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Quarta-feira, 16/4/2008
Jornalismo em tempos instáveis
Luiz Rebinski Junior
+ de 5200 Acessos
+ 2 Comentário(s)

Uma das coisas mais cansativas no debate acerca do papel da internet como meio de comunicação de massa, é a forma maniqueísta com que o assunto é discutido, tanto por parte dos detratores, quanto pelos entusiastas das chamadas "novas mídias". De um lado os novos agentes da informação, que há tempos decretaram a falência dos jornais e o fim do jornalismo tal como se conhece desde sempre. Na outra ponta estão aqueles que ainda acreditam que a chamada mídia impressa detém o monopólio da credibilidade e, portanto, não precisa se render aos novos tempos. Em geral o que se vê são discussões apaixonadas sobre o tema, mas pouco realistas. Mas existem exceções.

Em um artigo intitulado "Cyberutopias e jornalismo", publicado recentemente no jornal O Estado de São Paulo, Eugênio Bucci, jornalista e ex-presidente da Radiobrás, escreve de forma bastante esclarecedora sobre a possível morte dos jornais e o domínio da internet no campo da informação em um futuro próximo.

Comentando o relatório The State of the News Media 2008, que mapeia o estado atual da imprensa nos Estados Unidos, o jornalista traça um bom panorama sobre a influência da internet na comunicação norte-americana. Entre as informações mais interessantes do relatório comentado por Bucci, uma em especial chama a atenção: a de que a internet nos EUA tem sido uma importante alternativa para quem quer ir além daquilo que os diários noticiam, mas que, diferentemente do que se pensava sobre o caráter democrático e expansivo da web na veiculação de notícias, a concentração de audiência de sites noticiosos é maior do que a verificada na mídia tradicional.

"Os dez sites noticiosos de maior audiência, em sua maioria extensões de marcas já consagradas na televisão ou na chamada 'imprensa escrita' ― como CNN, com 29,1 milhões de visitantes únicos por mês em 2007, ou The New York Times, com 14,7 milhões ―, exercem praticamente uma 'oligarquia', nos termos do relatório, dentro da rede. No jornalismo on-line, a concentração de audiência é ainda maior do que a verificada na mídia convencional. Os dez maiores sites correspondem por 29% do total, enquanto os dez maiores jornais impressos representam apenas 19% do mercado. Essa concentração segue em crescimento, contrariando as previsões de que o aumento do número de portais, blogs e sites estilhaçaria o domínio de marcas tradicionais", escreve Bucci.

Isso não representa somente a garantia do monopólio das grandes redes de comunicação, que apenas transferiram seu domínio para o espaço virtual. Quer dizer mais. Confiabilidade e credibilidade talvez sejam fatores que ainda façam a diferença quando se fale em comunicação de massa. Ainda são elementos imprescindíveis que, em grande parte pelo pouco tempo de existência, a maioria dos blogs e sites independentes ainda não tem ― e confiança do leitor não se conquista a toque de caixa, é um processo longo e árduo.

Ainda que o relatório comentado por Bucci se refira exclusivamente à imprensa norte-americana, no Brasil a situação não é muito diferente. Pelo menos quando se fala de sites sobre política ou economia. Quais são os sites confiáveis hoje para se informar sobre os bastidores de Brasília ou as últimas decisões do Banco Central referentes à taxa de juros? Por aqui, a grande maioria dos blogs noticiosos relevantes e que tem alguma audiência expressiva é assinada por jornalistas figurões que foram ou ainda são ligados às grandes redes de comunicação, tal como jornais e televisões. E isso acontece pelo simples fato de que não existem blogueiros independentes dispostos a sujar os sapatos, como um Gay Talese da web, indo para a rua apurar fatos e tirar dos lugares menos prováveis as informações mais relevantes, como fazem os bons repórteres. E por que razão os nossos blogueiros não tiram a mão do mouse? Simples. Porque ninguém os paga para fazê-lo. É óbvio que há textos interessantíssimos em muitos blogs da internet brasileira. Mas a impressão que se tem é que a maioria dos blogueiros está sempre muito apressada quando posta um texto em sua página, pouco se importando em fazer uma pesquisa mais minuciosa sobre o que escreve ou uma revisão caprichada, detalhes bastante caros ao bom jornalismo, seja ele noticioso ou de opinião, pouco importa. Os poucos que encaram o trabalho duro são justamente aqueles que recebem para publicar em papel e (também) manter atualizado um blog, que não raramente é alimentado com o mesmo material da versão impressa. Tome-se como exemplo as versões on-line dos grandes jornais brasileiros. Praticamente quase tudo que está disponível on-line foi pensado para servir à versão impressa ― e aqui a falácia da tal "linguagem" da internet, que seria caracterizada por textos mais curtos e concisos, cai por terra. E isso se deve a um detalhe bastante simples, mas vital: a internet brasileira (leia-se sites noticiosos) ainda não consegue sustentar redações, pagar salários a jornalistas (ou não-jornalistas) e manter um bom quadro de colaboradores fixos. Fato que remete de imediato à questão da credibilidade. Anunciantes ainda preferem ver suas marcas estampadas em papel, ainda que os jornais, como é de conhecimento geral, tenham perdido muitos leitores nos últimos anos.

