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COLUNAS

Quarta-feira, 2/1/2008
O jornalismo cultural no Brasil
Luiz Rebinski Junior
+ de 13300 Acessos
+ 3 Comentário(s)

A revolução tecnológica que se intensificou a partir dos anos 1990, com a conseqüente popularização da internet e a introdução de novas mídias ao consumidor, modificou de forma radical a configuração e veiculação da notícia, tendo forte impacto na maneira de se fazer e consumir jornalismo. Esse foi o principal ponto de convergência entre os profissionais que ministraram o curso de Jornalismo Cultural promovido pela Revista Cult durante os dias 24 e 25 de novembro. Nomes como Marcos Augusto Gonçalves (editor do caderno "Ilustrada" da Folha de São Paulo), Sergio Rizzo (crítico de cinema), Ivan Marques (editor do programa Entrelinhas da TV Cultura), Sergio Martins (crítico musical de Veja) e Marcos Flamínio Peres (editor do caderno "Mais!") discutiram o jornalismo cultural no Brasil e suas transformações nos últimos 50 anos.

Com o fortalecimento da
Web 2.0, que deu ao leitor/internauta status de "colaborador", e com a febre dos blogs, os meios de comunicação tradicionais, principalmente impressos, vêm perdendo força ano a ano ― seja em termos de tiragem ou em relação a sua influência na sociedade como formador de opinião. Ou seja, os jornalistas de certa forma perderam a exclusividade da notícia, já que hoje qualquer cidadão pode disseminar informações, sem que para isso tenha formação acadêmica ou esteja ligado a uma empresa de comunicação.

O jornalismo cultural, por sua vez, além da adaptação ao novo contexto tecnológico, desde a metade dos anos 1980 vem se modificando ao migrar de um modelo pedagógico para um jornalismo utilitário, onde o que importa não é mais ensinar, mas suprir as necessidades de consumo e as preocupações de ordem individual de seus leitores.

Os cadernos culturais, com suas exíguas páginas, que precisam ser distribuídas entre os diversos segmentos da cultura ― da literatura à dança ―, não conseguem mais dar cabo à cobertura da cultura nacional. Essa limitação física do papel relegou à internet grande importância, já que na web o espaço é ilimitado, o que possibilita, pelo menos em tese, maior aprofundamento dos temas. O caráter híbrido da internet também oferece muito mais possibilidades ao leitor, que pode interagir com outros formatos. Tudo isso vem alterando de forma significativa a maneira como os leitores se relacionam com a informação e, conseqüentemente, dando nova configuração à notícia.

Influência da Academia
Historicamente ligado à academia, o jornalismo cultural brasileiro durante muitas décadas foi feito exclusivamente de (e para) doutores, que utilizavam as páginas dos jornais para falar de suas teses a respeito de determinado autor ou livro. Para isso dispunham de espaço quase que ilimitado, totalmente fora dos padrões do jornalismo atual, onde o número de caracteres (toques) de cada texto é rigorosamente calculado e perde cada vez mais espaço para a publicidade. A linguagem acadêmica dos textos, por vezes hermética, era também um fator que afastava o leitor "comum" dos suplementos de cultura, tornando o espaço um nicho exclusivo de letrados. Símbolo de ruptura desse modelo, o caderno "Mais!", lançado em 1992 pela Folha de São Paulo, rompeu com o formato acadêmico dos suplementos, que desde os anos 1950 ― época em que surgia a "Ilustrada" ―, eram feitos exclusivamente por gente da academia. Produto direto da transformação gráfica e editorial empreendida pelo "Projeto Editorial da Folha" (1985-86), o "Mais!" substituiu o "Folhetim", caderno dominical que circulou até 1989 e que mantinha características dos primeiros suplementos: poucas fotos, predominância do preto-e-branco, projeto gráfico sofrível e textos longuíssimos, que não raras vezes preenchiam todo o espaço físico do jornal, de ponta a ponta.

O "Mais!" apostou em um jornalismo leve, que além de literatura contemplasse outros temas como sociologia, antropologia, história e artes plásticas. Tudo isso em textos enxutos ― quando comparados aos cadernos anteriores ― que dessem cabo à diversidade de opiniões. Os acadêmicos passaram então a dividir espaço com escritores, repórteres e críticos desvinculados das universidades, tendo que adaptar seus textos a um novo padrão, bem menos denso e mais acessível do ponto de vista da linguagem.

