clarice, Uma Biografia de Benjamin Moser pela Cosac & Naify (2013)
>>> Auditoria Fácil - Série Fácil de Osni Moura Ribeiro; Juliana Moura pela Saraiva (2013)
COLUNAS

Segunda-feira, 4/2/2008
Bem longe
Eduardo Mineo
+ de 7000 Acessos
+ 5 Comentário(s)

Antes de qualquer coisa, devo dizer que nunca, jamais mencionei o nome de Oscar Niemaier na vida. Nem sei como se escreve. Péra. Ah, sim, é Niemeyer, né? Niemeyer. Enfim, dadas as circunstâncias, é alguém por quem nunca consegui nutrir o mínimo de interesse. Mas, como sempre um mas nos tirando do doce refúgio da razão ― ó doce refúgio da razão ―, mas li há pouco tempo uma entrevista na qual o Oscar Niemmaier, quer dizer, Niemeyer, droga, diz que filosofia deveria ser obrigatória em todos os cursos superiores, pois em vez de gente especializada, teríamos profissionais capazes de pelo menos discutir a vida.

É retardadice, óbvio, mas não é bonito? Gostei muito, um dos poucos textos com menos de duas laudas que acho valer a pena ser usado como tatuagem, mesmo dando um crédito aos professores de filosofia que eu jamais, jamais, jamais daria um dia e ignorando a fantástica incompatibilidade entre discutir a vida e trabalhar.

Não faz muito tempo, trabalhei num escritório em que o departamento de Recursos Humanos indicava para seus funcionários filmes como Jamaica abaixo de zero. Vocês dão risada, mas é sério. No começo parece até meio ridículo, eu sei, eu concordo, mas conforme você vai pensando no assunto, vai relevando as coisas, o negócio todo vai fazendo muito sentido.

Pensei, por exemplo, em quais filmes eu indicaria para os funcionários de uma empresa. Dois segundos depois já concluía que todos os filmes fariam com que os funcionários pedissem demissão na hora. Todos estes filmes certamente fariam com que eles percebessem que talvez não valesse tanto a pena jogar fora toda sua vida dentro de um escritório, cercado por grampeadores e liquid-papers, onde as pessoas fazem coisas com as quais elas não se importam nem um pouco, trabalhando na medida exata para não serem mandadas embora ou chateadas pelo chefe. E isto seria bem ruim para a empresa, suponho logicamente.

Me ocorreu Office Space, ou na tradução bem sugestiva, Como enlouquecer seu chefe. Não é um filme que eu poderia definir como genial, é só razoável, mas tudo está ali: o trânsito infernal de manhã, a secretária mecânica, os relatórios, a impressora que não funciona, o gerente retardado que tenta convencer seus funcionários da asneira de que o trabalho é algo gratificante, como se produzir mais pasta de dente fosse engrandecer o espírito de alguém, os prazos, cafés com pessoas cujas perspectivas da vida não superam a de uma pia, a auditoria, as demissões, enfim, tudo mesmo. Se você caiu neste papo de RH, assista este filme e get a life.

Quer dizer, não estou falando para você parar de trabalhar, afinal, você tem contas para pagar etc., mas este é o dilema no qual toda pessoa que resolve pensar na vida acaba caindo. Quando digo que meu objetivo de vida é parar de trabalhar, fico abismado quando as pessoas me respondem "e vai fazer o quê?" como se não lhes ocorresse nada, nada melhor para se fazer no mundo a não ser aquelas coisas que disse agora há pouco: trânsito de manhã, relatórios, secretárias etc.

O mote do filme é "trabalhar é um porre" e neste instante não consigo pensar em nada mais essencialmente e belamente verdadeiro. O filme é de Mike Judge, aquele mesmo cara que escreveu Beavis and Butt-Head, mas não nos precipitemos: o filme tem seus méritos.

Peter Gibbons, interpretado por Ron Livingston, é um programador de sistemas numa grande empresa de TI. De saco cheio, resolve se consultar com um psicólogo para tentar relaxar através de hipnose, ou uma destas coisas que fazem a gente pensar em passarinhos. A questão é que, no meio da consulta, o médico sofre um ataque cardíaco e morre, deixando o Peter eternamente relaxado.

A idéia é tentar nos mostrar o que aconteceria caso parássemos de nos importar com coisas que nos aborrecem. Sei de casos extraordinários em que pessoas realmente gostam de trabalhar, pessoas que acharam um motivo que não fosse exclusivamente financeiro para ficar feliz com esta situação. São as pessoas que Beethoven definia como artistas livres, que Mencken lembra através da tradução do Ruy Castro como "o homem que ganha a vida sem nenhum patrão para amolá-lo diretamente, fazendo coisas que o agradam enormemente e que continuaria fazendo com prazer, mesmo que toda a pressão econômica sobre ele desaparecesse". Mas este não é o caso da maioria das pessoas, onde eu me incluo.