Mas mesmo a crise dos jornais, argumento tão utilizado pelos entusiastas da web para sacramentar a morte dos impressos, não se deve exclusivamente à internet. A tal crise envolve muitos outros aspectos, como estagnação econômica, que naturalmente afugenta anunciantes, e tem origem muito antes da popularização da internet ― que também pode ser vista com cautela, já que no Brasil ainda um número muito pequeno de pessoas tem acesso ilimitado à rede.

Então é no mínimo duvidoso apostar que a mídia impressa vai morrer. Não vai. Assim como o livro não morreu e não vai morrer nunca, mesmo que continue saindo das gráficas com tiragens irrisórias (principalmente quando se trata de literatura).

O que parece não ter ficado claro para muitos, é que o momento não é de total ruptura. O que está acontecendo é a transição de um modelo de jornalismo que não funciona mais como funcionava antes, mas que ainda guarda características que dificilmente vão deixar de ser relevantes no mundo da comunicação. A internet abriu importante espaço para que as pessoas possam se manifestar de forma livre e democrática, com iniciativas interessantes que não deixam o leitor refém dos grandes veículos de comunicação. Além disso, a chegada da web forçou mudanças nos meios tradicionais de informação que há tempos se avizinhavam e que estão melhorando o jornalismo tradicional. E este parece ser o grande legado da internet, pelo menos por enquanto.


Luiz Rebinski Junior
Curitiba, 16/4/2008

Quem leu este, também leu esse(s):
01. A insignificância perfeita de Leonardo Fróes de Fabrício Carpinejar
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COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
17/4/2008
13h31min
Luiz, seu artigo está perfeito. Adorei ler suas observações porque realmente acredito nisso. Certas convenções como jornalismo e livro podem ser inovadas e devem buscar melhorias, mas isso jamais representa ruptura. Acho que a confusão acontece justamente porque o poder institucional perde valor diante do poder pessoal. Ou seja, marcas como Noblat e Nassif não precisam obrigatoriamente ter suas entidades para serem o que são. E isso representa uma mudança drástica porque permite aos bons jornalistas serem ainda mais opinativos, o que é esplêndido para o mundo. Por outro lado, percebo que há coisas novas no mercado a partir da expressão pessoal que os blogs permitem. Há trocas de vivências que nunca foram tão bem apuradas pelo jornalismo como é caso dos bons diários on-line. Até mesmo o humor é um ganho novo quando se lê blogs. Meu receio é que estamos criando nichos completamente diferentes e tentando misturá-los na mesma salada.
[Leia outros Comentários de Ceila Santos]
23/4/2008
15h40min
Luis, um ótimo texto, desapaixonado e, principalmente, objetivo. Já decretaram o fim do papel, do jornal, da literatura e até mesmo, ainda que implicitamente, dos escritores. Estas previsões não consideram os grandes mercados, que inicialmente antecipam estas transformações, não levam em conta a situação econômica do país, nem suas implicações e não resistem a uma comparação com eventos ou previsões semelhantes. As pautas seguem rumo a conclusão do articulista, como se o fato não determinasse qualquer juízo. Esta dinâmica é que, de maneira geral, prevalece, por indolência e vício. O jornalismo sim passa por uma revisão, a unilateralidade do veículo ainda que permeado por segmentação, não sustenta mais a sua relação com o leitor. A expressiva quantidade de leigos escrevendo artigos de opinião, confundindo matéria jornalística com a visão pessoal de um profissional sem o aparato técnico para o tema. Isto sim é uma crise, que há muito assola o jornalismo no Brasil.
[Leia outros Comentários de Carlos E. F. Oliveir]
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