O conceito de cultura a partir daí também ganhou contornos bem mais amplos na imprensa brasileira. A chamada alta cultura, que outrora reinava absoluta, foi gradativamente perdendo espaço para assuntos antes considerados pouco relevantes. A linha divisória entre a cultura erudita e a cultura de massa praticamente deixou de existir. Temas do cotidiano ganharam força, ampliando o leque de assuntos dos cadernos e suplementos. Hoje praticamente tudo é tema de cultura. Qualquer assunto pode ganhar interpretações sociológicas ou antropológicas e ser esmiuçado em uma grande reportagem. Essa flexibilização dos temas teve impacto direto na forma com que o conteúdo passou a ser levado ao leitor.

As transformações ocorridas nas grandes cidades também influenciaram. O ritmo veloz dos grandes centros praticamente eliminou a ociosidade, escasseando o tempo vago. Com isso, os textos jornalísticos, não só da área de cultura, hoje precisam ser concisos, de leitura fácil e rápida, tudo em nome do "tempo do leitor", que nunca foi tão minguado. O jornalismo cultural não fugiu à regra, teve que se adaptar também. Mas dessa mudança surgiram novos desafios. Se por um lado o jornalismo de cultura passou a ser mais acessível ao leitor, com diagramação atraente e texto leve, por outro a cultura passou a ser tratada quase que exclusivamente como "produto". Os assuntos são escolhidos cada vez mais de acordo com critérios de mercado. Os cadernos hoje estão muito mais preocupados em indicar para o consumo do que em discutir ou polemizar sobre assuntos pontuais. É claro que as publicações segmentadas, como revistas e jornais especializados, que melhoraram muito ao longo dos anos 1990, em termos de quantidade e qualidade, diferenciam-se da fugacidade dos cadernos diários dos jornais justamente por ter um espaço maior para discussões aprofundadas e por estarem falando para um público menos heterogêneo.

Se antes o problema era o excesso de erudição, que limitava o acesso dos não-especialistas, agora é a falta de profundidade dos assuntos que incomoda. O que parece claro é que, com o impacto da internet, o jornalismo cultural, especialmente em jornais, ainda procura um formato que dê conta das exigências do leitor do século XXI. A única certeza que se tem é que o papel não pode e não deve competir com a internet. Achar um novo modelo, que contemple interatividade e seja ao mesmo tempo inteligente e profundo, parece ser o grande desafio do jornalismo cultural hoje.


Luiz Rebinski Junior
Curitiba, 2/1/2008

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COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
3/1/2008
20h34min
Eu tenho um blog, leio diariamente textos de internet e pretendo ser jornalista cultural. Graças à pouca idade que tenho só comecei a ler textos culturais há pouco tempo (3 anos, sei lá...). Não acho o jornalismo cultural de jornais (Estado de S. Paulo) superficial, mas o de revistas semanais (Veja) costuma ser beeem pobrezinho, principalmente se tratando de cinema (Transformers seria cinema?).
[Leia outros Comentários de Cris A.]
12/1/2008
04h34min
Vou tentar ser "conciso", "rápido" e "fácil": 1. Quem é esse leitor "comum" que parece ser compreendido como o oposto desse outro ser misterioso, o "letrado"? O sujeito que lê o caderno de cultura afinal de contas não é mais letrado? Então para quê ele lê o caderno de cultura? 2. Um texto "menos denso" é o quê? Menos idéias por centímetro quadrado de papel? A falta de densidade não parece uma perda do tal precioso e escasso tempo desses curiosos leitores "comuns"? 3. E o tal novo texto além de ter que ser "conciso", precisa também ser "menos denso". Um texto "conciso" e "menos denso" é o equivalente para mim a uma sopa bem aguada servida numa taça de café. Esse jornalismo cultural "mais acessível", "de leitura fácil e rápida", não passa de um engodo de gente que se acha inteligente e culta, mas não tem tempo para ler nem o caderno de cultura do domingo, quanto mais um livro inteiro quanto mais uma mísera dúzia de livros por ano.
[Leia outros Comentários de Paulo Moreira]
18/1/2008
19h13min
Luiz, Desculpa ficar enchendo o saco, mas achei que isso seria interessante em vista da nossa conversa. legenda traz uma nota rápida sobre o cara que edita 2 cadernos importantes do NYT - o Review of Books e o Week in Review [uma espécie de retomada analítica das notícias principais da semana]. Note que o cara é conservador [portanto, não tenho a menor simpatia por ele em termos políticos], mas acho que estávamos conversando sobre algo que vai além da posicao política.
[Leia outros Comentários de Paulo Moreira]
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