Certa vez um velhinho me disse algo sobre realização pessoal no trabalho, como quem usa o trabalho para atingir algum tipo de satisfação social. Acho totalmente válido, mas usar o trabalho, o tipo de trabalho ao qual me referi no começo do texto, para se realizar pessoalmente me soa a tanta falta de imaginação que me desanima só em cogitar esta possibilidade. Sou exatamente aquilo que Mencken define um pouco adiante, o escravo absoluto: alguém que se sujeita ao trabalho como mal necessário. E é muito duro enxergar a si mesmo nesta situação. Por isto quero que os professores de filosofia fiquem bem longe de mim, ouviram? Bem longe! Bem longe!


Eduardo Mineo
São Paulo, 4/2/2008

Quem leu este, também leu esse(s):
01. The Nothingness Club e a mente noir de um poeta de Elisa Andrade Buzzo
02. Um conto-resenha anacrônico de Cassionei Niches Petry
03. Silêncio e grito de Ana Elisa Ribeiro
04. Cuba e O Direito de Amar (3) de Marilia Mota Silva
05. Literatura Falada (ou: Ora, direis, ouvir poetas) de Fabio Gomes


Mais Eduardo Mineo
Mais Acessadas de Eduardo Mineo em 2008
01. Razoavelmente desinteressante - 18/2/2008
02. Dê-me liberdade e dê-me morte - 20/10/2008
03. Bem longe - 4/2/2008
04. Não ria! - 21/7/2008
05. Trauma paulistano - 25/8/2008


* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

ENVIAR POR E-MAIL
E-mail:
Observações:
COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
28/1/2008
19h07min
Sempre existe a opção de arranjar uma barraca na praia e altenar a vida entre vender umas coisitas pra turistas gostosas e tomar banho de mar. :) Faça como o Calvin, Eduardo: se você não está feliz ainda porque seus padrões de felicidade são altos..., abaixe seus padrões :D
[Leia outros Comentários de Ronie Uliana]
29/1/2008
00h33min
A gente pode tentar a fórmula dos sete anões da Branca de Neve: whistle while you work, todo mundo assoviando, mas acho que só funciona em minas de diamantes, não em escritórios fechados. De qualquer jeito, o trabalho danifica o homem. Digo, dignifica. Ah, nem sei, os filósofos fizeram uma confusão aí. Beleza, Mineo, abraço.
[Leia outros Comentários de Guga Schultze]
6/2/2008
01h18min
Caso não houvesse o trabalho de forma ordinária e apartado do modelo proposto por Mencken, como você desenvolveria suas "habilidades"? O que resultaria do seu tempo livre? Seria talvez um produto ou mesmo um bem cultural que pudesse ser consumido? Qual atividade receberia o impacto de sua personalidade, o convívio social ou alguma coisa que fosse fruto de sua formação mais o segmento social em que você está inserido? Coloco as coisas assim porque me vi diante de uma idéia pronta, com proposições preconcebidas dentro de analogias de uma ferramenta de RH. Acredito que eu, você e as demais pessoas excedemos aos estereótipos esgarçados ao máximo pelo modelo do entretenimento hollywoodiano; decerto haverão excessões, então já não seriam pessoas, e sim padrões de comportamentos comicamente registrados pela própria indústria. Abraços.
[Leia outros Comentários de Carlos E. F. Oliveir]
6/2/2008
23h38min
Certa vez, em uma mesa de bar, ouvi alguém dizer que depois de um tempo, até o paraíso vira uma droga. Todo trabalho possui algo maçante, chato, mas a conquista de espaços, mudar de ambientes em razão de esforço próprio é algo que faz bem ao espiríto, tanto quanto ler um bom livro.
[Leia outros Comentários de Marcelo Souza]
28/7/2008
10h19min
Você é muito bom, quando eu crescer quero ser igualzinha!
[Leia outros Comentários de Arlise Cardoso]
COMENTE ESTE TEXTO
Nome:
E-mail:
Blog/Twitter:
* o Digestivo Cultural se reserva o direito de ignorar Comentários que se utilizem de linguagem chula, difamatória ou ilegal;

** mensagens com tamanho superior a 1000 toques, sem identificação ou postadas por e-mails inválidos serão igualmente descartadas;

*** tampouco serão admitidos os 10 tipos de Comentador de Forum.




Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




Minutos de Oração para a Mulher de Fé
Stormie Omartian
Mundo Cristão
(2011)



Livro Gibis Nana Volume 7
Ai Yazawa
Jbc
(1999)



Câncer, Vida e Sensualidade
Lourdinha Borges
Bandeirantes



O Tamanho do Céu
Thrity Umrigar
Nova Fronteira
(2009)



Rio Liberdade
Werner Zotz
Nordica



Hotel Paradise
Martha Grimes
Record
(1999)



Pego em Flagrante
José Carlos S. Moraes
Ftd
(1998)



A Revolução dos Campeões
Roberto Shinyashiki
Gente
(1996)



Livro Ensino de Idiomas Romeo and Juliet
No Fear Shakespeare
Sparknotes
(2003)



Máquinas velozes
Shane nagle
Girassol
(2008)





busca | avançada
105 mil/dia
2,0 milhão/mês